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PRINCÍPIOS POLÍTICO-CONSTITUCIONAIS

III TERCEIRA PARTE: OS VALORES SUPREMOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA

3. PRINCÍPIOS POLÍTICO-CONSTITUCIONAIS

O ponto mais importante na Constituição brasileira, promulgada em 1988, o espírito dos Constituintes que integraram a Comissão de Sistematização inclinava-se para o sistema de governo parlamentarista, mas, o plenário massivamente voltou pelo presidencialismo.649

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SOUZA JUNIOR , Cezar Saldanha de. Constituições do Brasil. Porto Alegre, Sagra (SOUZA JUNIOR, 2002, p. 84)

Essa situação fez proceder a uma revisão na estrutura de poderes constante daquele projeto apresentado, ao instituir um Estado de Direito, (Rechtsstaat).650

Os princípios político-constitucionais encontram-se basicamente no artigo 1° de nossa Constituição brasileira, são fundamentos da Organização do Estado Brasileiro, devem ser interpretados como os principais valores na Organização da Ordem Social e Jurídica brasileira.

Os Princípios Político-Constitucionais são ligados às demais decisões políticas fundamentais, tais como: os princípios da forma de estado, da forma de governo, de sistema de governo e de regime de governo, além de princípios relativos à relação entre o público e o privado e princípios referentes a relações entre nacionais e estrangeiros.

Relacionados na Lei Magna ao Princípio Federativo, o Princípio Democrático, o Princípio Republicano, o Princípio Presidencialista ou Princípio da Tripartição dos Poderes, os princípios da ordem internacional, da ordem social, da ordem econômica e os da nacionalidade. Enquanto princípios axiológicos encontram-se na Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891, a Carta Constitucional de Nascimento da República e de Princípios-político Constitucionais fundamentais do Estado brasileiro livre, soberano e independente.X Constava no artigo 6º daquela dessa Constituição 651 os limites para a atuação

da União, para a garantia da autonomia dos Estados.652

Ao proibir a intervenção do Governo federal nos negócios peculiares, exceto para repelir atentados contra a soberania, manter a forma de governo republicano e o sistema de organização federal, manter a ordem democrática e assegurar a legalidade, ela preserva a autonomia dos Estados. Esse artigo recebeu nova uma redação em 03 de setembro de 1926, através de Emenda Constitucional inserindo um rol maior de princípios político-constitucionais para assegurar a integridade do sistema federativo e das instituições republicanas e democráticas.Y Essa Emenda inseriu no sexto artigo três parágrafos que estabeleciam limites aos Poderes e competências ao Congresso Nacional para decretar intervenção nos Estados para assegurar o respeito a esses

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Professores políticos grande divulgadores, da expressão Rechtsstaat são Welcker,Rotteck e Mohl, conforme Cezar Saldanha de Souza Júnior, in Supremacia do Direito (SOUZA JUNIOR, 2002, p. 154), por razões estratégicas: por três frentes .

651 Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1981. Art 6º - O Governo federal não poderá intervir em

negócios peculiares aos Estados, salvo: 1 º ) para repelir invasão estrangeira, ou de um Estado em outro; 2 º ) para manter a forma republicana federativa; 3 º ) para restabelecer a ordem e a tranqüilidade nos Estados, à requisição dos respectivos Governos; 4 º ) para assegurar a execução das leis e sentenças federais.

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Art 5º - Incumbe a cada Estado prover, a expensas próprias, as necessidades de seu Governo e administração; a União, porém, prestará socorros ao Estado que, em caso de calamidade pública, os solicitar.

princípios Constitucionais da União653, e ao Presidente da República, a execução dessa medida

excepcional de supressão da autonomia654, e ao Supremo Tribunal Federal requisitar

intervenção nos Estados para execução de sentenças.655

Verifica-se nesta primeira Constituição da República, a preocupação da Assembleia Constituinte no resguardo de Princípios Político-Constitucionais 656

ao permitir a sua reforma, expressamente garantia a impossibilidade de futura deliberação quanto à forma de governo republicano e do sistema político representativo.657 Esses princípios surgem com a nova

realidade social e mental que se formava no Brasil imperial a partir dos anos 1870. Duas correntes políticas agregaram-se aos ideais federalistas da nova geração, a tradição do pensamento liberal francês revolucionário, que chegou ao País com Frei Caneca, e a doutrina positivista de Augusto Comte, com forma no estamento militar. No Rio Grande do Sul, nesse período, surge uma “a nova elite política gaúcha, muito próxima dos militares, com seus sentimentos antimonárquicos e descentralizastes”658.

O primeiro princípio elencado no artigo 1ª, inciso I, a soberania, significa a supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna e a independência na ordem política externa, constitui um dos atributos do próprio Estado, pois não existe sem soberania. A cidadania, elencada no inciso II do primeiro artigo da Carta Constitucional brasileira, está ai empregada em sentido amplo, alcançando tanto o exercício do direito de votar e ser votado, como o efetivo exercício dos direitos fundamentais elencados na Constituição. Possibilitando, para sua efetivação, recorrer ao mandado de injunção se a falta de norma reguladora vier a tornar inviável o exercício desse direito.

Na expressão de José Afonso da SILVA, 659

e na esteira de Gomes CANOTILHO, da expressão República Federativa do Brasil, contida no art. 1ºda Constituição da República,

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§ 1º Cabe, privativamente, ao Congresso Nacional decretar a intervenção nos Estados para assegurar o respeito aos principios constitucionaes da União (nº II); para decidir da legitimidade de poderes, em caso de duplicata (nº III), e para reorganizar as finanças do Estado insolvente (nº IV)

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§ 2º Compete, privativamente, ao Presidente da República intervir nos Estados, quando o Congresso decretar a intervenção (§1º); quando o Supremo Tribunal a requisitar (§ 3º); quando qualquer dos Poderes Publicos estadoaes a solicitar (nº III); e, independentemente de provocação, nos demais casos comprehendidos neste artigo.

655 § 3º Compete, privativamente, ao Supremo Tribunal Federal requisitar do Poder Executivo a intervenção nos

Estados, a fim de assegurar a execução das sentenças federaes (nº IV)."

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“Art 83 - Continuam em vigor, enquanto não revogadas, as leis do antigo regime no que explícita ou implicitamente não forem contrárias ao sistema do Governo firmado pela Constituição e aos princípios nela consagrados”.

657 Art 90 - A Constituição poderá ser reformada, por iniciativa do Congresso Nacional ou das Assembleias dos

Estados. [sic] § 4º - Não poderão ser admitidos como objeto de deliberação, no Congresso, projetos tendentes a abolir a forma republicano-federativa, ou a igualdade da representação dos Estados no Senado. .658 SOUZA JUNIOR, Constituições [...]

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extrai-se além da organização da forma de Estado e da forma de governo, mas uma norma- síntese ou norma-matriz. Encontra-se ai uma relação explícita imputação, um mandamento de grande relevância: uma norma-princípio político-constitucional.

Conforme SILVA, dentre as várias tipologias dos princípios constitucionais encontradas literatura jurídica, destaca-se duas categorias: os que representam as decisões políticas fundamentais do Estado - os princípios político-constitucionaisZ, também chamados de constitucionais fundamentais Luís Roberto BARROSO (2003, p. 154), e de políticos constitucionalmente conformadores, CANOTILHO (1993, p. 172); e os que traçam uma linha limitadora do poder do Estado: princípios jurídico-constitucionais, que, por sua vez, podem ser gerais ( os que definem os direitos fundamentais), ou especiais àqueles atinentes a um tema, capítulo ou título da Constituição ( como os que informam a ordem tributária).