• Nenhum resultado encontrado

Poder conclusivo e poder terminativo

2 O SISTEMA DE COMISSÕES PERMANENTES NA CD

2.4 Poder conclusivo e poder terminativo

76 Tabela 3 – Ordem de escolha das presidências das comissões pelos partidos ou blocos parlamentares ao longo da 54ª Legislatura

Ordem de

Escolha 2011 2012 2013 2014

PT PT PT PT

PMDB PMDB PMDB PMDB

PT PT PT PT

PSDB PSDB PSDB PSDB

PMDB PMDB PSD PSD

PP PP PMDB PMDB

DEM DEM PP PP

PR PR PR PT

PT PT PT PR

10º PSB PSB PSB PSB

11º PSDB PSDB PSDB PSDB

12º PMDB PMDB PSD DEM

13º PDT PDT PMDB PSD

14º Bloco PV, PPS Bloco PV, PPS DEM PMDB

15º PTB PTB PDT SD

16º PP PP PTB PTB

17º DEM DEM Bloco PV,PPS Bloco PV,PPS ou

PROS (empatados)

18º PSC PSC PP

19º PC do B PC do B PSC ou PCdoB PP

20º PR PR PSC ou PCdoB PDT

21º -- -- PR PT

22º -- -- -- PCdoB

Fonte: elaboração do autor a partir de dados fornecidos pela SGM/CD.

77 ...

II – discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário, salvo o disposto no § 2º do art. 132 e excetuados os projetos:

a) de lei complementar;

b) de código;

c) de iniciativa popular;

d) de Comissão;

e) relativos à matéria que não possa ser objeto de delegação consoante o § 1° do art. 68 da Constituição Federal;

f) oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados pelo Plenário de qualquer das Casas;

g) que tenham recebido pareceres divergentes;

h) em regime de urgência;

...

Dessa forma, verifica-se que o Regimento Interno determina que alguns projetos, devido à espécie, ao regime de tramitação, à iniciativa, à origem, ou à matéria nele tratada, sujeitam-se à apreciação do Plenário da Câmara desde o início de sua tramitação na Casa. Esses são os casos, respectivamente, do projeto de lei complementar, do projeto em regime de urgência devido à natureza da matéria, do projeto de iniciativa popular, do projeto oriundo do Senado, ou por ele emendado, que tenha sido aprovado pelo Plenário de qualquer das Casas, do projeto de código.

Há, também, duas situações de “perda de conclusividade”, ou seja, de situações em que o projeto de lei sujeitava-se, de início, à deliberação conclusiva das comissões, mas que, por questões supervenientes, passa a ter a necessidade de sua apreciação pelo Plenário da Casa. A primeira delas é a aprovação de regime de urgência para a proposição que tramitava originalmente de forma conclusiva nas comissões. A segunda refere-se à ocorrência de pareceres divergentes entre as comissões que apreciaram o projeto.

Existem ainda duas outras hipóteses de “quebra de conclusividade”

não previstas no art. 24. A primeira é a referente à perda do prazo de alguma comissão para apresentar seu parecer, situação em que o Presidente da Câmara, de ofício ou a requerimento de qualquer deputado, determina o envio da proposição pendente de parecer à comissão seguinte ou ao Plenário, conforme o caso32. A segunda é quando ocorre a apensação a proposição que apresenta caráter conclusivo de outra sujeita a apreciação do Plenário, situação em que, dessa forma, ambas devem ser apreciadas, conjuntamente, pelo Plenário da Câmara.

32 RICD, art. 52, § 6º.

78 Outro ponto importante a destacar é a possibilidade de apresentação de recurso contra o poder conclusivo, expresso na Constituição Federal33 e no § 2° do art. 132 do Regimento Interno da Casa, abaixo transcrito:

§ 2° Não se dispensará a competência do Plenário para discutir e votar, globalmente ou em parte, projeto de lei apreciado conclusivamente pelas Comissões se, no prazo de cinco sessões da publicação do respectivo anúncio no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da Ordem do Dia, houver recurso nesse sentido, de um décimo dos membros da Casa, apresentado em sessão e provido por decisão do Plenário da Câmara.

Desse modo, o Plenário da Câmara também poderá apreciar projeto de lei deliberado conclusivamente pelas comissões se for apresentado recurso, em sessão da Câmara, no prazo de cinco sessões da publicação do respectivo anúncio no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da Ordem do Dia, de iniciativa de um décimo dos membros da Casa (52 deputados) sendo esse recurso provido por decisão do Plenário da Câmara dos Deputados.

Por fim, cumpre esclarecer a diferença entre poder conclusivo e poder terminativo, terminologia que gera muita confusão, não só por apresentarem algumas características em comum, mas também pelo fato de o poder conclusivo ser conhecido no Senado Federal como poder terminativo.

Com efeito, o poder terminativo é o poder conferido às Comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania e de Finanças e Tributação34 quando examinam os aspectos de constitucionalidade e juridicidade ou adequação financeira e orçamentária das proposições, respectivamente. Essas comissões apresentam parecer terminativo sobre os aspectos citados, podendo, caso não se verifique a existência dos pressupostos de constitucionalidade e juridicidade ou adequação financeira ou orçamentária, encerrar a tramitação dessas proposições, salvo recurso ao Plenário para que ele decida, definitivamente, em apreciação preliminar35, sobre a admissibilidade da matéria.

Assim, enquanto o poder conclusivo exercido pelas comissões substitui a apreciação do Plenário no que tange ao mérito da matéria, o poder

33 CF, art. 58, § 2º, I.

34 Ou às comissões especiais elencadas no inciso II do art. 34 do RICD.

35 Apreciação preliminar é uma fase de apreciação de matéria em plenário que ocorre quando foi provido recurso contra parecer terminativo de comissão para deliberar sobre a proposição apenas quanto à sua constitucionalidade e juridicidade e/ou adequação financeira e orçamentária (RICD, arts. 144 e 145).

79 terminativo substitui a deliberação do Plenário apenas no que se refere às preliminares de constitucionalidade e juridicidade e de adequação financeira ou orçamentária. Outro ponto que merece destaque é que, enquanto nem todas as proposições podem ser submetidas à apreciação conclusiva das comissões devido às limitações constitucionais e regimentais existentes, praticamente todas passam pela apreciação terminativa. Ademais, a deliberação terminativa pode levar uma proposição a ser arquivada, e não rejeitada, visto que não há uma análise do mérito, mas sim das preliminares de constitucionalidade, juridicidade, adequação financeira ou orçamentária.