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GRÁFICO 7 VÍDEOS DISPONÍVEIS NO DOMÍNIO PÚBLICO DO TV ESCOLA %

5.3. PESQUISA-AÇÃO

A abordagem que optamos inicialmente se mostrou insuficiente para a finalização deste trabalho, o que nos fez recorrer, ainda dentro da metodologia qualitativa, a outra abordagem, pesquisa-ação.

Nosso intuito de análise do perfil dos docentes de Matemática, quanto ao uso do TV Escola e de vídeos de Matemática, mostrou-se frustrado a partir do momento em que disponibilizamos aos mesmos, um formulário on-line o qual não foi correspondido. Apesar de ligarmos para as escolas, enviar e-mails, conversar com auxiliares administrativos, coordenadores pedagógicos,

gestores e nos fazer presentes às reuniões com diversos professores de Matemática, obtivemos apenas onze respostas.

Esta demora em receber respostas nos fez pensar que necessitaríamos de um novo tipo de abordagem, tanto no sentido da construção da ferramenta de coleta de dados, como também uma abordagem que desse conta de uma relação mais próxima entre pesquisador, objeto e sujeitos da pesquisa.

Confeccionamos cartas explicativas e formulário conforme descrito nos apêndices III e IV. Com esta ação conseguimos ampliar de onze para vinte o número de respondentes. Na discussão com o grupo de pesquisa e com a orientadora deste trabalho podemos ler este comportamento como um obstáculo tecnológico.

O obstáculo tecnológico só poderia ser superado em face da apropriação tecnológico do uso do vídeo pelos professores de Matemática de modo geral, ou seja, que pudéssemos juntos, pesquisador e sujeitos, propor ações que permitissem evidenciar durante no processo de construção da pesquisa tal apropriação tecnológica, ao mesmo tempo em que observaríamos o processo da gênese instrumental.

Neste ponto compreendemos dois importantes aspectos desta pesquisa: a) que a abordagem escolhida inicialmente não nos permitiria, diante do contexto do rigor científico para esta abordagem, Estudo de Caso Etnográfico, apresentar uma saída para não pararmos com a pesquisa precocemente, afirmando assim que o obstáculo tecnológico que se apresentava em diversas falas dos professores como tempo, nos permitia ratificar a hipótese. b) precisaríamos nos aproximar dos professores ao ponto de lhes apresentar um conjunto de acesso a dados e documentos, que os mesmo desconheciam, mas que, no entanto, faziam parte do processo de apropriação tecnológica necessária o uso didático do instrumento vídeo. Essa seria a condição precípua da transformação do artefato vídeo de Matemática em Instrumento vídeo de Matemática como algo mediado do trabalho do professor, por sua vez existente no ecossistema educacional.

Decidimos assim adotar a pesquisa-ação como uma nova abordagem dentro do contexto deste trabalho, pois esta nos permitiu não apenas absorver o que já havíamos visto, mas usar nosso entendimento das necessidades como uma atividade mister ao desenvolvimento da pesquisa junto a um grupo

de professores de Matemática, continuando dentro de uma dimensão qualitativa, porém tendo como uma questão importante o fornecimento de elementos construtores da prática do uso do vídeo como um instrumento de mediação da ação para o trabalho do professor.

A Pesquisa-ação se mostrou uma ferramenta metodológica complementar, não apenas por nos permitir interagir pró-ativamente por meio de proposições para mudança da situação, mas também descrever o processo da gênese instrumental, no que diz respeito à apropriação necessária para o uso do instrumento vídeo.

Ao introduzir esta abordagem, seja de maneira única, ou como no nosso caso, o de complementar, é necessário que o pesquisador tenha muito claro no desenvolvimento das proposições interlocutoras com as pessoas envolvidas: Quais suas ações? Quem são os agentes? Quais os objetivos? Quais os obstáculos? Estes aspectos, segundo Thiollent (2011) permitirão ao pesquisador um apurado detalhamento nas indicações de suas observações do contexto e do grupo pesquisado. Esta é uma ação que visa diretamente resolver problemas de natureza técnica como exemplifica o autor ao apontar a introdução de uma nova tecnologia, ou ainda, desbloquear a circulação de uma informação dentro da organização.

Uma questão que Thiollent (2011) nos coloca como ponto de preocupação da construção ética de investigação, é a postura do pesquisador, quando este está intimamente envolvido com o objeto da ação. Assim o autor destaca que a natureza ética no desenvolvimento e aplicação da investigação definirá sua validade científica, pois o pesquisador não pode em hipótese alguma deixar-se envolver hermeticamente, por mais que esteja com a trama das variações que possam vir a indicar uma tendência do grupo.

Após uma fase de definições dos interessados na pesquisa e das exigências dos pesquisadores, se houver possibilidade de conduzir a pesquisa de um modo satisfatoriamente negociado, os problemas de relacionamento entre os grupos serão tecnicamente analisados por meio de reuniões no seio das quais todas as partes deverão estar presentes. (THIOLLENT , 2011, p.23)

A pesquisa-ação tem como marco importante, a ser destacado como um instrumento metodológico em pesquisas sociais, principalmente em educação,

o estreito relacionamento que se mantém entre: objeto – sujeitos; o que permite maior visibilidade na construção cooperativa dos resultados. E isto deve-se a uma dessas características, “a explícita integração entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação investigada” , conforme Thiollent (2011).

Neste contexto a pesquisa-ação diferencia-se da pesquisa participante, pois há um profundo envolvimento do pesquisador, no que diz respeito ao engajamento não apenas na instituição pesquisada, como também, na dissertação dos eventos que estruturam uma determinada situação de “conflito” ou entrave. Permite que haja um entrosamento, não apenas das pessoas, mas das ideias que neste momento da abordagem são valorizadas. Esta é uma questão fundamental na diferenciação tênue entre a pesquisa-ação e a pesquisa participante, justamente por exigir do pesquisador um posicionamento acerca das interlocuções do grupo.

Na pesquisa-ação, os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas. (THIOLLENT, 2011, p.23). No caso específico deste trabalho, tal posicionamento do pesquisador, ocorre no momento em que se depara com professores que não tiveram acesso as informações sistemáticas do uso do vídeo, de como buscar informações relacionadas ao trabalho com o vídeo, sobre a mediação que antecede o fazer didático com o vídeo, as observações e avaliações da real necessidade deste ou daquela ferramenta tecnológica.

Assim, no intuito de elucidar os esquemas de utilização intrínsecos ao processo de transformação do artefato num instrumento, propusemos aos professores participantes de nossa pesquisa analisar suas ações e discutir como eles se viam utilizando os vídeos. Apresentamos os quadros de Moran (1995) quanto ao uso adequado e inadequado do vídeo em sala de aula, bem como as considerações de Ferrés (1996) quanto ao uso didático do vídeo, e também as dicas pedagógicas para o uso dos vídeos da Série Mão na Forma, proposta no caderno Vendo e aprendendo nº 8 (2002), anexo III.