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Será possível conciliar o sistema de “Estados Nação” vigente e estratificado (centro-periferia pág 119) com um modelo supra Estado (Periferia-Centro-

humanos e chimpanzés (como se diz numa iz numa iz numa iz numa citação amplamente citada, os humanos

3.3. Será possível conciliar o sistema de “Estados Nação” vigente e estratificado (centro-periferia pág 119) com um modelo supra Estado (Periferia-Centro-

Periferia pág. 124)?

O principal é perceber-se que o neoliberalismo entrou em descrédito irremediável e a globalização selvagem, com as desigualdades a crescerem em flecha, dentro de cada Estado e entre os diversos Estados, tem de ser regulamentada, no plano mundial, pela ONU, se queremos fazer face aos desafios com que estamos confrontados. (Soares, 2008: 30)

Este polo regulador a nível macro definiria por sua vez as políticas e objetivos de sustentabilidade padrão e deveria ter em si delegado o poder de “violência simbólica” e de enquadramento da taxação da atividade económica (Anexo 42) e financeira sobre a generalidade dos estados. Estes, por sua vez, deveriam assumir a direção executiva destes organismos globais de forma rotativa e previamente planificada. Seria também necessário que os organismos intermédios que se situam entre o nível macro/global e o nível micro/local servissem de plataforma de transmissão de dados e pretensões locais (sentido ascendente), bem como de delegações regionais de implementação concertada de políticas emanadas da ONU (sentido descendente). Uma integração de forma transitória, onde as instituições político-administrativas existentes (UE, ASEAN, UA, MERCOSUL, Liga de Estados Árabes, Estados Nação...) se organizariam numa nova ordem, em que as soberanias tendem gradualmente a permeabilizar-se em função de objetivos e metas planetárias comuns, que referenciariam o campo de emancipação da iniciativa individual.

Justamente o que não acontece agora, sobretudo quando vemos estados isolados, ou federações regionais de estados a adotar políticas que assentam sobre a fundamentação e a sustentabilidade da economia mercantil interna, sem outras preocupações relativamente ao seu exterior. Ou mesmo que existindo, ignorando-as ou subvertendo-as numa ótica e dinâmica de mercado. Ou também quando presenciamos um diretório de potências económicas e militares constituindo o Conselho Permanente de Segurança da ONU, onde nesse filtro ficam retidas as boas vontades que não se coadunem com os interesses internos destes intervenientes. Ou ainda quando vemos estados (do Conselho Permanente da ONU) rejeitarem unilateralmente a adesão a protocolos globais de redução de gases poluentes ou a integração do Tribunal Penal Internacional.

Numa solução globutópica, a soberania dos estados descenderia da exequibilidade da soberania Universal, passando a ser uma soberania delegada. Deixariam de existir

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assimetrias militares uma vez que o poderio militar seria reduzido e controlado pela ONU sendo que os estados locais apenas disporiam de poder militar de policiamento e manutenção da ordem interna. O controlo do poder militar pesado por parte da ONU serviria para assegurar a manutenção da ordem e da paz em eventuais conflitos interestados, sempre numa ótica equilibrada de moderação. O aspeto mais positivo talvez seja o facto de ao perder-se a ameaça do exterior, se abandonar a pretensão de produzir e armazenar armamento, sobretudo nuclear, químico e biológico.

O espaço exterior físico é hoje apenas o universo, mas na ótica política destes blocos regionais, o espaço exterior significa ainda a oportunidade de garantir a supremacia interna face aos outros blocos. Esta perspetiva de conceber a realidade atual, corre o risco de fazer colapsar de forma irremediável a condição humana enquanto espécie, numa perspetiva ecológica. Pelos dados anteriormente apresentados, nomeadamente em aspetos ambientais e sociais, parece-nos urgente uma reflexão global que sensibilize os estados centrais a uma cedência responsável, que não apenas assegure a sobrevivência das margens, mas também a sua própria sobrevivência (Anexos 43, 17, 25).

Enquanto os estados centrais não entenderem a causa humana como uma condição unificadora e universal e participarem de uma solução global pós-vestefaliana, responsável e plural, de orientação mais externa e abrangente que interna, os organismos internacionais como a ONU e os Objetivos do Milénio continuarão a representar a fragilidade e volatilidade coletiva para contrariar as verdades inconvenientes para a população humana.

Olhar-se o interior a partir do exterior é em qualquer circunstância sinónimo de elevação da nossa autoimagem.

A importância fulcral de todo o sistema terá portanto, que residir na sua conceção plural e participada e na sua ação transparente. A rotatividade da totalidade dos membros do Conselho de Segurança da ONU e o fim do direito de veto, por parte destas cinco potências mundiais (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China) poderia ser um

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ingrediente fundamental77 no sentido da universalidade na defesa de princípios e objetivos globais. Seria também fundamental a definição de critérios e índices de sobrevivência Universais em função do IDH e IPG (Anexo 21), cabendo à ONU (renovada) a taxação dos lucros empresariais e a consequente redistribuição equitativa da riqueza em função dos efetivos populacionais, ponderados com os recursos existentes em cada local, em ciclos de tempo pré-determinados (Anexo 44). A reorientação da economia global com base nestes pressupostos, daria ênfase à formação de um bloco de intervenientes estatais que emergindo das margens, constituiriam uma fação progressivamente mais forte e concorrente do sistema neoliberal atual.

No fundo esta instituição renovada teria como finalidade primordial velar pelo equilíbrio e harmonização Universal, tentando diminuir as assimetrias e os subalternalismos hierárquicos e humanitários. Seria fundamental que tal como hoje, temos o dever de conhecer a Lei da Constituição Nacional, conhecêssemos e nos vinculássemos à Lei da constituição Universal. Como afirmamos anteriormente, nela deveriam constar os referenciais mínimos em termos de direitos e deveres universais, deixando porém espaço à autonomia local no que concerne a modalidades de aplicação decorrentes de particularidades geográficas, desde que consonante com os princípios Universais78.

Existem em nosso entender duas possibilidades: permitir que os estados locais se desvaneçam até ao ponto em que a política formal se funde com o mercado e a dinâmica

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“Zahir Tanin [Representante Permanente do Afeganistão e Presidente das negociações intergovernamentais sobre a reforma do Conselho de Segurança] afirmou que a sua presença perante os meios de comunicação social refletia a vontade de as partes no processo de negociação sobre a questão de uma representação equitativa no Conselho de Segurança e o aumento dos membros deste órgão manterem o público informado, “tão regularmente quanto possível”, sobre o estado dos debates que, no essencial, têm decorrido em privado. Declarou que, com a adoção, em setembro passado, da resolução 62/557 da Assembleia Geral, “se passara alguma coisa”. “Foi um fator de aceleração de uma reforma discutida há mais de 15 anos”, disse. O Representante Permanente do Afeganistão referiu também que a aplicação dessa resolução, que qualificou de “pacto tácito”, era uma prioridade do Presidente da Assembleia Geral, Miguel d’Escoto. Os cinco pontos principais do texto que devem ser examinados são a categoria dos membros do Conselho de Segurança, a questão do veto, a composição do Conselho, os seus métodos de trabalho e as relações entre o Conselho e a Assembleia Geral. (…) Zahir Tanin concluiu a sua conferência de imprensa sublinhando que, nesta fase, o sentimento partilhado pelos estados-membros era que o Conselho de Segurança deveria tornar-se uma instituição capaz de responder aos desafios no domínio da paz e da segurança, num mundo multipolar “que pouco tem que ver com o do pós-guerra” (UNRIC, 2009b). Comunicado de imprensa do Departamento de Informação Pública da ONU).

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Vemos que na reedição das obras alguns autores, como é o caso de Sociologia de Anthony Giddens, da 2º edição (2000) para a 5ª edição (2007), surgem novas temáticas, nesta última, como sendo temas relacionados com a “Governação global” ou a “Justiça global” (p. 72-76). O que de certa forma corrobora a sensação crescente da transnacionalização das dinâmicas e apreensões sociais deste início de século.

“A globalização está a produzir riscos, desafios e desigualdades que atravessam fronteiras nacionais e diminuem a capacidade das estruturas existentes. Em virtude de os governos não estarem preparados para, sozinhos lidarem com estas questões tradicionais, há necessidade de novas formas de governação global, para lidar com os problemas mundiais de forma global. Reafirmar a nossa vontade no mundo social em rápida mudança pode constituir o maior desafio do século XXI” (Giddens, 2007: 76).

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económica, agudizando a competição neoliberal de forma anárquica e unidirecional (centro-periferia pág. 119); ou então antecipa-se esse fatalismo, definindo/limitando o campo onde o desconhecido e indomável mercado tem de operar (periferia-centro-periferia pág. 124).

Para que esta segunda possibilidade se afigure como possível e não apenas uma medida paliativa é necessário agir em termos concretos, envolvendo a comunidade global em torno dos problemas comuns que afetam a humanidade (ambiente, desigualdade de acesso a bens e serviços). Esta opção que pretende definir os limites em termos globais exigiria, por isso, a tentativa de um consenso político e cultural e deveria consubstanciar-se no fortalecimento do poder regulador de um organismo internacional. A Organização das Nações Unidas parecem reunir as características necessárias a este modelo; contudo, seria necessário reconfigurar os seus órgãos representativos e executivos por forma a dotar o exercício do poder e a tomada de decisão de um caráter credível, pluralista e rotativo.

The head of the UNGA did not think that the United Nations is being marginalised by the G20 process. But we are absolutely convinced that the only credible enabled group to bring about the necessary reforms for the 21st century is the G192, that is to say, the entire membership of the United Nations. (TWN/SNUS, 2009: 1)

It is time to end the G8 charade once and for all. This means going beyond the G20 to a new programme of action and a democratic forum in which to debate the future of our world. In place of the G8 and G20, we need a radical plan for the global economy drawn up and backed by the full membership of the United Nations. Neither the G8 nor G20, but the G192. (Hilary, 2009: para. 11)

No fundo, pretende-se um sistema em que fosse possível a qualquer indivíduo, em qualquer local, poder movimentar-se livremente pelos trilhos da informação, do conhecimento, da Cultura, da política e da economia como um agente informado e interventivo. Um Eu autotélico livre e responsável que se define e se redefine a si pela liberdade e responsabilidade que reconhece aos outros – Multi-individualidade partilhada/Multi-individualidade coletiva.

Este exercício, mais que uma revolução clama por uma evolução. Uma evolução em que os pressupostos da providência possam ser reequacionados.

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3.4. Estado, sociedade & providência: Das redes solidárias à solidariedade em