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SEGUNDA INCURSÃO NO CAMPO: CAMINHOS DA PESQUISA NA REALIZAÇÃO DO EVENTO-CAMPO/GRUPO

CONHECIMENTO NÍVEL QUANTIDADE

3. CAPÍTULO III – CAMINHOS METODOLÓGICOS

3.3 SEGUNDA INCURSÃO NO CAMPO: CAMINHOS DA PESQUISA NA REALIZAÇÃO DO EVENTO-CAMPO/GRUPO

FOCAL

Após a pré-análise dos dados obtidos via questionário, e do processo de qualificação, alguns aspectos foram surgindo com mais frequência, e exigindo a necessidade de maior aprofundamento, abrindo a necessidade, já prevista anteriormente, de mais uma incursão no campo. Essa etapa, que a princípio tínhamos a intenção de realizar ao final de 2014, logo se mostrou inviável em razão da necessidade de uma imersão mais intensa na pré-análise dos questionários, e também pela dificuldade que visualizávamos em propor mais um movimento de pesquisa em um período que se aproximava do término do ano letivo, pois já estávamos em novembro/201446.

Em vista disso, optamos por realizar a segunda incursão no inicio do ano letivo de 2015 (fevereiro-março)47. Conscientes, porém, de que essa escolha poderia nos trazer como problemática o fato de algumas professoras não estarem mais atuando com bebês. Assim, precisamos estabelecer esse aspecto também como um dos critérios para escolha dos participantes nessa segunda etapa.

Entre as possibilidades que tínhamos para essa segunda etapa, optamos por realizar um Evento-campo aos moldes do Grupo Focal. Realizamos a 2ª etapa com 20% dos 32 profissionais que responderam ao questionário, o que daria em torno de 6,4. Arredondamos inicialmente para 06, porém, correndo o risco de alguma professora desistir ou não poder participar na última hora, optamos por convidar 8 professoras, ficando os seguintes critérios iniciais para a escolha:

1. Professoras que atuavam com bebês em 2014 e continuavam atuando em 2015.

2. Professoras que possuíam mais de 01 ano de atuação com os bebês.

3. 50% de professoras que atuassem em regime de contratação temporário (ACTs) e as outras 50% que atuassem como efetivas na rede.

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O final de ano letivo é um período onde geralmente as professoras de Educação Física estão envolvidas com as avaliações das crianças e com eventos característicos do término do ano nas instituições de Educação Infantil, como passeios, encerramentos, festas e confraternizações diversas.

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Nesse período, também já havíamos recebido a aprovação do Comitê de ética da pesquisa, o que nos permitiu a realização da segunda etapa.

4. Uma professora de cada região da cidade (Norte, Sul, Leste, Centro, Continente) ficando as demais escolhidas entre as regiões com maior número de creches atendendo bebês. Porém, ao realizarmos o contato com as professoras selecionadas com base nos critérios estabelecidos inicialmente, nos deparamos com a primeira problemática, que de certa forma, já havia sido prevista, mas não com tanta intensidade. Das professoras selecionadas, com base nos critérios elencados inicialmente, uma quantidade significativa48 já não estava mais atuando com bebês. De modo que, após ampliarmos os contatos, verificamos a necessidade de excluir os dois últimos critérios, para poder manter os dois primeiros que considerávamos os mais relevantes. Assim, das professoras contatadas que contemplavam os 2 (dois) primeiros critérios, inicialmente 8 (oito) aceitaram participar, mas uma professora não pôde comparecer pois estava afastada por atestado médico e um professor (do sexo masculino) não pôde estar presente no dia do encontro, justificando que estava com muitas atividades na creche onde atuava. O grupo ficou constituído então por 06 professoras, sendo que todas atuavam com bebês em 2014 e 2015, possuíam mais de 01 ano de experiência com essa faixa etária, 05 eram efetivas e 01 substituta, sendo 3 da Região Sul49, 1 da região Centro/Sul, 1 da região Norte, 1 da região Continental.

Após a confirmação das professoras para a participação no Evento-campo/Grupo Focal entramos novamente em contato com a Gerência de Formação Permanente que elaborou novas cartas de encaminhamento, que foram entregues à direção das unidades onde as professoras atuavam. Foi também encaminhada uma carta à Gerência de Formação, solicitando autorização para a realização do Evento- campo/Grupo Focal em uma das salas do Centro de Formação Permanente, por ser um espaço que as professoras já estavam habituadas a frequentar em função das formações, e por ser de fácil acesso, já que se localiza em uma região central da cidade.

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A partir do contato realizado por telefone com professoras que se incluíam nos primeiros critérios, identificamos que 12 professoras não atuavam mais com bebês. Entre as justificativas, observamos que algumas haviam se efetivado em concurso público ou eram substitutas e, dessa forma, escolheram vaga em outra unidade de Educação Infantil ou do Ensino Fundamental, bem como algumas não foram aprovadas no processo seletivo para ACT.

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Uma das professoras da região Sul, atuava na região Central em 2014, mas passou a atuar em outra creche da região Sul em 2015.

Tendo as práticas pedagógicas das professoras de Educação Física como foco central de nossa pesquisa, e em função da riqueza e multiplicidade de informações provenientes dos questionários ao se referirem a essas práticas, algumas questões se tornaram mais inquietantes: Como essas práticas se efetivam no dia a dia de uma instituição de Educação Infantil? E de que forma poderíamos trazer essas práticas para serem debatidas em grupo?

Assim, elaboramos, inicialmente, uma temática central para o encontro: Educação Física no grupo de bebês: elementos da ação docente. Precisávamos, porém, de um ponto de partida, visando enriquecer o debate. Esse ponto de partida seria previamente organizado por nós, mas consideramos que poderia ser enriquecido se as professoras participantes da pesquisa também contribuíssem para esse momento. Para tanto, solicitamos antecipadamente, que cada professora trouxesse para o encontro um registro escrito50 de um dos momentos de Educação Física com o grupo de bebês no qual atuava51.

Os registros trazidos pelas professoras foram socializados no grupo e, a partir disso, estabelecemos uma conversa/debate sobre alguns elementos enfatizados nos registros e apoiados também em um roteiro prévio que organizamos52, com pontos de provocação, que poderiam ser modificados, enriquecidos, complementados em função da direção que o debate iria tomando.

O encontro foi realizado no final de março/2015, em uma terça feira, por ser o dia da semana de hora-atividade das professoras e reservado para as formações. Teve duração de duas horas e cinco minutos, sendo que uma das professoras participantes teve que se retirar antes do grupo ser concluído (1h10min)53. Para o registro do encontro utilizamos duas filmadoras e um gravador de áudio, buscando, com isso, maior profundidade na captação das imagens e falas.

Gatti (2012) e Minayo (2014) forneceram elementos importantes para a preparação/condução do encontro e em relação aos procedimentos necessários ao se optar por essa forma de pesquisa.

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Apêndice C.

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Os elementos sugeridos para o registro foram elencados também com base nos NAPS (Núcleos de Ação Pedagógica) mais especificamente no capítulo ―Estratégias da Ação Pedagógica‖ (FLORIANÓPOLIS, 2012, p. 230-249).

52

Apêndice D.

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No início do encontro a referida professora nos comunicou que havia surgido um imprevisto e precisava se retirar um pouco antes do horário que mais ou menos havíamos previsto para a finalização.

Dessa forma, alguns cuidados foram tomados na condução do grupo e no registro do encontro. O primeiro deles se referiu a nossa postura como mediadora, pois sabíamos que, pela condição de professora de Educação Física de bebês, precisaria manter um afastamento e um cuidado para não emitir opiniões, e tampouco interferir nas opiniões das professoras participantes. Da mesma forma, o grupo logo mostrou uma heterogeneidade na forma e frequência das falas, o que exigiu nossa intervenção em alguns momentos visando à participação mais efetiva de algumas professoras. As comunicações não verbais, expressões individuais ou coletivas, como riso, espanto, desconforto, concordância, discordância, etc., foram também observadas, transcritas e em alguns momentos incluídas nos registros das falas durante as análises, por considerarmos que elas também comunicam e nos ajudam a compreender as falas expressas pelas professoras.

A participação das professoras, no entanto, foi bastante dinâmica e só procuramos fazer novas intervenções quando percebíamos que a temática discutida se esgotava, ou sentíamos necessidade de dar ênfase a algo que estava sendo discutido. Avaliamos posteriormente que a nossa própria inexperiência com essa forma de pesquisa, e o fato de estarmos entre adultos, colegas de profissão, talvez tenha limitado um pouco a abordagem de elementos significativos. Talvez entrevistas individuais nos trouxessem informações mais organizadas, talvez cada professora se referisse a outros elementos, ou de outra forma, ao se expressar individualmente. Porém, a dinâmica do diálogo estabelecido entre as professoras, a forma como cada uma ia construindo seu pensamento sobre determinado assunto, a partir das colocações da outra, concordando em alguns momentos, fazendo-as refletir sobre suas próprias ações, e discordando e tensionando determinadas opiniões, em outro, são elementos que nos fizeram perceber que a dinâmica de grupo acabou sendo de extrema relevância para o alcance dos objetivos da nossa pesquisa.

3.4 ESCOLHAS METODOLÓGICAS NA ORGANIZAÇÃO E