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“POEMS OF THE ALLEYS FROM GOIÁS AND ANOTHER STORIES”: AN ANALYSIS OF THE LEXICON

No documento Estudos Linguísticos (páginas 155-171)

Edna Silva Faria (UFG) edfar2005@hotmail.com

Resumo: O texto escrito é uma realização linguística situada em um contexto. Sua

concretização se dá pelo uso da língua numa perspectiva entre aquele que o produz e aquele que o lê. Daí seu caráter social. O texto literário cumpre um papel mais específico, por lidar com o texto numa esfera cuja essencialidade é caracterizada pelo uso da palavra em um sentido mais amplo e uma especificidade elementar, como ocorre no texto poético. Este artigo busca apresentar uma breve análise do léxico utilizado em poemas de autoria da poetisa22 Cora Coralina, numa perspectiva de identificar elementos referenciais por ela empregados, realizando um levantamento daqueles que se dão por escolha lexical e dos que se aplicam aos processos de formação de palavras em língua portuguesa. Procede- se ainda a uma categorização dessas escolhas, evidenciando a que esses vocábulos se referem e qual a sua relevância para a tecitura textual da poetisa bem como sua importância para a elaboração de um texto que reconstrói um momento histórico vivenciado pela autora.

Palavras-chave: Texto. Linguística histórica. Léxico.

1. Introdução

Objeto de estudo das ciências da linguagem, a palavra é a materialização de um ideário, constituindo um acervo vocabular de uma sociedade. Esse acervo modifica-se constantemente, por motivos diferentes, alterando termos já existentes ou incorporando outros oriundos das transformações tecnológicas, econômicas e sociais que ocorrem nos grupos sociais.

O corpus escolhido para este trabalho é o léxico empregado pela poetisa Cora Coralina nos textos que compõem o livro “Poemas dos becos de Goiás e outras histórias mais”, cuja vitalidade acentuada promovem um passeio pela história ímpar de uma mulher que, por meio de seus textos e da vivência de sua época, assimilava o presente e, ao

22 Embora na atualidade haja uma preferência pelo termo “poeta” para designar tanto os escritores de poemas do sexo masculino quanto os do feminino, optou-se pelo uso da forma indicada pelas gramáticas de língua portuguesa.

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mesmo tempo, retomava o passado, recriando com seu vocabulário, um painel da história de da Cidade de Goiás, através de sua percepção de mundo, de um olhar atento ao cotidiano, mas que também se mostrava aberta ao futuro com suas indefinições e inovações.

Empregando uma metodologia baseada na pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório e na análise de dados, este artigo realiza uma investigação dos vocábulos empregados pela escritora na produção nos textos que compõem o livro em questão, ressaltando aqueles a escolha lexical bem como os que se caracterizam pelos processos de formação de palavras, seja o de derivação ou de composição. Procura, ainda, apresentar como essas escolhas se categorizam, realçando o elemento poético dos textos selecionados, uma vez que o léxico tem como particularidade proporcionar o recorte de realidades no mundo, constituindo um acervo social de grande valia para o conhecimento das sociedades e de sua cultura.

Assim, o trabalho está dividido em três partes: a primeira, em que são tratados alguns aspectos concernentes à criação verbal, à produção artística, ao texto e à natureza do texto poético. A segunda, que foca processos de formação das palavras, em que se discute rapidamente como esses conceitos são tratados por alguns gramáticos com referências a alterações sofridas pelas línguas, no campo da linguística histórica, retomando alguns dos principais métodos de identificação de mudanças das línguas. Na terceira e última parte, realiza-se uma análise dos vocábulos constituidores dos textos previamente selecionados, que não seguem um critério de data ou ordem cronológica de criação, porém buscando evidenciar como essa escolha lexical significa no texto, sendo, por exemplo, um recurso para o conhecimento de termos antigos ou regionalismos, ou de vocábulos de origem estrangeira que compõem um quadro de uma mundivivência própria da poetisa e da historicidade de seus textos.

2. PALAVRAS, TEXTOS, POEMAS DE GOIÁS E OUTRAS ESTÓRIAS MAIS

Os estudos linguísticos há muito têm voltado o seu olhar sobre as questões que envolvem a palavra em contextos verbais escritos e orais. Esses estudos questionam o sentido e as relações que se estabelecem no agrupamento das palavras, formando esses compostos cuja função precípua é a de comunicar, informar ou de expressar sentimentos e emoções. O ambiente textual é o lugar em que tais elementos se definem e se interrelacionam, num processo de troca constante entre universos distintos, porém intimamente ligados: o de quem escreve e o de quem lê.

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Vários autores procuram definir textos da melhor forma possível e com o máximo de clareza. Essa tentativa não é vã. Cada um, a sua maneira, é produzido com objetivos diferentes para públicos diferentes, portanto com significativas diferenças. Verifica-se a presença deles no cotidiano, nas mais variadas formas, a encantar, estimular, entristecer, questionar. Por suas particularidades, são agrupados, classificados e estudados, segundo seu tipo ou gênero e Koch (2008) refere-se a eles frisando que são formas de facilitar o entendimento da realidade, podendo revelar argumentos críticos, orientando um planejamento para a ação no contexto social.

Os textos proporcionam uma imersão num circuito ao mesmo tempo particular e universal. É por meio deles que se identificam crenças, valores, costumes, hábitos, num entrecruzamento constante dessas duas realidades. Acerca desse fator, Marcuschi (2008, p. 94) analisa o texto

como uma realidade e não como uma virtualidade. Pois o texto não é apenas um sistema formal e sim uma realização linguística a que chamamos de evento comunicativo e que preenche condições não meramente formais. Um texto é uma proposta de sentido e ele só se completa com a participação do seu leitor/ouvinte.

No entanto, nesse universo em que a renovação é uma constante, alguns textos assumem uma processo especial de constituição, não apenas pela forma estética e estrutural que assumem, porém pela natureza que adquirem. Esses textos, que consistem em um arranjo especial das palavras, são chamados de literários. Não é o interesse neste momento estabelecer um estudo aprofundado acerca desse tema ou das definições acerca do tema, uma vez que não é o objetivo deste estudo. Interessa, a priori, focar tal aspecto a fim de se esclarecer que o conteúdo material é o elemento que será tratado neste trabalho: as palavras, vistas não pela perspectiva dos estudos literários, mas da linguística histórica, intentando inventariar a escolha lexical realizada por Cora Coralina e sua relevância para a construção de um ideário histórico do passado retratado em seus poemas.

A breve discussão acerca do texto literário será realizada a fim de se demonstrar a relevância da seleção vocabular para que o escritor, no momento de produção, alcance seu objetivo com êxito. Por esse motivo, o foco maior será a maneira como o léxico utilizado pelo autor é imprescindível à construção das imagens presentes no texto, contribuindo para a elaboração do cenário apresentado, da caracterização de ambientes, dos seres que povoam as histórias, realçando o sentido, a significação de sua tessitura poética, pois, como afirma Aguiar e Silva (1979, p. 148) “é inegável que toda a obra

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literária tem de manter relações com a realidade existente e que um poema como uma tela, tem de se vincular, de algum modo, ao universo em que se situa o homem”.

Comumente, organizam-se os textos em dois grupos, distinguindo-se os textos não-literários e os textos literários. Em prosa ou verso, os textos literários caracterizam-se por um arranjo especial das palavras, ressaltando o seu caráter conotativo e um intenso uso da linguagem figurada, possibilitando uma maior significação, apresentem-se eles na forma de prosa ou verso, que também pode se fundir, processo adotado por alguns escritores modernos. Os poemas, por sua natureza lírica e mais individualizante, especializam ainda mais as palavras e, através dessa disposição diferenciada, buscam aproximar-se mais da sensação, constituindo um ambiente fomentador do subjetivismo, estreitando sua relação com a sensibilidade, com um mundo individual, interior, fundado no presente, mas que retoma o passado como forma de recordação.

Acerca dessa caracterização do lírico, Faria (2005, p. 36) destaca que “o texto lírico provoca uma disposição anímica de maneira que o que tocou a alma do poeta deve tocar também o leitor, o poeta recria o que está em seu íntimo, procedimento que se refletirá nos seus poemas, nos frutos de sua criação”.

Seja pela forma clássica, seguindo um modelo mais rígido e estilizado, ou pela tendência mais moderna, mais livre e aberto, os textos literários encerram uma especialização dos vocábulos empregados pelo escritor e, em parágrafos ou versos, compõem um conjunto significativo em que se diluem sentimentos, ideias, numa visão muito particular de si mesmo, dos homens, de um tempo historicamente marcado e cujas marcas se fixam em quem o vivencia.

Os textos que servem de fonte para este estudo têm focos diferentes: em alguns momentos, a voz lírica se volta para si mesma, buscando a revelação de seu mundo interior; em outros, voltam-se para um tempo arcaico, no passado, realizando uma contemplação sobre o universo presente nas memórias da menina da cidade de Goiás, dos becos, do tempo de criança, das lembranças da professora, escola e dos colegas, de todo um contexto experienciado em uma época meditada e resguardada na memória de uma mulher participante do seu tempo.

Os sentimentos experimentados e as vivências são ricamente exemplificados em um léxico repleto de expressões que transitam entre um linguajar mais elevado, de nível mais formal e outro, de tonalidade mais popular, coloquial, sendo ambos ricamente explorados pela poetisa, como se verifica no emprego de “imperecível”, “ourinol”, “entremez”, “nascituro”, ou pelo uso de expressões como “bença”, “derréis”, “xailes”, “causos”.

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Destacam-se outros poemas que, impregnados de forte tendência narrativa, são marcados por um olhar único sobre a cidade que acolheu “Aninha” e por um lirismo particularmente desenhado na escolha lexical realizada, na qual se reconhece uma presença intensa da expressividade regional, popular e oral, ao lado de vocábulos arcaicos e já em desuso, mas que são fundamentais para a configuração das cenas, das imagens e representações partilhadas pela leitura dos textos em questão. Assim, tem-se um conhecimento ímpar das paisagens íntimas e exteriores, desenhadas por um construto verbal que mescla o atual com o antigo, o religioso e o material, o real e o imaginário, o urbano e o rural, numa cadência tocante, como o transitar do tempo pelos becos de Goiás.

A presença de palavras como “fornido”, “pereba”, “pinguelona”, “braba”, “aluguer”, “demuda”constituem fator fundamental para que a expressividade e as representações intentadas pela autora dos textos alcance êxito ímpar.

3. A LINGUÍSTICA HISTÓRICA E AS MUDANÇAS LINGUÍSTICAS

Fernando Tarallo (1990), em “Itinerário histórico da língua portuguesa”, convida os leitores a participarem de uma volta no tempo, conhecendo o percurso que essa língua realizou, bem como a estrutura que a sustenta. Tal qual o pesquisador, Cora Coralina convida os leitores a realizar uma incursão na história através de suas estórias. O fato de que as línguas podem ser estudadas a partir da forma mais antiga, que fundamentou o surgimento de uma configuração mais moderna e que uma maneira de estudo do sistema é também possível, fazendo o percurso contrário, ou seja, partindo-se do material que está disponível na atualidade, foi destacado por Tarallo (1990, p. 23)

[...] adiantando a idéia segundo a qual em qualquer ponto do túnel do tempo, em que venhamos a aterrizar, encontraremos um sistema em pleno funcionamento que, por sua vez, apresentará as formas residuais do passado mais remoto contracenando com formas mais inovadoras de um futuro.

As línguas mudam lenta e gradativamente, constituindo novas formas, seja no campo semântico, fonético ou sintático. Como o objeto de estudo da linguística histórica, as mudanças linguísticas podem ser analisadas por métodos diferentes como também podem revelar pistas sobre as mudanças das línguas, resgatando a trajetória de suas origens. Uma forma de mudança evidente é a fonológica, submetida ao princípio da

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regularidade. Esse princípio ressalta o fator de que as regras que estabelecem a mudança são de natureza fonológica.

Acerca desse aspecto, Tarallo (1990, p. 49) aponta que “... a mudança fonológica atua através da mediação de alofones posicionalmente definidos, no microâmbito da palavra”. Esse fator permite classificar as mudanças fonológicas em três grupos definidos: a condicionada estruturalmente, a não-condicionada e por analogia. A mudança fonológica condicionada estruturalmente permite identificar interfaces entre línguas originárias de uma mesma Protolíngua. Dessa maneira, os processos de formação das palavras permitem recuperar algum material apagado por meio das transformações sofridas ao longo do tempo, tal qual ocorre com a forma “aluguer”, atualmente “aluguel”.

As línguas podem ser estudadas nos seus aspectos fonéticos, morfológicos, sintáticos e léxicos, dentre outros, por meio de procedimentos e métodos diversos, como o Método Comparativo e o da Reconstrução Interna. Essas técnicas permitem conhecer mudanças ocorridas nas línguas, a maneira como aconteceram e o período quando esses eventos de deram. Por esse motivo, o léxico é o local onde a língua se fortalece constantemente e também se atualiza, permitindo o conhecimento histórico de um universo que é próprio de uma determinada cultura e sociedade. Nos textos da autora selecionada para este estudo, não raro são encontradas expressões empregadas pelas suas “personagens”, tal qual “suscrito”, “percisão”, “Pretovelho”, “suberbio”, caracterizando uma fala própria dos negros das senzala. Segundo Isquerdo e Krieger (2004, p. 11):

[...] o léxico como repertório de palavras das línguas naturais traduz o pensamento das diferentes sociedades no decurso da história, razão porque estudar o léxico implica também resgatar a cultura. A palavra favorece a transfiguração da experiência num universo de discurso e, conseqüentemente, assume diferentes dimensões dependendo da natureza desse discurso.

A língua é um dos meios de expressão utilizado por pessoas de uma sociedade e Crowley (2003) afirma que a maior parte da variação linguística está ligada a preocupações sociais. Conforme suas constatações, as pessoas tendem a imitar as classes sociais mais elevadas no que se refere a comportamento, a usos e à própria língua, e a maior parte da variação está intimamente ligada a preocupações sociais. Isso reflete as inúmeras possibilidades que uma língua pode oferecer enquanto fonte de conhecimento e de compreensão do mundo.

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O pesquisador destaca ainda que esses estudos acerca da língua podem dizer sobre pessoas que habitaram determinado lugar em determinada época pelos traços de sua permanência no local, que são capazes de dizer sobre rotas comerciais antigas, sobre movimentos populacionais e outros tipos de contatos entre as pessoas, podem informar sobre socializações culturais realizadas por aquelas pessoas enquanto grupo social, ou seja, os arqueólogos têm condições de oferecer um mapa da história da movimentação humana no mundo, no entanto, revela que “Um arqueologista não pode nos dizer que língua era falada por um grupo de pessoas”23

(CROWLEY, 2003, p. 291) e conclui ironicamente dizendo que se se quiser saber algo a respeito das línguas, deve-se procurar a resposta com um linguista. Essa perspectiva pode ser identificada nos poemas que servem como fonte para este estudo, uma vez que, por meio deles, são construídas imagens referenciais de um tempo vivenciado pela poetisa, perspectível no verso “Aquela gente antiga”,/ passadiça, era assim:/ severa, ralhadeira” (DENÓFRIO, 2004).

Qualquer que seja o estudo realizado acerca das mudanças passadas na língua, a fonte será sempre a palavra, situada num determinado tempo, no cotidiano da língua, exercendo o papel de documentar as modificações e transformações ocorridas.

A construção de um texto parte da seleção vocabular realizada pelo escritor/produtor, que pode optar pelo emprego de uma forma mais popular, mais culta ou oral, apropriando-se da melhor forma, a fim de conseguir seu objetivo. Cora Coralina não escapa a essas possibilidades e as palavras selecionadas para compor seus textos são os nutrientes de histórias contadas em forma de verso, denominados por alguns de poemas e por outros de prosa poética. A liberdade de sua escolha lexical compactua com a proposta poética modernista da experimentação, da proposta poética como forma de interpretar com um novo olhar a realidade brasileira e, na sua particularidade, a de Goiás. Por isso é que a miscelânia da linguagem compõe um quadro que reflete as mudanças ocorridas, seja pela perda ou pelo acréscimo de elementos.

Com os textos de Cora Coralina não é diferente. No vocabulário empregado pela poetisa, transitam termos fruto da oralidade, como “causos”, “corenta”, “comezainas”, dividindo o mesmo espaço com outros mais sofisticados, tal qual “emproados”, “hieráticos” e outros de língua estrangeira. A variedade do léxico reflete a riqueza das imagens compostas, registrando marcas de coloquialidade, como o encurtamento aparente em “corenta” (quarenta), em que se identifica a fusão de um “u” com um “a”, e em “derréis”, junção da preposição “de” com o substantivo “réis”.

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Uma cultura pode influenciar um língua, especialmente no que se refere ao seu vocabulário, também a língua pode influenciar uma cultura, pois é uma maneira de mediar ações que, por sua vez, são descritas na língua, assim a cultura é afirmada na língua. A reconstrução cultural fornece dados históricos importantes sobre comportamento, modo de vida, hábitos culturais e organizacionais de uma sociedade em um determinado ponto no tempo, apoiada na arqueologia, na história oral e na cultura comparativa, daí sua relevância para os estudos linguísticos. A linguagem dá espaço para repensar as mudanças culturais e nenhum aspecto cultural pode ser estudado sem referência ao signo linguístico usado para ele, pois a língua é o arcabouço da cultura.

4. O LÉXICO DOS POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS E OUTRAS PALAVRAS MAIS

A língua é espaço de interação e de representação de ideias, sentimentos, conceitos inseridos em um universo individual ou social, servindo como registro desses novos conhecimentos ao longo dos tempos, de um modus vivendi que se altera com grande rapidez e, concomitantemente, servindo como receptáculo para as inovações lexicais que acontecem, reforçando a grande mobilidade da língua.

Um aspecto relevante nos estudos lexicais é o fato de se retomar o passado histórico por meio dos vocábulos empregados pelos autores, compondo um quadro de determinada época. Por esse motivo, proceder-se-á a uma análise dos vocábulos empregados por Cora Coralina nos poemas presentes no livro citado, ressaltando que os vocábulos compõem grupos que se entrecruzam, integram uma escolha lexical ímpar e exótica e que, simultaneamente, constituem um processo de formação de palavras, seja por derivação ou por composição e suas variantes.

A expressividade de um texto se apresenta sobretudo na escolha lexical realizada por aquele que escreve, a estilística, seja no emprego de palavras de uso corrente ou não, seja pela criação de outras, procedimento comum no universo literário. É importante destacar que, do elenco de palavras selecionadas, ressaltam-se aquelas relacionadas à caracterização de pessoas, lugares ou coisas, como no caso de “encarquilhados”, “fornido”, “manteúdo”; outras, que se referem a ações: “alimpa”, “chispando”, “espiritava”, “braba”; e as que nomeiam seres, coisas, objetos, elementos da natureza: “vintém”, “ourinol”, “mesorra”, “banguês”. Dentre todas as selecionadas, identifica-se o emprego de sufixos, de prefixos e de outros elementos, permitindo, inclusive, a criação de novas palavras, fato que se dá em “atoado”, “macheados”, “estrangeirados”, “furnidas”.

163 4.1. Dos processos de formação das palavras

A morfologia é a parte da gramática que trata dos processos de formação das palavras. Segundo Coutinho (2005, p.166) “raiz é o nome que se dá ao elementos primário e significativo da palavra, em torno da qual se agrupam os outros elementos de formação. É também denominada base e semantema”. A raiz pode ser ainda nomeada de radical que, quando recebe novos elementos, transforma-se em outra palavra.

Tais processos de formação permitem que sejam agrupados tanto elementos anteriores (prefixos) quanto posteriores (sufixos) e as desinências, responsáveis pela indicação das formas verbais. Esses morfemas – afixos e desinências – são recursos

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