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3.1 Análises dos registros dos alunos em Diário de Bordo, sobre o SI

3.1.2 Trabalho Interdisciplinar

Trabalhar o SI, na perspectiva dos princípios e objetivos da proposta do EMP, requer que os professores organizem e planejem suas práticas pedagógicas fundamentadas em uma visão interdisciplinar. Para tanto, precisam compreender essa temática, que tem se apresentado como um desafio para a grande maioria dos professores, devido à falta de entendimento desse conceito, da concepção do trabalho interdisciplinar e também da histórica organização disciplinar do ensino e do conhecimento.

Com o propósito de possibilitar a cooperação entre as diversas disciplinas e áreas do conhecimento, ao permitir investigar e abordar simultaneamente um mesmo assunto ou tema em sala de aula, a reestruturação do EM trouxe, nas estrelinhas dos seus objetivos, orientação para o ensino interdisciplinar na Educação Básica, o qual está assegurado por lei, conforme podemos perceber nas citações extraídas da Resolução nº 2/CNE, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

Art. 8º [...] § 1º O currículo deve contemplar as quatro áreas do conhecimento, com tratamento metodológico que evidencie a contextualização e a interdisciplinaridade ou outras formas de interação e articulação entre diferentes campos de saberes específico.

Art. 14 [...] VIII - os componentes curriculares que integram as áreas de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas, sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos, módulos, atividades, práticas e projetos contextualizados e interdisciplinares ou diversamente articuladores de saberes, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de organização (p.6); XIII - a interdisciplinaridade e a contextualização devem assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes componentes curriculares, propiciando a interlocução entre os saberes e os diferentes campos do conhecimento (BRASIL, 2012, p.3-6).

Os PCNs também definem a interdisciplinaridade e defendem uma aprendizagem contextualizada e integrada entre as diversas disciplinas para que o trabalho escolar seja realizado com êxito nas escolas.

Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos (BRASIL, 2000, p. 21).

Conforme a legislação mencionada, a união dos componentes curriculares em áreas de conhecimento tem como principal desafio possibilitar uma aprendizagem que inter- relacione conhecimentos com uma proposta metodológica que evidencia a contextualização e a interdisciplinaridade, estimulando a reorganização curricular da escola. Como podemos constatar, a organização por áreas não dilui e nem exclui componentes curriculares, mas implica o fortalecimento nas relações entre eles, requerendo planejamento e cooperação dos professores para construir metodologias significativas, relacionar teoria e prática, promover a ampliação do conhecimento científico. Nessa mesma linha de pensamento, Santomé (1998, p. 125) argumenta que

na prática cotidiana na instituição escolar, as diferentes áreas do conhecimento e experiência deverão entrelaçar-se, complementar-se e reforçar-se mutuamente, para contribuir de modo mais eficaz e significativo com esse trabalho de construção e reconstrução do conhecimento e das habilidades, atitudes, valores, hábitos que uma sociedade estabelece democraticamente ao considerá-los necessários para uma vida mais digna, autônoma, solidária e democrática.

Isso exige um trabalho em conjunto, reuniões e encontros por área do conhecimento, para planejar as atividades com base em pressupostos de interdisciplinaridade, respeitando as especificidades de cada disciplina. Pois, somente os professores podem identificar a vinculação a ser realizada entre as disciplinas e estabelecer pontos de comum interesse para serem explorados em sala de aula em cada componente curricular, por meio da pesquisa. Por isso, a principal finalidade do SI, no contexto do EMP, é possibilitar que a pesquisa seja trabalhada na perspectiva da interdisciplinaridade, como princípio pedagógico, e com isso, promover, no espaço da escola, a interlocução com todos os sujeitos, ultrapassar as fronteiras disciplinares, integrar conhecimentos e promover aprendizagens significativas. Estas premissas estão de acordo conforme o documento base da Secretaria de Educação, que diz:

O trabalho interdisciplinar, como estratégia metodológica, viabiliza o estudo de temáticas transversalizadas, o qual alia a teoria e prática, tendo sua concretude por meio de ações pedagógicas integradoras. Tem como objetivo, numa visão dialética, integrar as áreas de conhecimento e o mundo do trabalho (SEDUC-RS, 2011, p.19).

De acordo com Jélvez (2013), o planejamento das atividades pedagógicas pelos professores tem de ser elaborado com base na contextualização da realidade social, local e

regional, mobilizando, através da interdisciplinaridade, os saberes das diferentes áreas do conhecimento, para o entendimento e compreensão do contexto da realidade, na qual está inserida a escola e os estudantes. Entretanto, ao mesmo tempo em que se buscam, nas escolas, novas práticas, referências, novos caminhos e teorias, ainda se mantém viva, nos currículos escolares, uma forte fragmentação dos conhecimentos e das práticas educativas, as quais precisam ser superadas pelo e no coletivo.

O trabalho interdisciplinar e a organização curricular exigem uma atitude de cooperação e participação de toda comunidade escolar para pesquisar, conhecer, produzir conhecimentos, almejando um planejamento didático mais coletivo na busca de diferentes abordagens para os conteúdos e conceitos escolares. Aos professores competem articular os saberes e instigar os alunos de forma individual e coletiva a refletir e questionar a realidade existente, “na busca de relações dos saberes com o mundo e com o conhecimento que certamente, na era da conexão em rede, não está localizado em uma única fonte” (ROCHA, 2013, p.149). Os fenômenos não são explicados e compreendidos apenas à luz de uma única disciplina ou área do saber, assim como “à fragmentação disciplinar não proporciona a construção de significados totalizadores e de contexto aos indivíduos a partir da realidade em que estão inseridos” (GONZAGA, et. al., 2014, p. 95).

Assim, considerar o desenvolvimento do ensino e aprendizagem exige não só integrar e religar os diferentes saberes disciplinares, relacionar teoria e prática, vincular processos educativos e sociais, mas criar espaços e vivências para que os sujeitos imbricados no processo tenham condição de expressar seus saberes, suas formas de ver, sentir e agir, desenvolvendo suas identidades e seu protagonismo estudantil (ROCHA, 2013). Para que nesse movimento, os alunos possam ser capazes de inter-relacionar o todo com as partes, compreender os fenômenos, conceitos e processos, construindo um pensamento crítico e novas aprendizagens.

Quanto aos saberes docentes, Tardif (2003) destaca que estes são construídos a partir da pluralidade e heterogeneidade da prática educativa, com os quais os docentes estabelecem diferentes relações. O docente é um profissional que se reveste de saberes múltiplos sobre a educação e tem como função principal educar crianças, jovens e adultos. Por isso, é fundamental que ele busque na sua formação, compreender os princípios e saberes que são necessários à prática educativa. Desta forma poderá compreender que o profissional da educação é constituído não por um saber específico, mas por vários saberes de diferentes interpretações.

A escola, como parte integrante do processo educativo, embora formada por interesses diferenciados, constitui-se em um espaço e local de diálogo e interlocução de diferentes modos de ser, pensar e agir sob a responsabilidade de seus instituintes. Isso inclui docentes, discentes e outros agentes envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, pois, o conhecimento não se constitui isolado ou exclusivamente no docente. O conhecimento de maneira geral acontece na interação constante entre o estudante e o objeto a ser conhecido, tendo o professor como um facilitador desse processo.

Nessa teia, não existe receita pronta para a prática pedagógica interdisciplinar, pois a interdisciplinaridade é um processo que provoca a investigação crítica, permanente e coletiva, para que o educando possa entender as diferentes ramificações do conhecimento e ressignificar os seus saberes, produzindo sempre novos saberes. Portanto, a interdisciplinaridade convida a pesquisar a um olhar diferente em relação à escola e às práticas pedagógicas. Neste sentido Chassot (2014, p.118), complementa quando diz que “não basta espiar esse novo mundo que aí está: é preciso adentrar nele”. Por isso, olhar para além da sua realidade imediata ou mais distante e desenvolver uma nova perspectiva de observar e compreender a realidade e os fenômenos é possível, por meio da pesquisa escolar como prática pedagógica.

A partir dessas considerações e ao analisar os relatos nos Diários de Bordo dos alunos, referente ao SI e aos projetos de pesquisa desenvolvidos pelas turmas no ano de 2015, foi possível perceber que as professoras orientadoras conseguiram mobilizar alguns componentes curriculares e trabalhar de forma interdisciplinar. Está sublinhado, nos excertos a seguir, as características que evidenciei como sendo aspectos da interdisciplinaridade:

No dia de hoje nas aulas de seminário da área de matemática fora nos apresentado e ensinado como separar dados e colocá-los em gráficos. Fora nos deixado como dever de casa, pesquisar os diversos tipos de gráficos exemplificá-

los e defini-los em poucas palavras. (E7 - 2º Ano).

15/07/2015-[...] E ao longo das aulas de seminário viemos fazendo pequenos trabalhos, como em seminário de matemática estudando os tipos de gráfico [...].(E8-2º Ano).

12/08/2015-Na aula de seminário integrado de hoje, [...]. Falamos também sobre a montagem dos gráficos com os dados obtidos nas pesquisas de campo(envolventes ao público fora do ambiente escolar) e da necessidade da

orientação da professora regente da área de matemática para isso.(E5-2º Ano).

Segundo os fragmentos de E7, E8, e E5, a professora da área de matemática

colaborou com a turma, auxiliando na sistematização e análise dos dados produzidos nas pesquisas de campo sobre o projeto de pesquisa “Mídia: a ilusão da livre escolha”, e na representação das informações por meio de gráficos. A professora também encaminhou e

orientou o grupo a realizar pesquisas sobre os tipos de gráficos, conceituando e exemplificando. Verifica-se a necessidade de ir além da atividade de sala de aula, ou seja, explorar mais o assunto, aprofundando o conteúdo e os conceitos, buscando aprender por meio da investigação, tornando as aulas mais atraentes e motivadoras para os estudantes.

O projeto de pesquisa do 3º ano A, “Energia elétrica - Uma atitude inteligente”, também teve o envolvimento e a participação de algumas áreas do conhecimento. O excerto que segue permite perceber que a professora relaciona com outras situações do cotidiano, contextualizando os conteúdos.

No dia 01/04/2015, no turno da noite, a professora [...] de Química, fez uma discussão sobre o que é energia e os tipos de energia e foi anotando no quadro os tipos de energia: solar, eólica, hidrelétrica, das ondas e do mar, nuclear, biomassa, geotérmica, depois pediu para nós pesquisarmos os conceitos de energia renovável e energia não renovável e mais umas questões para nós fazer na aula sobre todos os tipos de energia e citar situações do dia-a-dia onde usamos

a mesma. (E12-SEMINÁRIO CIÊNCIAS DA NATUREZA).

Nesse fragmento é possível perceber que a professora de Seminário da área de Ciências da Natureza (Disciplina- Química) problematiza o conceito de energia e os tipos de energia, a partir da visão pessoal dos alunos em relação ao tema de investigação. Num segundo momento, propõe uma atividade de pesquisa sobre os conceitos de energia renovável e não renovável e alguns questionamentos envolvendo os conceitos problematizados, para que os alunos pudessem compreendê-los e ampliar suas concepções acerca dos conceitos em estudo. Considero fundamental a problematização e o questionamento na produção de conhecimento pelos estudantes.

Em outro excerto, a aluna assim relatou:

No dia 11/05/2015 no período da manhã recebemos duas folhas da professora [...] com a teoria de usina termoelétrica e como ocorre seu funcionamento, como funciona uma hidrelétrica, usinas termoelétricas e nucleares. Na minha opinião, contribuiu com o projeto, pois ficamos sabendo como ocorre cada uma destas

usinas na produção de energia. (E11- AULA DE FÍSICA).

Na abordagem do tema de pesquisa “Energia Elétrica”, a professora de física aproveitou o momento para contextualizar e trabalhar conteúdos da disciplina, trazendo para o estudo, informação e conhecimento sobre as usinas mais comuns no Brasil, hidrelétricas, termelétricas e usinas nucleares, usadas para produzir energia elétrica.

Outros fragmentos importantes para a análise são os que seguem:

Na área das Ciências da Natureza, em química trabalhamos a energia biodigestora, construindo um biodigestor doméstico para melhor compreensão do processo de fermentação das bactérias anaeróbicas e realizamos uma visita em uma propriedade rural, beneficiária do biodigestor que produz gás natural e biofertizante, além de estudarmos os conceitos teóricos nas aulas. Em física, estudamos conceitos sobre energia, resumos sobre hidrelétricas e termoelétricas,

cálculos sobre o consumo de energia e uma explicação sobre o fenômeno das bactérias anaeróbicas em questão das variações climáticas, no biodigestor

doméstico[...]. (E- 3º Ano).

Iremos olhar alguns episódios da série da História da Energia em uma edição

resumida no dia 01/07/2015 no período inverso. (E11 - SEMINÁRIO CIÊNCIAS

DA NATUREZA).

A análise desses excertos permite perceber que as pesquisas dos estudantes no SI possibilitaram que conceitos/conteúdos de Física, Biologia e Química pudessem ser trabalhadas de forma contextualizada e articulada, a partir de situações de vivência dos estudantes e de atividades experimentais. Nesse sentido, Schwartz (2012, p.117) destaca:

A importância da pesquisa em sala de aula como elemento rotineiro e pertinaz, que favorece conjunta e concomitantemente o desenvolvimento de outros aspectos inerentes ao ser humano como responsável pela construção do conhecimento. [...] uma nova opção para o ensino formal, contrapondo-se á educação tradicional. Nesse processo, o professor precisa agir intencionalmente para que ocorra a produção de significados das atividades desenvolvidas e a produção de novas aprendizagens, mobilizando diversos conhecimentos e habilidades na abordagem e mediação dos conteúdos escolares. No próximo tópico será mais bem descrita a atividade de construção do biodigestor doméstico e da visita orientada em uma propriedade rural para conhecer a instalação de um biodigestor.

Em um processo interdisciplinar, o professor colabora com a formação dos discentes, isto é, para a formação da criticidade, autonomia, coletividade e cidadania quando propicia momentos de aprendizagens por meio de leituras e discussão de textos, atividades experimentais, visitas orientadas, estímulo à escrita e à participação ativa, desenvolve ações de integração e interlocução dos saberes científicos aos saberes do senso comum, pelo viés da dialogicidade e da interação social com os outros sujeitos (VYGOTSKI, 2008).

Na condução pedagógica do processo educativo, a interlocução de saberes de acordo com Marques (1996), define-se como a busca na compreensão das relações que se estabelecem em sala de aula entre os saberes dos docentes e os saberes dos alunos, saberes em construção e reconstrução, nos espaços de convívio dos sujeitos, resultando em um saber mais elaborado e complexo, ou seja, um novo saber. Neste sentido o autor afirma que,

interlocução de saberes significa que a educação se cumpre num diálogo de saberes, não em simples troca de informações, nem em mero assentimento acrítico a proposições alheias, mas na busca do entendimento compartilhado entre todos os que participem de mesma comunidade de vida, de trabalho, de uma comunidade discursiva de argumentação. Interlocução que se faça de saberes não apenas prévios, os saberes de cada um, sobretudo na participação de cada um e de todos na reconstrução de que resultem novos saberes, os saberes de cada específica comunidade em cada diversa situação. Interlocução [...] que é aprender contra o previamente aprendido, negação do que já se sabe na constituição de novo saber, de saberes outros (MARQUES, 1996, p. 14).

Tardif (2003), ao identificar e definir os diferentes saberes da prática do professor e as relações entre eles aponta que a função dos docentes em suas práticas não se resume a mera transmissão de conhecimentos já constituídos, mas integra diferentes saberes e diferentes relações entre estes. O saber docente é definido como um saber plural - combinação dos saberes oriundos da formação profissional, disciplinares, curriculares e experienciais. O autor descreve os saberes profissionais como o conjunto de saberes transmitido e construído nas e pelas instituições de formação de professores, nas quais o professor e o ensino constituem o objeto de saber para as ciências humanas e para as ciências da educação, pois a prática docente é uma atividade que mobiliza saberes diversos, ou seja, os saberes pedagógicos. O autor também nos revela que, além destes saberes, outros saberes integram a prática docente, como, os saberes disciplinares, aqueles que são construídas na formação inicial e continuadas de professores.

Para qualificar cada vez mais a prática educativa e o processo de aprendizagem, é necessário que o professor esteja cada vez mais capacitado para trabalhar com a diversidade em sala de aula, desenvolva atitudes investigativas e reflexivas, que tenha domínio e segurança dos conhecimentos e saberes teóricos, especificamente os da sua disciplina. Além destes desafios, o professor precisa estar disposto a aprofundar os conceitos que são trabalhados em sala de aula, aprender com os outros, com a possibilidade de relacionar os conhecimentos teóricos e práticos. Neste sentido, conforme Maldaner e Frizon (2014, p.50):

Para recontextualizar conteúdos e conceitos que permitem pensar sobre uma situação, é necessário que os professores dominem conhecimentos amplos da matéria, consigam romper os sistemas conceituais com significados consolidados apenas nos estreitos limites disciplinares.

Dessa forma, a formação inicial e continuada dos professores é fundamental para as práticas integradas e para a busca de novos caminhos para a escola e a educação. Um olhar mais amplo e concreto das perspectivas educacionais e de aprendizagem será possível pela formação, experiência e vivencia em sala de aula, pois, sempre temos o que aprender e o que ensinar.

Pelos relatos dos alunos nos Diários de Bordo, percebe-se que as turmas escolheram temáticas amplas e com uma riqueza grande de possibilidades de pesquisa e significação conceitual dos conteúdos escolares. Porém, vemos que os projetos de pesquisa desenvolvidos no SI não foram explorados em toda a sua potencialidade pelos professores. Contudo, verificou-se que ocorreu uma mobilização e participação de alguns docentes com os projetos de pesquisa dos alunos, possibilitando uma aproximação com a interdisciplinaridade. Também não foram evidenciados o planejamento e a discussão com o

grupo de professores para pensar e planejar atividades integradas e relacionadas aos temas de pesquisa. Estes encontros poderiam ter acontecidos mediante a iniciativa e organização das coordenadoras pedagógicas e professores orientadores dos SI. Neste sentido, concordamos com Jélvez (2014, p.160) quando diz que:

As práticas pedagógicas, organizadas na perspectiva epistemológica interdisciplinar, requerem um espaço-tempo para que os professores planejem e executem de maneira conjugada e cooperativa os processos de construção da aprendizagem, tendo a pesquisa como principio pedagógico. Essas práticas têm demonstrado que são necessários momentos de estudo e aprofundamento de maneira coletiva e colaborativa.

Sendo que, no momento em que acontecia a reestruturação curricular para o EM, a legislação garantia e previa aos professores da rede pública um terço de seu regime de trabalho para atividades de planejamento das atividades pedagógicas, estudo e aperfeiçoamento. Neste sentido, o referido autor afirma:

Nenhum professor do EMP dá 20 ou 40 horas-aula de sala de aula. Todos os professores dispõem de um terço desta carga-horária para atividades pedagógicas que qualifiquem o ensino na/da escola. São essas horas que possibilitam o encontro entre os professores para planejar, monitorar e avaliar o processo de ensino e de aprendizagem de maneira sistemática e com responsabilidade social (JÉLVEZ, 2014, p. 162).

Conforme já descrito em outro momento, a organização do SI, para os 2º anos e 3º anos, previa uma hora aula para cada área do conhecimento, além das aulas do seminário geral. Esta organização foi pensada para que os professores pudessem colaborar e auxiliar os projetos de pesquisa nas turmas, organizando os conhecimentos científicos para possibilitar a interação e a integração dos conhecimentos e dos alunos, objetivando a permanência no mundo da pesquisa. Não é somente o professor orientador do SI que vai pesquisar com os alunos, mas todos os envolvidos na práxis pedagógica docente devem assumir a pesquisa como prática pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. Embora, conforme os relatos que seguem, nem todos os professores seguiram as orientações e a organização prevista para que a investigação realmente tivesse resultados satisfatórios.

Todas as aulas de Seminários de Humanas são destinadas á disciplina de história, por opção da professora da mesma disciplina. São aulas bem proveitosas, posso

sempre sanar minhas dúvidas e debater sobre política. (E9- SEMINÁRIO DE

HUMANAS).

Nesta aula a professora nos deu uma folha de matemática do Enem do ano

passado para nós resolvermos juntos. (E9- SEMINÁRIO DE MATEMÁTICA).

Nestas aulas, apenas falamos sobre temas e assuntos de redação para [...]. As