• Nenhum resultado encontrado

CONHECIMENTO NÍVEL QUANTIDADE

2.1.2. Pesquisa no Banco de Dados da CAPES: Educação Física – bebês

No primeiro momento, no levantamento do banco de dados da CAPES, utilizamos como palavras chaves: Educação Física e bebês. Esse primeiro recorte nos mostrou 14 trabalhos de mestrado e doutorado, desenvolvidos em diferentes áreas da Educação Física sendo: Educação Física (4) Ciências da Motricidade (5) Ciências do Movimento Humano (5).

Na leitura dos títulos e resumos identificamos que a maioria desses trabalhos objetivava o estudo do desenvolvimento motor dos bebês ou de crianças até 03 anos com enfoque nos aspectos de desenvolvimento, crescimento e maturação biológica. Nesta primeira etapa da pesquisa, após a leitura de todos os trabalhos, selecionamos 03 (três) que, mesmo não se referindo especificamente à prática pedagógica, foram os únicos, dentre os encontrados, que se referiam aos bebês no contexto das instituição de Educação Infantil (Quadro 2). Quadro 2: Trabalhos selecionados a partir dos descritores Educação Física e Bebês

Título Autor Ano INSTITUIÇÃO

O brincar do bebê e a constituição do sujeito OLIVEIRA, Danielle Menezes de 2012 Mestrado em Educação Física - Universidade Federal da Paraíba O desenvolvimento de bebês

em creches: Um olhar sobre diferentes contextos SCHOBERT Lucila 2008 Mestrado em Ciências do Movimento Humano - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Intervenção motora: efeitos no

comportamento do bebê no terceiro trimestre de vida, em

creche de Porto Alegre

ALMEIDA, Carla Skilhan de 2004 Mestrado em Ciências do Movimento Humano - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Fonte: da Autora

Oliveira (2012), através de uma pesquisa etnográfica, buscou analisar o brincar do bebê e, com isso, também elucidar a prática pedagógica desenvolvida no contexto da Educação Infantil, especialmente nos berçários. Nas observações realizadas, a autora percebeu que, mesmo diante da precariedade de espaços disponíveis, a brincadeira é uma constante nas atitudes dos bebês, independente de estímulos externos. Verificou também a necessidade dos bebês em relação à manipulação e posse de objetos. Oliveira (2012)16, porém, não faz em seu trabalho menção à prática pedagógica da Educação Física, mas analisa os bebês no contexto mais amplo da Educação Infantil.

Schobert (2008), investigou a relação entre o desenvolvimento motor de bebês entre seis a dezoito meses que frequentavam creches, com as características ambientais das famílias, bem como as oportunidades de estimulação do comportamento motor no lar, e as características do contexto e cuidados oferecidos nas creches. Percebeu na relação entre contexto familiar e desempenho motor, que os bebês cujas famílias possuíam oportunidades de estimulação suficientes, apresentavam melhor desempenho motor. Da mesma forma, analisou aspectos referentes à creche como pública ou privada, o tempo que os bebês frequentam a creche, a relação ―cuidador‖/bebê e sua influência no desenvolvimento motor dos bebês. Identifica, a partir da pesquisa, que as necessidades essenciais dos bebês são atendidas, tanto pelas famílias como pela creche, mas levanta a importância de que sejam oportunizadas, de maneira mais efetiva, experiências, interações e práticas para o melhor desenvolvimento dos bebês.

Almeida (2004) verificou os efeitos de um programa de intervenção motora no comportamento do bebê no terceiro trimestre de vida em creches, fundamentado na tarefa de perseguição visual, na manipulação do brinquedo e no controle postural do bebê. Da mesma forma, procurou analisar os efeitos da intervenção motora na aprendizagem, por meio da evocação da memória do bebê ao final do programa proposto. Também identificou em sua pesquisa que as creches apresentam um cuidado maior com as questões de higiene e saúde do bebê do berçário, mas não existe uma preocupação com as exigências motoras de uma forma geral. A partir da sua pesquisa, sugere que programas de intervenções motoras conduzem a mudanças positivas no

16

Em um segundo momento, ao refazemos a pesquisa no banco de dados da CAPES, utilizando as palavras chaves: Educação Física - prática pedagógica –

bebês, o trabalho de Oliveira (2012), também apareceu nessa combinação de

comportamento de bebês, assim como na aprendizagem da evocação da memória.

Esse levantamento inicial foi realizado no ano de 2013, mas, ao final de 2014, nos foi indicada uma pesquisa de dissertação de mestrado do curso de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo. Essa dissertação não estava, até esse período (final de 2014), no banco de dados da CAPES, e tivemos acesso a ela através de e-mail enviado ao orientador e, posteriormente, à autora da dissertação. Mesmo não fazendo parte da primeira etapa da pesquisa, e não estando incluída no banco da CAPES, optamos por trazer esse trabalho para a análise porque, foi o que mais se aproximava do nosso objeto de estudo.

Na dissertação intitulada ―Educação Física com crianças de seis meses a dois anos de idade: práticas produzidas no cotidiano de um CMEI de Vitória/ES‖ de Rosa (2014), a autora buscou analisar as práticas produzidas pelas crianças dos grupos I e II, e do professor de Educação Física no momento das suas aulas, em um Centro Municipal de Educação Infantil de Vitória/ES. Baseou-se nos pressupostos teórico-metodológicos dos Estudos com o Cotidiano17, buscando compreender aspectos das práticas do professor e das crianças a partir do cotidiano onde elas aconteciam. O trabalho objetivou dar visibilidade ao protagonismo das crianças e sua produção cultural, tendo como principal referência a Sociologia da Infância, bem como discutir as possibilidades de atuação da Educação Física em grupos de crianças de seis meses a dois anos de idade.

No processo de contextualização da inserção da Educação Física na Educação Infantil no município de Vitória, realizado pela autora, identificamos pontos de tensão que não se diferem muito dos identificados na RMEF. Dentre esses aspectos, a inserção da Educação Física na Educação Infantil com vistas a atender interesses políticos, a falta de momentos coletivos para planejamento entre os professores de Educação Infantil e os professores de Educação Física, dificultando o diálogo entre as diferentes áreas, e, assim, o trabalho integrado, e o

17

A autora buscou referência em Certeau (1994) para compreender o cotidiano escolar. Para esse autor, ―[...] o cotidiano é concebido como lugar de incessantes produções dos sujeitos que ali estão inseridos, que se relacionam com as estruturas de poder ativamente, subvertendo, intencionalmente ou não, a ordem estabelecida, a fim de afirmar os seus anseios e necessidades‖ (ROSA, 2014, p 13-14).

reconhecimento por parte dos professores de Educação Física de lacunas na formação inicial, referente ao trabalho com essa faixa etária.

Em relação às observações realizadas em sua pesquisa, Rosa (2014) identifica que as ações de cuidado como sono, higiene e alimentação perpassam quase todos os momentos das crianças na creche, e os percebeu como responsáveis por reduzir o tempo destinado à Educação Física. Aspecto que recebeu observações críticas da autora que considera que as ações de cuidado para com os bebês, limitam o tempo destinado às ações pedagógicas. Considera o cuidar e educar indissociáveis, mas, mesmo assim, propõe reorganizações na rotina, para que elas não se tornem enrijecidas, limitando o tempo das crianças para a realização de outras atividades. Observa ainda que a rotina intensa de cuidados com as crianças, que perpassava os momentos da Educação Física, não impediu que o professor, juntamente com as crianças, mostrasse possibilidades de trabalho que aliassem os objetivos pedagógicos planejados pelo professor às necessidades das crianças. No entanto, a preocupação com a diminuição do tempo das rotinas, expressa em vários momentos do texto, talvez demonstre que a autora não necessariamente considera a rotina de cuidados como parte do processo pedagógico.

Traz as ações das crianças, expressas corporalmente, como determinantes na definição de ―currículos‖ para a Educação Física na Educação Infantil onde, através do olhar atento e sensível, as ações das crianças possam se configurar em pistas para as intervenções que, juntamente com os objetivos iniciais do professor, colocam a criança como protagonista nas ações educativas da Educação Infantil.

Nessa primeira etapa de pesquisa, podemos observar diferentes perspectivas na relação da Educação Física com os bebês. Os estudos da área da motricidade e do desenvolvimento humano, desenvolvidos por Schobert (2008) e Almeida (2004), não se referem à Educação Física enquanto prática pedagógica inserida na Educação Infantil, mas sim, buscam investigar o desenvolvimento dos bebês com base em processos e contextos de estimulação motora. Consideramos importante trazê-los para nosso levantamento, pois eles refletem uma lógica que permeou as práticas de Educação Física escolar durante muito tempo, e em alguns casos continua permeando, na medida em que propõe escalas de desenvolvimento ideal para cada criança, buscando enquadrar os bebês a determinados padrões de desenvolvimento. Os autores avançam nessa perspectiva, na medida em que apresentam a relação desse desenvolvimento com o contexto social e cultural da vida dos bebês e do nível/quantidade de estímulos que eles recebem. Levantam a

necessidade das creches possibilitarem mais experiências motoras aos bebês, mas não deixam muito claro como essas experiências podem ser realizadas sem se tornarem ações isoladas das demais relações, no contexto das instituições.

Já no trabalho de Rosa (2014), a Educação Física aparece como uma possibilidade pedagógica junto aos bebês, não se prendendo em modelos prontos de atuação, mas na possibilidade de construir uma prática, ou um currículo, como a autora define, tendo a observação e as experiências vivenciadas com as crianças como norte para o encaminhamento das ações.

2.1.3 Pesquisa no Banco de Dados da CAPES: Educação Física -