• Nenhum resultado encontrado

6.3 INTER-RELAÇÃO ENTRE FATORES E PROBLEMÁTICAS

6.3.1 Categoria 1: Infraestrutura Física (47 fatores)

6.3.1.2 Problemáticas da Subcategoria 1.B (Veículos)

6.3.1.2.1 Problemática P 1.11: Embarque veicular

Em continuidade com o momento do embarque dos veículos, a primeira dificuldade é localizar o botão de abertura de portas nos veículos, questão comum por exemplo em países da Europa (ØKSENHOLT; AARHAUG, 2018; STARZYNSKA et al., 2015). Em seguida, um dos maiores problemas relatados é a falta de autonomia e acessibilidade para embarque no transporte, especialmente nos ônibus, modal que na maioria das vezes a plataforma não está no mesmo nível do assoalho dos veículos. A presença de desníveis e degraus é uma das principais causas de dificuldade ou de impossibilidade de embarque especialmente para passageiros com deficiências visuais, motoras e mobilidade reduzida (BJERKAN; NORDTØMME; KUMMENEJE, 2013; BROOME et al., 2010; LEFEBVRE; LEVERT, 2014; MONTARZINO et al., 2007; ØKSENHOLT; AARHAUG, 2018; RISSER; IWARSSON; STAHL, 2012).

Dessa forma é necessário a disponibilidade de veículos com dispositivos acessíveis de embarque como rampas ou elevadores (ØKSENHOLT; AARHAUG, 2018; STARZYNSKA et al., 2015) ou veículos piso-baixo com a presença de sistemas de rebaixamento (BJERKAN; NORDTØMME; KUMMENEJE, 2013; LAYTON; STEEL, 2015; MONTARZINO et al., 2007; ØKSENHOLT; AARHAUG, 2018; RISSER; HAINDL; STAHL, 2010; STARZYNSKA et al., 2015; VELHO, 2018). Tais veículos

entram na legislação e normas brasileiras apontadas no Capítulo 5 que determinam a obrigatoriedade de condições acessíveis no transporte público.

No entanto, é comum a falta de condições acessíveis e seguras para embarque devido à questões como: indisponibilidade de veículos acessíveis; baixo investimento das empresas de ônibus em adquirir veículos que oferecem melhor acessibilidade (CASEY; BRADY; GUERIN, 2013); manutenção precária resultando na frequente quebra dos equipamentos de acessibilidade (GAETE-REYES, 2015; ØKSENHOLT; AARHAUG, 2018; STARZYNSKA et al., 2015; VELHO, 2018); não operação desses equipamentos pelos condutores (BJÖRKLUND et al., 2011; GAETE-REYES, 2015; SUNDLING et al., 2014; SUNDLING, 2015); e inclinação inadequada das rampas, exigindo-se muita força dos usuários para o embarque (GAETE-REYES, 2015). Tais fatores podem muitas vezes dificultar ou impedir o embarque de forma autônoma.

6.3.1.2.2 Problemática P 1.12: Layout interno dos veículos

Uma vez dentro dos veículos torna-se necessário a facilidade de acesso aos assentos (BROOME et al., 2010; STARZYNSKA et al., 2015) em especial aos espaços prioritários e de acomodação das cadeiras de rodas, sendo que esses devem ser bem posicionados nos veículos e próximo às portas de embarque e desembarque (ASPLUND; WALLIN; JONSSON, 2012; VELHO, 2018). Para garantir essa facilidade é essencial que os veículos tenham a disponibilidade desses espaços (CARLSTEDT et al., 2017; GAETE-REYES, 2015; LUBITOW; RAINER; BASSETT, 2017; RISSER; IWARSSON; STAHL, 2012; STARZYNSKA et al., 2015; VELHO, 2018), além da facilidade de acomodar e prender cadeira de rodas (GARDINER; PERKINS, 2005; HERSH, 2016).

A organização e posicionamento de elementos e espaços também possui uma importante relevância na utilização do veículo pelos usuários (AARHAUG; ELVEBAKK, 2015; BJÖRKLUND et al., 2011; BROOME et al., 2010; LUBITOW; RAINER; BASSETT, 2017; VELHO, 2018). O dimensionamento insuficiente dos espaços do veículo, com destaque para os locais prioritários, compromete a circulação e o conforto de usuários, principalmente para aqueles que utilizam cadeira de rodas (ASPLUND; WALLIN; JONSSON, 2012; LUBITOW; RAINER; BASSETT, 2017; SOORENIAN, 2013; VELHO, 2018). O mau posicionamento desses locais, por sua

vez, pode comprometer o contato visual do passageiro com o motorista (STARZYNSKA et al., 2015) e a visibilidade de painéis eletrônicos (BROOME et al., 2010), questões consideradas importantes para alguns usuários consultados.

Ainda sobre o layout interno dos veículos, foram apontados outros fatores importantes para a segurança dos usuários a bordo como: piso antiderrapante e bem demarcado, especialmente em degraus (MONTARZINO et al., 2007); disponibilidade e facilidade de acesso de botões de parada (especialmente nos espaços mais utilizados por pessoas com deficiência) BROOME et al., 2010; ØKSENHOLT; AARHAUG, 2018; STARZYNSKA et al., 2015); ampla presença de corrimãos e balaústres (BROOME et al., 2010; BJÖRKLUND et al., 2011; CASEY; BRADY; GUERIN, 2013; MONTARZINO et al., 2007) sendo esses bem distribuídos e fáceis de serem localizados, possuindo cores contrastantes, auxiliando em especial usuários com baixa visão (CASEY; BRADY; GUERIN, 2013; MONTARZINO et al., 2007). Tais questões, apontadas pelos usuários, concordam com as recomendações de acessibilidade nos ônibus brasileiros, conforme a NBR 14022, descrita no capítulo 5.

6.3.1.2.3 Problemática P 1.13: Conforto dos usuários nos veículos

Por fim, são citadas questões relativas ao conforto do usuário. A qualidade dos veículos e das viagens está relacionada com conforto de assentos (BROOME et al., 2010), design do veículo (MARSDEN et al., 2010), conservação e modo de direção dos motoristas. A ocorrência de balanços e trepidações, portanto, estão relacionados às questões mencionadas. Em excesso, são percebidos como motivo de intenso desconforto e insegurança, podendo causar desequilíbrios (BJÖRKLUND et al., 2011; LAW; EWENS, 2010; MARSDEN et al., 2010; RISSER; IWARSSON; STAHL, 2012; SUNDLING et al., 2014; VELHO, 2018). No entanto, de forma moderada, alguns usuários apontam que pode ser um importante recurso para orientação espacial, sendo que lombadas, curvas e o tipo de pavimentação auxiliam no reconhecimento do percurso (GARDINER; PERKINS, 2005; HERSH, 2016).

6.3.2 Categoria 2: Sistemas de informação (30 fatores)

Figura 23 - Categoria 2 - Sistemas de Informação (apresentação simplificada dos fatores)

Fonte: O autor

Os fatores da categoria Sistemas de Informação se referem às questões relacionadas à informação de sistema de transportes, do trânsito e de wayfinding oferecendo mais controle ao usuário. Tendo essas informações, os usuários são capazes de realizar um melhor planejamento ou tomar melhores decisões, mesmo frente às condições adversas e mudanças operacionais. Para o usuário com deficiência torna-se ainda mais relevante tal questão, pois a informação lhe permite visualizar condições de deslocamento com mais acessibilidade, conforto e segurança. Diante disso, essa categoria foi subdividida em 3 subcategorias: (a) dispositivos de informação; (b) conteúdo da informação e (c) usabilidade da informação.