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Segurança formal e material.

III TERCEIRA PARTE: OS VALORES SUPREMOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA

1. OS VALORES SUPREMOS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

1.1 Valores supremos: a liberdade e a igualdade

1.3.1 Segurança formal e material.

Conforme SORIANO, alguns autores preferem denominar as dimensões da segurança em segurança jurídica formal, nessa está entendida uma segurança jurídica mínima proporcionada pelo Estado de Direito escassamente desenvolvido, dotado de poucos princípios e instituições de segurança, ao lado da positivação e de escasso sistema de proteção dos direitos das pessoas no lado da eficácia. Já a segurança material é mais ampla, dificilmente plena, num Estado de Direito desenvolvido, como um elevado número de princípios e garantias de segurança jurídica, convivendo com um sistema de recursos e instituições para a proteção dos direitos. Mas, esse autor acrescenta um outro tipo, o da falsa ou demagógica segurança que é proclamada pelos sistemas autoritários com seus

slogans de paz e segurança; o poder autoritário, diz o autor, sempre se autoproclamam

garantidores da vida e segurança de seus cidadãos, mas escondem na sua própria estrutura a concentração do poder, ausência de controle do exercício do poder, prerrogativas do poder. Nesse a ameaça constante da verdadeira segurança que é a que permite o exercício das liberdades dos cidadãos e o controle e responsabilidade dos atos políticos daqueles que detém

568

(SOUZA JUNIOR, 1ª e 2ª semestre de 2012, p. informação oral)

569

o poder570. A história nos mostrou que, na ausência de mecanismos de defesa da Constituição

e da ordem constitucional preme a destruição da democracia e do Estado de Direito, é o que aconteceu pelos ataques dos ideologísmos nazistas antidemocráticos,571

que acarretaram, inclusive, o adiamento da plena realização da própria Constituição alemã de 1919. A caminhada constitucional na Alemanha somente foi retomada após a vivencia dos horrores da Segunda Guerra Mundial, passando a dignidade da Pessoa Humana ser reconhecida e é elencada como o valor dos valores na Lei Fundamental de Bonn, de 23 de maio de 1949. Na mesma esteira seguiram as Constituições da França e da Itália572 e na continuidade as demais

constituições dos Estados que tem por valor a democracia.

A segurança jurídica no Estado de Direito manifesta-se especialmente pelos direitos jurisdicionais, recursos colocados a disposição dos cidadãos frente às coações e arbitrariedades dos poderes públicos e dos particulares.573 A segurança, valor supremo,

recebe proteção por meio de vários remédio constitucional colocados à disposição pelo legislador constituinte, e.g., como o habeas corpus574 e o Mandado de Segurança

individual575 ou coletivo 576, que pode ser impetrado contra atos ilegais praticados por

representantes da Administração Publica, ou preventivamente para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas data ou habeas corpus .577 Ainda, outras ações constitucionais

como o mandado de injunção, a ação civil pública e a ação popular.

A dignidade da Pessoa Humana somente no Estado Social Democrático de Direito encontra eficácia material e o Estado somente existe para defendê-la. É no Estado de Direito que se encontram as garantias dos direitos humanos e os mecanismos para a defesa desses direitos e dos valores supremos que lhes dão suporte. Os valores relativos à dignidade da

570

(SORIANO, pp. 17-18)

571

SOUZA JUNIOR, A supremacia do direito no Estado Democrático e seus Modelos Básicos. Porto Alegre: 2002, p. 163.

572

(SOUZA JUNIOR, op. cit., p. 35).

573

(SORIANO, p. 18)

574

Artigo 5º, LXVIII, Constituição brasileira de 1988

575

Artigo 5º, LXIX, Constituição brasileira de 1988.

576

Artigo 5º, L XX, Constituição brasileira de 1988.

577

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas- corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; In file:///K|/STF%20-%20CF.htm (67 of 574)17/08/2005, acesso em 20 de julho de 2013. LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: [...]

Pessoa Humana578, ainda que reconhecidos e consensualmente proclamados pelas constituição

e legislação infra constitucional, inclusive pelos tratados internacionais pelos quais o Brasil é signatário, dependem de um sistema de proteção que os acautele dos juízos individuais, bem como os defenda do próprio Estado. Quis o legislador constituinte brasileiro inserir no rol dos valores supremos elencados no preâmbulo da Constituição brasileira, nos direitos e garantias individuais e coletivos, no caput artigo 5º, e seus incisos, e no artigo 6º, reconhecendo a segurança como direito social 579, direito do trabalhador 580, a segurança no trânsito581.

Garantias do artigo 5º, como o direito à reparação de danos 582, direito de provas 583, ao

devido processo legal, ao contraditório e ampla defesa, apreciação pelo judiciário de lesão ou ameaças de direito584, a garantia do direito adquirido, ato jurídico perfeito e da coisa

julgada585, julgamento por autoridade competente586, dentre outros.587

No Brasil, a limitação de alguns direitos e garantias individuais contidos no artigo 5º ocorre sob o fundamento da segurança da sociedade e do Estado, no caso dos incisos XXXIII, XLIII U. Para proteção da segurança, interna, externa e internacional poderá haver limitação da proteção do artigo 5º, inciso LII V. Quanto a segurança pública, o legislador constituinte destinou um capítulo especial588, que trata da defesa do estado e das instituições

democráticas.589 É crime de responsabilidade os atos praticados pelo Presidente da República

que atentem conta a segurança interna do País.

Conforme PECES-BARBA, no sistema democrático os valores superiores espanhol são desenvolvidos em dois planos, no primeiro plano encontra-se o Poder Legislativo e no segundo o Tribunal Constitucional. A soberania do povo, da nação é representada pelo Poder

578

Artigo 1º, Constituição brasileira de 1988.

579

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

580 Artigo 6º, inciso XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e

segurança;

581

Competência comum dos entes federados para estabelecer e implantar política de educação para a segurança no trânsito (art. 23, inciso XII, da Constituição brasileira).

582

Artigo 5, V, Constituição brasileira de 1988.

583

Artigo 5º, , Constituição brasileira de 1988.

584

Artigo 5º, XXV, Constituição brasileira de 1988.

585

Artigo 5º, XXVI, Constituição brasileira de 1988.

586

Artigo 5º, LII, LXI, LXV, Constituição brasileira de 1988.

587

Artigo 5º, §2º, Constituição brasileira de 1988.

588

No título V, capítulo III, artigo 144 e seguintes

589

Legislativo cuja tarefa é a elaboração das leis, possui importante papel para o desenvolvimento e definição concreta dos valores. Já o Tribunal Constitucional é o responsável por cuidar desses valores, inclusive tem poderes para modificar a visão do Poder Legislativo quando a sociedade necessitar se proteger da própria lei, quando a lei não manifesta a vontade dos cidadãos ou quando desrespeita princípios e direitos fundamentais básicos. Para esse autor, embora a segurança não seja identificada como valor superior na Constituição espanhola, ele é uma das funções da Constituição, assim como a justiça.

O Poder Constituinte delegou a um órgão, ao Supremo Tribunal Federal, a competência de manter a segurança das relações jurídicas, a guarda da Constituição, a quem cabe manter a integridade do sistema político, a proteção das liberdades públicas, e a legitimidade das instituições da República590. Portanto, na concepção desse Tribunal a

segurança jurídica é um “subprincípio do Estado de Direito”W

, frente a necessidade de estabilidade das relações criadas jurídica e administrativamente, e o princípio da confiança das relações reconhecido “como elemento do princípio da segurança jurídica.”

Com a segurança e a justiça equilibrados a sociedade se desenvolve, para isso, o Estado, para sobreviver e cumprir o seu fim - o bem comum - deve garantir à todos os cidadãos a ordem e o progresso em todos os aspectos.