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Dois dos mais recentes e robustos exercícios de previsão do tamanho e estrutura etária das realidades populacionais portuguesa e europeia foram desenvolvidos pelo INE - Projecções de população residente em Portugal, 2008-2060 (2009), e pelo Eurostat - EUROPOP2010 (2011). Os dois referem-se sensivelmente ao mesmo horizonte temporal: o primeiro abarca o período de 2008 a 2060 e o segundo de 2010 a 2060. Na análise realizada nesta investigação será dada especial atenção ao cenário demográfico previsto para Portugal, articulando-se as projeções demográficas dos dois organismos. Na análise dos dados apresentados para a UE-27 deverá ser considerada a diversidade demográfica característica dos países membros, a qual se poderá manter no futuro. Não obstante, os cenários de previsão do Eurostat radicam na ideia de uma tendencial convergência demográfica. Para salvaguardar as diferenças mais relevantes entre os países membros, apresentaremos também os principais resultados por país.

Importa salvaguardar que apesar deste tipo de estudos de projeção demográfica radicarem em dados estatísticos da população em períodos anteriores e modelos teóricos de evolução testados, não deixam, contudo, de constituir apenas uma hipótese de evolução demográfica sujeita a alterações decorrentes de uma evolução não esperada das suas componentes, nomeadamente fecundidade, mortalidade e migrações

O estudo realizado pelo INE teve por base a população residente em Portugal a 1 de Janeiro de 2008, com distinção de sexo e idade. À data, estimava-se que residissem em Portugal aproximadamente 10,6 milhões de habitantes.

Para a definição de cenários demográficos importa perceber o comportamentos dos indicadores demográficos – fecundidade, mortalidade e migrações, considerados nas projeções demográficas aqui discutidas.

Uma das mais importantes componentes na definição do perfil demográfico de uma população é a fecundidade. A sua relevância não radica apenas no conhecimento imediato do número de filhos por mulher em idade fértil mas, também, por antever as possibilidades de nascimentos futuros. Em países de baixa fecundidade, como Portugal, este indicador é particularmente relevante para antever cenários de rejuvenescimento ou envelhecimento da população.

As projeções do INE e do Eurostat partilham a expectativa de um ligeiro aumento da fecundidade, medida através do ISF, conjugado com um aumento da idade média ao nascimento. O organismo português considerou três hipóteses de evolução deste indicador, considerando como valor de referência do ISF 1,33 filhos por mulher em idade fértil e a idade média ao nascimento do primeiro filho aos 30,0 anos. Na hipótese moderada, o INE prevê um ISF de 1,55 e um ligeiro aumento da idade média ao nascimento do primeiro filho para 30,4 anos; na pessimista, espera-se a manutenção de um baixo ISF com o valor de 1,30, em simultâneo com o aumento da idade média ao nascimento de um filho para 30,4 anos; já na otimista, expecta-se uma recuperação do ISF para 1,75 e um aumento da idade média ao nascimento do primeiro filho para os 30,9 anos da mulher. As projeções do Eurostat referentes à fecundidade em Portugal aproximam-se da hipótese moderada do INE, ainda que para 2060 preveja um ISF ligeiramente superior, na ordem de 1,51 crianças por mulher. Para a UE-27 prevê um ISF de 1,68 em 2060 aumentando, portanto, face ao valor de 1,59 registado em 2010.

Relativamente à componente de mortalidade, as projeções dos dois organismos apontam para a continuidade do aumento da esperança média de vida, seja de forma global ou diferenciada por sexo.

Preveem, contudo, um aumento a um ritmo mais lento do que o observado no passado. Acresce o facto de se considerar que os ganhos de esperança de vida à nascença para os homens serão ligeiramente superiores aos das mulheres, o que significa uma tendência de convergência da esperança de vida para ambos os sexos. Para a mortalidade em Portugal, o INE estabeleceu duas hipóteses de evolução, tomando como referência a esperança média de vida à nascença em 2008, que era de 75,4 anos para os homens e de 82,0 anos para as mulheres.

A otimista assume a manutenção do padrão de decréscimo das taxas de mortalidade por idade e sexo registado entre 1980 e 2007, bem como ganhos na esperança de vida à nascença que passa para 83,5 anos para os homens (+7,9) e para 89,4 anos para as mulheres (+7,5). A hipótese moderada considera a manutenção das principais tendências demográficas ao nível da mortalidade, de forma geral, não obstante uma diminuição no ritmo de decréscimo das taxas de mortalidades nas idades infantil e juvenil, bem como nas idades adultas superiores. Nesta última hipótese prevê- se uma esperança média de vida à nascença para os homens de 82,3 anos e para as mulheres de 87,9 anos. As previsões do Eurostat para Portugal apontam para uma esperança média de vida à nascença de 84,2 para os homens e de 88,6 anos para as

mulheres, no ano de 2060. Este organismo espera, portanto, um maior aumento da idade média de vida à nascença dos homens face a qualquer um dos cenários do INE e, para as mulheres, um valor intermédio entre as duas hipóteses de evolução consideradas. Para a zona UE-27, prevê-se que em 2060 os homens vivam 84,0 anos e as mulheres 88,5 anos.

Por fim, importa referir o impacto das migrações, uma componente que tem marcado significativamente o crescimento demográfico português, sobretudo num contexto de maior relevância da imigração face à emigração, não obstante a relevância desta última20. O INE definiu quatro hipóteses de evolução do saldo migratório que consideraram não só as entradas e saídas em Portugal mas, também, o possível retorno de emigrantes. São elas a moderada, que radica na atual redução dos saldos migratórios, nomeadamente pelo menor volume de imigração em Portugal; elevada, estabelecida num cenário de saldos migratórios mais elevados em consequência de uma maior atratividade do país, prevendo-se um aumento das entrada e uma redução das saídas; reduzida, considerando a possibilidade de um saldo migratório mais reduzido pela menor atratividade imigratória; sem migrações, um cenário mais improvável mas com importância para efeitos comparativos.

Considerando diferentes combinações das componentes demográficas anteriores, o INE desenhou quatro cenários demográficos21. São estes: i) central, sustentado nas hipóteses consideradas como mais prováveis face à evolução demográfica portuguesa até à atualidade; ii) baixo, mais pessimista por rever em baixa a evolução dos indicadores; iii) elevado, que considera uma perspetiva otimista de evolução mais positiva dos indicadores; iv) cenário sem migrações, definido para efeitos de comparação. O cenário demográfico de partida para qualquer cenário é o mesmo.

20 O INE assume que a previsão da componente migrações se reveste “de alguma dificuldade. Por um

lado, a volatilidade do comportamento dos fluxos migratórios internacionais, influenciados por acontecimentos de natureza de ordem económica e política bem como por desequilíbrios demográficos e sociais entre países de origem e de destino, leva a que alterações no seu volume, características demográficas e sentido dominante possam ocorrer de um momento para o outro, como aliás já aconteceu num passado recente em Portugal. Por outro lado, confrontamo-nos com a fragilidade da informação e a reduzida cobertura do fenómeno nas fontes de dados disponíveis.” (2009, p. 13).

21 Segundo a nota metodológica do estudo, “Este exercício assenta sobre o conceito de população

residente e adota o método das componentes por coortes (cohort-component method), em que as populações iniciais são agrupadas por coortes, definidas pela idade e pelo sexo, e continuamente atualizadas, de acordo com as hipóteses de evolução definidas para cada uma das componentes de mudança da população - fecundidade, mortalidade e migração – ou seja, pela adição do saldo natural e do saldo migratório, para além do processo natural de envelhecimento” (INE, 2009, p. 9).

Para efeitos da nossa análise, daremos particular atenção ao cenário central por ser precisamente o considerado como mais provável pelo INE.

Quadro 14. Cenários demográficos dapopulação portuguesa, 2008 - 2060

Cenários demográficos Índice sintético de

fecundidade

Esperança média de

vida à nascença Saldo migratório

Baixo Pessimista Moderada Reduzida

Central Moderada Moderada Moderada

Elevado Otimista Otimista Elevada

Sem migrações Moderada Moderada Sem migrações

Fonte: INE, 2009.

Quanto à evolução da população residente, o cenário central aponta para um aumento da população portuguesa até 2034, altura em se prevê que atinga 10 898 7 milhares de indivíduos e que, a partir daí, decresça para níveis inferior aos observados em 2008. Em 2060, neste cenário o INE estima que a população portuguesa totalize 10 364 2 milhares de indivíduos. As projeções do Eurostat diferem ligeiramente das do INE, prevendo um aumento populacional para os 10,7 milhões de habitantes até 2045, ano em que começará a diminuir até totalizar 10,2 milhões em 2060. Este organismo espera, portanto, um menor volume populacional em Portugal comparativamente às previsões do INE.

A evolução da população residente portuguesa relaciona-se com i) o efeito direto dos saldos migratórios anuais, os quais impactam sobre a fecundidade e mortalidade, especialmente na primeira, atendendo à seletividade etária dos fluxos migratórios e com o ii) saldo natural, ou seja, o impacto dos nascimentos e óbitos no crescimento demográfico. Importa recordar que os nascimentos estão diretamente relacionados com a fecundidade que, por sua vez, se relaciona com o saldo migratório, na medida em que depende também dos efetivos femininos em idade fecunda (15 aos 49 anos).

No cenário central, o INE prevê que até 2060 haja um ligeiro aumento do ISF que prevê ser de 1,55. Calcula, ainda, um saldo migratório positivo (36,6 milhares a partir de 2018), o qual implicará um decréscimo dos nados vivos em consequência de um menor número de mulheres em idade fecunda. Quanto à mortalidade, apesar do esperado aumento da esperança média de vida, não só neste cenário mas, também, nos restantes, é esperado um maior número de óbitos em resultado tanto do envelhecimento demográfico e, portanto, de um aumento da população com maior probabilidade de

óbito, bem como pelo envelhecimento natural da população imigrante. Em todos os cenários delineados é esperado um saldo natural negativo.

Quadro 15. Indicadores demográficos para Portugal, 1980-2060, cenário central (valores estimados e

projetados) Anos ISF Idade média ao nasc. de um filho Saldo migratório Bruta de mortalida de (‰) Esperança média de vida à nascença Idade média da população Homens Mulheres 2008 1,3 29,5 21 053 9,8 75,4 82,0 41,0 2009 1,3 29,5 22 606 9,9 75,6 82,1 41,2 2010 1,3 29,6 24 160 9,9 75,8 82,4 41,4 2015 1,4 29,6 31 925 10,2 76,6 83,1 42,6 2020 1,4 29,7 36 584 10,5 77,4 83,9 43,8 2025 1,4 29,8 36 584 10,8 78,2 84,5 44,9 2030 1,4 29,9 36 584 11,1 78,9 85,2 46,0 2035 1,5 30,0 36 584 11,5 79,6 85,7 46,9 2040 1,5 30,1 36 584 12,2 80,2 86,3 47,7 2045 1,5 30,1 36 584 12,8 80,8 86,7 48,4 2050 1,5 30,2 36 584 13,6 81,3 87,2 48,9 2055 1,5 30,3 36 584 14,2 81,8 87,5 49,3 2060 1,6 30,4 36 584 14,8 82,3 87,9 49,5 Fonte: INE, 2009.

Em consequência dos indicadores de fecundidade, mortalidade e migrações apresentados anteriormente, o INE prevê o cenário de crescimento da população portuguesa que se apresenta no quadro abaixo. Deste se poderá concluir que a estabilização do crescimento natural da população portuguesa verificado até 2010 dará lugar a um saldo negativo que se manterá até 2060. A par disso, o crescimento migratório irá aumentar, mantendo-se em 0,3 entre 2015 e 2055, passando para 0,4 em 2060. Da diferença entre estes dois indicadores resultará um crescimento efetivo da população portuguesa positivo até 2030, ano que em será de 0,0. Em 2040 espera-se que assuma valores negativos e tendencialmente crescentes, sendo de 0,4 em 2060.

Quadro 16. Indicadores de crescimento da população portuguesa, 2008-2060, cenário central (valores

estimados e projetados) (%)

Anos Crescimento natural Crescimento migratório Crescimento efetivo

2008 0,0 0,2 0,2 2009 0,0 0,2 0,2 2010 0,0 0,2 0,2 2015 -0,1 0,3 0,2 2020 -0,2 0,3 0,1 2025 -0,3 0,3 0,1 2030 -0,3 0,3 0,0 2035 -0,4 0,3 0,0 2040 -0,4 0,3 -0,1 2045 -0,5 0,3 -0,2 2050 -0,6 0,3 -0,3 2055 -0,7 0,3 -0,3 2060 -0,7 0,4 -0,4 Fonte: INE, 2009.

As projeções do Eurostat para os 27 países membros apontam para um crescimento demográfico até 2040, passando dos 501 milhões registados no primeiro dia de 2010 para 525 milhões em 2035. Depois desta data, este organismo prevê uma diminuição do volume populacional para 526 milhões em 2040 e 517 em 2060. Espera- se, portanto, que entre 2010 e 2035 a população europeia aumente 4,7 e, entre o primeiro ano e 2060, que aumente 3,2. Em particular, as projeções do Eurostat apontam para que “o número de pessoas com 60 e mais anos vá aumentar cerca de 2 milhões de pessoas por ano nas próximas décadas, enquanto a população em idade ativa começará a diminuir, como resultado de taxas de fecundidade mais baixas entre as gerações pós- baby boom” (Eurostat, 2012a, p. 15). Deste fenómeno irá resultar um aumento do número de indivíduos muito velhos, com 80 ou mais anos, e num número baixo de pessoas mais jovens para cuidar deles, tanto familiares, como profissionais de saúde.

Uma análise mais fina das projeções demográficas do Eurostat revela um crescimento populacional mais acentuado na Irlanda, Luxemburgo, Chipre e Reino Unido, os quais se inserem nos 14 países para os quais o Eurostat prevê um crescimento populacional para o horizonte 2010-2060. Nos restantes treze países membros espera-se uma redução do volume populacional, sobretudo na Bulgária, Lituânia, Letónia, Roménia e Alemanha. Fruto desta evolução demográfica, os países membros com maior população deverão ser o Reino Unido (79 milhões), França (74 milhões), Alemanha (66 milhões), Itália (65 milhões) e Espanha (52 milhões).

Além da evolução global do volume populacional, as projeções do INE e do Eurostat consideraram ainda a estrutura etária esperada para a população portuguesa e dos países da UE-27. Importa referir a existência de uma significativa semelhança entre as projeções dos dois organismos a este nível. As diferentes estruturas etárias resultam de diferentes resultados dos saldos naturais e migratórios, da fecundidade e da mortalidade que se traduzem em diferentes estruturas etárias da população.

No cenário central, o INE prevê uma diminuição da população jovem (0-14 anos) de 15,3%, em 2008, para 11,9%, em 2060 (muito próximo do valor de 12,0% avançado pelo Eurostat). A diminuição do peso deste escalão etário face aos valores de 2008 é também considerada nos cenários sem migrações, baixo e elevado, ainda que com proporções distintas (11,2% versus 10,2% versus 11,9%). A diminuição do peso deste grupo etário jovem radica, essencialmente, numa diminuição da fecundidade como discutido anteriormente.

Em todos os cenários considerados pelo INE está também prevista uma diminuição da população em idade ativa (15-64 anos). Em 2008 esta representava 67,2% do total populacional, prevendo-se no cenário central que, no ano de 2060, esta represente 55,7% da população portuguesa (novamente próximo dos 56,0% previstos pelo Eurostat). No cenário elevado esta assumirá o valor de 56,1%, no baixo de 54,3% e no sem migrações de 52,7%. Na origem destes valores o INE aponta o impacto dos fluxos migratórios. Uma análise mais fina deste grande grupo etário revela que em todos os cenários demográficos considerados há uma diminuição da percentagem dos indivíduos com idade entre os 15-24 anos, 25 aos 39 anos e 40 aos 54 anos. Esta tendência apenas é invertida se considerado o escalão etário dos que têm entre 55 e 64 anos em que há um aumento dos efetivos em qualquer dos cenários.

A diminuição do volume de população em idade ativa em Portugal decorre, em particular, do comportamento demográfico dos grupos etários mais jovens (dos 15 aos 39 anos de idade), por força do decréscimo dos níveis de fecundidade em escalões etários anteriores. Em consequência haverá sucessivamente um menor volume de indivíduos em idade ativa que não é compensado com a possível reposição decorrente dos fluxos migratórios. Para os indivíduos com idade entre os 55 e os 64 anos de idade, potencialmente a sair do mercado de trabalho, espera-se um aumento do seu peso percentual até 2060 (1,3% no cenário central). No grupo dos 40 aos 54 anos de idade a tendência também será de redução, ainda que menos acentuada do que nos grupos mais

jovens (-2,8% até 2060 no cenário central). Espera-se, portanto, que a população ativa portuguesa tenha um progressivo menor peso face ao total populacional.

A diminuição da população ativa não se espera apenas em Portugal: as projeções do Eurostat sugerem que “haverá menos do que duas pessoas em idade ativa (15-64 anos) para cada pessoa com 65 ou mais anos na UE-27, em 2060, em comparação com o rácio de quase 4 para 1 que se verifica atualmente” (Eurostat, 2012a, p. 32)

Atendendo agora ao grupo etário dos 65 e mais anos, também em todos os cenários delineados pelo INE está previsto um aumento muito significativo da sua proporção face ao total populacional. No cenário central espera-se que em 2060 este grupo etário represente 32,3% do total populacional (32,0% para o Eurostat) quando, em 2008, era de 17,4%. O INE explica o aumento deste grupo pelo efeito do envelhecimento natural das populações, considerando também o impacto dos fluxos migratórios. Este organismo evidencia, ainda, a relevância de volumes significativos de indivíduos para os quais se espera uma maior longevidade.

O gráfico abaixo ilustra precisamente uma progressiva diminuição das faixas etárias mais jovens da população portuguesa, acompanhada de um aumento expressivo dos mais velhos, particularmente daqueles com idade igual ou superior a 80 anos.

Gráfico 2. Distribuição percentual da população por grupos etários, 1980-2060, cenário central

(estimativas e projeções).

Também na UE-27 é esperado um aumento da população com idade igual ou superior a 65 anos, passando de 17,4% em 2010 para 29,5% em 2060. Não só se espera um aumento generalizado deste grande grupo etário como, particularmente, daqueles que têm idade igual ou superior a 80 anos. Em 2010 estes representavam 12,1% do total populacional da UE-27, esperando-se um aumento para 14,7% em 2060. O envelhecimento demográfico esperado no espaço europeu decorre também de baixos níveis de fecundidade, a par do aumento do número de idosos que se espera viverem paulatinamente mais anos. O Eurostat prevê que este fenómeno de envelhecimento seja transversal a todos os países membros calculando, nomeadamente, que a percentagem de indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos seja aproximadamente de 22% na Irlanda, 25% no Reino Unido, Bélgica e Dinamarca, 36% na Lituânia, 35% na Roménia e Polónia, 33% na Bulgária, Alemanha e Eslováquia e 32% em Portugal. Quanto ao segmento etário de idade igual ou superior a 80 anos, o Eurostat prevê que em 2060 este represente cerca de 12% do total do volume populacional, salientado o peso na Irlanda, Chipre e Reino Unido (9%), Espanha, Itália, Portugal e Alemanha (14%)

Dentro do aumento considerável da população idosa em Portugal, o INE alerta precisamente para o particular aumento da população mais idosa, com 80 e mais anos de idade, fenómeno também previsto em qualquer dos outros cenários. Estima-se que esta passe de 4,2% do total da população em 2008 para 13,3% no cenário central (mais do que o triplo), 12,7% no elevado, 15,0% no baixo e 15,8% no sem migrações, em 2060.

A evolução prevista dos três grandes grupos etários permite concluir, portanto, que apesar de se prever que, no cenário central, o volume da população portuguesa se preservará relativamente estável até 2060, manter-se-á a tendência de envelhecimento demográfica, fenómeno de resto considerado em qualquer um dos três outros cenários. A diminuição esperada da população com idade até 14 anos atribui, também, maior importância relativa ao grupo etário idoso. Além disso, o aumento do peso da população com 65 e mais anos coaduna-se com uma maior longevidade e maiores saldos migratórios anuais.

Em consequência dos comportamentos demográficos previstos tanto pelo INE como pelo Eurostat, espera-se naturalmente uma alteração da representação da pirâmide etária portuguesa até 2060. Esta deverá tornar-se progressivamente mais estreita na base, fruto da diminuição do volume de mais jovens, e mais larga no topo, em consequência do aumento do volume de idosos.

No quadro abaixo apresenta-se o peso do grupo etário dos 65 aos 79 anos, bem como dos de idade igual ou maior a 80 anos face ao volume populacional português esperado, bem como ao total esperado no grupo etário dos 65 ou mais anos. Do quadro pode concluir-se um aumento crescente dos dois segmentos etários face à população global, sobretudo dos 80 ou mais anos, bem como sobre apenas aqueles que têm idade igual ou superior a 65 anos. Em 2060 é de esperar que 41,0% dos idosos portugueses tenham 80 ou mais anos.

Quadro 17. População com 65 e mais anos em Portugal, 2009-2060, cenário central (valores estimados e

projetados) Anos População Total (N) População com 65+ anos (N) 65-79 anos (%) 80+ anos (%)

Total pop. 65+ Total pop. 65+

2009 10 636 502 1 874 933 13,3 75,5 4,3 24,5 2010 10 655 656 1 902 102 13,4 75,1 4,4 24,9 2015 10 749 837 2 059 006 13,9 72,8 5,2 27,2 2020 10 826 390 2 229 539 14,8 71,7 5,8 28,3 2025 10 870 266 2 412 461 16,0 72,1 6,2 27,9 2030 10 892 709 2 635 089 17,3 71,3 6,9 28,7 2035 10 897 644 2 846 047 18,3 70,1 7,8 29,9 2040 10 870 119 3 079 156 19,6 69,1 8,7 30,9 2045 10 800 340 3 297 470 20,6 67,6 9,9 32,4 2050 10 687 753 3 415 535 21,1 65,9 10,9 34,1 2055 10 538 092 3 407 752 20,2 62,6 12,1 37,4 2060 10 364 157 3 351 045 19,1 59,0 13,3 41,0

Fonte: Adaptado de INE, 2009.

Consequência do aumento do volume de idosos e da redução dos mais jovens é a evolução positiva do índice de envelhecimento da população portuguesa. No cenário