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Processo Legislativo e tramitação

2 O SISTEMA DE COMISSÕES PERMANENTES NA CD

2.5 Processo Legislativo e tramitação

79 terminativo substitui a deliberação do Plenário apenas no que se refere às preliminares de constitucionalidade e juridicidade e de adequação financeira ou orçamentária. Outro ponto que merece destaque é que, enquanto nem todas as proposições podem ser submetidas à apreciação conclusiva das comissões devido às limitações constitucionais e regimentais existentes, praticamente todas passam pela apreciação terminativa. Ademais, a deliberação terminativa pode levar uma proposição a ser arquivada, e não rejeitada, visto que não há uma análise do mérito, mas sim das preliminares de constitucionalidade, juridicidade, adequação financeira ou orçamentária.

80 mérito, quando for o caso41.

Dessa forma, de acordo com a ordem no despacho do Presidente, a proposição tramitará, em regra, uma a uma, pelas comissões envolvidas. Ao chegar em determinada comissão, compete ao seu Presidente designar relator dentre os membros da comissão para examinar e proferir parecer42 à matéria.

Se o projeto estiver sujeito à apreciação conclusiva, poderão ser apresentadas emendas em comissão por qualquer parlamentar da Casa43, a partir da designação do relator. Caso o relator apresente substitutivo, poderá receber emendas por qualquer dos membros da comissão. As emendas serão apresentadas no prazo de cinco sessões, após a publicação de aviso na ordem do dia das comissões44. Se o projeto estiver sujeito à apreciação do Plenário, somente neste poderão ser apresentadas emendas. O relator, em ambos os casos, poderá apresentar substitutivo ou oferecer emenda ao projeto apreciado45, o que denota o grande poder que o relator detém no processo de análise de uma proposição.

As deliberações das comissões, salvo disposição constitucional em contrário, serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros, prevalecendo, em caso de empate, o voto do relator46. Na votação, caso todos os membros da comissão concordem com o parecer do relator, será ele aprovado por unanimidade. Caso haja votos contrários em menor número do que os favoráveis, será o parecer aprovado, contra os votos dos discordantes. Caso o parecer do relator seja rejeitado, o Presidente da comissão indicará outro relator para, até a reunião ordinária seguinte, apresentar a redação do parecer vencedor47, momento em que deverá ser colocado em votação este novo parecer.

A tabela 4 apresenta o quantitativo de proposições objeto deste estudo apreciadas pelas comissões permanentes na 54ª Legislatura.

41 RICD, art. 139, II.

42 “Parecer é a proposição com que uma Comissão se pronuncia sobre qualquer matéria sujeita a seu estudo” (RICD, art. 126).

43 RICD, art. 119.

44 RICD, art. 119, § 1º.

45RICD, art. 57, IV, c/c art. 129, II.

46CF, art. 47; RICD, arts. 56, § 2º; e 183.

47Parecer vencedor, no caso, significa que o novo relator produzirá parecer na direção dos anseios dos deputados que foram contrários ao parecer rejeitado.

81 Tabela 4 – Quantitativo de proposições apreciadas pelas comissões permanentes na 54ª Legislatura

Comissão PL PLP PEC PDC PRC Total

CCJC 1183 16 117 2998 12 4327

CE 457 0 0 12 0 469

CFT 444 40 0 27 1 512

CTASP 421 15 0 25 0 461

CVT 412 1 0 20 0 433

CSSF 301 11 0 11 0 323

CDEIC 288 30 0 25 0 343

CDC 198 0 0 1 0 199

CSPCCO 164 2 0 3 0 169

CAPADR 158 8 0 16 0 182

CMADS 157 2 0 15 1 175

CCULT1 123 0 0 0 0 123

CCTCI 111 0 0 8 0 119

CDU 84 4 0 1 0 89

CME 84 1 0 8 0 93

CINDRA 81 6 0 5 0 92

CTUR 63 0 0 3 0 66

CREDN 45 1 0 14 0 60

CDHM 25 1 0 14 0 40

CESPO2 10 0 0 0 0 10

CFFC 0 0 0 0 0 0

CLP 0 0 0 0 0 0

Total 4809 138 117 3206 14 8284

1 A Comissão de Cultura foi criada em 27 de fevereiro de 2013, por meio da Resolução nº 21/2013. Na ocasião, as competências da então Comissão de Educação e Cultura foram desmembradas para compor a Comissão de Educação e a Comissão de Cultura.

2 A Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados foi criada em fevereiro de 2014, por meio da Resolução nº 54/2014. Nos anos anteriores, essa competência era realizada pela então Comissão de Turismo e Desporto, atual Comissão de Turismo.

Fonte: elaboração do autor a partir de dados fornecidos pela SGM/CD.

Compete ao Presidente de comissão, dentre outras atribuições:

convocar, definir a pauta e presidir todas as reuniões da comissão e nelas manter a ordem e a solenidade necessárias; submeter a votos as questões sujeitas à deliberação da Comissão e proclamar o resultado da votação; designar relatores e distribuir-lhes a matéria sujeita a parecer, ou avocá-la, nas suas faltas48. Assim, percebe-se claramente um grande poder de agenda do presidente de comissão ao

48 RICD, art. 41.

82 poder escolher quais matérias irão constar da pauta de determinada reunião, além de poder definir por contra própria qual membro da comissão relatará determinada proposição.

Nos termos da Constituição Federal, caso o Presidente da República solicite urgência em projeto de lei de sua iniciativa, e a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não tenham se manifestado sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se conclua a votação. A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado a mesma regra de sobrestamento. Esses prazos não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código49.

Na Câmara dos Deputados, finalizado o prazo de quarenta e cinco dias de seu recebimento pela Casa sem a manifestação definitiva do Plenário, o projeto será incluído na ordem do dia, sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime sua votação. A apreciação das emendas do Senado pela Câmara, em função revisora, ocorrerá no prazo de dez dias, ao término do qual se aplicará a regra de sobrestamento acima mencionada. Importante destacar que a solicitação do regime de urgência poderá ser feita pelo Presidente da República depois da remessa do projeto e em qualquer fase de seu andamento, aplicando-se a partir daí a regra apresentada50.

Uma vez solicitada a urgência pelo Presidente da República, o projeto de lei que estava sendo apreciado de forma conclusiva pelas comissões perde esse atributo, devendo agora ser deliberado também pelo Plenário51. Além do mais, o prazo de apreciação pelas comissões se reduz para cinco sessões, em contraste com o prazo de dez sessões para matérias em regime de prioridade e quarenta para matérias e regime de tramitação ordinária52. Ainda, a matéria deverá ser apreciada conjuntamente pelas comissões quando em regime de urgência53 e, uma vez esgotado o prazo de quarenta e cinco dias, o projeto será incluído na ordem do dia do

49 CF, art. 64, §§ 1º a 4º.

50 RICD, art. 204.

51 RICD, art. 24, II, h.

52 RICD, art. 52.

53 RICD, art. 139, IV e VI.

83 Plenário para deliberação. Dessa forma, o pedido de urgência constitucional do Presidente da República em matéria de sua autoria, estando com o prazo constitucional vencido, que é o comum, retira das comissões a deliberação dessas proposições.

O Plenário da Casa também pode aprovar a chamada “urgência urgentíssima”54, nos termos do art. 155 do RICD, que, a pedido da maioria absoluta da Casa ou de líderes que representem esse número, e aprovada por maioria absoluta dos deputados, poderá ser incluída automaticamente na ordem do dia para discussão e votação imediata, caso a proposição trate de matéria de relevante e inadiável interesse nacional. Nesse contexto, enquanto a proposição não for apreciada pelo Plenário55, as comissões adotarão as mesmas regras já citadas no caso da urgência constitucional.