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Por que Pesquisa Colaborativa? – Os sujeitos da pesquisa

5 OBJETIVOS OBJETO DA PESQUISA 5.1 A pergunta da pesquisa

6.3 Por que Pesquisa Colaborativa? – Os sujeitos da pesquisa

Alunos do oitavo período do curso de Medicina da UFMG, que estavam cursando as Disciplinas Medicina Geral de Crianças-II (MGC-II) e Medicina Geral de Adultos-II (MGA-II) concomitantemente, em um Posto de Saúde, para que pudesse ser feito um trabalho interdisciplinar, integrado com os professores de Pediatria e de Clínica Médica. O pré-requisito foi a Disciplina de Psicologia Médica Aplicada, que eles já haviam cursado no sétimo período, porque, dentro do currículo atual, é nesta Disciplina de PMA que os alunos são introduzidos na colheita da História de Vida, já tendo tido nos períodos anteriores uma vivência clínica da Semiologia de Crianças e de Adultos.

Os alunos se matriculavam aleatoriamente naquelas Disciplinas Obrigatórias, sendo desconhecidos para o pesquisador até o início do semestre letivo, o que

garantia uma imparcialidade na seleção destes alunos. Estes foram convidados a participar voluntariamente da Pesquisa-Ação, de caráter colaborativo, matriculando- se na Disciplina Optativa “Tópicos em Saúde Mental” (vide item 5.5.1)

6.3.1 Participação e colaboração

Todos os sujeitos da pesquisa participaram e colaboraram voluntariamente, tendo sido obtido o Termo de Consentimento Informado. Serão utilizados os termos “participantes” ou “colaboradores” apenas para designar as diferenças na forma de participação:

- Na Ação ou Intervenção: os que serão chamados “participantes” - foram os que foram submetidos diretamente à intervenção, ou seja, os alunos do oitavo período que se matricularam na Disciplina Experimental e foram submetidos à intervenção;

- Na pesquisa-colaborativa: os chamados “colaboradores” foram os que não se submeteram diretamente, mas participaram ativamente colaborando com a pesquisa. Estes foram: os “professores-colaboradores” da Pediatria e da Clínica Médica, pelas indicações dos pacientes para as entrevistas e pelas discussões conjuntas dos casos clínicos, e os “alunos-colaboradores” que auxiliaram na leitura, categorização e análise dos resultados visando garantir a segurança inter- analistas e auxiliaram na redação do Caso Clínico “S.”, como será descrito posteriormente.

6.3.2 A seleção dos alunos do oitavo período

A eleição do oitavo período do curso de Medicina da UFMG se justificou pelo fato de que já existem, no currículo atual, duas disciplinas de Psicologia Médica:

- Psicologia Médica – no segundo período e - Psicologia Médica Aplicada – no sétimo período.

Após terem cursado estas disciplinas, considera-se que o aluno estaria apto a saber se aproximar e abordar o paciente, visto que já teria cursado também as disciplinas básicas do ensino da Semiologia: MGC-I e MGA-I. Concomitantemente, o aluno estaria cursando no oitavo período as disciplinas ambulatoriais de Medicina Geral de Crianças-II e de Medicina Geral de Adultos-II, nos chamados “grupos-de- dez”, em um único Centro de Saúde ao longo do semestre.

A escolha não foi feita por quaisquer alunos que quisessem se matricular na Disciplina Optativa que estava sendo oferecida, mas pelo pesquisador que selecionou os Centros de Saúde nos quais realizaria a Intervenção, deliberadamente desconhecendo os alunos que viriam a ser os sujeitos da pesquisa. Esta foi uma maneira – própria da metodologia qualitativa – para se evitar um viés de seleção dos participantes. Entretanto, desses alunos, só participaram os que se dispuseram voluntariamente.

6.3.3 A seleção dos alunos-colaboradores

O recrutamento dos alunos-colaboradores também não foi arbitrário. Um dos alunos foi o mesmo que durante sua participação na Disciplina Experimental havia atendido a paciente “S.” Ele foi convidado a participar devido a sua vivência pessoal com o segundo caso clínico, que foi o paradigma de caso clínico para a demonstração da estrutura da psicose. Este aluno, que cursou a Disciplina Experimental no Centro de Saúde Carmo-Sion na segunda etapa da pesquisa, auxiliou na análise dos resultados referentes à etapa anterior à sua, ou seja, ao período do Centro de Saúde Santa Inês, para não interferir subjetivamente na interpretação e análise das informações.

Este foi mais um cuidado de rigor metodológico, pois suas relações pessoais com os colegas do mesmo grupo-de-dez poderia introduzir um viés de leitura. Em todas as entrevistas – Pré e Pós-Testes –, que serão apresentadas, foi mantida a confidencialidade dos nomes dos alunos, para não haver interferência no julgamento da avaliadora e para preservar o sigilo dos sujeitos da pesquisa.

O segundo aluno-colaborador foi um aluno voluntário do sétimo período do curso médico, que não havia cursado a Disciplina Experimental, não sendo portanto influenciado por ela em suas interpretações das falas dos sujeitos da pesquisa (que ele naturalmente desconhecia) e nas suas atribuições de significados para a criação das categorias de análise.

6.3.4 Segurança inter-avaliadores

Dessa maneira houve uma triangulação das leituras, que garantiu a segurança inter-avaliadores: nas duas Tabelas de Categorização, construídas conjuntamente pelo pesquisador e pelos alunos-colaboradores, a partir das entrevistas Pós-Testes realizadas com os dezoito alunos-participantes, pôde-se

observar uma significante similaridade e concordância entre as categorias encontradas pelos avaliadores de ambas as etapas, com o estabelecimento de eixos de análise muito semelhantes entre si.

6.3.5 Riscos para os sujeitos da pesquisa

Aprovação do projeto de pesquisa: na Câmara Departamental do Depto. de Saúde Mental e no COEP – em 15/12/2004.

A abordagem de problemas psíquicos do paciente muitas vezes pode desvelar problemas já existentes no aluno, o que, infelizmente, é um risco (raro), mas que é necessário correr, para que ocorra o processo de ensino-aprendizagem em Saúde Mental em termos de conteúdos, habilidades e atitudes.

Necessariamente, há que se disponibilizar para o aluno o respaldo do professor/supervisor (pesquisador), em termos de reconhecimento, acolhimento dos eventuais problemas desencadeados e as possíveis orientações psicanalíticas ou mesmo psiquiátricas que porventura vierem a ser necessárias.

6.3.6 Respaldo para os alunos

Desde as fases iniciais da pesquisa, por ocasião dos Pré-Testes, o pesquisador se colocou à disposição dos alunos para o respaldo que viesse a ser necessário para suas dificuldades, dúvidas, inseguranças e angústias. Demonstrou ser interessante para a pesquisa que essas dificuldades fossem explicitadas coletivamente dos debates conjuntos, no intuito de compartilhamento das experiências pessoais. No entanto, deixou aberta a possibilidade da ocorrência de dificuldades pessoais do próprio aluno, ou em relação à pesquisadora, à disciplina, aos colegas ou aos pacientes, as quais solicitou que lhe fossem comunicadas pessoalmente caso ocorressem, em caráter sigiloso.

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