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6 METODOLOGIA DE PESQUISA

6.1 PESQUISA COLABORATIVA: UMA PARCERIA REALIZADA NO

Após um estudo sobre as pesquisas participantes, chegamos ao consenso de que este trabalho foi desenvolvido tendo por base a pesquisa colaborativa, que é um tipo de pesquisa qualitativa que procura estudar o sujeito, não como algo estático, mas vivo e dinâmico, reconhecendo-o como um ser histórico, dotado de cultura.

Constitui-se em uma prática que está voltada para a resolução de problemas sociais presentes na escola, que são vivenciados diariamente, de modo que colaborativamente pesquisadores e professores, em um diálogo de pares, possam juntos encontrar as soluções possíveis.

A esse respeito se afirma que a pesquisa colaborativa é

[...] uma prática alternativa de indagar a realidade educativa em que investigadores e educadores trabalham conjuntamente na implementação de mudanças e na análise de problemas, compartilhando a responsabilidade na tomada de decisões e na realização das tarefas de investigação (IBIAPINA, 2008, p.23).

A partir dessa citação, observamos que ela tem uma dimensão emancipatória, porque por meio dela, é possível ao professor transformar a sua sala de aula e também a escola, pois a própria prática educativa é investigada, se tornando agente de transformação e, junto com o pesquisador um coprodutor dessa pesquisa, de modo que, por meio colaborativo, se desenvolva uma formação continuada tendo por modelo os ensinamentos de Freire.

É importante reforçar que o mesmo sempre enfatizou o diálogo como ponto de partida e de chegada, já que por meio dele, os pares conseguem encontrar um caminho para a libertação (FREIRE, 2016).

Algo que justifica a característica emancipatória da pesquisa é que

[...] tanto investigadores quanto docentes tomam parte do processo investigativo, rompendo com a tendência de os pesquisadores utilizarem a lógica da racionalidade técnica que se restringe a descrever/analisar, genericamente, a prática pedagógica. Nesse contexto, as práticas de investigação são substituídas por outras mais democráticas, em que o investigador deixa de falar sobre educação, passando a investigar para a educação (IBIAPINA, 2008, p.12).

Mediante a essa citação, o professor não é um objeto que simplesmente compartilha com o pesquisador sua prática, pelo contrário, ele se torna agente transformador e

investiga junto, unindo teoria e prática em um diálogo permanente, de modo a gerar, neste processo, uma autorreflexão de seu papel humano e social na sociedade. Ao utilizarmos essa metodologia em nosso trabalho, temos em mente que tudo o que será produzido, deverá ser mediante a parceria entre os pares, pois junto com os professores da escola, iremos conhecer as dificuldades existentes e, de modo colaborativo, encontraremos as soluções para saná-las. Tudo parte do coletivo, nada deve ser imposto, é preciso saber ouvir e dialogar.

Segundo Ibiapina (2008), para que a pesquisa colaborativa aconteça de fato, é preciso que a mesma se norteie em três condições: a colaboração, círculos reflexivos e a coprodução de conhecimentos entre pesquisadores e professores. A colaboração é um processo onde todos os envolvidos na pesquisa irão dialogar de forma democrática, expondo os possíveis problemas existentes que merecem um estudo mais aprofundado, assim, se houver tomada de decisão no coletivo, a mesma é considerada uma pesquisa colaborativa de caráter emancipatório.

A segunda condição é a abertura para círculos de reflexão, onde deve auxiliar os professores a reverem suas práticas, motivando-os a observarem as ações que foram construídas pelo processo sócio-histórico e que possa vir a ser superado. Isso deve se dar por meio da linguagem, que é uma ferramenta simbólica que oferece a possibilidade de reflexão. Desta forma se reconstrói pensamentos de maneira dialética.

Quando se reflete criticamente a prática, é possível também analisar a teoria, reconhecendo, muitas vezes, a necessidade de mudança que se dá através do ato de pensar e agir.

Já a coprodução é o envolvimento dos professores na investigação de modo que eles compreendam que são agentes sociais criativos e produtores de teorias. Aqui, pesquisador e professor estão no mesmo grau de igualdade, porque juntos poderão interpretar informações, produzindo novos saberes e possibilidades de mudança, onde ambos podem decidir.

Assim como diz Ibiapina (2008, p. 22) “Investigar colaborativamente significa envolvimento entre pesquisadores e professores em projetos comuns que beneficiem a escola e o desenvolvimento profissional docente”, considerando que os professores podem aprender e transformar o contexto escolar e a sociedade na qual

estão inseridos, assumindo na pesquisa um papel importante junto com o pesquisador.

Algo se torna fundamnetal é que, diante dessa pesquisa, pesquisador e professor trabalham em colaboração para produção de saberes e desenvolvem estratégias para melhoria profissional, onde cada um deve colaborar, prestando sua contribuição para beneficiar a realização do projeto.

Quando acontece o diálogo de forma reflexiva, ocorre à produção de conhecimentos que caracteriza a formação do professor, que é caráter necessário para mudança de postura, assumindo assim práticas, atitudes e valores que são fundamentais para o desenvolvimento da emancipação.

De acordo com Ibiapina (2008, p. 56)

[...] a reflexão crítica co-partilhada sobre as práticas docentes está em refutar a oposição entre conhecimentos prático e o teórico, especialmente em contexto de pesquisa, em que essa oposição não deve ocorrer, uma vez que teoria e prática não se excluem, complementam-se.

Deixando evidente que teoria e prática devem ser revistas a todo o momento, de forma reflexiva. Por meio da pesquisa colaborativa, isso se torna possível, já que, durante a pesquisa, haverá diálogo entre os pares, o que favorece a troca de saberes. Por meio dela é possível uma mudança de hábitos e a reconstrução de muitos conceitos essenciais à prática docente.

Trabalhar com pesquisa colaborativa é muito pertinente, porque hoje, quando um professor busca soluções para os diversos problemas que ocorrem nas escolas, boa parte deixa de fazer o exercício de reflexão e se baseia em teorias somente, esquecendo que sua experiência profissional, pode, junto com a teoria, buscar soluções mais rápidas e mais eficazes dentro das escolas.

Por isso, ao convidar o professor para ser parte atuante desse projeto, o mesmo tem a possibilidade de adquirir com propriedade a capacidade reflexiva de sua prática, se tornando um pesquisador da mesma.

Nenhum ser humano nasce reflexivo, esse processo se dá a partir do momento em que interagimos uns com os outros e, por meio dessas relações nos constituímos como seres pensantes, aprendendo a ter consciência de si mesmo. Pelo processo social, vamos nos formando e nos constituindo como indivíduos que, ao refletirem criticamente, agem, transformando os espaços em que estamos inseridos.

A base dessa pesquisa é a interação entre os pares e a reflexão, pois a cada etapa, cada diálogo, ocorre mudanças de pensamento e atitudes, interferindo de modo consciente para que a transformação aconteça.

Uma formação que

[...] tem como eixo a reflexibilidade crítica auxilia os professores a tornar as observações do contexto da ação docente mais objetivas, a compreender os condicionamentos impostos pela situação prática e a possibilitar a internalização de conceitos e práticas docentes autônomas e conscientes (IBIAPINA, 2008, p.72).

Se a formação não tiver esse direcionamento, com certeza a prática não será refletida e as transformações não ocorrerão.

Pensar a pesquisa de modo colaborativo é compreender que é necessário co-produzir conhecimentos com os professores, aproximando-os da pesquisa e da

prática, de modo que possam adquirir a capacidade reflexiva de seu atuar pedagógico.

Para tanto,

[...] na perspectiva colaborativa de construção de saberes, significa implicação de agentes, tais como: investigadores, professores, pais, administradores e estudantes em projetos comuns de produção de conhecimentos que desenvolvam espaços-tempo de reflexão crítica e de compreensão das ações e das teorias educativas em prol de uma educação mais justa e igualitária (IBIPIAPINA, 2016, p. 36).

Essa citação evidencia que uma educação justa e igualitária se constrói no coletivo, com a participação de todos, por isso promover o diálogo é uma das características principais para que a reflexão aconteça.