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OS PROFESSORES E AS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DOS BEBÊS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE

4 – CAPÍTULO IV A EDUCAÇÃO FÍSICA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE FLORIANÓPOLIS E AS

4.2 OS PROFESSORES E AS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DOS BEBÊS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE

FLORIANÓPOLIS

Nesse processo de contextualizar nosso campo de pesquisa, procuramos empreender uma breve caracterização dos seus participantes, os professores e as professoras de Educação Física que atuam com os grupos de G1/berçário na RMEF. Como mencionamos no capítulo metodológico, no ano de 2014, esse quadro era composto por 32 profissionais. Os dados que auxiliaram a estabelecer essa caracterização foram levantados via questionário, realizado com a totalidade desses profissionais, buscando apontar indicadores iniciais sobre: sexo, idade, formação, situação na rede (efetivo ou substituto), carga horária, tempo de atuação na Educação Infantil e com os bebês, motivos da escolha, ou não, em atuar com os bebês.

Os dados aqui apresentados foram inicialmente quantificados, apresentando-se em forma de gráfico com percentagens para melhor visualização. As perguntas nos questionários se mesclavam em fechadas e abertas, de modo que, em muitos momentos, as narrativas também foram elucidadas. Mesmo conscientes da limitação imposta ao se apresentar os dados de forma quantitativa, essa opção foi importante para possibilitar, juntamente com as análises qualitativas, a melhor compreensão sobre os aspectos inerentes à sua condição enquanto profissionais de Educação Física que atuam com bebês.

Uma das primeiras características observadas foi em relação ao sexo desses profissionais. Identificamos que a maioria, (84%), é do sexo feminino, sendo 16% do sexo masculino (Gráfico 2). Ou seja, dos 32

58

Mais especificamente através do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea - UFSC/CNPq

profissionais que responderam ao questionário, 27 são mulheres e apenas 5 são homens.

Gráfico 2: Sexo dos Participantes

Fonte: da Autora

A docência na Educação Infantil é historicamente caracterizada pela prevalência do sexo feminino (CERISARA, 2002). Sayão (2005), também já havia identificado que as questões de gênero se fazem presentes nos debates em torno da docência na Educação Infantil de diversas formas. Uma delas está ligada aos estigmas que caracterizam ainda a função da Educação Infantil como eminentemente voltada para as ações de maternagem, e que essas ações são atividades exclusivamente do sexo feminino.

São evidentes os preconceitos e estigmas originários de ideias que veem a profissão como eminentemente feminina porque lida diretamente com os cuidados corporais de meninos e meninas. Dado que, historicamente, e como uma continuação da maternidade, os cuidados com o corpo foram atributos das mulheres, a proximidade de um homem, lidando com o corpo de meninos e/ou meninas de pouca idade provoca

84% 16%

conflitos, dúvidas e questionamentos, estigmas e preconceitos (SAYÃO, 2005, p. 16).

No entanto, nas instituições de Educação Infantil a presença de professores, e auxiliares, do sexo masculino se torna cada vez mais frequente, rompendo com padrões historicamente determinantes. A entrada da Educação Física na Educação Infantil na RMEF, embora discordemos da forma como isso se efetivou, teve também, como uma das justificativas, a presença de professores do sexo masculino buscando compensar a ausência da figura masculina para algumas crianças, e auxiliando no desenvolvimento de papeis sexuais, como observamos anteriormente (SAYÃO, 1996). De qualquer forma, consideramos que a Educação Física possui hoje um quadro significativo de professores homens atuando na Educação Infantil, aspecto que pudemos observar nos cursos de formação, mas ainda proporcionalmente menor do que o quadro de professoras mulheres. Assim, mesmo na Educação Física que, aparentemente, não possui a mesma constituição histórica da Pedagogia, marcada predominantemente pelo sexo feminino, em se tratando da atuação com bebês a prevalência de mulheres ainda é significativa.

Essa observação da prevalência de professoras do sexo feminino atuando na Educação Física com os bebês, bem como o fato de somente professoras terem participado do Evento-campo/Grupo Focal, nos levou então a fazer uma escolha quanto à utilização do termo no masculino ou no feminino. Optamos, a partir dessa constatação, por nos referir ao termo professoras, utilizando no feminino durante o processo de análise das categorias, no capítulo metodológico e na introdução do trabalho, por estarmos nos referindo a uma realidade concreta de prevalência desse grupo. Porém, para o referencial teórico optamos por manter a palavra em seu sentido genérico (professores), quando essa era a denominação utilizada pelos autores ou professoras, quando os autores assim se referiam.

Em relação à idade das participantes da pesquisa, ela se mostrou bastante variável. Temos professoras com menos de 24 anos, até de 50 a 54. Mas se apresenta em maior número entre 30 a 35 anos (25%) (Gráfico 3).

Gráfico 3: Idade

Fonte: da Autora

Em relação ao tempo em que estão formadas, o maior número se apresentou como formada há mais de 15 anos (34%) (Gráfico 4). Apenas uma das professoras (ACT), ainda não concluiu seu curso de formação inicial. Lembramos que, na seleção para professor ACT da RMEF, são aceitos alunos dos cursos de graduação em Educação Física que estejam cursando a partir da 5ª fase59. As demais professoras possuem ensino superior completo, realizado em diferentes universidades, mas a maioria com formação na UFSC (12) e na UDESC (9), universidades inseridas no município de Florianópolis (Quadro 8).

59

Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. Edital de seleção 004/2013. Disponível em: www.pmf.sc.gov.br. Ultimo acesso: março 2015

3% 12% 25% 19% 19% 19% 3% até 24 25 á 29 30 á 35 36 á 39 40 á 44 45 á 49 50 á 54

Gráfico 4: Tempo de Formação

Fonte: da Autora

Quanto ao nível de formação dessas professoras, temos 3% (uma professora), ainda cursando a graduação, 19% com o curso superior ou sendo este seu maior nível de escolaridade, 62% com curso completo de especialização e 16% mestrado (Gráfico 5). Quanto aos cursos de especialização, a maioria (12) foi relacionada à Educação Física Escolar, mas percebemos também a realização da especialização em outras áreas da Educação Física, assim como também os cursos de mestrado (Quadro 8). 19% 22% 22% 34% 3% 1 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos mais de 15 anos Em formação

Gráfico 5: Maior Nível de Formação

Fonte: da Autora

Quadro 8: Local do curso superior, área dos cursos de especialização e mestrado

LOCAL DO