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Mecanização da orgânica social

UM MUNDO DE LUZ

INGLATERRA Alimentada a carvão,

Londres tornou-se a maior cidade do mundo durante a revolução industrial, ponto de partida para o aumento da população da Terra. Os países ricos consomem um volume superior de recursos per capita, mas à medida que o rendimento global aumenta, o consumo poderá exercer maior pressão sobre o planeta. (ibidem : 5)

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Esta discussão sobre a pressão demográfica humana, foi levantada desde o momento do “alarmismo populacional”, pelo reverendo Thomas Malthus. No final do seu livro, ao formular a lei inflexível segundo a qual o crescimento descontrolado da população conduz à fome, Malthus disse que a lei é positiva: obriga-nos a ter iniciativa. O homem é “inerte, preguiçoso e avesso ao trabalho, excepto quando impelido pela necessidade”, escreveu Malthus. “Mas a necessidade dá esperança.”

Lê-se ainda no seu ensaio:

Os esforços considerados necessários pelos homens para se sustentarem a si mesmos ou às suas famílias despertam frequentemente aptidões que, de outra forma, poderiam permanecer adormecidas para sempre, e tem sido geralmente observado que situações novas e extraordinárias costumam gerar mentes adaptadas para lidar com as dificuldades em que se veem envolvidas. (Kunzig, 2011: 30-31)

A capacidade adaptativa e inventiva do Homem tem permitido uma evolução em espiral sobre um planeta sobre o qual foi intervindo a níveis progressivamente mais intensos.

As projeções de evolução da população mundial, preveem um aumento gradual da população. Ainda que tratando-se apenas de projeções, que não contemplam os inúmeros imponderáveis que se lhe poderão opor, uma primeira questão que se nos coloca, tomando como referência a pressão demográfica atual sobre os recursos existentes é: Que sistema sociopolítico se perspetiva para as próximas gerações?

As convulsões emergentes de uma distribuição assimétrica do acesso aos recursos, numa primeira fase, ou uma generalizada escassez concebida numa plataforma de previsão democrática, remetem-nos a uma análise dos efetivos comportáveis, em termos de padrões de consumo, pela Terra enquanto organismo vivo110.

A urgência emergente, não parece residir na curiosidade de saber-se qual o limite máximo de habitantes serão possíveis de existir. Talvez a prioridade seja saber-se quanto tempo mais será possível encararmos o planeta como um recurso inesgotável.

A exigência que se nos coloca enquanto sociedade global é hoje um desafio à capacidade de gestão partilhada, que viabilize uma perspetiva participada por um crescente número de habitantes (Anexo 59). Existe um caminho a percorrer no sentido da dissolução dos egoísmos locais em prol de uma emergente capacidade emancipatória/regulatória

110

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global. É necessário ponderar a equação em que o estado e a comunidade consigam desenhar uma economia de subsistência, um género de ecossocialismo.

Os atritos decorrentes da escassez, motivada por um aumento do consumo, antecipam também um aumento das lutas pelo acesso aos bens essenciais.

Resta saber se o mundo caminhará para um modelo de regulação onde os cidadãos são impelidos a partilhar e estruturar modelos de sociedade, onde os esforços e vantagens constituem direitos/deveres universais, ou se por sua vez vinga o fatalismo eugénico, passível de caricaturar-se num simples quadrado em que dois galos se degladiam até que o mais apto vença. Chegaremos próximo de situações em que elites dirigentes omissas (Anexo 60) assinalam a sorte dos que deverão ser sacrificados a fim de manter inexpugnáveis as regalias de uns quantos outros?

Sem pretendermos entrar no domínio da profecia, acreditamos que a humanidade enfrenta desafios crescentes em que já não é admissível a retórica ornamental e ficcional dos direitos humanos e da ecologia. O conceito de sustentabilidade começa a ecoar e a rebater nos 7 000 000 000 de habitantes do planeta. Esta comunidade não espera ser regulada pelo acaso do quadrado de galos (capitalismo – alguns de nós). Espera-se que nós comunidade/estado, sejamos capazes de desenhar um “nós economia”, um “nós circular” em torno de um planeta físico finito.

Todas as soluções, por mais adversas aos princípios que hoje consideramos elementares, serão legítimas se os estratos que nos distanciam, se nivelarem a uma visão equidistante do seu semelhante e destes com o planeta.

Bem sabemos que tal perspetiva nos coloca, também, no comodismo da circularidade do cardápio das boas intenções111. Mas também sabemos, a um ritmo cada vez mais insuperável, que as alternativas de drible egocêntrico estão condenados à censura.

A censura emergente e aquilatada do nosso passado comum.

4.4. Investindo

No ano 2012 os Estados Unidos da América verificaram um total de cerca de 682 000 000 000 dólares de despesa com o setor militar (Freeman, Sköns, Solmirano, & Wilandh, 2013). Por sua vez o orçamento global da ONU para o biénio 2012-2013 prevê o valor total de

5 152 299 600

dólares (UN, 2012).

111

Planificação de políticas de distribuição no acesso ao trabalho e ao tempo livre, de políticas de planeamento familiar, de políticas de acesso aos recursos, bens e serviços...

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The UN’s entire budget is just a tiny fraction of the world’s military expenditure, approximately 1.8% (…) One year of global military spending could pay the United Nations budget for 732 years (United National Secretary-General, 2010).

In 1970, rich countries of the OECD agreed at the United Nations (Resolution 2626) to give 0.7% of their GNP (now GNI) as aid to the developing countries.

(…) Although rich countries have given an enormous $3.19 trillion dollars in aid since 1970, the accumulated total shortfall in their aid since 1970 (when the target of 0.7% was set) amounts to $4.37 trillion (at 2010 prices).

(Anexo 61)

Este cenário é sobretudo revelador de como a definição de prioridades em termos globais se processa numa dinâmica autocentrada de diferentes autores e diferentes atores.

Gráfico 14. Global Distribution of Military

Expenditure in 2010 (Shah, 2012b)

Gráfico 16. Official Aid, 1990 – 2011 (P.A.P.

– Blog /Human Rights etc., 2013)

Gráfico 15. Official Develepment Assistace 2012.

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Deixa no entanto antever que, uma reorientação de estratégias e prioridades poderão melhor defender os interesses e ambições das futuras gerações.

A muitos níveis somos prisioneiros das nossas estruturas orgânicas e continuamos divididos entre o nosso estado e as nossas aspirações. Há demasiados laços a ligarem-nos ainda à animalidade. Deixamo-nos guiar pelo egoísmo, quando o futuro se situa numa obra universal. Continuamos frequentemente a ser escravos das paixões e a nossa razão apaga-se perante os instintos. Queremos acumular os bens materiais, em vez de nos consagrarmos à partilha e à criação. Tal como o animal, procuramos desesperadamente prolongar a nossa vida, quando a imortalidade reside no contributo, mesmo que modesto, fornecido por cada um à obra colectiva que faz as civilizações. (Ruffié, 1982: 137)

Se a trilogia comunidade, estado e mercado porventura continuar a não parecer bastar-se nos limites da espécie humana, releiamo-la sob uma outra trilogia e certamente, sobre ela, todas as combinações se basta

Figura 21. Pensar/Educar/Partilhar

4.5. Gerindo

…se o objetivo da ciência é vencer a natureza, não é menos verdade que só poderemos vencê-la, obedecendo-lhe. (Bacon, cit. in Santos, 1987: 49)

No Homem, nenhuma outra qualidade é tão influenciada pelo meio como o perfil e a actividade psicológica. Daí a grande responsabilidade da sociedade (família, escola, Estado) na formação e desenvolvimento dos jovens. (Ruffié, 1982: 30)

Pensar

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Mas será a globalização um processo monolítico, conduzido por um só motor?

“Uma revisão sobre os estudos sobre os processos de globalização mostra-nos que estamos perante um fenómeno multifacetado com dimensões económicas, sociais, políticas, culturais, religiosas e jurídicas interligadas de modo complexo. Por esta razão, as explicações mono-causais e as interpretações monolíticas deste fenómeno parecem pouco adequadas. (Santos, 2002a: 32)

Ainda assim, de acordo com a linha de argumentação que vimos apresentando, apresentamos em seguida uma síntese de esquemas/imagens complementados com informações textuais no sentido de exprimir, quer a evolução e perceção do conceito local/global, quer as possibilidades de gestão social possíveis de empreender.

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Regressão Progressiva

(globalização inconsciente)

Progressão Regressiva

(globalização consciente)

Figura 22. Regressão Progressiva/Progressão

Regressiva

Formas de globalização (Santos, 2002a: 31-98) (ver nota 94)

Património Comum da Humanidade Cosmopolitismo

Globalismos Localizados Localismos Globalizados

A configuração destes esquemas tenta ilustrar o percurso da globalização.

No primeiro esquema tentamos apresentar a Humanidade numa demanda pelo planeta tentando conhecer o horizonte para além do seu locus identitário (regressão progressiva da condição meramente acidental do ser biológico numa perspetiva darwinista). A linha a tracejado representa o espaço desconhecido onde o globalismo não vai além dos limites da tribo e os localismos se afirmam como globalidade na perspetiva dos indivíduos/ grupos locais. Uma visão parcelar e distorcida de uma realidade latente mas potencialmente real (na medida em que o espaço global existia de facto ainda que não conhecido). A disseminação planetária do género humano ainda que gradual era também uma realidade ainda que percecionada na proporção dos encontros e reencontros utilitários de prospeção e gestão da vida. Os conceitos representados, ainda que insipientes à data, representam a homenagem à capacidade de o ser humano conseguir ao longo da história da sua existência simultaneamente aprender e educar. E com isso progressivamente conseguir um registo Cultural mais estruturado e refletido na condição plural de cada indivíduo.

O segundo estádio começa a desenhar-se por altura daquela a que o historiador inglês Arnold Toynbee chamou Era Gâmica (do nome de Vasco da Gama) (Vicente, 2010: 11) e desenvolveu-se até à atualidade. Por esta altura com a crescente consciencialização dos limites do espaço global e de uma intensificação da aculturação entre os diferentes locais e civilizações começa a emergir a perceção do mundo como um lugar único. A linha circular contínua pretende dar conta desta circunscrição. Aqui inicia-se um percurso de sentido contrário, ou seja, à medida que as sociedades vão identificando traços de identidade global comuns emerge a busca do sentido e do perfil do indivíduo e do seu posicionamento neste contexto universalista. O último esquema dá conta de uma situação, para alguns já consolidada, em que as várias dimensões globais e locais perpassam o(s) indivíduo(s). A individualidade socialmente permeável e exógena torna-se assim a unidade elementar de leitura e escrita do conceito dinâmico de globalização e universalismo através de mecanismos de confronto e parceria, através dos quais emerge uma nova identidade – Self global.

Ainda que estas dinâmicas não se tenham processado em termos de reciprocidade e proporcionalidade, nestas representações procuramos aludir sobretudo, a um processo gradual de contração do espaço físico e social como background à emergência de uma identidade e cidadania Universal enquanto património comum.

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“Uns chamam-lhe Deus, outros chamam-lhe Yeovah, outros Allah, outros Brahman, outros Dharmakaya, outros Tao (…) Nós os cientistas, chamamos-lhe universo. Diferentes nomes, diferentes atributos, a mesma essência” (Santos, 2006: 517).

(Anexo 62)

A Natureza é a guardiã do tempo mas nós não conseguimos ver o relógio. (Brown, L., 2009: xiv) (trad.)

“Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, aquele que é e que era, e que há de vir, o Todo Poderoso.”

Apocalipse, I, 8 “Quem tem ouvidos,

ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer,

dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do

paraíso de Deus.”

Apocalipse, 2, 7 112

Figura 23. Indivíduo local/global113

112

Tradução Brasileira da Bíblia/Apocalipse (2009).

113

Esta imagem é uma composição que tenta conciliar as teses de gestão local/global apresentadas na pág. 119 deste texto em harmonia com o princípio do “eu autotélico” apresentado na pág. 83; acreditamos que a imagem desenhada por Leonardo da Vinci “Homem de Vitrúvio”, hoje, tal como na sua época representa a proporção, o experimentalismo, o humanismo e o antropocentrismo (O Homem como medida de todas as coisas).

Famoso arquiteto do tempo do imperador romano Augusto César (Séc. I a. c.), Marcius Vitruvius Pollio deixou também obra escrita que ainda hoje merece a atenção dos estudiosos. É autor de De Architectura (tratado completo sobre a Arquitetura) e também pioneiro no estudo da antropometria na qual Leonardo da Vinci (com conhecimentos que partilhou com Luca Pacioli (1445-1517) se baseou para elaborar o seu desenho. Antes e após Leonardo fizeram-se tentativas semelhantes no sentido de inscrever a figura humana em figuras geométricas, mas nenhuma de forma tão harmoniosa e coerente. Atualmente a imagem faz parte da coleção da Gallerie dell'Accademia em Veneza, Itália.

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Esta imagem foi produzida em 1492 por Leonardo da Vinci. O caráter universalista é-lhe atribuído pela inscrição simultânea da figura desnuda do corpo humano masculino114 num quadrado e um círculo. O quadrado representa a dimensão terrena da matéria e os quatro elementos (Água, Terra, Fogo e Ar). O círculo por sua vez representa a plenitude e harmonia, a esfera celeste e a órbita do planeta. A circunferência representa também o ideal democrático e a equidade em que todos os pontos se encontram à mesma distância do centro. Para além do óbvio nesta imagem, existem também outras leituras, que esta nos sugere. É surpreendente, por exemplo, perceber como o desenho já induzia um novo círculo: os dedos médios dos braços horizontais definem este círculo, do mesmo modo que os dedos médios dos braços esticados para cima definem o círculo maior. É de realçar que a área do quadrado original mede aproximadamente 153.9cm² e a área do círculo associado mede 153.9cm². (Reis, L., 2002) Existem ainda outras posições que advogam a existência, nesta figura, de uma dimensão matemática em que se encontram a divina proporção, o número de ouro – Phi, existente em outras estruturas naturais (Colégio Leonardo da Vinci, s.d.). Nós procuramos manter-nos um pouco à margem da abordagem puramente geométrica, inspirando-nos no entanto nelas para enquadrar o correlato das dimensões racional e biológica da condição humana na relação com o meio115.

Assim tendo como ponto de partida o par círculo (original) – quadrado (associado) onde não existe equivalência absoluta de área (176.7cm²-176.9cm²) se privilegiarmos uma deslocação/compressão lateral/horizontal contrária, de dois círculos sobrepostos sobre o círculo original procurando uma sugestão de coincidência com o par círculo (associado) – quadrado (original) e a sua equivalência perfeita em termos de área (153.9cm²-153.9cm²), sugerindo os limites do círculo associado conseguimos um espaço de mediação entre as dimensões da equivalência absoluta e da não equivalência (Anexo 65).

Pretende-se desta forma ilustrar e sublinhar, não apenas o “acidente” (não coincidência) visível na imagem, com a coincidência (inscrita mas não evidente).

Neste intermédio buscamos uma representação capaz de traduzir a possibilidade de gestão das pulsões da economia neoliberal através de um equilíbrio racional mediador, delimitado por uma equidistância entre os princípios ponderados e articulados do estado e da comunidade. Por outro lado, assinalamos a perspetiva de que o equilíbrio externo

114

Na problemática que desenvolvemos esta imagem representa sobre tudo o indivíduo, sem qualquer relevância específica quanto a uma distinção em termos de género.

115

Não existe qualquer relação de proporcionalidade real ou exata, testada e verificada sobre as analogias e correspondências que, no domínio social, aqui apresentamos. Tão só nos servimos, desta imagem e das suas aptidões espaciais, estéticas e artísticas para orientarmos a nossa linha de argumentação e ponderação dos factos descritos. O mesmo sucede com as imagens do anexo 65 e apêndice 19.

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(universal) e interno (local) simbolizado pelo círculo original e as figuras emergentes resultantes da deslocação/compressão lateral/horizontal contrária supracitada, realça a existência de um espaço intermédio entre uma “dinâmica ideológica” de esquerda e de direita onde acreditamos, se possa traduzir a regulação estável da dinâmica social/individual.

Se atendermos ainda à definição de vértice e de aresta, constatamos que o vértice de um cone na interceção com geratrizes, nos mostra como um ponto numa face curva assume o estatuto de individualidade e evidência. No entanto essa valia apenas adquire relevância se associada a outros dois pontos alas confinantes. Assim, numa circunferência cada ponto que a constitui está numa posição de potencialmente definir um ângulo diedro. Curioso mesmo é o facto de os pontos que definem a relevância deste, sobre si mesmos, serem simultaneamente pontos singulares de definição da estrutura. Impera entre todos os pontos uma relação de equilíbrio e equidistância a um centro. Transpondo este princípio para o domínio social, também todo o sujeito, em democracia é um potencial líder da estrutura, ainda que a sua liderança seja reconhecida apenas na proporção do reconhecimento dos seus pares.

É sobretudo importante, nesta iconização, o sentido universalista e antropocêntrico; este aspeto é em nosso entender, nos tempos atuais, uma condição de pluralismo e consenso necessário (o equilíbrio). Este aspeto é referenciado na forma, como o Eu autotélico (individual/Universal) possui o potencial para gerir e reformular as três dimensões do modelo da modernidade (Política-Estado/Economia-Mercado/Cultura- Comunidade) segundo a transição esquemática das pág. 52, 119, 124 e 140. Não se trata aqui de trazer à evidência uma constatação geométrica e matemática de leitura da condição humana, mas uma evidência da condição humana como um modelo apenas possível de ser considerado numa relação de equilíbrio, diálogo e confronto entre razão e força.

Poder-se-á, numa perspetiva de base racional, prever a relação entre o previsível e o “acidental”? Numa perspetiva de base acidental não há lugar à previsão. Numa perspetiva híbrida, o domínio absoluto de “metade” das hipóteses de previsão são uma inerência (Apêndice 19).

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Figura 24. “Magnificent desolation” (Palavras de Buzz Aldrin quando alunou em 1969 na lua terrestre. –

missão Apolo 11)

Para os céticos do presente um trago de futuro… (Anexo 62)

“People under the age of 25 already make up 43 per cent of the world’s population, reaching as much as 60 per cent in some countries” (UNFPA, 2011: ii).

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C

ONSIDERAÇÕES

F

INAIS

Com este texto procuramos fazer um enquadramento da situação atual da sociedade, num momento em que esta adquire uma maior relevância enquanto fenómeno global consciente.

As tensões existentes e os bater de asas de borboleta que num ápice alcançam o Zénite. A perceção do encurtamento do espaço e do tempo e a expectativa do indivíduo catapultou-nos para um passado ancestral, linear e regressivo.

A cada investida na desocultação premonitória do futuro, escapava-se-nos o presente e invariavelmente questionávamos o passado.

A epopeia de um planeta singular, num sistema solar perdido no exagero do Universo, que regista há poucos minutos o surgimento da vida, e desde há segundos conta com a nossa companhia. À medida que fomos ousando levantar o olhar, começamos a conseguir caminhar, sem ter que olhar a intermitência e alternância dos passos. Deslumbrados com a novidade que se apresentava a nossos olhos, aceleramos numa ânsia sôfrega de tudo perceber, de tudo transformar. A comunicação, a alimentação, a comunicação, a defesa, a caça, a comunicação, o grupo, a educação, a comunicação, a linguagem, a comunicação, a construção e a roda, a comunicação, a escrita, a cidade, a comunicação, o comércio, a política e a nação, a comunicação; o telescópio, as viagens, os bojadores, as guerras e novos senhores, a comunicação; a locomotiva e os vapores, o computador, a internet, o míssil e o foguetão, a comunicação. E Quando já na idade do calção tropeçamos no acaso de uma árvore exausta, tombada no chão. A lama lambendo- nos os joelhos, e em frente, já só pegadas de alguém que passara e deixara um trilho. Perseguição?!...

Buscamos um trilho de tantos inscritos e olhámos mais alto, para além do céu. Vimos sem espanto algo que todos tinham como recordação, inscrito no olhar, desde o tempo da criação – Cultura.

O desafio do sistema moderno não são as investidas e delírios criativos avulsos. Pois apesar de um sentido estético discursivo desejável, o verdadeiro desafio é sabermos de que forma conseguiremos ajustar a perceção universalista, poética projetiva, voluntariosa e emocional do Iluminismo, com a perceção universalista estatística e cartesiana percecionada na atualidade.

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O processo de globalização, independentemente das suas trajetórias, impactos e posições (mais ou menos) desfavoráveis, não se consubstancia numa mera equação de resultado negativo.

Como procurámos expor, este momento singular da história da humanidade que atravessamos revela muita da nossa imaturidade em gerirmos coletivamente o impacto da intervenção humana no planeta e seus recursos. No entanto revela um estádio cumulativo de saber e experiências coletivas de âmbito global que, desde fases mais remotas se vieram desenvolvendo de forma progressivamente mais consciente e abrangente. Desde uma fase de regressão progressiva a uma fase de progressão regressiva, as noções duais como local-global, interior-exterior, socialismo económico - liberalismo económico, esquerda- direita (...) têm vindo a assumir contornos mais difusos, com um conteúdo híbrido/permeável que se adequa às circunstâncias. Que se molda à realidade global emergente. Como que se uma grafia pré-existente nos trâmites da história Universal, apenas agora começasse a desocultar e esclarecer outras perspetivas que até então serviam de suporte intelectual e político de gestão da realidade da polis apenas a um nível local ou regional. Note-se que mesmo as grandes civilizações da antiguidade, apenas tinham influência a uma escala regional.

Até à conquista do espaço e do satélite foram as viagens marítimas e a expansão