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Templo Central da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Natal/RN: um estudo sobre música e educação musical

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Academic year: 2017

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ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

MESTRADO EM MÚSICA

TEMPLO CENTRAL DA IGREJA EVANGÉLICA

ASSEMBLEIA DE DEUS DO NATAL/RN:

um estudo sobre música e educação musical

Priscila Gomes de Souza

Natal/RN

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TEMPLO CENTRAL DA IGREJA EVANGÉLICA

ASSEMBLEIA DE DEUS DO NATAL/RN:

um estudo sobre música e educação musical

Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação em Música, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Música. Área de concentração: Educação Musical.

Orientador: Prof. Dr. Agostinho Jorge de Lima.

Natal/RN

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Catalogação da Publicação na Fonte Biblioteca Setorial da Escola de Música

S731t Souza, Priscila Gomes de.

Templo Central da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Natal/RN: um estudo sobre música e educação musical / Priscila Gomes de Souza. – Natal, 2015.

193 f. : il.; 30 cm.

Orientador: Agostinho Jorge de Lima.

Dissertação (mestrado) – Escola de Música, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.

1. Música popular cristã - Dissertação. 2. Música - Instrução e estudo - Dissertação. I. Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Natal/RN (IEADERN). II. Lima, Agostinho Jorge de. III. Título.

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A Deus, razão da minha existência, por me dar a vida eterna através de Jesus Cristo, seu filho unigênito.

A Daniel Batista de Souza, meu pai, pastor e maestro. Meu exemplo e referencial, por me apoiar e me ajudar em todo o tempo, compreendendo as minhas ausências nas atividades e ensaios do Coral Infanto Juvenil Sementinha e da Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, durante o período desta pesquisa. Por suas orações, suas palavras de incentivo e sua benção sobre a minha vida.

A Eunice Gomes dos Santos de Souza, minha mãe, amiga e conselheira. Minha professora linda! Por me dar palavras sábias, de amor, apoio e orientação quando precisei. Seu olhar crítico e sensível foi importante para mim no amadurecimento deste trabalho.

A Pérsida e Ana Paula, minhas irmãs queridas, e a Edinaldo Junior, meu cunhado, por torcerem por mim em todo o tempo. Pela paciência, carinho, apoio e incentivo.

A Agostinho Jorge de Lima, meu orientador e primeiro professor de violoncelo, que me acompanha desde os quinze anos de idade, quando iniciei as primeiras aulas de violoncelo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Desde o início do curso de mestrado, me ajudou nesta trajetória de pesquisa, fazendo-me enxergar caminhos não antes trilhados. Sua dedicação e seu esmero foram fundamentais para a realização deste trabalho.

Aos colegas do mestrado Ana Cláudia, Anderson, Catarina, Ernandes, Isac, Jacó, Marcus Vinícius e Washington, pelo companheirismo e amizade construída durante o período do curso. Sou grata, ainda, pelas contribuições e momentos especiais que vivenciamos juntos em sala de aula, almoços, congressos, viagens. Nossa turma foi a primeira e muito especial!

Aos professores do Programa de Pós Graduação em Música (PPGMUS) da UFRN, que colaboraram com a minha formação desde a licenciatura até a especialização em educação musical, em especial a Amélia Martins Dias Santa Rosa, Jean Joubert Freitas Mendes, Luis Ricardo Silva Queiroz e Valéria Lazaro de Carvalho. Aos dois últimos, uma lembrança especial pelas contribuições ao meu trabalho na banca da qualificação.

A Carla Pereira dos Santos e Zilmar Rodrigues de Souza, pelas observações e contribuições na banca examinadora de defesa.

A Dejadiere, secretária do PPGMUS, por sua prestatividade e atenção.

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igreja.

Aos alunos, professores, coordenação pedagógica e direção do Departamento de Música da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Templo Central, pela abertura e colaboração na realização deste trabalho.

Aos músicos e regentes da Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, pelos depoimentos, entrevistas e contribuições.

A todos e a todas que, de alguma forma, colaboraram com esta pesquisa, fazendo a música na igreja um objeto de pesquisa apaixonante em educação musical.

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Este estudo tem como objetivo investigar a música e a educação musical existente no Templo Central da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Natal/RN. A questão da pesquisa indaga sobre como são as práticas musicais, o ensino e a aprendizagem musical que acontece neste local. Utilizei a abordagem qualitativa realizando um estudo de caso. O referencial teórico amparou-se em Arroyo (1999, 2000a, 2000b, 2002), Kraemer (2000), Souza (1996), Souza (2000, 2008, 2009), Green (1997), Queiroz (2004a, 2004b, 2005, 2007, 2010, 2011, 2013), Geertz (1989), Nettl (1992) e Merrian (1964). Realizei entrevistas semiestruturadas e observação participante com a direção do departamento de música, coordenação pedagógica, alunos, professores, músicos e regentes da igreja. O estudo revelou que a relação entre música e ensino está além de apenas uma formação musical, existem muitas relações que se estabelecem, como fé, crença em Deus e devoção. Identificou-se que as concepções de músicos e regentes pensam o ensino de música na igreja para tocar nos cultos e louvar a Deus. Na formação musical dos alunos, foi trabalhado não apenas conteúdos musicais; compreendeu-se que a música é mediadora de significados que vão além de vivências e práticas musicais; que a adoração a Deus e o culto religioso caracterizam as práticas musicais e seus reflexos são diretos nas aulas de música. A pesquisa contribui para uma reflexão e entendimento da música e a educação musical que acontece na igreja evangélica e uma compreensão maior na relação entre a educação musical e o contexto cultural onde acontece.

Palavras-chave: Música na Igreja. Ensino de música. Aprendizagem musical. Igreja

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This study aims to investigate the music and the existing music education in Central Temple of the Evangelical Assembly of God Church of Natal/RN. The research question asks how are the musical practices, teaching and learning music that happens in this place. I used the qualitative approach conducting a case study. The theoretical framework were Arroyo (1999, 2000a, 2000b, 2002), Kraemer (2000), Souza (1996), Souza (2000, 2008, 2009), Green (1997), Queiroz (2004a, 2004b, 2005, 2007, 2010, 2011, 2013), Geertz (1989), Nettl (1992) and Merrian (1964). I conducted semi-structured interviews and participant observation with the direction of the music department, teaching coordination, students, teachers, musicians and conductors of the church. The study revealed that the relationship between music and education is beyond just a musical training, there are many relationships established as faith, belief in God and devotion. It was found that the views of musicians and conductors think the music teaching in the church to play in worship and praise God. In the musical training of students, he was working not only musical content; It was understood that music is a mediator of meanings that go beyond experiences and musical practices. The worship of God and the worship featuring musical practices and their effects are direct music classes. The research contributes to reflection and understanding of music and music education happens in the evangelical church and a greater understanding in the relationship between music education and the cultural context where it happens.

Keywords: Music in the Church. Music education. Musical learning. Evangelical Church.

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Figura 1 – Templo Central da IEADERN... 64

Figura 2 – Departamento de Música do Templo Central da IEADERN... 134

Figura 3 – Salas de Aula do Departamento de Música... 134

Figura 4 – Aulas Coletivas no Departamento de Música... 137

Figura 5 – Aulas Coletivas de teoria musical no 5º andar do Templo Central... 137

Figura 6 – Aulas Coletivas no 6º andar do Templo Central... 137

Figura 7 – Aulas Coletiva de teoria musical... 138

Figura 8 – Ensaio da OFEGAL no 5º andar do Templo Central da IEADERN... 159

Figura 9 – Apresentação da OFEGAL no Templo Central da IEADERN... 161

Figura 10 – Recital de Alunos do DEMAD do Templo Central da IEADERN... 162

Figura 11 – Recital de Alunos do DEMAD do Templo Central da IEADERN... 162

Figura 12 – Recital de Alunos do DEMAD do Templo Central da IEADERN... 162

Figura 13 – Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis... 165

Figura 14 – Concerto para Deus promovido pelo DEMAD... 167

Figura 15 – Concerto para Deus promovido pelo DEMAD... 167

Figura 16 – Cartaz da gravação do CD e DVD da OFEG... 168

Figura 17 – Revista Histórica Comemorativa dos 60 anos da OFEG... 169

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Tabela 1 – Relação de trabalhos de teses, dissertações de mestrado e trabalhos de

especialização sobre música na igreja e em outras áreas... 18

Tabela 2 – Relação de trabalhos de dissertação de mestrado sobre música na igreja evangélica na área de música... 21

Tabela 3 – Fases da pesquisa... 43

Tabela 4 – Grupos musicais do Templo Central da IEADERN... 44

Tabela 5 – Departamentos da IEADERN... 50

Tabela 6 – Descrição dos Colaboradores da Pesquisa... 65

Tabela 7 – Categorias e Elementos Centrais da música e ensino na IEADERN... 72

Tabela 8 – Conteúdos musicais das aulas de teoria musical... 155

Gráfico 1 – Pirâmide Etária 2014 – OFEG... 150

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ABEM Associação Brasileira de Educação Musical ABET Associação Brasileira de Etnomusicologia

ANPPOM Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CETAD Centro de Educação Teológica da Assembleia de Deus

CEMADERN Convenção Estadual de Ministros da Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte

CIADE Centro Integrado de Assistência Social CGABD Convenção Geral das Assembleias de Deus DEMAD Departamento de Música da Assembleia de Deus ESTEADEB Escola Teológica das Assembleias de Deus no Brasil ESTEADENE Escola Teológica das Assembleias de Deus no Nordeste

H.C. Harpa Cristã

IEADERN Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte OFEG Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis

(14)

INTRODUÇÃO... 14

1 REVISÃO DE LITERATURA... 17

1.1 Música e ensino na igreja evangélica: um campo emergente na educação musical... 17

1.2 Música na igreja evangélica: trabalhos em outras áreas... 18

1.3 Música na igreja evangélica: trabalhos na música... 21

1.4 Música na igreja evangélica: estudos realizados na IEADERN... 24

1.5 A igreja evangélica: um espaço não formal para pesquisas... 26

2 METODOLOGIA... 36

2.1 Pesquisa qualitativa... 38

2.2 O método: estudo de caso... 41

2.3 Fases da pesquisa... 42

2.4 Conhecendo o campo: Templo Central da IEADERN... 43

2.5 História da IEADERN... 52

2.6 História do movimento musical na IEADERN... 62

2.7 Colaboradores da Pesquisa... 64

2.8 Observação participante... 66

2.9 Entrevistas... 67

2.10 Procedimentos de Análise... 69

2.11 Transcrição e análise das entrevistas... 69

3 REFERENCIAL TEÓRICO... 74

3.1 Sobre ensinar e aprender música... 74

3.2 Sobre a música na igreja evangélica como uma prática sociocultural... 81

3.3 Sobre a sociologia da música... 83

3.4 Sobre o ensino de música na igreja ser não-formal... 85

3.5 Sobre o conceito de cultura... 88

3.6 Sobre a música como linguagem cultural... 96

4 ENSINO E APRENDIZAGEM DE MÚSICA NO TEMPLO CENTRAL DA IEADERN... 100

(15)

4.4 Métodos de ensinar música na Igreja...

4.5 Profissionalização e Aperfeiçoamento Musical fora da Igreja...

CONCLUSÃO...

REFERÊNCIAS...

APÊNDICES... 151

170

174

180

(16)

INTRODUÇÃO

Inicialmente, para melhor compreender nosso objeto de estudo, necessário se faz destacar o vertiginoso crescimento da igreja evangélica no Brasil, nas últimas décadas. As igrejas evangélicas tornaram-se grandes celeiros de músicos e cantores no país. Como a música está presente em seus cultos, as igrejas evangélicas estimulam a prática e o ensino de música em suas atividades. Assim, muitas igrejas evangélicas possuem um espaço físico reservado ao exercício educativo-musical. Com isso em mente, nosso problema de pesquisa, para esta investigação, foi sendo construído com questionamentos que íamos fazendo: como e por que a música está presente nos cultos religiosos? Como essa música é feita? Por quem? Como e por quem é ensinada? Quais as práticas musicais? Qual o modelo de ensino? Qual a função e o significado da música na igreja?

O espaço escolhido para a realização do estudo foi o Templo Central da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte – IEADERN1, o qual possui cerca de 226.722 (duzentos e vinte e seis mil, setecentos e vinte e dois) membros no Rio Grande do Norte, sendo a maior igreja evangélica do estado. Somente em Natal, capital do estado, são cerca de 60 (sessenta) mil membros espalhados por 255 (duzentas e cinquenta e cinco) igrejas filiais (IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DO RIO GRANDE DO NORTE, 2013). No Templo Central da IEADERN, a música está presente nos cultos em variadas práticas musicais, a saber, os corais e orquestras, que eu já conhecia por ter uma aproximação com esse contexto e que me despertou o interesse por investigar.

O Departamento de Música da IEADERN (DEMAD)2 é o responsável pela música na IEADERN, oferecendo cursos livres de música no Templo Central, fica localizado no bairro do Alecrim, na cidade do Natal, e se destina a musicalizar e dar uma iniciação musical às pessoas da igreja e da comunidade. Tem sido reestruturado e ofertado à comunidade interna e externa da igreja desde 1997, ano em que foram reativadas as aulas de música na IEADERN no Templo Central, por iniciativa do seu diretor, o pastor e maestro Daniel Batista de Souza. Nesta pesquisa, o DEMAD é visto como um espaço amplo educativo-musical que faz parte da IEADERN, mantendo, todavia, peculiaridades e características próprias na aprendizagem da música que caracterizam esse contexto.

1 Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte será mencionado pela sigla IEADERN, por ser assim conhecida pelos participantes deste estudo.

(17)

Esta dissertação, portanto, teve como objetivo investigar a música e a educação musical existente no Templo Central da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte. Foi nossa intenção compreender os processos, situações e dimensões simbólicas que constituem a música e ensino neste espaço e a relação entre a educação musical e o contexto cultural, com foco sobre as práticas musicais, o ensino e a música. A partir desse intuito, buscamos apreender três aspectos: a música, em suas práticas; a educação musical, em suas formas de ensino e aprendizagem; e o contexto no qual ambas se efetivam. Os nossos objetivos específicos deste estudo foram: descrever as práticas musicais e o modelo de ensino de música; descrever e compreender como ocorre a música; descrever e entender como ocorre o ensino; compreender a função e o significado da música nesse espaço.

(18)

Louvai ao Senhor. Ó minha alma, louva ao Senhor. Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu for vivo. Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há salvação. Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos. Bem aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está posta no Senhor seu Deus. O que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto há neles, e o que guarda a verdade para sempre; O que faz justiça aos oprimidos, o que dá pão aos famintos. O Senhor solta os encarcerados. O Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos; o Senhor ama os justos; O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios. O Senhor reinará eternamente; o teu Deus, ó Sião, de geração em geração. Louvai ao Senhor.

(19)

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Música e ensino na igreja evangélica: um campo emergente na educação musical

Esta revisão de literatura teve como base trabalhos com foco no ensino não-formal, bem como em trabalhos relacionados à música e ao ensino na igreja evangélica. O interesse em pesquisar música na igreja evangélica nos acompanha desde o trabalho de conclusão de curso da licenciatura em Música, no qual realizamos uma pesquisa sobre a formação musical de uma banda de música evangélica (SOUZA, 2009).

Desde esse período, começamos a reunir vários trabalhos sobre a música na igreja evangélica. As pesquisas que eu íamos lendo, fomos arquivando no computador, em pastas separadas por tipo de trabalho: teses, dissertações, trabalhos de especialização, trabalhos publicados em anais de congressos e artigos publicados em periódicos. Estas pesquisas foram retomadas posteriormente, quando do ingresso, em 2013, no mestrado em Música, no qual tivemos oportunidade de observar a produção acadêmica que vem sendo efetivada, no que diz respeito a esse recorte temático, e esse levantamento me possibilitou visualizar uma grande quantidade de trabalhos que estabelecem a relação música e igreja, entre teses, dissertações e trabalhos de especialização, das mais diversas áreas do conhecimento, mostrando os mais diferentes interesses dos pesquisadores na temática.

Realizamos, ainda, uma busca de teses e dissertações no site da Capes (banco de teses)3 e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (Ibict)4 utilizando as palavras-chave música e igreja, ensino na igreja, educação musical e igreja, música evangélica, música sacra, música gospel, música e religião. Encontramos diversos trabalhos sobre música e igreja disponíveis e outros não, separei aqueles que estavam acessíveis. Fizemos, ainda, um levantamento nos anais da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), Associação Nacional de Pós Graduação em Música (ANPPOM), Associação Brasileira de Etnomusicologia (ABET) e nas Revistas da ABEM, especificamente, na temática música na igreja evangélica.

Observando os estudos sobre a música na igreja evangélica, pudemos perceber um grande interesse que vem aumentando na pesquisa relacionada para o ensino e a aprendizagem musical que acontece nesses espaços e contextos, uma vez que nesses locais há

(20)

ampla possibilidade de desenvolvimento de educação musical diferenciada, voltada para o contexto social.

1.2 Música na igreja evangélica: trabalhos em outras áreas

Nesta revisão de literatura, encontramos vinte e cinco trabalhos sobre música na igreja evangélica realizados em outras áreas de conhecimento. Os trabalhos encontrados vinham de várias áreas de conhecimento, como Sociologia, Serviço social, Antropologia, Comunicação, Teologia, Ciências da religião, História, Linguística, Psicologia, Filosofia, Administração de empresas, Educação, Letras, Artes e Música. No levantamento de trabalhos, identificamos mais pesquisas com o foco na música e repertório relacionado à performance musical, musicologia e etnomusicologia e um número bem menor de estudos relacionados à educação musical. Os temas são os mais variados como destacamos na Tabela 1.

TABELA 1 – Relação de trabalhos de teses, dissertações de mestrado e trabalhos de especialização sobre música na igreja evangélica em outras áreas

Autor Título Tipo de

trabalho

Universidade Área Ano

FREDERICO, Denise Cordeiro

de Souza.

A seleção de cantos para o culto cristão: critérios obtidos a

partir da tensão entre tradição e contemporaneidade na

música sacra cristã ocidental. Tese (Doutorado) Escola Superior de Teologia (EST) São Leopoldo.

Teologia 1998

BEZERRA, L. C.

Publicidade e Programação de Mídia

Religiosa: Estudo Sobre a Rádio Evangélica Alfa de

Santos. Dissertação (Mestrado) Universidade Metodista de São Paulo

Comunicação 2000

AQUINO, R. M. Religião, Progresso e Música numa Igreja

Presbiteriana. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco

Antropologia 2001.

SOUZA, Zilmar Rodrigues de.

A música evangélica e a

indústria fonográfica no

Brasil: anos 70 e 80.

Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual de Campinas / UFRN

Artes 2002

CUNHA, Magali do Nascimento.

“Vinho novo em odres velhos”.Um olhar comunicacional sobre a

explosão gospel no cenário evangélico noBrasil.

Tese (Doutorado)

Universidade de São Paulo

Comunicação (Ciências da Comunicação)

2004

OLIVEIRA, Itatiara Teles de.

“Cantai com Júbilo ao Senhor”: o papel da

Dissertação (Mestrado)

Universidade Federal de

(21)

música no crescimento do neopentecostalismo em Goiânia (1985-2005) Goiás SCHLEIFER, T. G.

Regentes de corais evangélicos: formação

e educação vocal coralistas. Dissertação (Mestrado) Universidade Metodista de Piracicaba

Educação 2006

DOLGHIE, Jacqueline

Ziroldo.

Por uma Sociologia da produção e reprodução

musical do Presbiterianismo Brasileiro:a tendência Gospel e sua influência

no culto. Tese (Doutorado) Universidade Metodista de São Paulo Ciências da Religião 2007 FRANÇA, Edson Alves.

O canto do povo no labor pastoral: A Música na Igreja da Paraíba como

Instrumento de Comunicação, Informação e Processo Pedagógico

Informal. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal da Paraíba. Educação (Área De concentração: Educação Popular, Comunicação e Cultura) 2007 VICENTINI, Érica de Campos.

A produção musical evangélica no Brasil.

Tese (Doutorado)

Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (História Social) 2007 EBERLE, Soraya Heinrich.

Ensaio Pra que? – Reflexões iniciais sobre a partilha de

saberes: o grupo de louvor e

adoração como agente e espaço

formador teológico-musical. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Teologia (EST) São Leopoldo. Teologia (Área De concentração: Religião e Educação) 2008 PAULA, Robson Rodrigues de.

Audiência do Espírito Santo: música

evangélica, indústria fonográfica e

produção de celebridades no Brasil. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Ciências Sociais 2008 BARBOSA, Daniel Ely Silva.

Práticas Musicais nos espaços religiosos: o

protestantismo histórico em Campina Grande. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Campina Grande História (Área de concentração: História, Cultura e Sociedade) 2009 LOUREIRO, Vivian Maria Rodrigues.

Música para os ouvidos, fé para a alma, transformação para a

vida: música, fé e construção de novas identidades na prisão

Dissertação (Mestrado)

Pontifícia Universidade Católica do Rio

de Janeiro

Serviço Social 2009

SILVA, João Marcos

(22)

da Silva. me desculpem, mas beleza é fundamental”:

o

uso contemporâneo da imagem e sua

influência na mudança dos paradigmas estéticos utilizados na

música “Gospel” no Brasil

São Paulo de

concentração: Ciências Sociais e Religião) BRANCO, Patricia Villar.

O metal cristão: música, religiosidade e performance Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Paraná. Curitiba. Antropologia (Antropologia Social) 2011 EBERLE, Soraya Heinrich.

Cantar, contar, tocar... A

experiência de um Grupo de Louvor como possibilidade para a formação teológico-musical de jovens. Tese (Doutorado) Escola Superior de Teologia (EST) São Leopoldo. Teologia (Área de concentração: Religião e Educação) 2011 GAUGER, Ernâni Luís. Edificando comunidades: a educação musical a

serviço do reino de Deus. Trabalho final de Mestrado Profissional Escola Superior de Teologia (EST) São Leopoldo. Teologia (Área de concentração: Religião e Educação) 2011 LIMA, Robson Silva.

O maestro e a sua atuação artística na

Igreja

Evangélica Assembléia de Deus sede do Ministério do Belém

São

Paulo SP (1960-2010).

Dissertação (Mestrado) Universidade Presbiteriana Mackenzie Educação (Arte e História da

Cultura)

2011

RECK, André Müller.

Práticas musicais cotidianas na cultura gospel: um estudo de caso no ministério de louvor Somos Igreja.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Santa Maria Educação (Educação e Artes) 2011 GONÇALVES, Gisele Siqueira.

A emoção no discurso da música gospel como

estratégia na captação de fiéis. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa.

Letras 2012

MACHADO, Sueli da Silva.

O lugar da música religiosa na construção

psicossocial da identidade de jovens

presbiterianos independentes no

estado de São Paulo.

Dissertação (Mestrado) Universidade Metodista de São Paulo Ciências da Religião 2012 SILVA, Edson Alencar.

Quem toca a música do povo de Deus? Um

estudo sobre a música gravada

por

evangélicos no Brasil,

(23)

anos 1970-90. VIEIRA, Carlos

Eduardo da Silva.

O gosto pelo canto coral protestante no

Brasil: histórias e tensões em um campo musical. Dissertação (Mestrado) Universidade Metodista de São Paulo Ciências da Religião 2012 BLAZINA, Francilene Maciel da Rocha.

O ensino e a aprendizagem musical

na Igreja Evangélica Assembleia de Deus

em Porto Alegre.

Especialização Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Educação (Pedagogia da

Arte)

2013

Fonte: Banco de teses e dissertações da Capes e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Disponível em: <http://bdtd.ibict.br/> e <http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses>. Acesso em: mai 2013/mai 2014.

1.3 Música na igreja evangélica: trabalhos na música

No XXI Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) realizado de 4 a 8 de novembro de 2013, na cidade de Pirenópolis/GO, pudemos ver um número crescente de trabalhos científicos relacionados à pesquisa da música na igreja (LORENZETTI, 2013; LOURO; RECK, 2013; LIMA; SOUZA, 2013; e KAISER; SOARES, 2013). Pesquisas relacionadas à música e ao ensino na igreja vêm crescendo nos últimos anos e, nas conversas e discussões das quais participamos, pudemos observar a temática crescendo no campo da educação musical. São espaços que apresentam um cenário rico, diverso e complexo de ensino e aprendizagem musical e também de práticas musicais.

Para trabalhos sobre música evangélica na área de música, buscamos no Banco de teses e dissertações da Capes e na Biblioteca digital de teses e dissertações, colocando as palavras música e igreja, música e ensino na evangélica. Assim, encontramos dez trabalhos de dissertações de mestrado realizadas de 1999 a 2010, na área de música, sobre música e igreja evangélica.

TABELA 2 – Relação de trabalhos de dissertações de mestrado sobre música na igreja evangélica na área de Música

Autor Título Universidade Área Orientador Ano

CAMPELO, Regina Celia Lopes.

O Coro como fator musicalizador na Igreja Presbiteriana do Brasil.

Conservatório Brasileiro de Música. Rio de Janeiro Música (Educação Musical) Pereira, Eduardo 1999 KERR, Samuel Moraes.

A história da atividade musical na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo: uma fisionomia

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Música Dirce

Tereza Ceribelli

(24)

possível. Filho (UNESP) FIGUEIREDO,

Theógenes Eugênio.

Koinonia e Música: uma Comunidade Evangélica no Rio de Janeiro e sua prática musical.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Música Elizabeth

Travassos

2004

MARTINOFF, Eliane Hilário da Silva

O Ensino Teológico-Musical entre os Batistas: Um Estudo de Caso. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Música Dorotéia

Machado Kerr

2004

MIGUEL, Fábio.

Entre ouvires: a paisagem sonora da

Igreja Batista em Jardim Utinga em foco.

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Música Marisa

Trench de Oliveira Fonterrada 2006 ANDRADE, Nata Oliveira

Concepções sobre música e motivações musicais: um estudo qualitativo sobre alunos de um seminário de música sacra.

Universidade Federal de Minas Gerais

Música (Educação Musical) Walênia Marília silva 2007 BENTLEY, Irene.

A música sacra em

duas igrejas evangélicas do DF: estudo analítico sobre a retração da música cristã tradicional ante o avanço da música cristã contemporânea.

Universidade de Brasília

Música Maria Jaci Toffano

2009

MENDONÇA, Joêzer de Souza.

O gospel é pop: música e religião na cultura pós moderna. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) Música (Musicologia/ Etnomusicologia) Dorotéa Machado Kerr 2009 ALMEIDA, Elza Oliveira de Souza.

A música evangélica do movimento pentecostal em Goiânia como Fenômeno contemporâneo Universidade Federal de Goiás Música (Música, Cultura e Sociedade) Wolney Alfredo Arruda Unes 2010 NETO, Valencio Alves da Silva.

Um cântico novo: a música congregacional da primeira Igreja Evangélica Batista de Maceió-Alagoas Universidade Federal da Bahia Música (Etnomusicologia) Sonia Maria Chada Garcia 2010

Fonte: Banco de teses e dissertações da Capes e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Disponível em: <http://bdtd.ibict.br/> e <http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses>. Acesso em: mai 2013/ mai 2014.

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Podemos citar da educação musical, os trabalhos de Andrade (2007), que investiga as concepções sobre música e motivações musicais em um estudo qualitativo sobre alunos de um seminário de música sacra; Diefenbach (2012), o qual estuda as práticas musicais nos ambientes religiosos; Souza (2002), que investigou a música evangélica e a indústria fonográfica no Brasil: anos 70 e 80; Reck (2011), o qual estuda as práticas musicais cotidianas na cultura gospel, num estudo de caso no ministério de louvor Somos Igreja, na cidade de Santa Maria, na área de educação. Alguns trabalhos buscados na área de música e outros não, nos chamaram a atenção pela sua abordagem quanto ao campo metodológico como Barbosa (2009), o qual investiga as práticas musicais nos espaços religiosos com um estudo do protestantismo histórico em Campina Grande; Figueiredo (2004), que investiga uma comunidade evangélica no Rio de Janeiro e sua prática musical; Geier (2006), investigando cursos evangélicos de graduação em Música Sacra no Brasil, fazendo uma contextualização e sugestões curriculares; e Martinoff (2004), que estuda o Ensino Teológico-Musical entre os Batistas, através de um estudo de caso.

Encontramos trabalhos que envolviam estudo sobre ensino de corais, instrumentos e regentes como os de Santos (2003), que investiga as experiências musicais ao piano através de módulos de ensino para iniciantes baseados em cânticos evangélicos; Aigner (2006), o qual investiga caminhos para uma atualização do repertório coral evangélico; Bündchen (2005), que investiga a relação ritmo-movimento no fazer musical criativo com uma abordagem construtivista na prática de canto coral; e Schleifer (2006), que investiga regentes de corais evangélicos com formação e educação vocal e coralistas, mostrando a importância dada a essa característica na igreja.

Identificamos, também, estudos de questões simbólicas da igreja evangélica: Aquino (2001) investiga a religião, o progresso e a música numa Igreja Presbiteriana; Cunha (2004) investiga sobre a explosão Gospel no cenário religioso evangélico no Brasil; Borda (2008) investiga as palavras sagradas, rima e experiências, uma tentativa de compreensão sobre o Cristianismo Pentecostal; e Pereira (2001) investiga a relação de Lutero e a música com as perceptivas de hoje. Estudos sobre aspectos técnicos como os de Bezerra (2000), que investiga a publicidade e programação de mídia religiosa com um estudo sobre a rádio evangélica Alfa de Santos; e os de Vicentini (2008), o qual investiga a produção musical evangélica no Brasil.

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de 2002 e 20135 e cinco trabalhos nos Anais de Encontros Regionais de 2011 e 20126. Esses trabalhos publicados em anais de congressos da ABEM, relatando experiências isoladas em alguns lugares do país que tem um espaço de formação musical não formal na igreja, discutem o ensino de música na igreja como um espaço formador do ensino de música de milhões de pessoas no Brasil.

Nas Revistas da ABEM, em um total de trinta e três números, foram encontrados somente três trabalhos ligados ao tema: Torres (2004); Martinoff (2010) e Reck (2012). Isso mostra existir, ainda, pouca publicação de trabalhos no campo da educação musical.

Com a revisão de literatura levantada, observamos que a igreja evangélica, em função da música ser muito presente em seus cultos, enfatiza a prática e ensino da música em seus templos, em que seu processo de transmissão musical implica um desenvolvimento e questões históricas, culturais e religiosas. Enxergar e interpretar suas práticas musicais torna-se uma grande tarefa e desafio, pois a aprendizagem e a prática musical estão muito ligadas à religião. Como evidenciamos nos trabalhos anteriormente citados, as igrejas evangélicas possuem concepções, situações e processos de ensino e aprendizagem da música e que, quando analisados em profundidade, me permite tanto a compreensão da abrangência do seu ensino quanto a configuração da música contextualizada com o seu espaço e com a sua realidade sociocultural.

Entre os diferentes e múltiplos espaços não-formais de ensino de música, está a igreja evangélica e, a partir de uma compreensão particular do contexto sociocultural e educacional de ensino da música na igreja evangélica, poderei refletir sobre as dimensões mais amplas de ensinar e aprender música, o que permitirá uma contribuição abrangente tanto para a área de educação musical quanto para a ciência em geral.

1.4 Música na igreja evangélica: estudos realizados na IEADERN

Especificamente sobre a IEADERN, foram localizados sete trabalhos realizados. Quatro deles são descrições de experiências pontuais, ambos publicados em anais dos encontros regionais da ABEM. O primeiro, publicado no IX Encontro Regional da ABEM Nordeste, trata do trabalho do ensino da música na Banda Shalom, tendo como foco a descrição da presença do ensino da música nesta Igreja (SILVA, 2010). Nesse sentido, o

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trabalho busca descrever os principais processos de ensino e aprendizagem da música das referidas banda e igreja.

O segundo, de autoria de Silva e Fontoura (2009), trata sobre o ensino de música na IEADERN na Cidade da Esperança, tendo sido apresentado no II Fórum Paraibano de Educação Musical em João Pessoa. Discorre sobre os principais processos de ensino e aprendizagem de música no contexto da IEADERN, localizada no Bairro da Cidade da Esperança, na Cidade do Natal/RN, onde o universo de pesquisa foi constituído por músicos iniciados pela escola da igreja, que formam a Orquestra Êxodo.

O terceiro artigo, um recorte da monografia de Souza (2013), descreve os principais aspectos dos processos de ensino-aprendizagem musical na IEADERN, na Cidade de Natal/RN. O universo de pesquisa é constituído por músicos iniciados nos cursos de música oferecidos pela igreja e que compõem a atual Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis. Pode-se observar que, além de destacar-se como espaço de formação de novos músicos, o crescente interesse pelo fazer musical levou muitos alunos a se especializarem, posteriormente, em escolas formais nos cursos de licenciatura e bacharelado em Música, bem como a profissionalização no campo musical. Concluiu-se, identificando esse cenário como um importante centro de formação em música.

O quarto trabalho consiste em uma monografia do Curso de Licenciatura e Música da Escola de Música da UFRN (FEITOSA, 2012). A autora fez um estudo na escola de música da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte, com o objetivo de mostrar a relevância do ensino coletivo de um instrumento musical para o desenvolvimento do aprendizado. Evidenciou-se que, mesmo em um ambiente heterogêneo, onde interesses e objetivos pessoais no aprendizado musical são variados, a metodologia utilizada pelo professor atende às necessidades da turma, uma vez que as respostas dos alunos foram positivas quando questionados se estavam satisfeitos com o que lhes era ensinado e forma de como era ensinado. Conclui-se, portanto, que este trabalho conseguiu atingir seu objetivo central, visto que os dados coletados e analisados evidenciaram a importância do ensino coletivo para a aprendizagem musical.

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O sexto trabalho consiste num trabalho de relato de experiência no Coral Infanto-Juvenil da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Templo Central de Natal/RN (SOUZA, 2013). Na atividade com o coral, iniciou-se um processo de musicalização com vistas a uma melhoria do desempenho musical de cada um e do grupo e, indiretamente, que contribuiu para a melhoria da concentração, disciplina, capacidade de agir coletivamente e para a socialização dos participantes.

O sétimo trabalho (SOUZA, 2014), consiste numa pesquisa sobre a Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos (OFEGAL) do Departamento de Música da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Natal/RN, com o objetivo de relatar sobre a aprendizagem musical na prática orquestral e que apresentou para a consciência de que a participação no grupo orquestral estimula a escuta, a consideração do fazer musical do outro e a interação social.

1.5 A igreja evangélica: um espaço não formal para pesquisas

As igrejas evangélicas tiveram suas raízes na Reforma Protestante, impulsionada por Martinho Lutero, na Alemanha, em 1517 (BRAGA, 1961). A música está presente em grande parte do tempo dos cultos, um exemplo é no canto coletivo, conhecido como canto congregacional, onde são cantados hinos sacros do hinário oficial da igreja. A música desempenha um papel fundamental na programação da liturgia, onde os fiéis seguem os mandamentos bíblicos que contem inúmeras ordenanças sobre a forma de cultuar a Deus, como no livro de Salmos que diz “louvai ao Senhor, porque é bom e amável cantar louvores ao nosso Deus; fica-lhe bem o cântico de louvor” (SALMOS 147:1).

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São formações musicais das mais diversas, seguindo de acordo com os recursos humanos, materiais e financeiros de cada uma, instrumentistas, cantores, professores, maestros, capital financeiro, espaço físico, instrumentos, equipamento de som. Os recursos disponíveis realmente podem diferenciar uma igreja da outra nas características musicais. Igrejas com mais recursos financeiros, geralmente disponibilizam maiores condições para o desenvolvimento do departamento da música (WESCHENFELDER, 2008, p. 20).

A música na igreja evangélica também traz uma contribuição enorme para a formação musical de pessoas que tem a oportunidade de vivenciar e experimentar a música, gerando também transformação no comportamento pessoal e social. No ano de 2010, em Belo Horizonte/MG, dentro do calendário do Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, aconteceu o 1° Congresso Nacional de Música e Louvor, no qual participei com minha família. Foi um evento promovido pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) em parceria com a Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), atendendo à crescente demanda por capacitação exigida pelos cristãos envolvidos com a música na igreja. Ao todo, duzentos e setenta inscritos, provenientes de diversas regiões do país participaram do evento, no qual ocorreram aulas e palestras sobre regência, arranjos e orquestração, ministrados ao longo da semana, em programação matutina, vespertina e noturna (MENSAGEIRO DA PAZ, 2010, p.7). Isso tudo é muito presente, como demostra abaixo o cenário da música na igreja evangélica:

A música é uma atividade muito presente nas igrejas evangélicas, seja para adoração a Deus, evangelismo ou confraternização. Cada igreja evangélica, cada denominação, em cada lugar do mundo, em cada lugar do Brasil dispõe de variadas atividades musicais, sejam elas com foco na pratica do culto, educação ou entretenimento. Igrejas realizam oficinas, festivais de talentos, shows, palestras, além de manter grupos musicais somente vocais, instrumentais ou ambos, como orquestra, banda de louvor, quartetos, trios, coros (de casais, jovens, adolescentes, crianças, idosos) (WESCHENFELDER, 2008, p. 20).

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igreja evangélica implicou, e muito, a atuação profissional e ministerial de muitas pessoas, como vemos no depoimento do maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Minczuk:

É uma felicidade muito grande saber que nós temos, entre os músicos profissionais aqui do Brasil, tantos que confessam a fé cristã e que são servos sinceros do nosso Senhor. Aos seis anos de idade, comecei tocando na igreja, com o instrumento da igreja. Foi graças à igreja que eu pude realmente me desenvolver e tornar-me profissional da música (MENSAGEIRO DA PAZ, 2010, p.7).

A igreja evangélica tem uma grande relevância na formação musical, como retrata Braga (1961) nos dados históricos entre o final do século XIX e no século XX, que a ampla contribuição para a formação musical de pessoas no serviço da igreja, atuando como coristas, regentes, compositores e instrumentistas contribuíram para a formação de músicos que foram para conservatórios estudar e posteriormente ensinar nessas instituições, formando corais sinfônicos, bandas, e orquestras. Ainda segundo Braga (1961), a música na igreja evangélica tem a função de educação religiosa no trabalho de evangelização, o que é muito utilizada em reuniões e atividades da igreja como escola dominical para as crianças, jovens, adultos, idosos, indo a orfanatos, hospitais, asilos, militares, casas de detenção, cultos em praças e nas ruas. Favaro (2007), em matéria para a revista Veja, retrata que as igrejas evangélicas tornaram-se os novos celeiros de músicos eruditos no Brasil.

Dois fatores explicam a concentração de evangélicos no meio erudito. O primeiro é a falta de um ensino musical de qualidade nas escolas brasileiras, o que limita tanto a formação de profissionais como a de ouvidos treinados para apreciá-los. O segundo é a perda de interesse dos pais de classe média pelas aulas particulares de piano ou violino, que no passado eram um item comum na educação dos jovens. Nesse vazio musical, as igrejas evangélicas se tornaram um dos raros locais onde se investe em formação musical clássica no Brasil (FAVARO, 2007, p.1).

A igreja evangélica oportuniza milhares de pessoas a receberem uma educação musical em seus templos, que talvez não as tivesse em outro espaço.

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orquestrados até peças consagradas da música sacra, como as compostas por Johann Sebastian Bach (FAVARO, 2007, p.2).

Os músicos da igreja evangélica geralmente tem um contato maior com a música sacra e erudita e pouco contato com a música popular. “No Conservatório de Tatuí, no interior de São Paulo, que tem 3.000 alunos, quatro em cada dez estudantes de música clássica são evangélicos. Por outro lado, eles são raros nos cursos de música popular" (FAVARO, 2007, p. 3). Isso talvez se explique ao fato de que em algumas igrejas evangélicas não permita seus músicos tocarem na noite ou em bandas de carnavais, bares, clubes noturnos, embora algumas igrejas evangélicas permitam o músico atuarem profissionalmente em bandas militares, orquestras sinfônicas, mas a orientação dos seus líderes e pastores é para que o músico evite tocar “fora da igreja”, assim, consagre seu exercício para o serviço a Deus através da música no culto.

Outro aspecto, segundo Favaro (2007), sobre a formação musical e o perfil dos músicos evangélicos, é que os músicos que entram em conservatórios de música buscando um aperfeiçoamento, geralmente são de uma classe baixa e apresentam um bom domínio técnico dos instrumentos, mas com pouco conhecimento de teoria musical. Em função da valorização da música em seus cultos, as igrejas enfatizam a educação musical, ainda que informalmente (MARTINOFF, 2010). Essa valorização nos cultos pode ser expressa no exercício que a música tem no culto como ferramenta de propagar o evangelho e a mensagem bíblica e também no serviço de louvor e adoração a Deus. A ênfase na educação musical a qual a autora se refere seria a formação musical inicial que se dá nas igrejas. E o informalmente, o fato de não ser um espaço legalizado, oficial de ensino de música e também não ser o objetivo principal da igreja evangélica.

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Um aspecto muito forte no ensino da música evangélica é o papel que Martinho Lutero teve não só como monge e pai da reforma protestante, mas também como músico que ele era: “foram os protestantes que deram uma dimensão popular à música sacra, ao substituir o latim pelas línguas vernaculares e simplificar as músicas nos corais das igrejas” (FAVARO, 2007, p. 3). Para Lutero, a música era usada como recurso para o ensino da mensagem bíblica, o que até hoje ainda é muito valorizado na igreja evangélica.

Por outro lado, surgiu nas igrejas evangélicas a música gospel, termo esse utilizado na mídia para caracterizar essa música que, na indústria fonográfica, é um produto que rende bilhões de reais no Brasil, uma música de massa que arrasta multidões em shows evangélicos e que vem ganhando espaço nos cultos disputando com as músicas sacras dos hinários oficiais da igreja. Sousa (2011) fez uma pesquisa sobre a vida e a obra dos cantores e grupos evangélicos brasileiros, abrangendo variados estilos e gêneros musicais através uma bibliografia, websites, entrevistas e LPs e CDs, e pôde descrever a história da música evangélica no Brasil através da evolução do gênero musical, hoje amplamente difundido em diversas redes de rádio e televisão. A música cristã – ou gospel, como é chamada por alguns produtores musicais – representa hoje uma grande fatia da produção fonográfica nacional além de programação independente para a rádio e TV aberta ou paga.

Também existem nas igrejas evangélicas diferenças denominacionais e doutrinárias que influenciam no modo como as pessoas atuam com a música. São músicas sacras dos hinários oficiais e também músicas populares do mercado gospel que podem ser encontradas em seus templos. A análise do repertório sacro musical evangélico disseminado atualmente e o momento em que a música evangélica deixa de ser vista, por algumas denominações, como componente religioso com função religiosa, e passa a ser entendida como produção, como mercadoria pode ser encontrada em trabalhos como Souza (2002), que pesquisou as produções fonográficas da música evangélica das décadas de 70 e 80 no Brasil, e Vicentini (2007), que investigou a produção musical evangélica no Brasil.

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educadores musicais estão atuando com novos desafios que se apresentam na contemporaneidade. Souza (2009) discute como a aprendizagem e o ensino musical pode ser compreendido a partir da perspectiva das teorias do cotidiano:

A perspectiva dessas teorias analisa o sujeito imerso e envolvido numa teia de relações presentes na realidade histórica prenhe de significações culturais. Logo, a aprendizagem não se dá num vácuo, mas num contexto complexo. Ela é constituída de experiências que nós realizamos no mundo. Dessa maneira, a aprendizagem pode ser vista como um processo no qual – consciente ou inconscientemente – criamos sentidos e fazemos o mundo possível (SOUZA, 2009, p.7).

Nesse sentido, a observação da música e do ensino em um contexto implica, também, a consideração de que contexto, música e ensino se estabelecem na práxis dos sujeitos em seu cotidiano.

Sob a perspectiva do cotidiano, o processo de análise pedagógico-musical propõe a superação de modelos metodológico-instrumentais universais ou de categorias amplas e generalizantes. Uma perspectiva da sociologia da vida cotidiana nos processos de transmissão e apropriação musicais se compromete com a análise individual histórica, com o sujeito imerso, envolvido num complexo de relações presentes, numa realidade histórica prenhe de significações culturais. Seu interesse está em restaurar as tramas de vida que estavam encobertas; recuperar a pluralidade de possíveis vivências e interpretações; desfiar a teia de relações cotidianas e suas diferentes dimensões de experiências fugindo dos dualismos e polaridade e questionando dicotomias (SOUZA, 2000, p.28).

Assim, o processo educativo não está presente somente na sala de aula, mais em diversos outros espaços e contextos, possibilitando diversas oportunidades de aprender música, como Souza relata:

Crianças e jovens talvez “aprendem” música, hoje, mais em seus ambientes extraescolares do que na escola propriamente dita, pois não há dúvida de que é possível aprender e ensinar música sem os procedimentos tradicionais a que todos nós provavelmente fomos submetidos (SOUZA, 2001b, p.85).

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Outro fator importante para o cenário contemporâneo da educação musical é que todos esses mundos de educação estão em constante processo de diálogos e interações, mediados pelos diferentes sujeitos que circulam pelos muitos lugares de formação em música. Assim, os indivíduos que são formados musicalmente por uma escola, também são educados pelas mídias, pelas performances musicais locais, pelas músicas da rua e, assim, reciprocamente, acontece em todos os contextos sócio-educacionais de aprendizagem musical (QUEIROZ, 2013, p.95).

Observados os estudos de autores da educação musical pode-se perceber um grande interesse na pesquisa relacionada a espaços e contextos não formais de educação musical, uma vez que, nesses locais, há ampla possibilidade de desenvolvimento de educação musical diferenciada, voltada para o contexto social. Arroyo (2000) afirma que existe também o trânsito entre o formal e o informal, onde se rompem os modelos estereotipados de ensino de música. Libâneo (1999) afirma que a educação musical nas igrejas está classificada entre educação informal e não formal. A religião é uma das forças que opera e que condiciona a prática educativa. Inserida neste meio está à prática de ensino de música. Segundo Bastos (2004), a presença de evangélicos é muito forte nas escolas de música de todo o Brasil. Não há como deslegitimar e desconsiderar essas formas de educação. Outro exemplo são os corais sinfônicos, e outros, onde seus componentes são oriundos uma grande maioria de igrejas evangélicas onde iniciaram sua primeira formação musical nesses espaços.

Já Almeida (2005) discute a necessidade de reconhecimento dos espaços não formais como contextos de atuação profissional que, como tais, demandam uma formação também profissional. Santos e Wille (2005) retratam que a música não é ensinada apenas nas escolas, mas também em instituições não escolares como as igrejas, sendo um espaço diverso e amplo para pesquisar. “Ao empreendermos pesquisas nesses espaços estaremos ampliando o conceito de educação como algo não somente restrito à escola ou instituição” (WILLE, 2003, p.7). Queiroz (2005) apresenta o resultado de uma pesquisa realizada na cidade de Montes Claros, focando os aspectos principais da aprendizagem musical nos Ternos de Catopês no grupo de Congado, que representa uma importante referência musical/cultural da cidade, sendo expressão significativa dos costumes, da crença e das práticas populares diversificadas desse universo.

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Arroyo (1999) apresenta um estudo para o entendimento de processos de transmissão da música em culturas de tradição oral, enfocando especificamente a manifestação do Congado em Uberlândia/MG, onde realizou um estudo em dois contextos distintos de ensino e aprendizagem da música: o ritual que envolve a Festa do Congado e o Conservatório de Música. Queiroz (2010) analisa e discute caminhos, fronteiras e diálogos que caracterizam a inter-relação entre as áreas de educação musical e etnomusicologia nos estudos da transmissão musical em culturas de tradição oral. Com base nos estudos realizados e nas reflexões, conclui que a dinâmica da transmissão dos saberes musicais em culturas de tradição oral é estabelecida a partir de critérios singulares de cada contexto.

Como campo que se dedica ao estudo do ensino e aprendizagem da música, a educação musical tem estabelecido diálogos e interseções com diferentes áreas do saber humano, a fim de compreender os aspectos fundamentais do seu universo de estudo, tendo como base toda a gama de valores e significados sociais que circundam a música enquanto fenômeno artístico e cultural (QUEIROZ, 2010, p. 114).

Corrêa (2000) investiga a experiência musical de adolescentes com a aprendizagem do violão, realizada sem a orientação de um professor. Nesse trabalho, observou processos e procedimentos, procurando entender as práticas de autoaprendizagem e revelando as motivações iniciais, as rotinas de estudo e os recursos utilizados. Bozzeto (2009) investiga sobre as tecnologias do celular nos jovens, sobre suas escutas, músicas preferidas, como se relacionam com seu gosto musical e como isso pode contribuir com a formação musical. Ramos (2002) analisa as experiências com a música da televisão no cotidiano de crianças de 9 a 10 anos.

Fialho (2003) investiga as funções sociais e as experiências de formação e atuação musical de um programa televisivo Hip Hop Sul onde busca discutir as questões relativas às aprendizagens musicais via televisão. Araldi (2004) investiga a formação de rappers e DJs na cultura hip hop e discute sobre as diferentes estratégias para aprender música através de quatro DJs entrevistados, onde é alisada a partir do caminho que percorreram para aprender e as implicações da tecnologia nesse fazer musical. Teixeira (2005) investiga o regente como educador musical e a sua atuação em diferentes espaços. Kleber (2006) investiga duas ONGs, onde busca compreender como se configuram esses espaços de educação musical. A compreensão das práticas musicais foi entendida como fruto de articulações socioculturais se refletindo na organização social e no modo de ser dos respectivos grupos.

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partir de uma perspectiva em educação musical que trouxe possibilidades de debate sobre uma educação plural que considere o contexto sociocultural dos sujeitos, suas construções de identidades musicais e suas experiências cotidianas.

Vendo esses estudos em espaços não formais, observo que na igreja evangélica existe uma transmissão muito forte da música, através de um ensino oral, uma transmissão informal e que às vezes não é intencional, como, por exemplo, a pessoa que lidera a música no culto conhecida como ministro de música ou ministro de louvor, que leva a congregação a cantar os hinos congregacionais com todos os fiéis. Na Igreja Assembleia de Deus, são os hinos da harpa cristã, hinário oficial da igreja há mais de noventa anos, em que há uma orientação da liderança da igreja para que todos os ministros e pastores tenham e incentivem todos os membros adquirirem também.

Outro aspecto importante é que muitos membros das igrejas evangélicas não leem partituras, aprendem a cantar nos cultos e muitos músicos aprendem a tocar na igreja observando outros a tocar, e assim aprendem a tocar de “ouvido” como se diz. É comum encontrar músicos evangélicos com ouvido muito apurado musicalmente que não leem uma partitura musical. A igreja evangélica, em função da valorização da música em seus cultos, enfatiza muito o ensino da música em seus templos. Seu processo de transmissão musical implica um desenvolvimento e questões históricas, culturais e religiosas. Os jovens que iniciam o aprendizado de música na igreja utilizam esse conhecimento na vida profissional também, sendo este um espaço não formal de ensino musical.

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Louvai ao SENHOR. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder. Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o clouvai-onflouvai-orme a excelência da sua grandeza. Llouvai-ouvai-louvai-o clouvai-om louvai-o slouvai-om de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa. Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos. Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes. Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor.

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2 METODOLOGIA

Cresci em uma família de músicos envolvidos com a música na Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Meus pais, ainda adolescentes, com onze anos de idade, especificamente, aprenderam e depois ensinaram música na igreja. Ele desde jovem se tornou regente de corais, maestro de orquestra, músico de banda, professor de teoria musical, canto, regência e instrumentos musicais na igreja, além de pastor; e ela, musicista tocando na banda e orquestra, cantava a voz contralto no coral da igreja. Isso, na infância, incentivou minhas irmãs e eu a cantar no coral infantil e juvenil e depois virmos a aprender um instrumento para tocar na orquestra da igreja. Minha primeira experiência com a música foi, portanto, em casa e na igreja com meus pais, ouvindo-os, acompanho-os nos ensaios, cultos e apresentações dos corais, banda e orquestra. Isso foi muito importante para a minha musicalização e iniciação musical.

Em 1996, vim morar em Natal/RN com minha família e meus pais matricularam minhas irmãs e eu no curso básico de música da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde segui me aperfeiçoando e estudando no curso Técnico em Música (habilitação regência), Bacharelado em Violoncelo, Licenciatura em Música, Especialização em Ensino de Música na Educação Básica e, agora, finalizando o Mestrado em Educação Musical. Durante todo esse período estudando música na UFRN, comecei paralelo a dar aulas de música, de modo voluntário, na igreja, em teoria musical, violoncelo, flauta doce, canto e regência, incentivada pelos meus pais, proporcionando-me alegria em ver pessoas aprenderem o que eu as ensinava.

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musicais e as apresentações musicais nos cultos. Também se mostrando importante e significativo para a vida das pessoas que atuavam na igreja.

Participei, como musicista, tocando violoncelo na orquestra da igreja, além de professora e, também, como regente da Orquestra e do Coral Infantil. Estive, de alguma forma, em contato, participando dos processos de ensino e formação do ensino de música nesse espaço. Ainda na licenciatura em música, realizei uma monografia sobre a banda de música da Igreja Assembleia de Deus de Natal do Templo Central, que muito contribuiu para as minhas reflexões sobre a música e o seu ensino na igreja evangélica.

Todavia, ao ter a oportunidade de realizar uma pesquisa no mestrado e ao ver que o interesse pelo tema do ensino da música na igreja evangélica se mantinha, decidi prosseguir nesta área e, então, ainda na fase de conversas e observações no campo, logo nas primeiras observações, nas salas de aula dos cursos de música e conversas com os alunos, professores, músicos e regentes, descobri que se tratava de cursos de músicas que ensinavam mais do que conteúdos musicais, mas que continham concepções e dimensões simbólicas que existem desde que o movimento musical se iniciou na IEADERN na década de 30 do século passado, constituindo o universo da IEADERN e, portanto, compondo o cenário musical da igreja no Rio Grande do Norte. Ao entrar no Mestrado tínhamos apenas uma certeza: o desejo de estudar sobre a música e seu ensino na igreja evangélica.

Naquela ocasião, pensava em pesquisar esse tema inicialmente em três igrejas evangélicas com perfis musicais diferentes, tendo como foco as metodologias de estudo de multicascos adotadas pela observação participante dessas igrejas, no sentido de compreender a música que é feita nessas igrejas, quais práticas musicais existem, como aparecem, que ações músico-pedagógicas as igrejas promovem, como são as igrejas e como participam na eleição dos métodos musicais adotados, bem como a sua aplicação. Mas, como prevê a pesquisa qualitativa, começamos a perceber a pluralidade de ângulos em que essas igrejas poderiam ser problematizadas.

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orienta. Que as formas de transmissão de conhecimento musical se objetivam ante necessidades específicas de um contexto e retornam a afirmar e a questionar a estrutura significativa e concreta desse próprio contexto. Que os tipos de manifestação musical mantém certa coerência com os processos de transmissão de conhecimento musical, que, por sua vez, moldam a música de um determinado âmbito social em um determinado momento histórico.

A temporalidade coberta nesta pesquisa corresponde ao período de dezembro de 2013 a novembro de 2014, período que na igreja pesquisada realiza as inscrições e matrículas nos cursos de música para o ano letivo de 2014 e também ocorrem os recitais de música do DEMAD, concertos musicais da orquestra na igreja. No período de inserção no campo empírico, foi entregue ao Diretor do DEMAD um documento solicitando autorização para a realização da presente pesquisa. Este, que a recebeu em mãos, acatou de imediato o meu pedido, autorizando nossa investigação no DEMAD e a observação dos professores e alunos nas aulas de música, com o objetivo de coletar dados sobre a maneira como ensinam e aprendem música, também nos ensaios, cultos e atividades da orquestra a fim de observar a prática musical na igreja e as experiências vivenciadas pelos músicos, regentes.

2.1 Pesquisa Qualitativa

Dentro dos trabalhos apresentados anteriormente sobre a IEADERN, nosso objeto de estudo é a música e o ensino que acontece no Templo Central da IEADERN. Procuramos investigar a relação entre a educação musical e o contexto cultural, lançando um olhar sobre as práticas musicais, o ensino e a aprendizagem musical nesse espaço.

Para a pesquisa, optamos por uma abordagem qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986), por compreender que a partir de uma abordagem interpretativa seria possível uma análise mais ampla do meu objeto de estudo e dos significados individuais e coletivos acontecidos e mediados na igreja. Como uma atividade humana e social, a pesquisa qualitativa traz, a carga de valores, preferências, interesses e princípios que orientam qualquer pesquisador.

Certamente um dos desafios atualmente lançados à pesquisa educacional é exatamente o de tentar captar essa realidade dinâmica e complexa do seu objeto de estudo, em sua realização histórica; pois o que ocorre em educação é, em geral, a múltipla ação de inúmeras variáveis agindo e interagindo ao mesmo tempo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 5).

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pesquisa nos permitiram compreender como as pessoas entrevistadas faziam e concebiam a música e o ensino. Assim como na perspectiva qualitativa de pesquisa, há o interesse em interpretar a situação estudada, considerando a ótica dos próprios colaboradores, como comentam Bogdan e Biklen (1994): “ao apreender as perspectivas dos participantes, a investigação qualitativa faz luz sobre a dinâmica interna das situações, dinâmica esta que é frequentemente invisível para o observador exterior” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 51).

Quando nos aproximamos do campo pesquisado e entramos em contato com os colaboradores da pesquisa, começamos a “construir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e examinam as partes” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 50). Estávamos interessados com o significado que as pessoas atribuem a música e às suas práticas musicais nesse espaço. Por isso adotamos esta abordagem, por se aproximar de uma compreensão acerca dos significados que determinadas ações e acontecimentos representam para as pessoas na igreja.

Em nossa investigação tivemos a intenção de observar e captar a realidade em que o nosso objeto de pesquisa se encontrava e buscamos a interpretação dos dados ser algo significativo e profundo com recurso ao contexto e a cultura em que o ensino e a música se encontram nesse espaço. Como prevê a pesquisa qualitativa, “é o próprio estudo que estrutura a investigação, não ideias preconcebidas ou um plano prévio detalhado” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 83).

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TABELA 1  – Relação de trabalhos de teses, dissertações de mestrado e trabalhos de especialização sobre música  na igreja evangélica em outras áreas
TABELA 2  – Relação de trabalhos de dissertações de mestrado sobre música na igreja evangélica na área de  Música
TABELA 3 - Fases da pesquisa
TABELA 4 - Grupos musicais do Templo Central da IEADERN
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