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Capítulo

2 O ENSINO DO DESIGN

2.4 Pós-graduação e pesquisa

2.4.2 Pesquisa em Design

A pesquisa em Design no Brasil está se consolidando como uma prática importante no meio acadêmico e profissional. O crescimento da pesquisa científica e tecnológica é medido por meio dos indicadores de desempenho nessa área, destacando- se, principalmente: (1) o aumento da qualificação de recursos humanos - via titulação de mestres e doutores e do programa de apoio à iniciação científica; (2) o crescimento do sistema de Pós-Graduação; (3) o crescimento das atividades de pesquisa indicado pelos Grupos de Pesquisa e (4) a evolução da produção científica. Na área do Design, todos esses indicadores estão crescendo e apresentando melhores desempenhos - ano após ano.

O Programa de Pós-graduação em Design da PUC-Rio, por ser o pioneiro do Brasil, é o que apresenta maiores resultados em pesquisa atualmente, e conta com diversos laboratórios de pesquisa. Esses laboratórios são células, que reúnem e integram pesquisadores, pós-graduandos e graduandos em torno de projetos de pesquisas sobre um tema comum. São eles: LAE - Laboratório de Arte Eletrônica; LCD - Laboratório de

Comunicação em Design; LED - Laboratório de Eco Design, LEUI - Laboratório de Ergonomia, usabilidade e Interface Homem-Computador; LHD - Laboratório de História do Design; LOTDP - Laboratório e Oficina de Treinamento e Desenvolvimento de Protótipos; LPD - Laboratório de Pedagogia em Design; LRS - Laboratório de Representação Sensível; LGD Laboratório de Gestão do Design; e LABÚtil - Laboratório de Utilização Sócio-Política do Design.

Com relação aos temas de pesquisa em Design, foram selecionados os mais relevantes; aqueles que têm merecido considerações e/ou destaques nas comunicações em eventos e publicações nacionais e internacionais especializadas: Semiótica em Design, Metodologia de projeto, Materiais e processos em Design do produto, História do Design, Gestão em Design, Fundamentos teóricos, Ergonomia informacional, Ergonomia e HCI, Ergonomia de sistemas, Ergonomia do produto, Ensino e pesquisa, Eco-Design, Design urbano e comunicação visual, Design têxtil e vestuário, Design informacional, Design gráfico, Design digital, Design de produto, Design de multimeios, Design de interiores e Comunicação de Design.

São duas as associações ligadas à pesquisa do Design: (1) Associação de Ensino/Pesquisa de Nível Superior em Design no Brasil; que tem como uma de suas metas, o incentivo à reflexão crítica e à pesquisa em torno da atividade do Design. A AEnD-BR coordena a organização dos Encontros Nacionais de Escolas de Design - Enesd, realizados anualmente, desde 1989, o qual reúne representantes de todas as escolas do país e tem como objetivo a discussão do ensino e da pesquisa em Design. A AEnD-BR, também é responsável pela organização bi-anual do Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design - P&D; e (2) Associação Nacional de Pesquisa em Design - ANPED, que coordena a realização do Congresso Internacional de Pesquisa em Design, já em sua segunda edição.

O crescimento da produção científica é evidenciado por meio das publicações de trabalhos regulares em anais de congressos, em revistas e na participação em eventos nacionais e internacionais.

A Revista Estudos em Design - principal publicação da área - tem por objetivo incentivar a produção e a troca de informações entre professores, estudantes e profissionais de Design. Conta com a participação de docentes e instituições de ensino - do Brasil e do exterior - interessados na divulgação de sua produção acadêmica. A Revista Estudos em Design conta com o apoio da AEnD-BR e o incentivo editorial do Programa de Apoio à Publicações Científicas do MCT, CNPq e da FINEP. Outra publicação indexada é a Revista Arcos: Design, cultura material e visualidade, projeto de extensão do programa de pós-graduação da ESDI, coordenado pelo professor Washington Dias Lessa.

O crescimento da pesquisa brasileira, a expansão do sistema nacional de pós- graduação e o conseqüente aumento no contingente de novos mestres e doutores nacional se devem, em grande parte, à existência de programas mantidos por agências de fomento - nacionais e estaduais -, que visam o fortalecimento dos cursos existentes e a manutenção dos programas de bolsas de estudos.

O complexo nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação - CT&I abrange diferentes organismos: (1) os organismos federais e estaduais, que fomentam as atividades de pesquisa científica, tecnológica e de formação de recursos humanos; (2) e as universidades e institutos de pesquisa - públicos e privados - que, por sua vez, incubem-se de produzir o conhecimento científico e tecnológico.

Quadro 11 – Organograma do Complexo12 de Ciência e Tecnologia

Fonte: NEVES, Clarissa Eckert Baeta, Ciência e Tecnologia no Brasil. In: (SOARES, 2002, p.206)

Atuam nesse complexo, na esfera federal, os Ministérios de Ciência e Tecnologia – MCT; da Educação - MEC, com suas respectivas agências de fomento (Financiadora de Estudos e Pesquisas, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Fundação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e ainda, os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Saúde; do Meio Ambiente e

12 As siglas do quadro se referem a: MCT: Ministério da Ciência e da Tecnologia; MEC: Ministério da Educação;

MA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Outros: ministérios que desenvolvem atividades de Ciência e Tecnologia, como: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Meio Ambiente, Saúde e outros; Fapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; Fap's: Fundações de Amparo existentes em 15 Estados brasileiros; e EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio Exterior, por meio dos respectivos institutos, empresas estatais e órgãos vinculados (ver Quadro 11). Na esfera estadual, por sua vez, atuam, na coordenação das políticas e no fomento, as Secretarias Estaduais de C&T e as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAP’S). O setor privado tem participado de modo muito reduzido no fomento à CT&I.

As primeiras iniciativas de incentivo oficial do Design no Brasil foram programadas no III PBDCT - Plano Brasileiro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, conduzida pelo CNPq, a partir de 1981, conforme historiado por Barroso (1998). A política industrial e de comércio exterior, defendida durante a segunda metade da década de 70, estava, em parte, apoiada na lógica da substituição de importações; como forma de melhorar o equilíbrio da Balança de Pagamentos. O governo federal, por intermédio de algumas instituições, entre elas o CNPq, a FINEP, a STI/MIC e a Cacex - do Banco do Brasil - retomou, ainda que modestamente, o apoio ao Design, interrompido durante a segunda metade da década de 70; primeiro com ações pontuais e, a partir de 1982, com a implementação de programa específico de apoio ao Design. Dentro da política de descentralização das ações federais, e coerente com a necessidade de oferecer uma base de apoio e execução dos projetos prioritários do programa de Design, o CNPq decide estimular a criação de três Laboratórios de Design Industrial, localizados na região sul (Florianópolis); sudeste (São Carlos) e nordeste (Campina Grande). O único implantado, até o momento, foi o de Florianópolis; sendo que os outros dois não passaram de planos e de intenções.

A partir de então, o CNPq sempre apoiou, direta e indiretamente, o Design no país, seja com formação de pesquisadores, como no fomento do desenvolvimento científico e tecnológico. Atualmente, o Design faz parte de um programa especial do CNPq, intitulado ‘Ação Induzida para Formação de Doutores no Exterior’, cujo objetivo é promover a formação - em centros de excelência no exterior - de pesquisadores doutores, em áreas carentes e/ou estratégicas, para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. A Ação Induzida para Pós-Graduação no Exterior em Design, refere-se a propostas nas seguintes subáreas: (1) Desenho de Produto: Mobiliário, Cerâmica, Moda (vestuário, calçados, jóias e gemas) e Design automotivo e de transportes; e (2) Programação Visual: Embalagens, Design Digital e Multimeios e Teoria, Pesquisa e Ensino em Design.

A Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP é outra empresa pública, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT - foi criada em 1967 - que mantém estreita articulação com o CNPq. Enquanto o CNPq apóia, prioritariamente, pessoas físicas, mediante concessão de bolsas e auxílios, a FINEP atua junto a pessoas jurídicas. A política de fomento da FINEP é norteada pelo apoio a ações de CT&I

voltadas para as seguintes finalidades13: (1) ampliação do conhecimento e formação de recursos humanos; (2) aumento da competitividade de produtos, processos e serviços para o mercado internacional, visando o aumento das exportações; (3) aumento da qualidade e do valor agregado de produtos, processos e serviços para o mercado nacional sujeitos à competição internacional, visando à substituição seletiva de importação; (4) promoção da inclusão social e da redução das disparidades regionais; e (5) valorização da capacidade científica e tecnológica instalada e dos recursos naturais do Brasil.

Dos Fundos Setoriais definidos pela FINEP, o Fundo Verde-Amarelo (FVA) - Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para Apoio à Inovação - é aquele que efetivamente apóia a área do Design. Seu objetivo é intensificar a cooperação tecnológica entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo em geral, contribuindo para a elevação significativa dos investimentos em atividades de C&T no Brasil. Outra finalidade é de apoiar ações e programas que reforcem e consolidem uma cultura empreendedora e de investimento de risco no País. Os mecanismos de interação Universidade-Empresa são vários, podendo citar alguns importantes para a área de Design: Centro de Inovação Tecnológica, Centros de Pesquisa, Incubadoras de Empresas, Empresa Júnior e Escritórios-Modelo. Exemplos de apoio ao Design podem ser citados: o edital Verde-Amarelo/TIB/FINEP/CNPq de 2002 aprovou o financiamento de 13 núcleos de Design para Prestação de Serviços à Indústria; a realização de vários eventos.