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Regulações na última produção de Apolo

No documento Avaliação formativa em educação online (páginas 143-146)

A sexta e última produção de Apolo foi solicitada no encerramento da Sequência Didática. É a produção que foi submetida à avaliação final.

Analisando o último pôster de Apolo, verificamos que ele terminou a oficina sem conseguir progredir mais. No âmbito das semioses visuais, as alterações são visíveis na sexta produção (ver Apêndice – Texto 6): afinal, Apolo prefere optar pelo pano de fundo branco, “resultado da mistura de todos os matizes do espectro solar” (PEDROSA, 2014, p. 130). Por ter escolhido muitas cores que não ficaram bem nas versões anteriores, o aprendente prefere ficar com uma que seja mais “geral” e que lhe evite arriscar péssimas escolhas. A combinação do modo não-representativo cores é, em sua maior parte, análoga; com exceção da cor do tipo e da caixa dos títulos, que é complementar, segundo a terminologia do círculo cromático. Essas escolhas tornam o pôster do aluno inexpressivo, sem contraste e nenhum atrativo.

Apenas as caixas de texto dos resultados finais e das considerações finais têm cor vermelho, que é a que o aluno escolhe para destacar essas seções do texto das demais, pois é uma cor de grande carga emocional (GUIMARÃES, 2000). Porém, só a escolha da cor não faz com que o pôster seja atrativo, já que, além desse critério, é necessário pensar na combinação entre elas.

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Quanto à modalidade não-representativa tipografia, a variação entre os tipos (fontes) do título do pôster e nome do proponente com do resto do texto permanece. A cor dos títulos das seções está em caixa alta e o uso do negrito é bem maior do que no pôster anterior. O tamanho do tipo dos resultados iniciais ficou bem mais reduzido do que na versão anterior, de modo que um leitor que não estiver perto do pôster não poderá lê-lo. Sabemos que o uso de uma fonte pequena pode distanciar o leitor do pôster, fugindo a uma das condições de circulação do gênero.

O texto continua dividido em duas colunas e a logo do Skoob se situa em um lugar que, para nós, parece mais lógico: depois de o aluno explicar, na introdução, o que é a rede social. Talvez, o aluno tenha feito essa regulação, própria do paradigma pós-fotográfico da imagem, para ligar o logo da rede social com a explicação a respeito da rede. Porém, a relação entre o texto e essa imagem é superficial, parece-nos que o lugar em que ela está situada não é convencional, comum a esse gênero.

Quanto à semiose verbal, a sexta produção está com uma quantidade de texto maior que a anterior: na introdução, Apolo adicionou um parágrafo inteiro sobre a característica do aplicativo Skoob, enquanto produto da Web 2.0. Além dessas alterações, merecem destaque também a inserção do termo “os operadores argumentativos” na frase que indica a autoria do conceito, a retirada da seção inteira dos objetivos da pesquisa e a inserção de mais um parágrafo na conclusão, que aborda os resultados encontrados.

Apolo também retirou a distinção que havia entre a modalidade não-representativa cor caixa dos subtítulos e a cor da caixa de seus respectivos textos, mantendo a combinação entre laranja, nas caixas dos títulos e azul, nas dos títulos do texto.

Descrito o pôster produzido, vamos à última regulação. No decorrer da sequência didática, os alunos montaram colaborativamente o texto a seguir, que contém, de acordo com eles, as características principais de um pôster. O quadro foi elaborado na ferramenta wiki do Moodle.

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[WIKI 1: ÚLTIMA PRODUÇÃO]

O que há em um bom pôster?

O pôster científico segue o planejamento de qualquer outro trabalho que vise uma publicação: título e autores, introdução, métodos, resultados, discussão, conclusões e referências.

A linguagem utilizada tem que ser clara e objetiva, fornecendo os pontos básicos e relevantes do trabalho. Desta forma, objetividade é muito importante.

É necessário fazer uso do exercício da SÍNTESE; reduzir o texto ao indispensável.

As ilustrações (gráficos, gravuras, fotografias, mapas, desenhos, tabelas, quadros, fórmulas, esquemas, modelos e outros) são importantes, uma vez que servem para elucidar, complementar, bem como explicar o entendimento do texto. Entretanto, deve haver harmonia (coerência) entre os recursos visuais (ilustrações) e verbais (escrita) que compõem o pôster.

É interessante que haja uma organização de ilustrações e textos, para que facilite a compreensão por parte do leitor do que o pôster busca apresentar, deixando assim a produção mais estruturada.

O layout e alinhamento das caixas de textos devem estar bem ordenados.

É importante não só observar a fonte adequada que, certamente, facilita a leitura do texto, mas também que a letra utilizada ao longo do texto que compõe o pôster não deve ser maiúscula. Letra maiúscula deve ser utilizada nos tópicos (introdução, métodos, resultados, discussão conclusões e referências).

É importante fazer uso de um bom contraste de cores, tendo em vista, sempre, a harmonia visual. Um dos recursos existentes para esta criação é o circulo cromático que auxilia na escolha e mistura de cores no projeto. Um bom contraste pode ajudar a chamar a atenção do leitor, assim como ajudá-lo no momento de leitura e apreciação do trabalho.

Elaborada a wiki, todos deveriam verificar se as características construíras pelos próprios aprendentes estavam presentes nos pôsteres de seus pares. Esse fórum deveria ter a participação de todos os alunos, porém só três se manifestaram, mas nenhum desses três se debruçou na avaliação no pôster de Apolo. Por isso, o docente teve de efetuar a última corregulação em Apolo. Como essa foi a única regulação que ocorreu, resolvemos não dividir as semioses visuais e verbais na análise:

ZEUS [FÓRUM 16: AVALIAÇÃO MÚTUA FINAL (27/10/2016)] Já que ninguém fez a avaliação do Apolo, vou ter de fazê-la:

- Quanto à estrutura textual, Apolo precisa estar atento a alguns termos, como "onde", que deve ser substituído por "em que", pois não há nenhuma referência a lugar. Aliás, a expressão "é necessário ainda ser realizado uma análise” precisa ser revista. Acredito que os problemas ficaram claros, não?

- Quanto aos elementos do pôster, nos objetivos específicos, falta Apolo topicalizar. Na metodologia, em vez de tópicos, acredito que seja melhor que Apolo faça uso do recurso numeração, pois isso faz referência a etapas de pesquisa. Do ponto positivo, elogio Apolo pela excelente articulação dos resultados iniciais, mas faltou indicar, na conclusão, os resultados de sua pesquisa.

- Quanto à escolha da cor, acredito que o aluno precisa mudar: o degradê não ficou tão bom, pois o azul escuro se confunde com o resto do texto. Apolo já fez escolhas mais apropriadas, em suas produções anteriores. Não sei se o aluno quer dar um "impacto" maior, mas é preciso pensar no outro antes de escolher a cor de fundo do pôster, bem como a relação desta com as caixas de texto.

Ainda fico me perguntando no que diz respeito ao plano da pesquisa a ausência de investigação sobre as redes sociais.

Na última postagem, Zeus situa sua análise em três planos: a) o da estrutura textual, b) o da topicalização do pôster, c) o da escolha da cor. As críticas apontadas pelo docente

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reforçam a tese de que Apolo ainda precisa autorregular a sua produção, a fim de obter um melhor produto final. Além desses problemas, Zeus sinaliza duas ausências: i) a dos resultados da pesquisa na conclusão e ii) a de alguma referência teórica sobre as redes sociais, uma vez que o objeto de pesquisa do aluno era sobre o Skoob.

Em alguns momentos, como o acima, foi necessário que a nossa intervenção estivesse além do limite do texto produzido e fosse em direção à pesquisa do aprendente, pois, como já dissemos, sem esse elemento, não há como aperfeiçoar o produto final. Em um dos casos problemáticos, que não foi escolhido para integrar o corpus desta pesquisa, o de Hefesto, o aluno só conseguiu progredir no seu pôster quando analisamos com ele a sua investigação, superando entraves situados nesse nível. Em outros casos, como o de Diana, a aprendente teve uma boa evolução no gênero, por dominar bem a sua investigação no plano macro.

Convém relatar que duas avaliações mútuas se transformaram em corregulação e estão presentes na nova produção: uso do “em que”, mudança da cor, inserção dos resultados totais na conclusão. Outras, não foram: os objetivos, em vez de estarem em forma de tópico, foram retirados do pôster, talvez porque não coubessem mais no espaço do gênero.

De modo geral, o que observamos é que houve pouca melhora, por parte de Apolo. No produto final, as operações de síntese foram substituídas por simples cortes de texto e, embora parte do texto já estivesse topicalizado, ainda havia muito texto, o que revela que autorregulações não foram adequadas no âmbito do gênero.

No próximo tópico, vamos levantar, com base no que ocorreu com esse aluno, algumas hipóteses sobre o motivo pelo qual o aprendente não teve um bom desempenho.

6.7 O que faltou no pôster de Apolo? Hipóteses explicativas para um produto final não

No documento Avaliação formativa em educação online (páginas 143-146)