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POLÍTICA EDUCATIVA NACIONAL EM VIGOR

CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ENSINO BÁSICO

1.1. QUADRO LEGAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

1.1.1. POLÍTICA EDUCATIVA NACIONAL EM VIGOR

As políticas internacionais e nacionais, para a escola inclusiva, promovem mudanças significativas na educação, especialmente na EE (Pestana, Carvalhais, & Silva, 2009).

Em Portugal, são elaborados e publicados diversos documentos legais que visam desenvolver uma escola inclusiva que garanta a frequência de todos os cidadãos, independentemente dos estratos sociais, das diferenças individuais, entre outros aspetos, com o objetivo de desenvolver as capacidades e potencialidades de cada pessoa em particular. Foram desenvolvidas políticas para converter as escolas de ensino especial em centros de recursos e, portanto, colocar todas as crianças no ensino regular.

De acordo com os princípios veiculados pela política internacional, o Despacho Conjunto n.º 105/9713 aponta, pela primeira vez, para uma lógica de escola inclusiva, definindo o enquadramento legal dos apoios educativos, surgindo, precisamente, pela necessidade de mudança do modelo de escola, da contextualização dos apoios educativos e da definição do perfil e das funções do professor do apoio educativo nos agrupamentos.

Estas medidas estão enquadradas na LBSE, com a ideia tácita de se ―centrar nas escolas as intervenções diversificadas necessárias para o sucesso educativo de todas as crianças para assegurar, de modo articulado e flexível, os apoios indispensáveis ao desenvolvimento de uma escola de qualidade para todos‖ (Despacho Conjunto n.º 105/97, p. 7544). Neste contexto, o professor especializado de apoio educativo presta, em geral, apoio à escola, ao professor do ensino regular e ao aluno, em particular (Jesus & Martins, 2000). As escolas podem diversificar a oferta formativa com a criação de Cursos de Educação e Formação (CEF), podendo constituir uma alternativa educativa para ―uma maior qualidade nas respostas educativas e escolares, no sentido de uma maior flexibilização e diferenciação pedagógica, associadas a medidas como os percursos alternativos e os apoios individualizados‖ (Ministério da Educação, 2008, p. 8).

Há um conjunto de respostas que podem ser aplicadas às crianças que, ao longo do seu percurso escolar, apresentam dificuldades de aprendizagem e experimentam insucesso escolar, nomeadamente as orientações e medidas do Despacho Normativo n.º 24-A/2012, ou seja, os alunos com dificuldades de aprendizagem são os que, por motivos extrínsecos, por causas socioculturais, familiares, entre outras, poderão ser abrangidos pelas medidas constantes neste normativo legal. As

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crianças que, desde cedo, manifestam dificuldades de aprendizagem, podem beneficiar de medidas de intervenção precoce na infância, constantes do Decreto-Lei n.º 281/2009.

No caso específico das crianças com NEE de carácter permanente são abrangidas pelas medidas constantes no Decreto-Lei n.º 3/2008. As crianças com NEE de carácter permanente são um grupo reduzido de alunos, com incapacidades e limitações nas funções e estruturas do corpo, com limitações graves na participação e atividade escolar, cuja ―taxa de prevalência‖ é de ―cerca de

1.8%‖, abrangidos pela EE, ou seja, pelas medidas educativas especiais contempladas no Decreto-

Lei n.º 3/2008 (Ministério da Educação, 2008, p. 8).

Para as crianças que manifestam desinteresse e desmotivação e/ou pretendam ingressar no mercado de trabalho mais cedo, existe a possibilidade de frequentarem cursos com uma vertente mais prática e profissionalizante, de acordo com o Despacho Conjunto n.º 453/2004 e o Despacho Normativo n.º 1/2006 (cf. Quadro 2).

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Quadro 2 – Respostas Educativas para crianças com DA e com NEE - Quadro legal

Legislação Público-alvo Medidas

Despacho Normativo n.º 24-A/2012

Alunos com dificuldades de aprendizagem e alunos com capacidades excecionais.

Aplicação de medidas de promoção do sucesso escolar, através de um plano de acompanhamento pedagógico.

Despacho Normativo n.º 1/2006

Alunos com dificuldades de aprendizagem, desmotivação e desinteresse, até aos 15 anos de idade.

Criação de uma resposta diferenciada, com uma vertente mais prática, assegurando, porém, a aquisição das competências de ciclo nas disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática.

Despacho Conjunto n.º 453/2004

Alunos que pretendem ingressarem no mercado de trabalho, com mais de 18 anos de idade.

Cursos de Educação e de Formação com uma vertente mais prática e profissionalizante.

Decreto-Lei n.º3/2008 Alunos com NEE de carácter permanente.

Respostas especializadas, específicas de acordo com a tipologia de NEE de carácter permanente.

Decreto-Lei n.º281/2009 Crianças até aos 6 anos com um desenvolvimento diferente dos seus pares.

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Despacho Normativo n.º 24 -A/2012

O Despacho Normativo n.º 24-A/2012 define, no âmbito da avaliação sumativa interna, os princípios de atuação e normas orientadoras para a implementação dos planos de acompanhamento pedagógico orientados para a turma ou individualizados. Estes planos são aplicados aos alunos do EB, aos alunos com dificuldades de aprendizagem de carácter temporário, com o objetivo de promover o seu sucesso escolar. Este documento regulamenta:

a) A avaliação e certificação dos conhecimentos adquiridos e das capacidades desenvolvidas pelos alunos do ensino básico, nos estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo, bem como os seus efeitos;

b) As medidas de promoção do sucesso escolar que podem ser adotadas no acompanhamento e desenvolvimento dos alunos, sem prejuízo de outras que o agrupamento de escolas ou escola não agrupada, doravante designados por escola, defina no âmbito da sua autonomia. (p. 4)

Deste modo, o objetivo do Despacho Normativo n.º 24-A/2012 é promover o sucesso escolar de todos os alunos que apresentem dificuldades num dado momento do seu percurso escolar, ou que necessitem de uma resposta diferenciada, de acordo com uma situação especial. Assim, este despacho prevê a criação de grupos de homogeneidade relativa, um período de acompanhamento extraordinário nos 1.º e 2.º ciclos, a reorientação do percurso escolar e situações especiais de classificação. Os alunos com capacidades excecionais podem usufruir de condições especiais de progressão, sendo possível progredir mais rapidamente (Artigo 25.º).

Quadro 3 – Resumo do Despacho Normativo n.º 24-A/2012

Documentos: Plano de acompanhamento pedagógico de turma ou individual Objetivos: Prevenir o insucesso escolar.

Público-alvo: Alunos com dificuldades de aprendizagem ou com capacidades excecionais. Procedimentos: Elaborado e avaliado pelos professores dos alunos e aprovado pelo conselho

61 As medidas de promoção do sucesso escolar são definidas através de planos de atividades de acompanhamento pedagógico orientados para a turma ou individualizados, com medidas específicas, pretendendo-se colmatar as dificuldades dos alunos14.

Estas medidas são concretizáveis da seguinte forma:

a) Medidas de apoio ao estudo, que garantam um acompanhamento mais eficaz do aluno face às dificuldades detetadas e orientadas para a satisfação de necessidades específicas; b) Estudo Acompanhado, no 1.º ciclo, tendo por objetivo apoiar os alunos na criação de

métodos de estudo e de trabalho e visando prioritariamente o reforço do apoio nas disciplinas de Português e de Matemática, nomeadamente a resolução dos trabalhos de casa;

c) Constituição temporária de grupos de homogeneidade relativa, em termos de desempenho escolar, em disciplinas estruturantes, tendo em atenção os recursos da escola e a pertinência das situações;

d) Coadjuvação em sala de aula, valorizando -se as experiências e as práticas colaborativas que conduzam à melhoria do ensino;

e) Adoção, em condições excecionais devidamente justificadas pela escola e aprovadas pelos serviços competentes da administração educativa, de percursos específicos, designadamente percursos curriculares alternativos e programas integrados de educação e formação, adaptados ao perfil e especificidades dos alunos;

f) Encaminhamento para um percurso vocacional de ensino, após redefinição do seu percurso escolar, resultante do parecer de psicólogos escolares e com o empenhamento e a concordância do encarregado de educação;

g) Acompanhamento extraordinário dos alunos nos 1.º e 2.º ciclos, conforme estabelecido no calendário escolar;

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h) Acompanhamento a alunos que progridam ao 2.º ou ao 3.º ciclos com classificação final inferior a 3 a Português ou a Matemática no ano escolar anterior. (Despacho Normativo n.º 24-A/2012, Artigo 20.º, p. 8)

O presente documento legal revogou o Despacho Normativo n.º 50/2005 que, no âmbito da avaliação sumativa interna, definia os princípios de atuação e normas orientadoras para a implementação de planos de recuperação, de acompanhamento e de desenvolvimento. Estes planos eram aplicados aos alunos do EB, com vista à promoção do sucesso escolar. Este documento previa cinco modalidades de apoio na sala de aula, nomeadamente: pedagogia diferenciada, programas de tutoria, programas de compensação, aulas de recuperação e programas de ensino de Língua Portuguesa para alunos oriundos de países estrangeiros. Com esse propósito, podiam ser elaborados três tipos de planos de apoio aos alunos, nomeadamente, planos de recuperação, planos de acompanhamento e planos de desenvolvimento.

Percurso Curricular Alternativo

O Despacho Normativo n.º 1/2006 diz respeito à constituição, funcionamento e avaliação de turmas com um Percurso Curricular Alternativo (PCA), indicado para alunos com dificuldades de aprendizagem acentuadas, entre outros aspetos, até aos quinze anos de idade. As turmas de PCA podem ser constituídas por 10 alunos.

Curso de Educação e Formação

O Despacho Conjunto n.º 453/200415 regulamenta os CEF para jovens, com uma vertente mais prática, direcionados para alunos que pretendam ingressar no mercado de trabalho mais cedo, devido ao facto de revelarem desinteresse/desmotivação pelo processo de ensino/aprendizagem, associado a fatores emocionais e de comportamento, entre outros.

15 Com a retificação n.º 1673/2004, SÉRIE II, de 7 de setembro, introduzindo alterações ao referido

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