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Prazer e poder: intervenções de um poder estratégico

3 A INTENSA PRESENÇA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA

3.2 Prazer e poder: intervenções de um poder estratégico

“O poder estratégico é justamente a engrenagem que a faz funcionar a rede social, potencializando as circulações e as relações entre conteúdos e sujeitos” (BUZATO e SEVERO, 2010).

Como conectar o exercício do poder, da perspectiva foucaultiana com o funcionamento das redes sociais?

Dentre as muitas redes, analisaremos o Facebook, por ser o mais popular entre os brasileiros (quadro 1). Essa rede social foi baseada no Facemash, idealizado por Mark Zuckerberg, em outubro de 2003, para que os estudantes de Harvard – onde ele cursava o segundo ano – pudessem escolher os amigos mais atraentes. Entrou no ar como rede social aberta a toda comunidade em 2004. Onze anos depois, em 2015, foi registrado 1,5 bilhões de acessos em um mesmo dia.

No Brasil, os números também não param de crescer. Os dados do quadro 1 demostram como os brasileiros passam cada vez mais horas conectados às redes sociais:

QUADRO 1: DADOS DO BRASIL SOBRE O ACESSO ÀS REDES SOCIAIS

Tempo gasto nas redes sociais 650h por mês

Porcentagem de brasileiros em redes sociais 78% dos internautas

Número de visitantes mensais no Facebook 92 milhões

Números de visitantes mensais que acessam ao Facebook por meio de dispositivos móveis

77 milhões

Fontes: Pesquisa “2015 Brazil Digital Future in Focus” da comScore e dados internos do Facebook (Q4-2014), janeiro de 2016.

Embora Foucault tenha pensado e descrito o poder em situações bem específicas – por exemplo o sexo na sociedade ocidental do século XVI; ou ainda em instituições fechadas, como hospício e prisão - muitos desses mecanismos do poder estratégico, mesmo que não em sua totalidade, podem abrir um caminho para reflexões sobre a configuração de relacionamento da sociedade contemporânea em redes sociais on-line como a que nos referimos logo acima. Para isso, descreveremos o que avaliamos ser o funcionamento do

poder a partir de questões suscitadas pelo Facebook, na conexão com alguns conceitos de Foucault (1976) sobre o exercício do poder.

Foucault descreveu um modelo estratégico de um poder mais sutil, disperso e móvel que opera pela incitação, pela intensificação e pelo prazer. O poder estratégico, ou poder- prazer, definido por esse filósofo, tem as seguintes características descritas, esquematicamente (BUZATO e SEVERO, 2010):

(i) não pertence a alguém, ou seja, não é um objeto que um dono possa deter; ele se constitui nas relações sociais, portanto “nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou bem [...] o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles” (FOUCAULT, 1976, p. 183). Por isso, esse autor ressalta a importância não de se buscar uma origem ou um dono, mas sim de averiguar de que maneira o poder opera tanto submetendo, dominando e assujeitando como produzindo, incitando e promovendo circulação e recepção dos discursos.

(ii) não pertence exclusivamente ao soberano: Estado ou à Lei. As relações de poder não se dão apenas de cima para baixo: operam nas extremidades, nas ramificações, em instituições e em níveis cotidiano, num processo de inclusão ou exclusão e são absorvidas por vários fenômenos, incluindo o econômico. Isso não quer dizer que o poder jurídico não exista e que o Estado não tenta controlar a população; apenas ressalta que estes não são os únicos.

(iii) não é dicotômico e nem estático; ao contrário, é múltiplo e difuso. Funciona e se exerce em rede. Considera ainda que as relações de poder são fluidas e dinâmicas e vinculadas, diretamente, à produção de discursos. Por isso, é preciso estudar a dinâmica do poder de maneira ascendente, visando rastrear seus efeitos e percursos para entender a maneira pela qual os novos procedimentos de poder, que funcionam pela técnica, pela normalização e pelo controle, são apropriados, transformados e utilizados por processos mais amplos e globais (FOUCAULT, 1976).

(iv) não opera produzindo ideologias; visa a formação de saberes pelas práticas de observação, exame, registro, sistematização, entre outros: “[...] o poder, para se exercer nesses mecanismos sutis, é obrigado a formar, organizar e por em circulação um saber, ou melhor, aparelhos de saber que não são construções ideológicas” (FOUCAULT, 1999, p.104);

(v) todo ponto de aplicação do poder abre a possibilidade de resistências, pois estas estão no interior da dinâmica do poder e não exterior a ela. Foucault frisa o termo

resistências no plural. Além disso, o filósofo defende que é impossível viver fora das malhas do poder e que deixar espaço para possíveis resistências faz parte da estratégia do poder.

Vale ressaltar que Foucault ainda propõe que, ao invés da censura, o poder seja pensado na relação com a permissão, pois para este filósofo é na sensação de liberdade que os mecanismos do poder ganham força. Essa teoria parece descrever bem as estratégias das redes sociais: o usuário tem essa sensação de liberdade, de ter ganhado voz, enfim, sentem satisfação em pertencer à rede, mas nem se dão conta de que o acesso à rede está diretamente relacionado ao acesso e controle do site aos seus dados (GARCIA DOS SANTOS, 2003).

Além disso, a interação frenética entre os usuários na rede assemelha-se ao “deixar falar” proposto por Foucault (1976), que ao pensar as sociedades modernas a partir do século XVII, coloca em dúvida a hipótese repressiva: “a mecânica do poder e, em particular, a que é posta em jogo numa sociedade como a nossa, seria mesmo, essencialmente, de ordem repressiva? ” (p. 16). Dito de outra forma, não era proibindo as pessoas de falaram sobre sexo que se exercia o poder sobre elas, mas sim incitando-as a falarem:

[...] o domínio do poder sobre o sexo seria efetuado através da linguagem, ou melhor, por um ato de discurso que criaria, pelo próprio fato de enunciar-se, um estado de direito. Ele fala e faz a regra. [...] não se fala menos do sexo, pelo contrário. Fala-se dele de outra maneira; são outras pessoas que falam, a partir de outros pontos de vista e para obter outros efeitos” (FOUCAULT,1976, p. 33 e 93).

A proliferação de discursos sobre o sexo se deu através de instituições – família, escola e igreja – e de saberes – psiquiatria, psicologia, pedagogia. Assim, eram essas instituições, que ouviam as confissões do assunto proibido e, assim, podiam exercer o poder sobre as pessoas, pois sabiam tudo a respeito delas, inclusive a intimidade.

É justamente assim que acontece nas redes sociais: eles captam tudo a respeito do usuário, tanto dados oferecidos conscientemente, quando se faz um cadastro de ingresso à rede, como outros, de maneira não espontânea33. A lógica então é esta: comunique-se bastante, mas faça isso dentro da rede social.

A prática da “extimidade”, como vimos no tópico anterior, nas redes sociais on-

line irrompe a barreira do segredo e, diferentemente da Modernidade em que se tinha um

interlocutor definido, atualmente o público é amplo e nem sempre conhecido. Ao revelar-se objetiva e subjetivamente, o usuário abre a possibilidade para julgamentos. Como acontece

com as figuras públicas que sempre viram notícias, os anônimos ao ganharem o palco do ciberespaço, passam para cena pública. Além disso, as próprias ferramentas das redes sociais permitem o palpite sobre a vida alheia: comentar, curtir e recentemente no Facebook: amar, odiar, ficar triste e se espantar.

Como dito alhures há uma sensação aparente de liberdade ao poder se expressar para um grande público, mas é justamente incitando circulação e recepção dos discursos, que o poder opera dominando e assujeitando, passando pelos sujeitos de modo dinâmico e fluido. Isso faz com que as estratégias da rede ligadas à negação da hipótese repressiva também se aproximam da primeira e da terceira características do poder estratégico, descritas por Foucault.

Entre usuários, os mecanismos de poder servem de controle do aceitável e do não aceitável, sendo que este é passível de linchamento virtual. Para Safatle (2016 b), a gestão de afetos também é uma forma de sujeição. Mesmo que o bullying e o ódio não se manifestem

on-line, por terem as informações acessíveis podem exercer sua discriminação fora da

Internet. Por exemplo, muitas empresas admitem ou demitem seus funcionários com base em suas publicações no Facebook34. Fato que comprova que as eferas público-privado, liberdade de expressão-controle estão sempre postas em um jogo duplo, de um poder que não é só coercitivo, mas também intensificador (SAFATLE, 2016 b).

Além disso, ressalta-se que essa estratégia de incitação ao discurso e sua circulação é muito lucrativa ao Facebook, principalmente quando ele fornece dados coletados sobre os usuários a empresas. Basta ver que em 2014, a receita dessa rede obtida com publicidade chegou a US$ 3,59 bilhões, segundo o jornal on-line “Valor Econômico”35.

Assim, a concepção de gratuidade vai esmaecendo, pois em vez de pagar pelo acesso, o usuário paga com a própria vida no sentido de que suas informações podem valer milhões tanto ao Facebook quanto para as empresas parceiras. Em 2003, Garcia dos Santos já refletia acerca desse fenômeno, como estratégia da economia contemporânea: “controlar os consumidores e, principalmente, monitorar as potencialidades de cada uma das dimensões de

34 Disponível em: <http://riodejaneiro.ig.com.br/?url_layer=http://blogs.odia.ig.com.br/leodias/2014/06/27/fifa-demite-

funcionaria-por-ter-tirado-foto-com-claudia-leitte/> e Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/ 2012/04/18/cerca-de-37-das-empresas-olham-redes-sociais-de-candidatos-antes-de-contrata-los.htm>. Acesso em: 27 jun, 2014.

35 Disponível em: < http://www.valor.com.br/empresas/3883288/lucro-do-facebook-cresce-com-aumento-da-receita-com-

suas vidas tornam-se uma exigência do próprio processo, impondo a coleta e o tratamento de informações” (GARCIA DOS SANTOS, 2003, p. 144).

Além disso, a instigante frase “o que você está pensando”, na tela inicial do Facebook, faz com que os usuários forneçam também sua subjetividade. Segundo Pelbart (2001) os impérios atuais precisam entender o subjetivo e captar os sonhos da multidão para se manterem em pé. Ou seja, há uma capitalização da vida já que “agora sua inteligência, sua ciência, sua imaginação – isto é, sua própria vida – passaram a ser fonte de valor” (PELBART, 2001, p. 34).

Desse modo, as formas de interação na rede social - adicionar amigos, curtir, comentar e compartilhar (itens 2 e 3 do anexo) também contribuem com a formação de perfis, muito semelhante ao descrito na quarta característica do poder estratégico de Foucault (1999): os saberes são construídos pelas práticas de observação, exame, registro, sistematização, entre outros. Antes de prosseguirmos, é necessário descrever o que se entende como perfil:

[...] um conjunto de traços que não concerne a um indivíduo particular, mas sim expressa relações entre indivíduos, sendo mais interpessoal do que intrapessoal. O seu principal objetivo não é produzir um saber sobre um indivíduo identificável, mas usar um conjunto de informações pessoais para agir sobre similares. O perfil atua, ainda, como categorização da conduta visando a simulação de comportamentos futuros (BRUNO, 2008, p. 4-5).

O perfil desenha microrregularidades que expressam tendências e potencialidades. Assim, quanto mais os usuários se conectam e se comunicam pelas redes sociais, melhor para o modelo de negócios da rede social, pois estão também auxiliando os anunciantes fornecendo-lhes contatos de consumidores que estejam o mais proximamente possível de seus objetivos de marketing (BUZATO e SEVERO, 2010).

Mas não é somente isso. Essa estratégia de reunir perfis semelhantes planejada pelos criadores do Facebook para um determinado fim, também é encontrada em outros tipos de páginas e grupos da própria rede (políticas, feministas, religiosas, ambientalistas, etc.), podendo “legitimar modos de ser, comportamentos, tipos de relacionamentos” (BUZATO E SEVERO, 2010, p. 9).

Por exemplo, o caso 6retratado no início desse tópico e o caso 8 que será descrito mais adiante, ao tentar agrupar usuários em torno de um objeto de interesse comum, cria-se uma massa que ganha força, pois os indivíduos não estão mais sozinhos para expor certas

ideologias. Muitos internautas, não só feministas, sensibilizados com a violência contra a mulher, provavelmente compartilharam a notícia em várias redes sociais on-line. Ao impor uma verdade, esse movimento feminista induziu o comportamento de vários indivíduos que, muitas vezes sem muita reflexão, veem a palavra “compartilhem” e, no ímpeto de fazer justiça, reproduzem.

Tomemos agora o poder estratégico como engrenagem de um processo baseado em comportamento do usuário na rede. Na reportagem comemorativa aos dez anos de Facebook, feita recente pelo UOL36, traz alguns dos princípios do algotitmo "Edgerank" para escolha do que será exibido no feed de notícias do usuário: a afinidade do usuário que visualiza com o conteúdo postado, a importância aferida a esse post (curtidas, clicadas, comentários, tags, compartilhamentos) e a queda com base no tempo (se é novo ou velho). E outros padrões de comportamento “não contáveis” como: quanto tempo o usuário passa olhando para um post, isto é, sem rolar a página; quanto tempo ele passa lendo uma notícia que abriu no seu feed; ou se ele clicou em "curtir" antes ou depois de ter lido o post.

Também em 2016 surgiu uma denúncia de que não só algoritmos selecionavam e priorizavam as exibições no feed de notícias, mas também humanos e com a intenção de beneficiar os conservadores americanos37. Representantes do Facebook negam uma possível

manipulação. Segundo eles, um algoritmo da rede social calcula quais são as palavras, ou assuntos, que tiveram um aumento significativamente maior que a média em um período de vinte e quatro horas. A equipe de humanos apenas estaria ali para supervisionar o resultado dos robôs.

Assim, juntando o fato de que grupos e posts podem influenciar comportamentos e que o Facebook seleciona o que será exibido para cada usuário, dependendo de seu perfil, pode-se supor que quanto mais as pessoas se envolvam em algum tipo de linchamento virtual (curtindo/desaprovando; comentando a favor ou contra; compartilhando), mais assuntos desse tipo aparecerão em seu feed de notícias e mais chances elas têm de interagir novamente, reativando o ciclo.

Então, no caso 6 mesmo as pessoas não sendo engajadas no movimento feminista, ao interagirem com esse tema, certamente receberão outras postagens com conteúdos

36 Disponível em: < http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2016/06/20/por-mais-anuncios-e-posts-redes-sociais-

trocam-tempo-real-pela-relevancia.htm>. Acesso em: 20 jun, 2016.

37 Disponível em: < http://super.abril.com.br/tecnologia/um-grupo-de-humanos-decide-o-que-voce-le-no-facebook>. Acesso

semelhantes, podendo repetir a ação, mesmo sem averiguar a veracidade, além de estar atacando a dignidade de outrem38.

Ainda sobre a quarta característica do poder estratégico de Foucault, podemos falar de o quanto a tecnologia favoreceu o registro e a recuperação de dados. As postagens no Facebook ficam registradas e podem ser facilmente recuperados nesta própria rede ou em sites de busca. Esses registros propiciam a investigação de certo usuário ou de um grupo de usuário por empresas, por escolas, pela polícia ou por qualquer interessado. Até mesmo para fins científicos: alguns casos de linchamentos virtuais que ocorreram antes do início desta pesquisa foram facilmente encontrados com uma busca no Google (Web e imagens) e recuperados para análise.

Como exemplo também, citamos um episódio, ocorrido em outubro de 2014: uma quadrilha foi presa em Ipatinga, após a polícia acompanhar as postagens dos envolvidos no Facebook39. Eles utilizavam-se das redes sociais para postar fotos com armas e drogas e assim amedrontar e ameaçar a sociedade e os membros das gangues rivais. No caso do linchamento do Guarujá, postagens no Facebook também foram averiguadas. Portanto, o registro digital usado como exposição (popularmente denominado de ostentação) do usuário tem servido como prova para o poder jurídico.

Com isso, também encontramos uma semelhança com a segunda característica do poder estratégico, que relembramos: “o poder não pertence exclusivamente ao Estado ou a Lei; ele opera em níveis cotidianos”. Nos exemplos citados anteriormente, observa-se que o Estado (em busca de terreoristas) a Lei (como o caso de Ipatinga) e até pessoas comuns (como o blog feminista) exercem o seu poder em relações cotidianas, como o simples fato de interagir nas redes sociais.

Diante do exposto, haveria alguma escapatória das malhas do poder? Segundo a quinta característica do poder-prazer: toda aplicação de poder abre possibilidade de resistências. Todavia, ao conectar-se, já torna o indivíduo um componente das malhas do poder.

Nesse caso, seria simplista dizer que basta não ter conta no Facebook ou exclui-la, pois “não há fora desse modo de prospecção de informações, não é possível nos ausentarmos dos sistemas de comunicação e todos estamos incluídos, ainda que não utilizemos de

38Mais detalhes no tópico 3.4.2.

determinado serviço” (KANASHIRO, 2016, p. 22). Por exemplo, se o usuário não tem Facebook, mas recebe e envia mensagens pelo WhatsApp, também é rastreado. E quem nunca precisou fazer uma busca pelo Google? Assim, não há necessidade de ser usuário: basta ter contato com quem é.

Resistir, então, não se trata de negar as TICs, mas propor alternativas a partir da reapropriação da tecnologia e da construção de saberes. Atualmente, há grupos que debatem a questão da privacidade, tendo como alternativas a navegação anônima e mensagens criptografadas. Há outros que, pela proposta de contravigilância, problematizam sistemas de busca a partir de sua reapropriação, como a utilização de software livre e laboratórios experimentais em rede (KANASHIRO, 2016).

Outra forma de resistência seria conectar-se à rede criando um cadastro fake, ou seja, um usuário fictício, como se fosse uma personagem. Muitos usuários utilizam-se desse recurso para participarem de linchamentos virtuais, a fim de não serem identificados, como visto no caso de comentários racistas à jornalista Maria Júlia Continho, a Maju, na página do Jornal Nacional da Rede Globo no Facebook. No entanto, isso também é ilusório, porque todos os conectados possuem um endereço de IP (Internet Protocol), possibilitando o rastreamento e localização do indivíduo. Em muitos lugares, para utilizar computador público é preciso fazer um cadastro para, se preciso, facilitar a identificação pessoal, já que o IP não levaria a uma única pessoa.

Faz parte da estratégia manter as pessoas o maior tempo possível conectadas, de modo que elas já não saibam mais o que é dentro é fora da rede, vivendo em um constante efeito Mobius (LEVY, 1996). Sendo assim, vários acontecimentos cotidianos também se confundem entre esses dois cenários e é inevitável que a arena para julgamentos e justiçamentos também migre para o ambiente digital. Vejamos o caso 7:

3.3 Na rede e para além dela: o controle ao ar livre e o disciplinamento da