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Pesquisas sobre regulações em ambientes virtuais

No documento Avaliação formativa em educação online (páginas 64-68)

3.4 As regulações em ambientes online

3.4.1 Pesquisas sobre regulações em ambientes virtuais

Pesquisamos a noção de regulação em um famoso compêndio que reúne vários artigos da avaliação da aprendizagem em educação online, sob diversos vieses (SILVA; SANTOS, 2014). Encontramos o uso do termo em apenas quatro dos trinta e cinco artigos. No quadro 6, sintetizamos as concepções que encontramos:

Quadro 6- Pesquisas realizadas na área de avaliação-regulação AUTORES E

BASE

TEÓRICA CONCEITO

IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO ONLINE BRUNO e

MORAES (Perrenoud/ Hoffman)

- Regulação promove estados regulatórios de ordem e desordem no desenvolvimento cognitivo; - Regulação: intervenção do professor com o fim de construir o conhecimento dos alunos;

- Otimização dos processos.

- Regulação se constrói por meio do diálogo. - A regulação deve ser interativa.

- Professores e alunos se autorregulam e regulam seus pares pela interação. FIORENTINI

(Luckesi) Não encontrado

- A avaliação deve incentivar a autorregulação do estudante e a autorresponsabilidade pela sua própria aprendizagem.

ROCHA et al. (Hadji/ Perrenoud)

- A regulação é uma das funções da avaliação formativa;

- A regulação ajuda o professor a ensinar e o aluno a aprender.

- A informação e a regulação favorecem a percepção do comportamento, a identificação e a orientação das aprendizagens,

- Os ambientes da educação online não oferecem recursos para o apoio e a regulação dos alunos. CALDEIRA (Demo/ Hoffman/ Luckesi/ Perrenoud) Não encontrado

- O poder de voz e a autorregulação do grupo (isto é, a regulação compartilhada) em ambientes virtuais são maiores do que no ensino presencial, pois a negociação de significados e da dinâmica do curso são constantes.

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Acreditamos que um dos motivos pelos quais encontramos esse resultado está na base teórica da maioria dos artigos desse livro. Eles ancoram majoritariamente as suas pesquisas em estudiosos brasileiros de avaliação (como Hoffman, Luckesi, Demo), que não situam as investigações sob o prisma da regulação. Quando o termo “regulação” é citado, conforme ocorrências que constam no quadro 6, o fenômeno é problematizado de forma superficial, com a afirmação não operacionalizada de que a avaliação é um instrumento para se obter a autorregulação da aprendizagem.

Como encontramos esse resultado escasso, buscamos outras referências, que não estivessem diretamente ligadas à área de avaliação, mas que abordassem a problemática da regulação. Encontramos apoio teórico nos estudos de Badia e Monereo (2010) sobre o ensino/aprendizagem de estratégias de aprendizagem em ambientes virtuais, que teorizamos nos parágrafos seguintes.

Para os teóricos supracitados, os computadores são espaços ideais para o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem. Essa particularidade ocorre devido: 1) à rapidez nas respostas, pois a visibilidade de ações e a necessidade de uma resposta rápida favorecem a tomada de consciência e a autorregulação; 2) ao favorecimento da interação entre objetos de conhecimento e sujeitos nas TDIC, “o que nos permite observar a natureza das mudanças produzidas, aprender com os erros e reescrever a nossa atividade mental, atuando como uma ‘lupa e como um espelho metacognitivos’ que ampliam nossos rastros e rotas transitadas” (BADIA; MONEREO, 2010, p. 315); e 3) às capacidades multimídia e hipermídia49, que ajudam o aprendente a conhecer diversas formas de gerir seu conhecimento,

“graças à versatilidade de formatos de representação da informação e à facilidade para criar e modificar redes de conhecimento” (BADIA; MONEREO, 2010, p. 315).

Nessa perspectiva, poderíamos aproximar a autorregulação da primeira característica acima, enquanto a corregulação (e as regulações compartilhadas) pertenceria à segunda. Esses autores, ainda, ligam essas três características a três campos de pesquisa inter-relacionadas. As duas primeiras estão descritas no quadro 7. A linha 3 (formação de professores no ensino- aprendizagem estratégico) não será abordada, porque as pesquisas nessa área não estão diretamente relacionadas com nosso objeto de investigação.

49 A hipermídia é “a mistura de áudio, vídeo e dados (...), pois nasce da junção do hipertexto com a multimídia. Hipermídia se refere, portanto, ao tratamento digital de todas as informações (som imagem, texto, programas informáticos) com a mesma linguagem universal [isto é, bits de 0 a 1], uma espécie de esperanto das máquinas” (SANTAELLA, 2008, p. 64). É “a linguagem com a qual lidamos quando navegamos pelas informações nas redes” (SANTAELLA, 2013a, p. 231).

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Quadro 7–Pesquisas em ensino e aprendizagem de estratégias online

ÁREAS LINHAS TIPOS DE ESTUDO

A autorregulação e o uso de estratégias de aprendizagem em ambientes de aprendizagem baseados em computador 1. A autorregulação e o uso de estratégias de aprendizagem com

conteúdos hipermídia

1) Verifica os processos cognitivos do estudante quando confrontado com conteúdos em formato hipermídia (hipertexto + multimídia).

2. Autorregulação e uso de estratégias de aprendizagem na educação a distância e nos ambientes virtuais

2) Analisa os processos de autorregulação, a metacognição e as estratégias de aprendizagem usadas pelos estudantes quando o docente está fisicamente distante dos alunos.

Ensino de estratégias de aprendizagem em ambientes tecnológicos virtuais

3. O ensino explícito de estratégias de aprendizagem em relação às

metodologias didáticas e às ferramentas tecnológicas

1) Investiga como a adoção de certas tarefas educacionais pode promover a aprendizagem de um conhecimento específico (leitura, escrita, matemática etc.).

2) Analisa como o uso de ferramentas pedagógicas pode propiciar a autorregulação e a aprendizagem estratégica.

4. O ensino estratégico desenvolvido por meio de auxílios educacionais

integrados ao processo geral de ensino e aprendizagem

3) Verifica o impacto de certos suportes educacionais (a aprendizagem mediante projetos etc.) na promoção da aprendizagem estratégica em atividades de ensino e aprendizagem.

Fonte: elaborado pelo autor com base em Badia e Monereo (2010).

Embora essas linhas de investigações estejam situadas em um campo que não seja exatamente o deste estudo, podemos afirmar que a presente pesquisa está diretamente ligada aos estudos do tipo 2, já que temos por objetivo investigar os processos de autorregulação de alunos na produção de pôsteres em educação online e pergunta de pesquisa relacionada às regulações que podem surgir no ensino virtual de um gênero acadêmico, e 4, pois o nosso objetivo principal é investigar se a avaliação formativa pode propiciar, na educação online, competências de produção acadêmica; e responder à nossa principal pergunta de pesquisa: a avaliação formativa pode, em educação online, ajudar a desenvolver competências de produção acadêmica?

Convém, entretanto, ressaltar que esses estudos não atenderam totalmente aos objetivos da nossa proposta, o que nos levou a procurar nas plataformas Google Acadêmico [GACAD], Portal de Periódicos [PCAPES] e de Teses e Dissertações da CAPES [TDCAPES], combinando e permutando as palavras-chave “avaliação-regulação” (avaliação- regulação, autorregulação, corregulação e regulação compartilhada) e “educação online” (educação a distância, educação a distância online, educação online, EaD). O quadro 8 revela os resultados encontrados:

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Quadro 8– Pesquisas na área de “avaliação-regulação e educação online” ÁREA TRABALHO TÍTULO DA PESQUISA

(AUTOR/ANO) BASE C IÊ N C IA S D A E D U C A Ç Ã O ARTIGO

Autorregulação da aprendizagem na educação a distância online (FATINEL et al., 2013)

[GACAD] Regulação em um processo de avaliação formativa em um

curso de pós-graduação ofertado a distância (PASSOS; NOBRE; NUNES, 2014)

Autorregulação da Aprendizagem de Alunos de Cursos a Distância em Função do Sexo (PAVESI; ALLIPRANDINI, 2015)

Autorregulação da aprendizagem no ensino superior a

distância: o que dizem os estudantes? (CASTRO, 2016) [PCAPES] [GACAD] A autorregulação da aprendizagem e a formação de

professoras do campo na modalidade de ensino a distância (ÁVILA; FRISON, 2016)

Validação de um instrumento de mensuração de

autorregulação da aprendizagem em contexto brasileiro usando

análise fatorial confirmatória (RODRIGUES et al., 2016) [GACAD]

TESE

Análise da aprendizagem autorregulada de alunos de cursos a distância em função das áreas de conhecimento, faixa etária e

sexo (PAVESI, 2015) [GACAD] [TDCAPES] A autorregulação da aprendizagem na formação de um

educador matemático na modalidade a distância : uma proposta de articulação curricular (FATINEL, 2015)

M A T E M Á T I- C A

ARTIGO O uso de tecnologias digitais para uma avaliação formativa reguladora e autorreguladora em um curso de licenciatura em

matemática a distância (OLIVEIRA, 2015) [GACAD] DISSERTAÇÃO Uma prática de avaliação formativa em ambientes virtuais: processos de regulação e autorregulação da aprendizagem em

um curso de matemática a distância (OLIVEIRA, 2016).

C . C O N T Á - B E IS ARTIGO

Aprendizagem Autorregulada (SRL) no ensino à distância de contabilidade de custos (AGUIAR, SILVA A.; SILVA, T.,

2014) [GACAD]

Estratégias de aprendizagem autorregulada (SRL) no ensino EaD de contabilidade (SILVA et al., 2016).

C . D A C O M PU T A Ç Ã O TESE

Corregulação da aprendizagem: efetividade do artefato social

em ambiente virtual de aprendizagem (ROLIM, 2014) [TDCAPES] [GACAD] Estratégias de autorregulação de aprendizagem mediado por

ferramentas de schedulling em uma plataforma social educacional (SOUZA, 2015)

ARTIGO Uma Abordagem de Regressão Múltipla para Validação de Variáveis de Autorregulação da Aprendizagem em Ambientes

de LMS (RODRIGUES et al., 2016) [GACAD] Fonte: Google Acadêmico e CAPES.

Vale, no entanto, ressaltar que esses estudos não atenderam totalmente aos objetivos da nossa proposta, já que, como observamos no quadro 8, as produções de base nacional focam-se principalmente nos processos autorregulatórios, o que nos levou a procurar em artigos internacionais, de base americana e espanhola, pesquisas na área da corregulação em ambientes online. Dentro desse último tipo de regulação, encontramos vários autores, como Järvenoja, Volet e Järvelä (2013), Panadero et al. (2013), Hadwin, Järvelä e Miller (2011), López-Benavides e Álvarez-Valdivia (2011), Álvarez-Valdivia e López-Benavides (2010), e

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Lopez-Benavides (2009), que situam, nas atividades colaborativas e corregulatórias online, um tipo específico de regulação – as regulações da aprendizagem socialmente compartilhadas – que será teorizada a seguir.

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