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3.4 LEVANTAMENTO

4.1.3 Principais Ofertas

A fim de conhecer qual é a oferta de tecnologia das ICTs, os dados coletados conforme a subseção 3.2.2 foram tabulados na Tabela 8, que apresenta as propriedades intelectuais registradas pelas ICTs paranaenses em órgãos oficiais brasileiros. Até o final de 2017 foram protegidas 1.689 tecnologias desenvolvidas por 15 ICTs do estado do Paraná. Somente uma instituição não conta com nenhum tipo de PI, a Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), criada recentemente em 2010 na cidade de Foz do Iguaçu.

Tabela 8 – Pedidos de proteção requeridos pelas ICTs do estado do Paraná até 2017

ICT Patente PC DI Cultivar TCI Total

UFPR 445 41 18 6 0 510 UTFPR 147 72 1 0 2 222 PUC-PR 122 66 0 0 0 188 Lactec 118 19 13 0 1 151 UEL 121 26 3 0 0 150 UEM 121 17 0 2 0 140 UEPG 93 5 1 0 0 99 Unioeste 45 22 0 0 0 67 Unicentro 55 2 0 0 0 57 Iapar 23 1 0 24 0 48 Tecpar 17 5 0 0 0 22 Senai PR 8 9 1 0 0 18 IFPR 9 0 0 0 0 9 PTI 4 2 0 0 0 6 CITS 0 2 0 0 0 2 Unila 0 0 0 0 0 0 Total 1.328 289 37 32 3 1.689

Fonte: Autoria própria (2020)

Nota: PC são programas de computadores, DI são os registros de desenhos industriais e TCI representam as topografias de circuitos integrados.

A tabela 8 exibe os resultados de forma decrescente, com a UFPR encabeçando a lista, com um total de 510 tecnologias depositadas no INPI e no Mapa.

As três instituições maiores geradoras de tecnologias são universidades, as duas primeiras federais e a terceira, privada, corroborando a literatura que aponta a universidade como produtora de conhecimento e tecnologia (BASTOS; FRENKEL, 2017; CESARONI; PICCALUGA, 2016; DIAS; PORTO, 2014; LAWSON, 2013; TOLEDO, 2015). Juntas, estas três instituições produzem mais da metade das proteções intelectuais de ICTs no Paraná.

O primeiro pedido de proteção por uma ICT paranaense foi depositado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) há 36 anos, em 1984. De acordo com o Gráfico 10 pode-se perceber uma inflexão em 2003 e uma evolução dos depósitos de PI ao longo dos anos a partir dessa data, observando-se um aumento considerável a partir do ano de 2010, portanto, muito recente.

Gráfico 10 – Evolução dos pedidos de PI pelas ICTs do estado do Paraná 1984-2017

Fonte: Autoria própria (2020)

Provavelmente, este aumento se deve a uma melhor estruturação dos NITs, obrigatórios desde 2004 nas ICTs e pela própria Lei de Inovação (BRASIL, 2004), que além de introduzir a exigência dos NITs, valorizou a proteção por patentes ou outros tipos de PI colocadas pela LPI (BRASIL, 1996). A cultura de proteção leva tempo para ser incorporada pelas instituições, mas percebe-se que a partir desta década isto vem sendo integrado à realidade das instituições de ensino e pesquisa, conforme o crescimento no número de proteções exibido pelo Gráfico 10.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 1984 1985 1988 1989 1990 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

O levantamento dos setores econômicos a que se referem estes pedidos de proteção intelectual foi realizado por correspondência probabilística, criada por Lybbert e Zolas (2014), entre IPC e CNAE somente para as 1.180 patentes publicadas pelo INPI no início da execução da correspondência (no mês de setembro de 2018), totalizando 70% dos pedidos de proteção. Os outros pedidos de patente (148) ainda se encontram em fase de sigilo (18 meses após o depósito) e, portanto, sem dados que possam identificar o conteúdo da tecnologia. Os demais pedidos de proteção apresentados na Tabela 8 não possuem classificação assim como a IPC das patentes e, portanto, não puderam entrar nessa correspondência probabilística aplicada.

As 222 classes IPC distintas foram comparadas com os setores econômicos das divisões da CNAE (Anexo A), de acordo com o explanado em 3.2.2 e chegou-se a uma matriz de correspondência de IPC x CNAE, que se encontra no Apêndice H. Nesta matriz as colunas registram os códigos das atividades econômicas no nível da divisão CNAE e as linhas os IPC das patentes das ICTs paranaenses. Cada célula contém o número de patentes cujo campo tecnológico está associado a determinado setor produtivo.

O primeiro destaque é que 72,5% dos pedidos pertence à seção C - indústria de transformação, como mostra o Gráfico 11 e metade de todas as patentes estão associadas a apenas quatro setores, sendo três industriais: a) fabricação de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos; b) fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos; c) fabricação de produtos químicos; e d) agricultura. A atividade econômica principal das tecnologias desenvolvidas pelas ICTs, com 14% das proteções, é a fabricação de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos, divisão 26, caracterizado principalmente pelo uso de circuitos integrados e a aplicação de tecnologias altamente especializadas. É o segundo setor mais influente na economia da região metropolitana de Curitiba, segundo o Ipardes, e com alta intensidade de capital e agregação de valor (INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, 2017). Este é um dos setores mais propensos a interagir regularmente com as universidades, junto com a química e automobilística, segundo Lundvall (2001), facilitando, portanto, a capacitação destes setores produtivos devido ao desenvolvimento conjunto de tecnologias. Percebe-se, desta forma, um alinhamento entre a oferta destas tecnologias eletroeletrônicas e a demanda do estado do Paraná.

Gráfico 11 – Setores econômicos da oferta de tecnologia pelas ICTs paranaenses

Fonte: Autoria própria (2020)

O segundo setor que mais aparece nos pedidos é a agropecuária (12%), único entre os seis principais que não pertence à indústria. Este resultado reforça os dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (2017; 2020) e do Panorama Industrial do Paraná (2016), que apontam o Paraná como o principal estado brasileiro em atividades agropecuárias, reforçando a vocação agroindustrial do estado que conjuga a tradição do campo com soluções e tecnologias industriais.

Com 12% e 11% respectivamente, aparecem os setores de fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos e de fabricação de produtos químicos. Assim como a área de engenharia elétrica, as indústrias químicas e farmacêuticas, apesar de não serem as mais expressivas no Paraná, são intensivas em capital e requerem maior conhecimento tecnológico (INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, 2017; LUNDVALL, 2001; MOWERY, 2011), além de buscarem mais as ICTs para desenvolvimento tecnológico conjunto (GIUNTA; PERICOLI; PIERUSSI, 2016).

Esse resultado sinaliza que as estratégias de desenvolvimento tecnológico das ICTs do estado do Paraná estariam conjugadas principalmente ao setor produtivo industrial, com foco em atividades econômicas específicas, principalmente para a indústria química, farmacêutica e eletrônica, além da agropecuária. Estes resultados corroboram os encontrados por Calzolaio, Spricigo e Monteiro (2018) para as patentes 21% 2% 2% 3% 6% 8% 9% 11% 12% 12% 14% 0% 5% 10% 15% 20% Outros Produtos têxteis Esgoto Produtos de metal Petróleo e gás natural Máquinas e equipamentos Produtos alimentícios Produtos químicos Agropecuária Produtos farmoquímicos e farmacêuticos Eq. de informática, eletrônicos e ópticos

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Buainain et al. (2018) que constataram que as instituições acadêmicas e pesquisadores estão mais conectados aos setores produtivos do que tem sido comum afirmar.

A próxima subseção estabelece a comparação entre a demanda e a oferta de tecnologia até agora apresentadas com intenção de atender ao terceiro objetivo específico desta pesquisa.