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5 OBJETIVOS OBJETO DA PESQUISA 5.1 A pergunta da pesquisa

6.2 Por que Pesquisa-Ação?

Em se tratando de uma Pesquisa-Ação, a Ação propriamente dita, ou seja, a intervenção feita pelo pesquisador consistiu em um projeto de ensino realizado através de uma atividade de Extensão: a Disciplina “Tópicos em Saúde Mental – módulos I e II, oferecida como Optativa para os alunos do oitavo período do curso médico da UFMG, pertencentes ao chamado “grupo-de-dez” que cursavam simultaneamente as disciplinas Medicina Geral de Crianças-II e Medicina Geral de Adultos-II, em um mesmo Centro de Saúde da rede municipal de Belo Horizonte, ao longo daquele semestre letivo.

6.2.1 O pesquisador como instrumento

A Pesquisa-Ação: trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa do tipo “Estudo de Caso”, na qual o estudo é a avaliação e o “caso” ou objeto do estudo é a avaliação da experiência de transmissão em uma disciplina experimental .

A Pesquisa-ação, segundo o conceito apresentado por Thiollent (1986), citado por Minayo (1996), consiste numa investigação “pari passu” ao desenvolvimento de programas para medir o seu impacto. Assim, o envolvimento do pesquisador na ação é parte integrante da pesquisa:

“A pesquisa-ação é um tipo de investigação social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual o pesquisador e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (THIOLLENT, 2003, p. 14)

A Pesquisa-Colaborativa – os sujeitos da pesquisa são os alunos que se dispuseram a viver a experiência e receberam a ação ou intervenção: a transmissão na disciplina, e que podem fornecer os elementos para análise.

6.2.2 O dilema da amostra na pesquisa qualitativa Considerações preliminares:

Tendo em vista o fato de se tratar de um estudo de um caso particular, não haveria necessidade de discutir sobre a seleção e composição da amostra. No início, não se poderia prever quantas vezes seria necessário repetir a experiência da disciplina a ser testada e avaliada.

A amostragem proposital, intencional ou deliberada, utilizada na pesquisa qualitativa, é definida metodologicamente como aquela de “escolha deliberada de respondentes ou ambientes, oposta à amostragem estatística, preocupada com a representatividade de uma amostra em relação à população total” (POPE & MAYS, 1995, p.43).

De acordo com Bogdan e Binklen apud TURATO (2003), o autor do projeto delibera quem são os sujeitos que comporão seu estudo, segundo seus pressupostos de trabalho.

Britten et al. apud TURATO (2003), ressaltam que a decisão pela amostragem deveria ser distintamente pensada e ser apropriada às questões da pesquisa. Escolhendo sujeitos deliberadamente, torna-se possível pedir às pessoas para que expliquem por que elas comportam-se de um certo modo, explorar sobre decisões ou inquirir sobre fatores subjacentes.

Jaspers (1987) assim se posicionou-se sobre o estudo de casos clínicos: “Muitas vezes o aprofundamento penetrante num caso particular ensina fenomenologicamente o que é geral para inúmeros casos. O que se aprendeu uma vez encontra-se na maioria das vezes logo a seguir. Na fenomenologia imporá menos acumularem-se casos sem fim do que a visão interna, o mais possível completa, de casos particulares. O importante na fenomenologia é, portanto, exercer a visão (...) do que é vivido diretamente pelo doente a fim de poder reconhecer o que há de idêntico dentro da multiplicidade. Ë necessário assimilar inteiramente, por meio de exemplos concretos, um rico material fenomenológico. Ele nos confere critério e orientação em novos casos” (JASPERS, 1987: 72-73).

TURATO (2003) cita Levi-Strauss sobre o dilema da amostra:

“Ou bem estudar numerosos casos, de uma maneira sempre superficial e sem grande resultado; ou bem se limitar resolutamente à análise aprofundada de um pequeno número de casos e provar assim que, no fim de contas, uma experiência bem-feita vale por uma demonstração” (Levi-Strauss, apud TURATO, 2003, p. 360).

Os pesquisadores qualitativistas não tencionam, assumidamente, generalizar seus resultados, mas dar possibilidades para gerar novos conceitos e pressupostos que são levantados a partir da conclusão do estudo. TURATO (2003), valendo-se de Martins e Bicudo (1989), menciona que na pesquisa qualitativa a generalização, de certo modo, é abandonada, e ela enfoca sua atenção no específico, no peculiar, no individual, buscando a compreensão e não a explicação dos fenômenos estudados.

Minayo (1996) começa por lembrar que “numa busca qualitativa, preocupamo-

nos menos com a generalização e mais com o aprofundamento e a abrangência da compreensão.” E adverte: “certamente o número de pessoas é menos importante do que a teimosia de enxergar a questão sob várias perspectivas, pontos de vista e de observação.” (MINAYO, 1996, p. 102)

Segundo a autora, o critério de inclusão/exclusão dos sujeitos pode muito bem subordinar-se ao privilégio dado àqueles que detêm os atributos que o investigador pretende conhecer. Assim, pode-se concluir que:

“A definição do número final de indivíduos estudados será conhecida pelo próprio autor da investigação qualitativista apenas no campo. (...) Na eleição do método clínico-qualitativo, o correspondente projeto de pesquisa deverá mencionar e justificar o modo de construção da amostra, não fazendo sentido citar quantas pessoas serão entrevistadas” (TURATO, 2003, p. 362).

Após estas considerações preliminares, poder-se-ia dizer que o tipo escolhido para composição da amostra foi: por variedade de tipos.

Na visão de Turato (2003), “nesta modalidade de composição da amostra, os tipos serão qualitativamente representativos e pré-estabelecidos. Os tipos mostrarão, entre si, diferenças em certas características consideradas no tocante à identidade global do informante. Os indivíduos do grupo encontram-se reunidos pelo que chamo de critério da ‘homogeneidade fundamental’, isto é, pelo menos uma determinada característica ou variável é comum a todos os sujeitos da amostragem: a característica-chave que os une é o próprio tema do trabalho.”

E continua:

.”..ao menos uma característica marcada é comum a todos do grupo eleito para ser estudado, mas com uma escolha de tipos diversificados, o que permitirá a captura das eventuais diferenças e semelhanças entre os sujeitos da amostra. Aqui o pesquisador tem a definição, em seu arbítrio, dos tipos de sujeitos que serão contatados, o que é feito principalmente a priori, mas também durante sua presença em campo, conforme outros tipos emergentes chamem o interesse do pesquisador.” (TURATO, 2003, p. 365).

Como também reconhece Minayo: “devemos prever um processo de inclusão

progressiva encaminhada pelas descobertas do campo e seu confronto com a

teoria.” (MINAYO, 1996, p. 102).

Assim sendo, os critérios de inclusão dos sujeitos foram definidos por:

Alunos que já haviam cursado previamente, durante o sétimo período do curso médico, a disciplina obrigatória “Psicologia Médica Aplicada.”

Os alunos foram os do grupo que cursava simultaneamente as disciplinas de Medicina Geral de Crianças (MGC) e Medicina Geral de Adultos (MGA) às segundas e quintas-feiras, no Centro de Saúde Santa Inês.

A partir do trabalho de campo foi avaliada a necessidade e os possíveis critérios de escolha de novos grupos, privilegiando as indicações feitas pelos sujeitos anteriores, segundo o critério de amostragem por “saturação” de Turato (2003). Tendo sido necessária a indicação desta segunda amostra para esclarecimento de achados e confirmação dos dados obtidos, esta nova etapa foi realizada em outro Centro de Saúde, no semestre consecutivo.

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