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3.1 Análises dos registros dos alunos em Diário de Bordo, sobre o SI

3.1.1 A prática da pesquisa escolar no contexto do SI

O SI se apresenta como um espaço fundamental para o desenvolvimento criativo e inovador de projetos e pesquisas escolares, na perspectiva integradora, interdisciplinar e contextualizadora. Espaço de renovação da forma de ensinar e aprender no EMP, tendo a sala de aula como espaço de vivências das relações e produções das pesquisas, num processo de construção e significação de conhecimentos. Neste sentido, Jélvez (2014, p.181), comenta que, “não é mais possível educar e educar-se sem que a pesquisa e o Seminário Integrado façam parte do processo de aprendizagem”.

Observa-se que na educação, a pesquisa não é algo novo e também não tem sido incorporada e disseminada amplamente no cotidiano escolar, devido à ausência da interdisciplinaridade e ao forte enraizamento do ensino fragmentado em disciplinas, visto como repassador de informações e conteúdos escolares descolados da realidade.

O EMP contribui para que os sujeitos aprendam a pesquisar, instigados pela curiosidade, pela inquietude em relação ao mundo, auxiliando na construção e significação dos saberes escolares. Esse processo resulta em aprendizagens mais fecundas para discentes e docentes. A pesquisa constitui-se em um instrumento de compreensão da realidade e de reflexão sobre a ação, por isso, é fundamental que todo o grupo de professores envolva-se nas pesquisas dos alunos e as compreenda como princípio educativo e pedagógico. Neste sentido, Azevedo & Reis (2014, p. 31) propõe uma diferença conceitual entre pesquisa como princípio educativo e pesquisa como princípio pedagógico:

O princípio educativo trata estritamente da pesquisa que educa, que forma, que transforma, que é meio de produção do conhecimento de forma individual ou coletiva. O princípio pedagógico da pesquisa se refere à dimensão da investigação

científica como processo capaz de potencializar as possibilidades do fazer pedagógico. Remete-se, este, à arte de didatizar informações de modo a promover a escola como espaço de permanente reflexão sobre seu contexto e seus objetivos frente à realidade da comunidade escolar, seus anseios e necessidades. Nesse, a pesquisa é assumida como cerne do processo de ação-reflexão-ação, de que dispõe a comunidade docente para forjar formas inovadoras de ensino, com consequentes reflexos nas aprendizagens discentes (AZEVEDO & REIS, 2014, p. 31).

Para fazer da pesquisa princípio inovador das práticas discentes e docentes no interior da escola e presente em qualquer nível de escolarização, “é preciso aproximar o ensino e pesquisa” (GALIAZZI, 2014, p.142). Para isso, a inserção da pesquisa na educação, requer o envolvimento de todos os aprendizes durante o processo, alunos, professores e gestão escolar.

Conforme Demo (2011, p. 16), a pesquisa deve estar presente e permear todo trajeto educativo, como base de toda proposta emancipatória, portanto a,

pesquisa não é ato isolado, intermitente, especial, mas atitude processual de investigação diante do desconhecido e dos limites que a natureza e a sociedade nos impõem. Faz parte de toda prática, para não ser ativista e fanática. Faz parte do processo de informação, como instrumento essencial para a emancipação. Não só para ter, sobretudo para ser, é mister saber (DEMO, 2011, p. 16).

Segundo Moraes (2012), a educação pela pesquisa é uma proposta desafiadora, na qual não existem receitas prontas, em que a ação pedagógica precisa ser dialógica e dinâmica, voltada à formação de sujeitos críticos e autônomos na relação pedagógica, superando as limitações das aulas tradicionais. Entretanto, é um caminho que necessita ser construído pelos sujeitos envolvidos no processo da pesquisa. Neste sentido, Moraes (2012, p.103) afirma que:

A pesquisa em sala de aula constitui-se numa viagem sem mapa; é um navegar por mares nunca antes navegados; neste contexto o professor precisa saber assumir novos papeis; de algum modo é apenas um dos participantes da viagem que não tem inteiramente definidos nem o percurso nem o ponto de chegada; o caminho e o mapa precisam ser construídos durante a caminhada.

Além disso, Moraes, et al. (2012), caracteriza a pesquisa em sala de aula como um movimento marcado por três momentos principais desse ciclo: o questionamento, a construção de argumentos e a comunicação. O conjunto destes três princípios precisa evoluir e atingir novos patamares do desenvolvimento da pesquisa e da transformação da sala de aula e do “estado do ser, do fazer e do conhecer” (p.18). Por isso, nesse processo é fundamental motivar e estimular os alunos para que,

escrevam, redijam, coloquem no papel o que querem dizer e fazem, sobretudo alcancem a capacidade de formular. Formular, elaborar são termos essenciais da formação do sujeito, porque significam propriamente a competência, a medida que se supera a recepção passiva de conhecimento, passando a participar como sujeito capaz de propor e contrapor ( DEMO, 2007, p.28).

Conforme pontua Galiazzi (2014), não há como realizar pesquisa em sala de aula sem fazer perguntas, escrever, ler, contra ler, dialogar, construir argumentos e encarar a sala de aula como espaço coletivo de trabalho, em que todos são parceiros de pesquisa. Mas, como toda ação, diferente e inovadora, do normal do cotidiano escolar, faz emergir em seu caminho muitos desafios e resistências, mudanças que precisam ser superadas no coletivo entre todos os sujeitos que nela atuam.

Sendo assim, a pesquisa no processo educacional, segundo Santomé (1998), precisa apoiar-se nos interesses dos estudantes, mas também gerar novos interesses. Por isso, destaca:

É preciso levar em conta que nem sempre os estudantes proporão projetos de interesse educativamente valiosos. Podem existir propostas nas quais sejam gerados diversão e prazer, mas que resultam triviais de um ponto de vista educacional. Um bom projeto curricular tem que ser prazeroso e educacional ao mesmo tempo; tem de propiciar certa continuidade nos aprendizados. (SANTOMÉ, 1998, p.206).

Esse movimento de construção da prática da pesquisa escolar no SI foi registrado em Diários de Bordo. Estão sublinhadas nos excertos as características que evidenciei como sendo pesquisa, por isso esta categoria. Além da escrita realizada no Diário compartilhado para esta pesquisa, cada aluno das turmas do 1º, 2º e 3º ano A, elaborou seus Diários com a professora de SI. Evidenciamos isso no fragmento de diálogo de E1 e E3, 1º ano A:

No dia 17 de março começamos a trabalhar com o Diário de Bordo, onde iremos registrar as etapas para desenvolver o projeto. O também solicitado foi o portfólio, é uma forma mediadora que o professor tem para acompanhar toda a evolução da aprendizagem do educando, é um tipo de pasta onde colocamos as atividades propostas pelos professores, nossa trajetória, nossos dados e relatos.

(E1 – 1º Ano A).

[...] é somente avaliado pela professora de Seminário Integrado. (E3 -1º Ano A).

Diante desse discurso é possível perceber que a professora de SI segue as orientações da proposta para o EMP, que orienta a organização destes dois instrumentos, o Diário de Bordo e o Portfólio, os quais permitem aos alunos o relato dos passos e caminhos trilhados durante o desenvolvimento do projeto de pesquisa. Essa forma de sistematização permite aos alunos expressarem suas diferentes descobertas durante o desenvolvimento da pesquisa, dando mais autoria e protagonismo aos registros de suas aprendizagens, o que possibilita utilizar diferentes linguagens como: desenhos, entrevistas, gráficos, slides, síntese de palestras, textos manuscritos, textos escritos e digitados, folders, fotografias, imagens de cartazes e painéis, entre outros.

O relato citado acima demonstra que a aluna tem percepção da importância destes instrumentos para o professor no processo de ensino e aprendizagem, como algo positivo.

Além disso, evidencia que utiliza o Diário como espaço para escrever sobre o SI, mas também para anexar outras atividades desenvolvidas pelos professores relacionados com o projeto de pesquisa, embora seja avaliado somente pelo professor de SI. Cada aluno do 1º ano, 2º ano e 3º ano do EMP produziu individualmente o seu Diário de Bordo e Portfólios, sendo considerados pelos professores responsáveis pelo SI.

Conforme Moraes (2012, p. 161), os Portfólios:

constituem modos de reunir, organizar e apresentar a produção de sala de aula em seus diferentes estágios. Podem ser apresentados em forma de pasta, arquivos virtuais ou mesmo caixas. Reúnem documentos de diferentes tipos, tais como notas pessoais, experiências de aula, trabalhos produzidos, representações visuais, etc. Na pesquisa de sala de aula, o portfólio é principalmente constituído de produções parciais dos alunos, culminando no trabalho final.

Assim, este instrumento permite reunir uma variedade de documentos realizados durante o processo de ensino. Também permite observar a evolução da aprendizagem de alunos e professores, possibilitando uma reflexão sobre o processo de aprender. Pode ser utilizado como instrumento de avaliação e de acompanhamento do trabalho realizado (Ibidem, 2012).

Aprender a conviver em grupo, saber trabalhar em equipe, respeitar e aceitar o outro com suas qualidades e defeitos - foi essa a ênfase dada também pela professora do SI do 1º Ano A do EMP, ao desenvolver algumas dinâmicas iniciais nas aulas de SI, conforme excertos da escrita dos alunos.

No dia 09 de março de 2015, iniciamos as aulas de Seminário Integrado no turno da noite justamente com a orientadora [...]. Neste dia realizamos uma atividade relacionada à “estratégia” que nos fizesse refletir sobre nossos atos e o que podemos fazer para ter uma boa estratégia no decorrer da vida. Nos questionou

com perguntas avaliativas, na aula! (E2- 1º Ano).

Dia 13 de março realizamos uma dinâmica proposta pela orientadora, na área de lazer da escola por volta das 10:20 ás 11:35. Dinâmica CORRIDA DOS PÉS AMARRADOS. Essa atividade foi desenvolvida em grupos (quatro integrantes) com os pés amarrados. O desafio era percorrer o caminho determinado pela professora, sem arrebentar o barbante realizando a travessia no menor tempo possível. A dinâmica tem por objetivo o trabalho em grupo, a respeito de buscar alternativas para desafios que surgem no decorrer da atividade. No entendimento de um grupo, essa dinâmica serviu para observar se as pessoas sabiam agir com cautela e paciência, mas acima de tudo a coordenação e o trabalho em equipe.

(E1- 1º Ano).

No dia 16 de março, foi proposto que fizéssemos um texto sobre o que desejamos para o próximo, os nossos sentimentos. Falava sobre amor, felicidade, alegria, entre vários sentimentos humanos. Foi dado um exemplo: “Desejo de tudo, um

pouco...” para ser entregue com nossas características e emoções. (E2- 1º Ano).

Esses discursos apontam para a preocupação da professora em valorizar a importância do trabalho coletivo, a responsabilidade, a motivação alicerçada no diálogo, na argumentação do saber dividir conhecimentos, ajudar o outro, saindo do individualismo e adaptando-se as novas realidades e situações do dia a dia. Aprender a conviver em grupo,

em que todos têm direito a participação, pois não há como ser passivo no processo de aprender.

Na sequência, conforme as narrativas a seguir, a turma escolheu o tema do projeto de pesquisa para ser desenvolvido no SI.

Desde o dia 20 de Abril até 5 de maio, as aulas foram debates para a escolha de um projeto, mais especificamente, o tema dele. Teve muitas sugestões, teve confusão, bate boca, pois alguns não queriam o tema escolhido. Depois dos votos, então ficou entre:

*Redução da Maioridade Penal (O TEMA ESCOLHIDO);*Tecnologia;*Estupro. Depois disso, após estas sugestões, a professoras então decidiu que iria dividir a turma em grupos para ser apresentado um “mini projeto” para avaliar se todos

entenderam o assunto tratado. ( E2-1º Ano).

Do dia 11 à 25 de maio após a votação o tema do projeto foi concretizado, e a partir de então, definitivamente foi escolhido - REDUÇÃO DA MAIORIDADE

PENAL[...].(E1- 1º Ano).

Nesses discursos se evidencia a mediação da professora no desenvolvimento de um projeto coletivo de pesquisa, desafiando-os a elaborar mini-projetos. Embora nos relatos não ficasse claro como foi realizado e quais foram os mini-projetos desenvolvidos. Outra questão importante é a negociação inicial do tema de pesquisa, pois a discussão, os debates e a participação dos alunos são fundamentais para se alcançar um resultado produtivo e para que o grupo assuma a responsabilidade e o desenvolvimento do trabalho.

O princípio metodológico do SI em sala de aula, visando à construção do conhecimento é a pesquisa escolar que tem o propósito de contribuir para a aproximação entre o ensino e a pesquisa no espaço da sala de aula - como caminho e a mudança para desenvolver a iniciação científica na Educação Básica.

A pesquisa realizada por esta turma teve a duração de um ano. Nesse período foram trabalhadas pesquisas individuais e em grupo, normas para elaboração de um projeto, enquetes com a comunidade, palestras com profissionais relacionados ao tema da pesquisa, elaboração do relatório e apresentação para a comunidade, conforme os relatos que seguem:

No dia 07 de abril nos foi transmitido trabalhos que devem ser feitos conforme as

normas da ABNT.[...](E2- 1º Ano).

...foi realizado a primeira enquete na escola (Osmar Poppe) pelos alunos ...(E3- 1º

Ano).

Tivemos a palestra com a Assistente Social, [...]. A Frida (Assistente Social) nos perguntou se éramos contra ou a favor a Redução da Maioridade Penal? Como responsável pelo projeto a profª [...]respondeu que a turma do 1º A é contra a

Redução da Maioridade... (E3- 1º Ano).

Finalizamos o projeto com a apresentação na sala temática, os alunos se empenharam para conseguir passar todo o conhecimento que foi adquirido

Ao analisar os relatos dos estudantes observa-se que as atividades e reflexões se ampliam para além da escola, do espaço da sala de aula de aprendizagem, da interlocução com outros sujeitos que dialogam com a pesquisa e com a proposta em andamento. Sob a mediação do professor e da utilização de atividades práticas contextualizadas que favoreçam um aprendizado significativo e o desenvolvimento de competências e habilidades pelos estudantes, transformando a sala de aula em um espaço constante de investigação e de busca pelo conhecimento. A pesquisa constitui-se em um desafio tanto para o professor, quanto para os alunos, pois aprender pela pesquisa exige conhecimentos e vivências próprias de pesquisa na escola e na formação inicial e continuada dos docentes.

Na escrita do Diário de Bordo do grupo de alunos do 2º Ano do EMP, algumas narrativas apresentam uma indicação bastante vaga dos acontecimentos e dos fatos que foram desenvolvidos ao longo do ano no SI, sobre a pesquisa que desenvolveram. As primeiras aulas de SI resumiram-se em orientações sobre as aulas de SI, organização do Diário de Bordo e Portfólio, escolha do tema de pesquisa. O relato a seguir, descreve essa dinâmica:

Com a passar das aulas de seminário integrado decidimos a escolha do tema. Tarefa que teoricamente pode ser considerada fácil, mas a prática nos diz o contrário. Bom, esse foi nosso primeiro obstáculo. Após, debates seguido de votações, muitos temas foram apresentados, e muitos descartados, mas enfim decidimos o tema. “O mundo da mídia”. Um tema amplo que abrange diversos assuntos, por isso, juntamente com a professora tomou a decisão de dividir o tema em subcategorias e sorteá-las entre os grupos formados. Sendo assim, cada grupo é responsável por uma área de pesquisa, facilitando a estruturação do tema central. Agora estamos elaborando as primeiras apresentações, onde levantaremos as dúvidas e questões que o tema irá tratar. Momento de questionamento próprio onde todas as questões irão ser apresentadas e

respondidas brevemente. (E8- 2º Ano).

A análise desse excerto permite perceber que o tema foi escolhido a partir de uma discussão entre alunos e a professora em sala de aula e, dentre as opções propostas de interesse, o grupo optou por conhecer e aprender sobre “o mundo da mídia”, tendo em vista que o tema escolhido precisa ser relevante para a comunidade e ser assumido por todos os alunos da turma. Proporcionar o trabalho em grupo é um modo de favorecer o diálogo e a construção do conhecimento. A partir do tema selecionado, o professor planeja a sequência das atividades a serem realizadas. No relato, aparece novamente o papel da professora na mediação da atividade, quando ela divide o tema em subtemas ou subcategorias e envolve os grupos para a pesquisa sobre o assunto, facilitando o estudo e a aprendizagem, através da integração, participação e socialização do que foi investigado.

Outra questão fundamental, citada no excerto, refere-se à atitude de questionamento (MORAES et. al., 2014). A pesquisa em sala de aula depende da atitude de questionar, como ato de conhecer, de alimentar e estimular a curiosidade científica, a criticidade, o diálogo, na busca de respostas para as dúvidas e pelo aprender pesquisando, em vez de receberem as informações e conhecimentos prontos ou, ainda, copiar e reproduzir o que já existe nos livros e internet.

Dessa maneira, “a pesquisa passa a ser fonte de um novo saber, revê a maneira de agir do profissional da educação, estimula o educando a aprender, a pensar e produzir autonomamente” (FRISON, 2012, p.114). Nessa mesma linha de pensamento, segundo Demo (2007), a base de qualquer pesquisa é o questionamento reconstrutivo, porque desafia o aluno a procurar e perguntar, estimula a iniciativa na busca de textos, dados e informações, leituras variadas e outros materiais disponíveis como fonte de pesquisa e, portanto, o velho hábito do “receber tudo pronto” vai aos poucos sendo modificado e superado.

A turma que trabalhou com a temática sobre a mídia no ambiente escolar realizou entrevistas com membros da comunidade escolar, e também convidou profissionais da área para falar sobre o tema, embora, no relato, não ficasse explicitado que questionamentos foram elaborados e como este foi organizado, e qual o objetivo e interesse da atividade realizada. Os relatos a seguir demonstram este fato:

Nas aulas de seminário que tivemos, separamos os grupos, e cada um com seus temas elaboraram questões voltadas as pessoas de fora e dentro da escola. Aproveitamos a data comemorativa mais próxima para realizarmos os questionamentos. Foram formuladas questões para vendedores, clientes, gerentes,

casais e público diverso. (E7- 2º Ano).

No dia 12/08/2015, na aula de seminário integrado de hoje [...].Também comentamos sobre á possibilidade do convite a um profissional da área da mídia para palestrar para a turma e/ou os demais alunos da escola, falando sobre sua profissão, obstáculos que tivera ao ingressar nesta profissão, e opinar sobre nosso

tema, respondendo algumas questões formuladas pelos alunos. (E5- 2º Ano).

Pelas narrativas do Diário deste grupo de alunos, não foi possível identificar um planejamento e uma metodologia mais clara e consistente do trabalho docente realizado no SI. Também, não se descreve as etapas para elaboração do projeto pela turma, qual foi o envolvimento dos outros professores e quais foram às atividades planejadas para realizar a pesquisa e a aprendizagem de conceitos/ conteúdos sobre a temática escolhida.

Durante o ano em que se seguiu esse processo de escrita coletiva, procurei olhar o Diário e conversar com o grupo sobre o andamento e as dificuldades que poderiam apresentar no relato. Eu orientava para que os envolvidos não tivessem receio para escrever e que descrevessem com mais detalhes os momentos vivenciados nas aulas de SI. Porém,

constatou-se que o grupo não demonstrou muito interesse e preocupação, sendo pouco claro nas escritas, nas sistematizações e procedimentos utilizados pela professora no desenvolvimento das atividades do SI. O grupo também não foi claro a respeito do envolvimento e comportamento dos alunos diante do trabalho que estava sendo realizado. Esse foi um dos pontos fracos nesse processo de registro escrito pelos alunos sobre as atividades da pesquisa no SI, a qual precisa de um olhar atento e cuidadoso dos professores no sentido de incentivar a escrita e a leitura.

De acordo com Jélvez (2013), a pesquisa como princípio pedagógico contribui para o desenvolvimento da atitude científica, sendo protagonizada pelos alunos na construção da aprendizagem. Os alunos aprendem a aprender, realizando pesquisas individuais e coletivas, sob o assessoramento e monitoramento dos orientadores de SI. Os alunos precisam percorrer e vivenciar as etapas que compõe e caracterizam a pesquisa escolar, tais como: investigar, analisar, questionar, sugerir e testar hipóteses, reunir e interpretar dados e informações sobre o tema, buscar soluções e propor alternativas, etc. Por isso, esse tipo de planejamento de trabalho não cabe à aula expositiva, busca-se vivenciar na prática, com os alunos, o processo de leitura, escrever e reescrever, o questionamento, a investigação de assuntos significativos que motivem e despertem o interesse em saber sobre aquele assunto, sempre na perspectiva da construção de novos saberes.

A pesquisa descrita pelo grupo de alunos do 3º Ano A proporcionou esse movimento, conforme os fragmentos abaixo:

No dia 04/03/2015 a professora mencionou sobre o Diário de Bordo, o que iria ter, enfim, nos explicou que deveríamos (pois a MEP avalia este quesito) numerar as páginas, contendo datas e relatos de todas as aulas de Seminário que tivéssemos. Recebemos uma folha com os “passos de um projeto de pesquisa” para relembrarmos. Colamos no diário. Neste, mesmo dia, á professora nos propôs, em grupos de alunos, fazer um mini projeto onde todos os grupos escolhessem um tema para defender e que seria o possível projeto do 3º A. Eram variados temas como: Energia Elétrica, Água, Esquizofrenia, Drogas e Gravidez na Adolescência. Após as apresentações, a turma entrou em votação e acabaram escolhendo a água como o tema do nosso projeto de pesquisa. A aluna Larissa