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Esquema 5 – A esquematização na situação de interlocução (GRIZE, 1996, p 68)

5.3 RDS DE LULA NAS CAPAS DA REVISTA ÉPOCA

5.3.2 Predicação e seus modificadores

Em nosso estudo sobre as predicações que contribuem para a construção das Rds de Lula, entendemos que a predição opera sobre uma classe-escopo (o sujeito) presente nas proposições-enunciados, bem como sobre os complementos presentes nessas proposições (NEVES, 2011). Desse modo, antes de analisarmos textualmente os sentidos provenientes dessas predicações38 para a construção das Rds de Lula, observemos um quadro demonstrativo dos processos39 que se apresentam no corpus e a ocorrência destes.

Quadro 15 – Processos utilizados pela revista Época para a construção da Rd de Lula

Processos Número de ocorrências Capas

Prepara 01 Ep229

Torna 01 Ep231

Pedia 01 Ep232

Toma 01 Ep242

É preciso ter 01 Ep330

Prevê 01 Ep369

Admite desistir 01 Ep369

Foi usado 01 Ep377

Reage 01 Ep377

Testa 01 Ep377

Estava 01 Ep404

Vai tornando 01 Ep404

Aguenta 01 Ep412 Fez 01 Ep433 Passaram 01 Ep433 Contou 01 Ep436 Serão 01 Ep442 Perde 01 Ep500 Fonte: Autor.

38 Salientamos que, para efeito de análise, devido ao nosso corpus não ser um texto único, mas, composto por vários textos do mesmo gênero de discurso, reuniremos os enunciados em que os processos se dão no mesmo campo semântico e/ou convergem para uma Rd de mesmo sentido.

39 Relembramos que a utilização do termo processo diz respeito aos verbos e locuções verbais utilizadas na formulação das proposições-enunciados.

De um total de dezoito ocorrências de processos no corpus da revista Época, constatamos a não repetição dos processos, o que por um lado dificulta a interpretação dos sentidos das predicações que constroem a Rd de Lula, mas que, por outro lado, permiti-nos observar a consonância de sentidos que diferentes processos intercambiam para que a revista construa as Rds do tema tratado.

Embora a maior recorrência seja de processos em tempos simples, vale ressaltar que apenas quatro processos são constituídos por locução verbal, o que sinaliza uma característica da revista em construir enunciados de caráter nominal ou com poucas predicações, apesar de a predicação poder ocorrer também pela elisão verbal, ou seja, a ausência de um processo que já foi utilizado antes e que não se faz necessário a sua repetição para estabelecer relação com o escopo seguinte. Todavia, nas proposições-enunciados de Época não foi constatada a presença elíptica de processos.

Por meio das predicações verificadas foi possível perceber o tratamento temporal dado aos processos, o que, por oportuno, caracteriza o tema tratado em consonância com o ideário da revista, ou seja, de tratar informações que aconteceram (passado), acontecem (presente) ou acontecerão (futuro), permitindo-nos, além de situarmos em um tempo real, “nos deslocarmos livremente pela linha do tempo, de acordo com nossas necessidades expressivas” (CASTILHO, 2010, p. 432).

Com o intuito de vislumbrarmos essa temporalidade dos processos em Época, vejamos o quadro a seguir:

Quadro 17 – Conjugação dos processos utilizados pela revista Época para a construção das Rds de Lula

Tempos e modos dos processos Número de ocorrências

Processos

Presente do Indicativo 09 Prepara; torna; toma; prevê; reage; testa; aguenta; fez; perde. Pretérito Perfeito do Indicativo 02 Passaram; contou. Pretérito Imperfeito do Indicativo 02 Pedia; estava.

Futuro do Presente do Indicativo 01 Serão

Presente do Indicativo + Infinitivo 01 Admite desistir; é preciso ter. Presente do Indicativo + gerúndio 01 Vai tornando

Pretérito Perfeito do Indicativo + Particípio Passado

01 Foi usado

Fonte: Autor.

Com o maior número, nove ocorrências, o presente do indicativo foi o tempo verbal mais utilizado por Época nos processos presentes nas predicações. Acreditamos ser este fato decorrente da busca que a revista faz por trazer à tona a expressão de fatos/certezas sobre o

que é enunciado sobre o referente, o que ocorre também com o processo “admite desistir”, constituído pelo presente do indicativo + infinitivo.

Em seguida, com duas ocorrências, temos os processos constituídos no pretérito

perfeito do indicativo, por meio dos quais a revista materializa acontecimentos já concluídos,

o que também acontece através da locução verbal “foi usado” (única ocorrência de processo no tempo pretérito perfeito do indicativo + particípio passado). Nesses casos, a revista consolida o fato e o apresenta ao leitor, permitindo a este compreender algo acontecido. Também, com duas ocorrências, temos o pretérito imperfeito do indicativo que dá ideia de uma ação durativa no passado.

O futuro do presente, por sua vez, permite à revista perspectivizar acontecimentos ou levar o leitor à reflexão sobre o que pode acontecer, colocando o referente como escopo da ação. Já o presente do indicativo + infinitivo, com o processo “é preciso ter”, dá um caráter de inacabamento pela modalização que o verbo auxiliar possui. Quanto ao presente do indicativo

+ gerúndio, a revista projeta um estado sobre o referente, dando a este um caráter de

inacabamento do processo.

Nesse sentido, a temporalidade nos processos contidos nas proposições-enunciados proferidas pela revista em sua capa dimensiona o leitor a compreender a Rd do referente ao longo do tempo, bem como situam os fatos em seus respectivos aspectos de acabamento ou inacabamento da ação, do estado etc.

Vale também mencionar que, quando a revista enuncia sobre o referente Lula, ela utiliza verbos que se apresentam na terceira pessoa do singular, independentemente do tempo verbal que o processo encerra. Nesse sentido, quer se trate da referenciação do tema tratado como “Lula” ou “presidente”, sempre temos o verbo amparado no pronome pessoal do caso reto “ele”.

Feitas as devidas considerações linguísticas sobre os processos que constituem as predicações em torno do objeto de discurso Lula, passemos a análise das Rds desse tema por meio das predicações. Para tanto, comecemos pelos enunciados que utilizam processos do campo semântico acional.

Quadro 18 – Predicações com processos de ação

Exemplo Enunciados Código

Exemplo 42 Lula prepara uma frente dos adversários do governo SUBEp232

Exemplo 43 A vitória do candidato que pedia mudanças SUBEp232

Exemplo 44 Lula toma posse e o povo se aproxima do poder SUBEp284

Exemplo 45 Em entrevista à Época, o presidente diz que é preciso ter

mais espaço para espetáculo”

Exemplo 46 Desanimado, o presidente prevê meses de crise e admite

desistir da reeleição SUBEp369

Exemplo 47 Presidente reage e testa sua candidatura à reeleição SUBEp377

Exemplo 48 O que ele fez CPEp433

Exemplo 49 Na campanha de 2002, as promessas de Lula passaram de 700. ÉPOCA investigou o resultado de cada uma delas

SUBEp433

Fonte: Autor.

A revista, ao tratar Lula na condição de candidato, se utiliza de duas predicações: “prepara” e “pedia” (exemplos 42 e 43). Com essas predicações, a revista constrói a Rd discursiva de Lula como um candidato articulado e aparelhado para enfrentar o pleito, percebido pelo processo “prepara”, bem como de um candidato insatisfeito com a situação política do Brasil, através do processo “pedia”, com o qual se faz remissão a um desejo do candidato que é anterior a sua vitória em 2002. Além disso, pela proposição-enunciado do exemplo 43, podemos percebemos que a maneira de agir do candidato, imbuída no processo

pedia, foi uma das vantagens que o fez garantir a vitória na eleição presidencial.

O processo “toma”, exemplo 44, revela uma Rd de Lula não mais como candidato, mas, sim, como presidente, pois está incutida nesta predicação a ideia de ocupante de cargo público, isto é, a partir desse momento, haja vista o processo estar no tempo presente, Lula será o encarregado pelo gerenciamento da nação brasileira em todas as suas instâncias – política, econômica, educacional etc.

No exemplo 45, a revista Época constrói a representação discursiva de Lula como cauteloso, o que se percebe pela presença do processo “é preciso ter”. Com isso, a revista sinaliza o modo como Lula agirá em seu mandato enquanto presidente do Brasil.

Por meio das predicações constituídas pelos processos “prevê”, “admite desistir”, “reage” e “testa” (respectivamente, exemplos 46 e 47), a revista Época constrói a imagem de Lula como um presidente que está um passo a frente da situação brasileira e que antecipa possíveis acontecimentos (prevê), no caso, uma crise. Todavia, na mesma proposição- enunciado do processo “prevê”, a revista imputa a Lula a ideia de fraqueza (admite desistir), uma vez que, segundo a revista, Lula afirma que não dará continuidade a sua candidatura à reeleição, desistindo da presidência da República.

Diferentemente do processo “admite desistir” com o qual a revista constrói a Rd de Lula como desertor, pelas predicações constituídas pelos processos “reage” e “testa”, Época materializa textual e discursivamente Rds positivas de Lula, a saber, de resistente, de

batalhador, sem medo de por à prova o seu nome e o seu trabalho como presidente. Isso revela a atitude comportamental de Lula frente ao novo pleito que, na ocasião, se aproximava.

As proposições-enunciados dos exemplos 48 e 49 estão contidas na mesma capa de revista. A voz da revista, com a chamada principal, põe em cheque as ações de Lula como presidente, através do processo “fez”, o que é ratificado pela predicação dada no subtítulo da capa com o enunciado “na campanha de 2002, as promessas de Lula passaram de 700”. O processo “passaram”, associado a seu modificador “de 700”, revela uma extensão da classe- escopo “... as promessas de Lula”, isto porque, o modificador projeta na predicação uma quantificação, por conseguinte, o fato de Época se colocar como investigadora dos resultados, faz crer no leitor, pelo excesso de promessas, que Lula não deve ter honrado com todos esses compromissos, construindo, portanto, uma Rd negativa de Lula como prometedor.

Outro campo semântico que coaduna os processos das predicações instauradas pela revista Época em torno do objeto de discurso Lula são as de cunho circunstancial (estado). Estas revelam mudanças e constroem conjuntamente as Rds inerentes ao referente. Observemos os enunciados que apresentam essa função.

Quadro 19 – Predicações com processos de estado

Exemplo Enunciados Código

Exemplo 50 Serra pode crescer mas se as pesquisas estão corretas, no dia 27 Luiz Inácio Lula da Silva se torna o 36º presidente da República

SUBEp231

Exemplo 51 Quem disse que ele estava morto? CPEp377

Exemplo 52 Como entender a espetacular mudança de cenário que vai tornando Lula, contra todos os prognósticos, o grande favorito para a eleição presidencial

SUBEp404

Exemplo 53 Como serão os próximos quatro anos SUBEp404

Fonte: Autor.

Ao utilizar o processo tornar em suas formas conjugadas de 3ª pessoa do singular – “torna” (exemplo 50) e na forma de gerúndio na locução verbal “vai tornando” (exemplo 52), a revista Época representa discursivamente o objeto de discurso Lula em dois momentos de eleição, fazendo conjecturas sobre a sua possível eleição em 2002 e a sua plausível reeleição em 2006. Desse modo, ao revelar essa provável mudança de condição, ou seja, de candidato a presidente, a revista constrói a Rd de Lula como possível vitorioso.

No exemplo 51, o próprio processo (estava) já representa o estado de Lula que se segue pelo adjetivo “morto” (predicativo do sujeito). Ao fazer isso, a revista cria, por antonímia, a ideia de que o referente permanece vivo e com chances de se reeleger, mesmo

contra todas as especulações em torno da sua vida política. Semanticamente, a revista expressa através da predicação “estava morto” a ideia de que, embora com todos os desgastes sofridos pelo primeiro mandato de Lula, ele ainda está no páreo e com grandes chances de ser vitorioso. Tal condição dada ao referente por essa predição é comprovada pela predicação do exemplo 52 – “Como entender a espetacular mudança de cenário que vai tornando Lula, contra todos os prognósticos, o grande favorito para a eleição presidencial”.

Quanto ao exemplo 53, a revista realiza por meio do processo no futuro (serão) uma inferência acerca do que, após os quatro primeiros anos de mandato, o que poderá acontecer como Lula e seu governo nos próximos quatro anos. Desse modo, indiretamente, Época representa Lula como expectador, curioso e interessado em saber como será o seu próximo mandato. Podemos inferir esse sentido pela imagem principal do então presidente reeleito retratada na capa da revista. Vejamos:

Figura 12 – A contribuição da imagem principal para a predicação de futuro “serão”

Fonte: Revista Época, edição 442.

Nesta capa, a revista apresenta a imagem de Lula com uma expressão facial de visionário e otimista, olhando para cima e com um sorriso no rosto, vislumbrando o que está por vir no seu próximo mandato. Nesse sentido, com o processo “serão”, atrelado ao sentido permitido pela imagem principal, podemos dizer que a revista constrói de Lula a Rd de

expectador, porém, um expectador confiante e satisfeito com o acontecimento da reeleição e do que há de vir pela frente.

Quadro 20 – Processos de ação que materializam estados sobre o referente Lula

Exemplo Enunciados Código

Exemplo 54 Dinheiro de Marcos Valério foi usado na campanha de Lula SUBEp377

Exemplo 55 Ele aguenta? CPEp412

Exemplo 56 Ninguém contou para ele? CPEp436

Exemplo 57 Quem perde

Lula, Mantega, Serra, Aécio – a gastança pública SUBEp500 Fonte: Autor.

Nas proposições-enunciados dos exemplos 54, 55 e 56, temos três verbos de ação que não são necessariamente ações praticadas por Lula, mas, sim, por outros alocutários e que, através das predicações resvalam sobre o tema tratado, o que nos faz compreender a intenção da revista em construir Rds de Lula sob vieses positivos ou negativos. Em 54, a revista coloca Lula como beneficiário, ou seja, o processo “foi usado” coloca Lula como o indivíduo que tirou proveito de algo, no caso, do dinheiro de Marcos Valério - um empresário brasileiro da área publicitária, que se tornou nacionalmente conhecido em 2005 por seu envolvimento no chamado escândalo do Mensalão. Nesse sentido, a revista ao pôr Lula como beneficiário desse dinheiro, inferencialmente, constrói uma Rd dele como cúmplice de desvios financeiros realizados por Marcos Valério.

Com os exemplos 55 e 56, respectivamente os processos “aguenta” e “contou”, a revista busca revelar um estado psicológico do referente Lula nas predicações, haja vista as predicações além de permitirem o sentido indicado pelo verbo, contextualmente poderem apresentar o estado do referente na proposição. Em sendo assim, a revista constrói a Rd de Lula como desinformado, “coitadinho”, com base em uma ironia relacionada aos casos de corrupção, dos quais Lula sempre asseverou não ter sido informado. Essa interpretação dá-se por dois elementos: os predicadores, conforme atestado anteriormente, e as imagens principais das capas da revista. Vejamos:

Figuras 13 e 14 – Predicação e sentido nas capas da revista Época

Fonte: Revista Época, edição 412. Fonte: Revista Época, edição 436.

Ao enunciar “Ele aguenta?” e “Ninguém contou para ele?”, a revista questiona a condição de Lula, ou seja, o estado psicológico do participante. Na imagem principal da edição que tem por predicação o processo “aguenta”, Lula aparece como uma sombra da situação que é materializada no subtítulo “O impacto do caso Palocci sobre Lula”, significando o afetamento sofrido pelo presidente. Palocci Filho foi um dos políticos envolvidos no escândalo do Mensalão por receber entre 2001 e 2004 R$ 50 mil mensais de propina da empresa Leão&Leão, que seria favorecida em licitações da prefeitura de Ribeirão Preto e o dinheiro dessa propina seria usado para abastecer um caixa dois de candidatos do PT.Direta ou indiretamente, com a proposição “Ele aguenta?”, através do verbo “aguentar”¸ a revista põe em cheque a idoneidade de Lula nesse escândalo e constrói dele uma imagem negativa, duvidando de sua resistência diante do acontecimento do escândalo.

A representação discursiva de Lula como “coitadinho”, desinformado, evidenciada pela predição “contou a ele?” é figurativizada pela imagem de Lula cabisbaixo na imagem principal de Ep436. A imagem representa o estado de Lula quanto aos casos de corrupção acontecidos em seu governo, mas isso de forma irônica, sinalizando a desconfiança da revista quanto ao fato de ele realmente não saber.

No exemplo 57, Lula é colocado com um conjunto de outros políticos que são considerados perdedores em relação a gastos públicos. Diante disso, a revista constrói a Rd de lula, com base no processo “perde”, como perdedor por não poder mais utilizar o dinheiro público de forma desmedida, configurando um estado do referente e dos demais alocutários presentes na proposição-enunciado.

Em síntese, ao construir as predicações referentes ao objeto de discurso Lula, a revista constrói Rds em dois segmentos: as que tratam o tema de forma positiva e as que o tratam de maneira negativa. A saber:

Quadro 21 – Representações discursivas de Lula por meio das predicações

Referente Sentido das predicações Representações discursivas

Lula

Positivas

Candidato articulado e aparelhado (prepara); insatisfeito com a política nacional (pedia); ocupante de cargo público e gerente da nação brasileira (toma); resistente e batalhador (reage);

sem medo de por à prova o seu nome (testa); possível vitorioso (torna, vai tornando); vivo e

com chances de se reeleger (estava).

Negativas

Fraco e desertor (admite desistir); prometedor (fez e passaram); cúmplice (foi usado); desinformado, coitadinho (contou); sem

resistência (aguenta); perdedor (perde). Fonte: Autor.

5.3.3 Relação

Nos textos das capas da revista Época, a única operação de relação evidenciada diz respeito à contiguidade, isto é, a ligação entre os enunciados que, conforme mencionamos no subtópico 3.1.2.4, trataremos por conexão. A categoria de conexão cria vínculos entre as partes que constroem o conjunto de proposições. Linguisticamente, observamos a presença de quatro tipos de conectivos nas proposições-enunciados das capas da revista, assumindo a função de conectar as partes que compõem o texto. Quais sejam:

Quadro 22 – Conectivos usados nos textos da revista Época

Conectivos Número de ocorrências Função textual-discursiva

E 06 Aditivo

Que 02 Integrante

Mas 02 Adversativo

Para que 01 Final

Numa perspectiva coesiva, Neves (2011, p. 223) afirma que a conexão “abrange os mais diversos tipos de estruturação de superfície”, ou seja, são as conjunções (conectivos) os responsáveis pelo encadeamento entre o que se apresenta no cotexto precedente com o cotexto posterior. Dessa forma, faz-se possível a compreensão de sentidos com base nesses elementos que conectam partes do texto, quer por coordenação ou subordinação, haja vista eles condicionarem às proposições-enunciados os objetivos visados pelo locutor ao produzir a ação de linguagem. Vejamos, portanto, o sentido do conector “e”, recurso de conexão mais frequente nas capas de Época.

Quadro 23 – Conectivos aditivos usados nos textos da revista Época

Exemplos Enunciados Código

Exemplo 58 As forças e fraquezas de um governo do PT SUBEp205

Exemplo 59 Lula toma posse e o povo se aproxima do poder SUBEp242

Exemplo 60 Desanimado, o presidente prevê meses de crise e admite desistir

da reeleição SUBEp369

Exemplo 61 Presidente reage e testa sua candidatura à reeleição SUBEp377 Exemplo 62 Quem perde

Lula, Mantega, Serra, Aécio – e a gastança pública SUBEp500 Exemplo 63 O legado do presidente e sua sombra sobre o futuro governo SUBEp646

Fonte: Autor.

Nas proposições-enunciados em que a conjunção aditiva aparece, temos o acréscimo de informações (exemplos 58, 62 e 63) pela união de constituintes no sintagma ou a conexão entre sentenças (exemplo 59, 60 e 61). No exemplo 58, pelo uso do “e”, a revista adiciona um atributo “fraquezas”, oposto a outro atributo (forças) aferido ao participante Lula, recategorizado como “governo do PT”. Com isso, o referido conectivo auxilia a reconstrução da Rd do tema tratado como aquele que apresenta pontos fortes e pontos fracos para governar o Brasil. O mesmo ocorre no exemplo 62, pois a Rd de Lula como parte daqueles que são perdedores, no que diz respeito a não poder mais utilizar o dinheiro público de forma desmedida, dá-se pelo uso do conectivo “e” que adiciona o sintagma nominal “a gastança pública” como uma das perdas a que se refere o processo perde. Em 63, seguindo o mesmo princípio de adição, o “e” conecta “o legado do presidente” a “sua sombra” com vistas a contribuir com a Rd do referente como aquele que deixou uma herança para o futuro governo e que, por isso, não será possível descartá-lo no governo seguinte, tornando-se ele uma sombra que seguirá a nova gestão.

Nos demais exemplos, a conexão se dá entre sentenças, implicando uma continuidade das ações praticadas pelo referente nas proposições-enunciados. Com o exemplo 59, a revista

acrescenta a ideia de que, com a posse de Lula, o povo se aproxima do poder, contribuindo, portanto, para a construção da Rd de Lula como o candidato do povo. No exemplo 60, o conectivo articula a primeira sentença “prevê meses de crise” a outra que revela a Rd de Lula como desistente. Por fim, com o exemplo 61, a revista adiciona à ação de reagir a de testar, contribuindo para a Rd do participante como resistente e sem medo de se expor ao teste público.

Quadro 24 – Conectivos integrantes usados nos textos da revista Época

Exemplos Enunciados Código

Exemplo 64 Em entrevista à Época, o presidente diz que é preciso ter cautela para que o Brasil cresça por mais dez anos: “Não há mais espaço para espetáculo”

SUBEp330

Exemplo 65 Quem disse que ele estava morto? CPEp404