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Dentro dos trabalhos apresentados anteriormente sobre a IEADERN, nosso objeto de estudo é a música e o ensino que acontece no Templo Central da IEADERN. Procuramos investigar a relação entre a educação musical e o contexto cultural, lançando um olhar sobre as práticas musicais, o ensino e a aprendizagem musical nesse espaço.

Para a pesquisa, optamos por uma abordagem qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986), por compreender que a partir de uma abordagem interpretativa seria possível uma análise mais ampla do meu objeto de estudo e dos significados individuais e coletivos acontecidos e mediados na igreja. Como uma atividade humana e social, a pesquisa qualitativa traz, a carga de valores, preferências, interesses e princípios que orientam qualquer pesquisador.

Certamente um dos desafios atualmente lançados à pesquisa educacional é exatamente o de tentar captar essa realidade dinâmica e complexa do seu objeto de estudo, em sua realização histórica; pois o que ocorre em educação é, em geral, a múltipla ação de inúmeras variáveis agindo e interagindo ao mesmo tempo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 5).

Com a abordagem qualitativa, se considera “as experiências do ponto de vista do(s) informador(es)” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 51). Os depoimentos colhidos durante a

pesquisa nos permitiram compreender como as pessoas entrevistadas faziam e concebiam a música e o ensino. Assim como na perspectiva qualitativa de pesquisa, há o interesse em interpretar a situação estudada, considerando a ótica dos próprios colaboradores, como comentam Bogdan e Biklen (1994): “ao apreender as perspectivas dos participantes, a investigação qualitativa faz luz sobre a dinâmica interna das situações, dinâmica esta que é frequentemente invisível para o observador exterior” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 51).

Quando nos aproximamos do campo pesquisado e entramos em contato com os colaboradores da pesquisa, começamos a “construir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e examinam as partes” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 50). Estávamos interessados com o significado que as pessoas atribuem a música e às suas práticas musicais nesse espaço. Por isso adotamos esta abordagem, por se aproximar de uma compreensão acerca dos significados que determinadas ações e acontecimentos representam para as pessoas na igreja.

Em nossa investigação tivemos a intenção de observar e captar a realidade em que o nosso objeto de pesquisa se encontrava e buscamos a interpretação dos dados ser algo significativo e profundo com recurso ao contexto e a cultura em que o ensino e a música se encontram nesse espaço. Como prevê a pesquisa qualitativa, “é o próprio estudo que estrutura a investigação, não ideias preconcebidas ou um plano prévio detalhado” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 83).

Segundo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) há cinco características básicas que configuram a pesquisa qualitativa em educação: 1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo os autores, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, é também chamado de naturalístico. 2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. 3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. 4. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a perspectiva dos participantes. 5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. O fato de não existirem hipóteses ou questões específicas formuladas a priori não implica a inexistência de um quadro teórico que oriente a coleta e a análise dos dados. Isso não significa que não será necessário haver referencial, mas que ele vai sendo definido a partir do desenvolvimento da pesquisa.

A pesquisa qualitativa ou naturalística, segundo Bogdan e Biklen (1982), envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada. E relatam algumas características que a pesquisa qualitativa tem que ter:

Na investigação qualitativa em educação, o investigador comporta-se mais de acordo com o viajante que não planeja do que com aquele que o faz meticulosamente. Baseia-se no pressuposto de que muito pouco se sabe a cerca das pessoas e ambientes que irão constituir o objeto de estudo. Os planos evoluem à medida que se familiarizam com o ambiente, pessoas e outras fontes de dados, os quais são adquiridos através da observação direta. Após a conclusão do estudo efetua-se a narração dos fatos, tal como se passaram. É elaborado, em retrospectiva, um relatório detalhado do método utilizado. Nenhum plano detalhado é delineado antes da recolha dos dados. O investigador qualitativo evita iniciar um estudo com hipóteses previamente formuladas para testar ou questões específicas para responder. É o próprio estudo que estrutura a investigação não ideias preconcebidas ou um plano prévio detalhado. Os investigadores qualitativos tem um plano: a forma como procedem é baseada em hipóteses teóricas: que o significado e o processo são cruciais na compreensão do comportamento humano; Que os dados descritivos representam o material mais importante a recolher e que a análise de tipo indutivo é a mais eficaz. Na tradição de recolha de dados. Em investigação qualitativa trata-se de um plano flexível. O planejamento é efetuado ao longo de toda a investigação (BOGDAN; BIKLEN, 1982, p.83- 84).

Bresler (2007), apesar de identificar diversos enfoques de cunho qualitativo, considera algumas estratégias que de uma maneira geral caracterizam uma pesquisa qualitativa: a descrição contextual dos personagens e eventos; a observação em ambientes naturais; a ênfase na interpretação tanto de questões êmicas quanto éticas; e a validação de informações através da triangulação. A pesquisa é qualitativa, pelo fato de um exercício reflexivo de apreensão da realidade.

Os investigadores interessados na singularidade de algum tipo de ensino aprendizagem encontram valor em estudos qualitativos porque o desenho da pesquisa permite ou exige atenção extra a contextos físicos, temporais, históricos, sociais, políticos econômicos e estéticos (BRESLER, 2007, p. 13).

Abordagens qualitativas são apresentadas através de nomes diferentes, incluindo naturalista, interpretativa, construtivista, estudo de caso e estudo de campo. Metodologia qualitativa é de fato um “termo guarda chuva” para vários gêneros: etnografia, fenomenologia, interacionismo simbólico, pesquisa-ação, pesquisa de professor e pesquisa formativa (BRESLER, 1995). Algumas características importantes da pesquisa qualitativa. 1. Contextual e holística. Os contextos incluem: a) microcontextos – a experiência de vida dos

professores, crenças, compromissos, a experiência de vida dos estudantes; b) contextos intermediários – estruturas institucionais e metas; e c) macrocontextos – os valores maiores da cultura (BRESLER, 1998). Sobre o seu objetivo Bresler relata:

O objetivo da pesquisa qualitativa não é descobrir a realidade, o objetivo é construir uma memória experiencial mais clara e também ajudar as pessoas a obterem um sentido mais sofisticado das coisas. Embora a compreensão que nós buscamos seja de nosso próprio fazer, ela é um fazer coletivo que se apoia em construções humanas adicionais, escrutínio e desafio. O investigador qualitativo escolhe quais realidades deseja investigar. Nem toda realidade de uma pessoa é vista da mesma maneira. A pessoa pode acreditar em relatividade, contextualidade e construtivismo sem considerar que todas essas visões possuem o mesmo valor (BRESLER, 2007, p. 7).

No nosso estudo, procuramos a abordagem qualitativa por enxergar nela uma abordagem ligada a compreender, os comportamentos, processos, situações e dimensões da relação que a música e o ensino na igreja significam neste contexto, para isso fomos motivados pela busca de algo que pudesse transcender a situação real.