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3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SÓCIO REGIONAL À LUZ DA

4.1 MARCO LEGAL DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

4.1.3 Política Energética Nacional

A Emenda Constitucional nº 9, de 9 de novembro de 1995, determinou a abertura do setor petrolífero nacional com a quebra do monopólio da Petrobras a partir do momento que o Governo permitiu a contratação de empresas públicas ou privadas para a atividade petrolífera no país, exigindo a elaboração de um novo plano estratégico no setor energético para o desenvolvimento do país.

Tal deliberação foi feita através da edição e publicação da Lei nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997, conhecida como Lei do Petróleo, que além de prever a criação de um órgão regulador para o setor, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), dispôs sobre as condições de contratação com os novos atores da indústria petrolífera e dos princípios que o Poder Público deve necessariamente observar no delineamento das políticas públicas relacionadas ao setor energético.

Nesse caso, observa-se que apesar da Lei do Petróleo tratar principalmente do hidrocarboneto que lhe dá o nome, a este não se limita, tendo em vista que ao tratar dos princípios e objetivos da Política Energética Nacional, termina por abordar a generalidade das fontes de energia disponíveis. Deste modo, ao estabelecer a Política Energética Nacional do país é responsável por tratar não somente das diretrizes relativas à indústria do petróleo e seus derivados, mas também à do gás natural, da energia elétrica, do carvão e das fontes renováveis de energia.

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Nessa questão é fundamental ressaltar que todas as formas de produção de energia apresentam algum tipo de impacto ambiental para a sua implementação, afastando a ideia de que as energias renováveis estão isenta de críticas. No entanto, na atualidade, essa é a opção menos prejudicial tanto ambientalmente, em decorrência da redução das externalidades negativas das atividades desenvolvidas, quanto economicamente, em virtude da possibilidade de manutenção contínua da produção de energia, que não sofre alterações com as possíveis mudanças dos picos de produção mundial, como pode ocorrer no caso dos combustíveis fósseis.

Desse modo, em que pese a importância fundamental do desenvolvimento do PROINFA, este jamais poderia ser efetivamente implementado sem uma Preocupação com o desenvolvimento da Política Energética Nacional aplicada no Brasil.

Todavia, apesar da Lei do Petróleo ter apresentado um direcionamento para o desenvolvimento do setor energético no país, não trouxe programas concretos, tão somente delineando os princípios e objetivos que deveriam ser seguidos quando de sua feitura e implementação, de modo que se limitou a atuar como norte para o legislador e o administrador na elaboração e execução das políticas públicas no país. Nesse caso, observa-se ainda que o texto legal, em diversos momentos trouxe a reprodução dos princípios constitucionais que norteiam a República Federativa e a Ordem Econômica brasileira305.

Entre algumas das diretrizes e princípios da Política Energética Nacional destacam-se, de acordo com o artigo 1º da referida Lei, as seguintes: promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos energéticos (inciso II); atrair investimentos na produção de energia (inciso X); ampliar a competitividade do País no mercado internacional (inciso XI); e incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional (inciso XII).

Nesse caso, ao dispor que constituem objetivos das políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia preservar o interesse nacional, promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho, proteger os interesses do consumidor, proteger o meio ambiente, garantir o fornecimento de derivados de petróleo em todo o território nacional e promover a livre concorrência, a lei reforça a necessidade de observância sistemática de nosso ordenamento jurídico, através da adequação das normas legais com a supremacia constitucional.

Além disso, o art. 2º da referida Lei instituiu o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que tem a atribuição de propor ao Presidente da República, políticas nacionais e medidas específicas destinadas a: promover o aproveitamento racional dos recursos energéticos do País (inciso I); assegurar, em função das características regionais, o suprimento de insumos energéticos às áreas mais remotas ou de difícil acesso do País (inciso II); rever periodicamente as matrizes energéticas aplicadas às diversas regiões do País, considerando as fontes convencionais e renováveis e as tecnologias disponíveis (inciso III); estabelecer diretrizes para programas específicos, como os de uso do gás natural, do carvão,

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FERREIRA, Ana Mônica Medeiros; NASCIMENTO, Lívia Melo do. Análise Constitucional dos

Mecanismos Tributários de Incentivo a Produção e Uso do Biodiesel no Brasil. Florianópolis: Anais do

da energia termonuclear, dos biocombustíveis, da energia solar, da energia eólica e da energia proveniente de outras fontes renováveis (inciso IV); estabelecer diretrizes para a importação e exportação, de maneira a atender as necessidades de consumo interno de petróleo e seus derivados, gás natural e condensado, e assegurar o adequado funcionamento do Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis e o cumprimento do Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis (inciso V); sugerir a adoção de medidas necessárias para garantir o atendimento à demanda nacional de energia elétrica, considerando o planejamento de longo, médio e curto prazo, de forma que tais projetos venham assegurar a otimização do binômio modicidade tarifária e confiabilidade do Sistema Elétrico (inciso VI); e por fim, estabelecer diretrizes para o uso de gás natural como matéria-prima em processos produtivos industriais, mediante a regulamentação de condições e critérios específicos, que visem a sua utilização eficiente e compatível com os mercados interno e externos (inciso VII).

Tais princípios, mormente no tocante a proteção do meio ambiente e ao aproveitamento racional das fontes de energia, se adequam perfeitamente com as ideias propugnadas pelo princípio do desenvolvimento sustentável incorporado definitivamente em nosso ordenamento jurídico com o advento da Constituição Federal de 1988.

Destarte, a partir da observação das diretrizes e princípios da Política Energética Nacional e do CNPE verifica-se que apesar da ênfase legislativa para a produção de hidrocarbonetos, há uma grande preocupação em promover e ampliar o aproveitamento racional e sustentável dos recursos energéticos no país. E é justamente nesse ponto que ganha força a perspectiva favorável brasileira para a substituição da nossa atual matriz energética, visando a promoção do desenvolvimento sustentável e a adoção da denominada ‘tecnologia limpa’, capaz de promover o mercado de trabalho no país e de valorizar o reconhecimento do caráter finito dos recursos naturais não renováveis, buscando, o desenvolvimento de estudos e pesquisas capazes de estimular eficazmente o desenvolvimento do setor de fontes renováveis de energia em substituição às não renováveis.