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Posições conservadoras favoráveis à criminalização das drogas (uso e

4.1 O DEBATE SOBRE DROGAS NA CONSTITUINTE DE 1987

4.1.3 Posições conservadoras favoráveis à criminalização das drogas (uso e

1 - A cidadã Darlene de Conti Medina, do Rotaract Club de Londrina, na Sugestão 10866 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), por considerar a maconha a porta de entrada para outras drogas mais pesadas e um mal para o país, manifesta seu repúdio pela posição do deputado Aécio Neves que segundo ela seria favorável a liberação da maconha (DANC, 06/08/1987, Supl.116: 823):

Estamos encaminhando-lhe uma cópia da carta enviada ao Sr. Aécio Cunha Neves de manifestação do nosso repúdio à proposta encaminhada à Assembléia Nacional Constituinte para liberação da maconha em nosso País [...]

O Rotaract Club Londrina-Norte, filiado ao Rotary Internacional e composto por jovens de 18 a 29 anos, cujo objetivo maior é servir à comunidade, vem por meio desta manifestar o repúdio pela infeliz iniciativa de V. Exª em apresentar uma proposta à Assembléia Nacional Constituinte para liberação da maconha no Brasil.

Gostaríamos de expressar nossa decepção em relação a sua pessoa, pois sendo jovem teria o dever de lutar pelas nossas necessidades. Nós, um grupo de jovens universitários, estamos vendo os jovens de nosso País destruindo-se nas drogas. É inacreditável que V. Exª não esteja percebendo isto, a não ser que não saia nas ruas e em sua comunidade, sendo um deputado de gabinete. Assim, sugerimos que acompanhe o mal que esta droga, chamada maconha, tem feito ao nosso País, sendo a porta de entrada aos tóxicos mais "pesados".

Dizem os políticos que o nosso País está nas mãos dos jovens. Isto nos apavora, pois nós não estamos bem representados. Nós somos maciçamente contra esta proposta absurda e esperamos que V Exª use suas capacidades para elaborar projetos que os jovens brasileiros realmente necessitam.

Importante destacar que pesquisa realizada no Sistema de Sugestão dos Constituintes, (SGCO), que reúne as sugestões dos parlamentares sobre temas que gostariam que fossem debatidos na ANC/87, não localizou a citada proposta do deputado Aécio Neves.

2 - A Associação dos Proprietários do Brasil, na Sugestão 10748 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), propõe a criação de centros de recuperação para retirar os indigentes das ruas e combater o uso de drogas (DANC, 06/08/1987, Supl. 116: 639):

Combate à malandragem ― É urgente que se retirem os pedintes, prostitutas e crianças abandonadas de nossas ruas. Que péssimo cartão de visitas para os estrangeiros que se dignam a nos visitar: ruas imundas, o mau cheiro, restos de comida, etc. É urgente que se criem centros de recuperação onde serão encaminhados estes indigentes para o trabalho, o estudo e que os realmente doentes sejam tratados. Vamos recuperá-los para a sociedade? Seria mais um passo para o combate à criminalidade, à prostituição, ao uso de drogas etc.

3 - Em 22/04/1987, o deputado Eliel Rodrigues (PMDB-PA), na justificativa das Sugestões 2065-6 e 3483 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), na Emenda 5321-4, apresentada em 02/07/1987 (Etapa Comissão de Sistematização: Fase J), na Emenda 7494-1, apresentada em 08/08/1987, no Plenário (Etapa Comissão de Sistematização: Fase M), defende a pena de prisão perpétua para o crime de

produção e tráfico de drogas, a fim de diminuir sua prática (DANC, 09/05/1987, Supl. 57: 50):

A avalanche dos grupos de mafiosos da droga, corrompendo e levando à degradação e à destruição de vidas preciosas de tantos jovens, para o enriquecimento ilícito desses traficantes, é outro fato marcante em nossos dias. Como se poderá proteger o cidadão indefeso, se as atuais leis penais não têm a foça de persuasão necessária?

Enquanto os criminosos estão soltos, com plena liberdade de ir e vir em qualquer hora do dia e da noite, a grande maioria da população brasileira está cada vez mais acuada, desprotegida, medrosa, apavorada e sem condições de exercitar o mesmo direito, consagrado na Lei maior do país. Os cidadãos honestos e trabalhadores não podem mais sair de casa, a partir de determinadas horas da noite, sem correr o risco de serem assaltados e assassinados. As mulheres e crianças sofrem constante perigo de estupro e morte, da maneira mais selvagem e monstruosa.

Esta situação tende a piorar se não houver uma ação mais enérgica por parte do Estado. Na história do direito penal, encontramos várias correntes que defendem penas mais rigorosas para criminosos reincidentes, de alta periculosidade e aqueles que cometem crimes hediondos.

Para certo tipo de crime, vários países estão aplicando penas mais severas para tentar diminuir a incidência de delitos contra a vida, chegando em muitos deles a ser adotadas a pena máxima. No Brasil existem correntes favoráveis à pena de morte, entretanto, tendo em vista ser contrária à cultura religiosa do povo brasileiro, entendemos que a prisão perpétua seria um meio termo para punir, com maior rigor, os delinquentes que cometerem crimes de assalto, estupro ou sequestro seguidos de morte e na fabricação e tráfico de drogas.

4 - Em 22/04/1987, o deputado Nelson Aguiar (PMDB-ES), na Subcomissão dos Direitos e Garantis Individuais sustenta o “capitalismo ateu” como motivação para a liberalização da droga (DANC, 20/05/1987, Supl. 81: 230):

Estou vendo a luta pela liberalização da droga, legalização do aborto. Atrás dos dois existe uma coisa muito suja; o dinheiro. É o capitalismo ateu, instalado nas consciências e nas contas bancárias. E o homem passando por cima da vida para ter direito a conforto, a luxo, e no meu modo de ver, isto é a degradação do ser humano.

5 - Em 23/04/1987, o deputado Luiz Soyer (PMDB-GO) apresenta a Sugestão 1717 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), pela qual defende ser necessária a participação das Forças Armadas para evitar que a toxicomania se alastre pelo Brasil (DANC, 08/05/1987, Supl. 56: 293):

A toxicomania vem se ampliando no País, transformadas suas principais metrópoles em centros de processamento das diversas substâncias que criam mortais psicodependências. Por mais eficiente que venha sendo a ação da Polícia Federal e das Delegacias de Tóxicos nos diversos Estados, a cada ano se amplia a atuação dos vendedores das drogas, multiplicando- se as conexões para o exterior, por via marítima, aérea e terrestre.

Somente a participação mais ampla das Forças Armadas evitará que a toxicomania continue a alastrar-se no País.

6 - Em 05/05/1987, o deputado Tadeu França (PMDB-PR), na Subcomissão da Educação, Cultura e Esportes, também salienta a relação entre drogas e capitalismo (DANC, 18/07/1987, Supl. 97:183): “E nesse enfoque que estamos dando, vejo, ao lado das drogas e dos tóxicos, a absoluta licenciosidade como uma das formas exatamente a serviço do capitalismo, a serviço da alienação do nosso jovem”.

7 - O deputado José Carlos Greco (PMDB-SP), na justificação da Sugestão 4104 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), defende que o governo combata o tóxico por ser causa de marginalização e prática de delitos, principalmente nos grandes centros (DANC, 16/05/1987, Supl. 61: 45):

O problema do tóxico é internacional, atinge as grandes e pequenas nações. No entanto, mister se toma, na medida do possível, combater tal flagelo, sob pena de os jovens de hoje serem os marginalizados de amanhã [...]

O Estado deve voltar sua atenção aos fatos que marcaram uma verdadeira tragédia, principalmente grandes centros, quando milhares de delitos são cometidos, e que seriam evitados se não fossem o álcool e as drogas.

8 - Em 05/05/1987, o deputado José Lins (PFL-CE) na Sugestão 4792 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), na Emenda Aditiva 16234-3, apresentada em 13/08/1987 no Plenário (Etapa Comissão de Sistematização: Fase M), considera a generalização do vício nas drogas causa de abalo na estabilidade social e na segurança nacional (DANC, 16/05/1987, Supl. 61: 244):

O número de viciados em drogas e o comércio clandestino de tóxicos representa hoje um dos mais graves problemas que malsinam a juventude em todo o mundo. A própria estabilidade social e a segurança nacional tendem a ser abaladas pela generalização do vício, que põe em cheque, cada vez com mais ousadia, a nossa mocidade. O problema merece, pois, a atenção dos constituintes.

9 - O deputado Fausto Rocha (PFL-SP), na Sugestão 9209 (Etapa Preliminar: Fase Sugestões), na Emenda Aditiva 8833-4, apresentada em 13/08/1987, no Plenário (Etapa Comissão de Sistematização: Fase M), defende o banimento do país como pena mínima para o traficante de drogas (DANC, 29/05/1987, Supl. 68: 98):

Só o banimento dos traficantes poderá significar efetivo combate à expansão do tóxico entre nós, que já atingiu índices alarmantes de degeneração humana, da família e da sociedade.

Locupletar-se, inoculando o vício nos jovens e crianças, é agir contra todas as leis naturais, morais, éticas e jurídicas.

10 - Em 06/05/1987, o delegado Romeu Tuma, Diretor-Geral da Polícia Federal, na Subcomissão de Defesa do Estado, da Sociedade e de sua Segurança, ressalta a presença de crianças no uso e tráfico de drogas em razão da impunidade (DANC, 24/07/1987, Supl. 103: 82 e 85):

Levanto, aqui, um problema muito sério, enfrentado não só pela Polícia Federal, como por outras policias o caso de menores, não só na atividade do tráfico de entorpecentes. Hoje, há vários alertas, a própria imprensa tem veiculado, crianças de 9 anos, 10 anos, no uso da droga e servindo praticamente de pombos-correios na entrega da droga, pela impunidade. Há necessidade de se tratar do aspecto do menor infrator numa polícia especializada, dentro de critérios especiais, porque, infelizmente, o primeiro contato do menor infrator é com a polícia e muitas das policias estaduais são despreparadas para esse tipo de atividade [...]

Hoje, com grande tristeza, vemos que os traficantes do crime organizado tentam instalar-se em nosso Território, para o refino da droga, a fim de facilitar o seu trabalho e a sua exportação...

11 - Em 14/05/1987, o deputado José Viana (PMDB-RO), na Subcomissão dos Direitos e Garantis Individuais, discorre sobre a infiltração de traficantes de drogas nas escolas (DANC, 24/06/1987, Supl. 82: 41):

Sr. Presidente, outro crime que se vem alastrando em nosso País é o tráfico de drogas. Poderíamos inserí-lo também no anteprojeto, pois os traficantes de droga se infiltram nas escolas, e centenas de milhares de famílias sofrem com essa situação. No meu Estado, por exemplo, Rondônia, na fronteira com a Bolívia, estamos passando por difícil situação, eis que o traficante de drogas espalha a droga em toda a região, criando graves problemas para as famílias. Gostaria, então, que também nos referíssemos ao tráfico de drogas, juntamente com os demais crimes.

12 - No mesmo evento, o deputado Ubiratan Spinelli (PDS-MT) afirma a necessidade de fixar regras mais rígidas sobre o tráfico de drogas na Constituição para balizar a legislação penal, por debilitar a juventude (DANC, 24/06/1987, Supl. 82: 41):

Quanto ao problema das drogas, estamos de acordo com o Constituinte José Viana, nosso colega de Rondônia, quando diz que o tráfico de drogas é um crime que prolifera cada vez mais, acabando com nossa juventude. É um crime hediondo, tanto quanto o sequestro seguido de morte, pois debilita e acaba com o embrião de nossa sociedade. Minha cidade, Cuiabá, por exemplo, que era só passagem de tóxicos, hoje é centro consumidor, assim como Brasília e quase todo o País. O Sr. Presidente diz que não estamos aqui para elaborar o Código Penal, mas penso que se não fixarmos regras rígidas na Constituição, o Código Penal passará por cima de muita coisa,

posto que se baseará na Lei Maior. Entretanto, o Código Penal e as leis ordinárias deveriam tratar do assunto. Trata-se de algo muito amplo, realmente, e, como já conversamos aqui, a Constituição deve ser sucinta e objetiva. Mas poderíamos inserir no parágrafo primeiro, que trata da pena de morte, bem como da legislação aplicável em caso de guerra externa e da prisão perpétua, alguma coisa referente aos traficantes de drogas [...] Acho importante fazer referência à questão da droga; do contrário, o Código Penal poderá passar ao largo. Será mais eficaz incluirmos esse crime na Constituição. Concordo plenamente com o nobre colega que sugere sua inclusão no artigo que se refere ao aborto, pois o tráfico de drogas é um crime horrendo, que se alastra pelo País e, portanto, precisa ser combatido.

13 – Para o deputado Darcy Pozza (PDS-RS) o crime de tráfico de drogas se equivale a pratica da tortura (DANC, 24/06/1987, Supl. 82: 51):

Trata-se do direito do cidadão, do indivíduo à integridade física e mental a uma existência digna. O crime de tortura fere esses princípios, e o tráfico de drogas, no nosso entendimento, também. Digo mais: é um crime tão horrendo que, hoje, além de ferir a vida ― em muitos casos os contraventores matam ― é um caso específico de enriquecimento ilícito. Parece-me que um crime desses, no mínimo, tem de ser inafiançável, inanistiável, imprescritível, restrito à sua liberdade condicional, à suspensão da pena. A lei, evidentemente, definirá isso. A mim me parece um crime.

14 - Em 18/05/1987, o deputado Eliel Rodrigues (PMDB-PA) ressalta a nocividade do traficante e principalmente do fabricante de drogas (DANC, 24/06/1987, Supl. 82: 63):

A justificação da nossa emenda aditiva é que não constituem crime menor do que os enunciados no item objeto de alteração os crimes de assalto à mão armada, os de mando e a produção de drogas, porquanto se tratam de crimes hediondos, especialmente os relativos a tóxicos, que estão afetando as gerações futuras. Os jovens são as vítimas por excelência desses criminosos. A punição, tanto para quem produz ― e aqui vai a produção em todo o seu aspecto, tanto na natureza, como a plantação de drogas, quanto o fabrico químico ― como para quem trafica, deve ter o maior rigor possível. A fabricação alimenta o tráfico, sendo, portanto, atividades complementares. O traficante pode, inclusive, estar a serviço e ser um agente menos pernicioso à sociedade do que o fabricante. Convém ter-se em mente, inclusive, que a fabricação é um processo mais complexo, envolvendo um nível de conhecimento e determinação criminosa superior ao tráfico.

Porquanto, ambos merecem a nossa repulsa.

15 - Em 19/05/1987, o deputado Narciso Mendes (PDS-AC), também na Subcomissão dos Direitos e Garantis Individuais, sustenta que o crime de tráfico de drogas é a origem dos demais (DANC, 25/06/1987, Supl. 83: 28):

Para mim, um dos crimes mais hediondos e cruéis ― e a origem de todos os outros ― é o tráfico de drogas. Se não apenarmos, da forma mais violenta, o tráfico de drogas, não debelaremos os demais crimes No meu

Estado, por exemplo, que hoje se constitui no corredor de entrada de 90% (noventa por cento) do tráfico de drogas no Brasil, já foi flagrado traficante que conduzia trezentos quilos de cocaína. Dentro de trezentos quilos de cocaína estão embutidos mais de mil assaltos à mão armada, mas de mil estupros, mais de mil assassinatos e toda sorte de crimes. Se existe um crime para o qual eu teria a coragem de defender publicamente a pena de morte, este é tráfico de drogas. Para o elemento que é flagrado com trezentos quilos de drogas não existe a justificativa do vício. Para mim, o viciado é aquele flagrado com cem, duzentos gramas de cocaína, mas não com trezentos quilos da droga, como já ocorreu no aeroporto do meu Estado.

16 - Em 27/05/1987, o deputado Costa Ferreira (PFL-MA), na Comissão de Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher, defende que a não proibição das drogas seria um atentado contra o desenvolvimento do país e à segurança nacional (DANC, 17/06/1987, Supl. 78: 13):

Pasma-nos ver certos Constituintes ou alguns Relatores manifestarem-se, com relação às drogas, defendendo a tese de que não se deveria proibi-las, porque cada qual dever usar o que quer. Parece-me que isso é até um atentado contra a segurança nacional. Essa é uma palavra que muita gente nem gosta de ouvir, mas precisamos manter os padrões de desenvolvimento de nosso País dentro de uma ética, dentro de uma moral, a fim de que não sejamos uma Nação completamente deturpada e desmoralizada, onde os nossos filhos possam ser completamente destruídos pelo tráfico de drogas, que o mundo inteiro condena. Não poderíamos deixar que isso constasse da nossa legislação maior sem nosso protesto.

17 - Em 09/06/1987, o deputado Darcy Pozza (PDS-RS), na justificativa da Emenda 99-6, na Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher62 (Etapa Comissão Temática: Fase G), afirma que a maioria dos crimes “odiendos” são cometidos sob efeito de alucinógenos:

Nossa intenção, com a emenda, é arrolar, ao lado da tortura, a produção e tráfico de tóxicos, como crimes inafiançáveis e insusceptíveis de anistia, substituição ou suspensão da pena, ou livramento condicional, ou prescrição.

A juventude brasileira é a que mais sofre as consequências danosas dos seus efeitos.

Por outro lado, é sabido que a maioria dos crimes odiendos são praticados sob efeito de alucinógenos.

62V. 67, p. 24. Disponível em:

https://www.camara.leg.br/internet/constituicao20anos/DocumentosAvulsos/vol-67.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.

18 - Em 04/09/1987, o deputado José Carlos Martinez (PMDB-PR), najustificativa da Emenda 31659-1, oferecida em plenário ao substitutivo do relator63 (Etapa Comissão de Sistematização: Fase O), sustenta que é preciso mais rigidez na legislação contra o traficante de drogas por ele causar mal à juventude:

A legislação atual, num verdadeiro descalabro, admite a prisão de um indivíduo envolvido no tráfico de entorpecentes e a sua soltura ocorre quase que em ato contínuo.

É preciso uma maior rigidez para coibir tais elementos que tantos males têm causado a sociedade, em especial aos jovens.

19 - Em 06/01/1988, o deputado Carlos Mosconi (PMDB-MG), na justificativa da Emenda 199-8, oferecida em plenário64, Projeto A (Fase S), defende que o crime de tráfico de drogas deve ser tratado com extremo rigor porque o traficante é um elemento perigoso, difusor do vício que degrada e despersonaliza, e o tráfico uma força de degeneração da espécie humana:

A alteração que propomos é apenas para incluir entre os crimes inafiançáveis e imprescritíveis o delito de tráfico de drogas.

O extremo rigor com que o legislador constituinte deve tratar esse tipo de crime é exatamente a resposta adequada ao grande mal causado pelo tráfico de drogas, que atua mesmo como força de degeneração da própria espécie humana.

O traficante é um elemento perigoso, pois é por seu intermédio que se dá a difusão do vício que degrada e despersonaliza. A sanção penal deve ser mais rigorosa para os traficantes que são a casa primeira de toda a degradação.

20 - Em 11/01/1988, o deputado José Elias Murad (PTB-MG), na Emenda 486-5, oferecida em plenário65, Projeto A (Fase S), sustenta que para diminuir a dependência é preciso endurecer a penalização do crime de tráfico:

Nossa intenção ao reformular a presente emenda, incluindo nela o crime de tráfico de drogas é justamente fazer ver que tal crime tem beneficiado marginais e traficantes que se aproveitam de um dos maiores dramas desse quartel de século: o abuso de drogas.

63V. 239, p. 125. Disponível em:

https://www.camara.leg.br/internet/constituicao20anos/DocumentosAvulsos/vol-239.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.

64V. 254, p. 78. Disponível em:

https://www.camara.leg.br/internet/constituicao20anos/DocumentosAvulsos/vol-254.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.

65 V. 254, p. 185. Disponível em:

https://www.camara.leg.br/internet/constituicao20anos/DocumentosAvulsos/vol-254.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.

Para diminuir essa dependência é necessário combater com firmeza a oferta das drogas e isso só poderá ser conseguido com uma penalização dura e inflexível aos traficantes.

Não se combate o abuso de drogas com benevolência e tolerância.

21 - Em 13/01/1988, o constituinte Geovah Amarante (PMDB-SC), na justificativa da Emenda 1074-1, oferecida em plenário66, Projeto A (Fase S), defende a inclusão da inafiançabilidade de crimes odientos como o tráfico de drogas na Constituição, para garantir a segurança do povo e a intimidação de sua prática:

Entre os chamados crimes odientos, acreditamos que o terrorismo, o tráfico de drogas e entorpecentes e o sequestro devam ser incluídos na Constituição, pois qualquer cidadão que venha a praticá-los devem ser inafiançáveis (sic).

Queremos garantir uma segurança maior para o povo em geral, bem como intimidar a prática de tais crimes.

22 - Em 13/01/1988, o deputado Virgílio Távora (PDS-CE), na justificativa da Emenda 1982-0, oferecida em plenário67, Projeto A (Fase S), entende que o crime de tráfico de drogas merece o mesmo tratamento dado a nível constitucional à prática de tortura, inclusive a imprescritibilidade:

Por entendermos que os crimes de sequestro, de tráfico de drogas e de terrorismo merecem o mesmo tratamento, a nível constitucional, que a prática de tortura, apresentamos esta emenda visando a sua inclusão na disposição normativa tipificadora da tortura como crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

23 - Em 27/01/1988, o deputado José Elias Murad (PTB-MG), na comunicação da Liderança, menciona o assassinato do Procurador-Geral da Colômbia por criminosos do narcotráfico e faz considerações sobre a relação das drogas com a corrupção, o contrabando de armas, o terrorismo e a AIDS (DANC, Nº 172, 28/01/1988: 6628):

Sr. Presidente, caros colegas Constituintes, em editorial do dia de hoje, o jornal Correio Braziliense publica um assunto da mais alta importância, que diz respeito à morte ― assassinado pelos criminosos do narcotráfico ― do Procurador-Geral do país nosso irmão, a vizinha Colômbia.

O referido editorial faz urna advertência relacionada com o problema das drogas, particularmente em países da América Latina, e da ousadia cada vez maior dos narcotraficantes. Mostra o seu relacionamento com três

66V. 255, p. 48. Disponível em:

https://www.camara.leg.br/internet/constituicao20anos/DocumentosAvulsos/vol-254.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.

67 V. 255, p. 380. Disponível em:

https://www.camara.leg.br/internet/constituicao20anos/DocumentosAvulsos/vol-254.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.

problemas vitais que afetam vários países: o primeiro deles, o contrabando de armas; o segundo, o terrorismo; e o terceiro, essa moléstia nova que