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Procedimentos de análise dos dados

SEÇÃO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.6 Procedimentos de análise dos dados

Para a análise dos dados coletados foram utilizados os procedimentos propostos pela análise de conteúdo segundo Bardin (2008) e Franco (2003).

Franco (2003, p.13) afirma que “o ponto de partida da análise de conteúdo é a mensagem”, podendo essa ser verbal, gestual, silenciosa, documental ou diretamente provocada. A autora demonstra que a análise de conteúdo passou a ser utilizada para fazer inferências, sejam verbais e/ou simbólicas, obtidas por meio de perguntas e observações do pesquisador. De acordo com a autora, a análise de conteúdo

[...] assenta-se nos pressupostos de uma concepção crítica e dinâmica da linguagem. Linguagem, aqui entendida como uma construção real de toda a sociedade e como expressão da existência humana que, em diferentes momentos históricos, elabora e desenvolve representações sociais no dinamismo interacional que se estabelece entre linguagem, pensamento e ação (FRANCO, 2003, p.14).

Segundo Pêcheux (PÊCHEUX, 1973, p.43 apud FRANCO, 2003, p.12) “a análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por de trás das palavras sobre as quais se debruça”. Franco (2003, p.25) vai ao encontro do que expõe Pêcheux e afirma que, na análise de conteúdo, é necessário produzir inferências. Para a autora, produzir inferências pressupõe a comparação dos dados, “obtidos mediante discursos e símbolos com os pressupostos teóricos de diferentes concepções de mundo, de indivíduo e de sociedade”.

Franco (2003, p.35) explana que, na análise de conteúdo, é necessário definir a Unidade de Análise, que, por sua vez, divide-se em Unidades de Registro e Unidades de Contexto. Segundo a autora, a Unidade de Registro “é a menor parte do conteúdo, cuja ocorrência é registrada de acordo com as categorias levantadas”. Já a Unidade de Contexto “é a parte mais ampla do conteúdo a ser analisado” (FRANCO, 2003, p.35).

Para o presente estudo, utilizei a Unidade de Registro e destaco o Tema como a unidade de registro escolhida por ser, de acordo com Franco (2003, p.37), “indispensável em estudos sobre propaganda, representações sociais, opiniões, expectativas, valores, conceitos, atitudes e crenças”. A autora acredita que o Tema seja uma asserção sobre um assunto determinado, podendo esse ser uma sentença ou até um parágrafo.

Após selecionar as unidades de análise, Franco (2003, p. 51) explica que o próximo passo é definir as categorias. Para Bardin (2008, p.199) a análise de conteúdo “funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias, segundo reagrupamentos analógicos”. Segundo Bardin, a análise de categorias é uma das técnicas mais antigas da análise de conteúdo e, dentre as várias formas de análise de categoria, a investigação dos temas – ou análise temática – é rápida, eficaz e pode ser aplicada sobre as significações manifestadas nos discursos.

De acordo com Franco (2003, p.51), a criação de categorias, ou

categorização é “uma operação de elementos construtivos de um conjunto, por

diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos”. Segundo a autora, criar categorias é o ponto crucial da análise de conteúdo. No quadro 5, exponho os critérios de categorização, segundo Franco (2003, p.51).

QUADRO 5 - Critérios de categorização.

Semântico: como citado por Bardin (1997), “categorias temáticas”: por exemplo, todos os

temas que signifiquem ansiedade ficam agrupados na categoria “ansiedade” (BARDIN, 1977 apud FRANCO, 2003, p.51);

Sintático: considerando os verbos ou adjetivos;

Léxico: classificando as palavras segundo seu sentido, emparelhando sinônimos e seus

sentidos mais próximos;

Expressivo: classificando categorias como diversas perturbações da linguagem.

Fonte: Franco (2003, p.51).

Franco (2003, p.52) afirma que há dois caminhos para elaboração de categorias: categorias a priori e categorias a posteriori. Como expõe a autora, as categorias a priori e seus respectivos indicadores são “predeterminados em função da busca a uma resposta científica do investigador” (FRANCO, 2003, p.52), e as afirmações e respostas que surgirem das falas dos participantes que não se encaixarem nas categorias criadas serão desprezadas pelo pesquisador.

Já as categorias que não são criadas a priori, ou seja, a posteriori, surgem da fala, do discurso, do conteúdo das respostas dos participantes, segundo Franco (2003, p.54). Sendo assim, o pesquisador deve, constantemente, consultar o material de análise e a teoria empregada em seu estudo, para que as respostas possam ser interpretadas à luz das teorias explicativas. A autora advoga que trabalhar com categorias criadas a posteriori “exige mais bagagem teórica do investigador” (FRANCO, 2003, p.54).

Após a análise dos questionários de pesquisa, pude agrupar os dados que emergiram das respostas dos participantes de acordo com suas escolhas lexicais, que, por sua vez, transformaram-se em unidades de significados e, assim, foram

organizadas dentro de temas, respeitando suas proximidades. À luz da proposta da técnica de categorização da análise de conteúdo e baseando-me nas quatro perguntas desta pesquisa, foram definidas quatro categorias temáticas a priori:

 representações sobre a disciplina Inglês Instrumental;

 representações sobre o papel do professor de Inglês Instrumental;  representações sobre o aluno de Inglês Instrumental;

 representações sobre o material didático utilizado em Inglês Instrumental.

Uma vez apresentados os elementos de análise adotados para a pesquisa, exemplifico, sinteticamente, como foi realizado o procedimento de análise dos dados no quadro a seguir:

QUADRO 6 - Elementos para análise dos dados da pesquisa.

Elementos para análise dos dados

Unidades de registro Categorias A disciplina Inglês Instrumental O papel do professor de Inglês Instrumental O aluno de Inglês Instrumental O material didático utili- zado em Inglês Instrumental Temas  é leitura;  é sinônimo de inglês técnico;  é caracterizada pela análise de necessidades;  é mono-skill;  deve trabalhar to- das as 4

habilidades comunicativas;  restringe o conhe- cimento amplo da língua a ser estuda- da;  é um meio positivo de ensino- aprendi-zagem de línguas.  é o de provedor de material;  é o de pesquisador;  é o de mediador;  é o de motivador.  tem como objetivo interpre- tar textos;  tem propósitos definidos para estudar a língua;  deve ter conhe- cimento prévio da língua inglesa;  é adulto e necessita do idioma para o contexto profis- sional.  deve ser autêntico;  deve suprir as necessidades de seus alunos;  deve abordar gêneros textuais.

Léxico escolhas lexicais

dos participantes escolhas lexicais dos participantes escolhas lexicais dos participantes escolhas lexicais dos participantes

Desse modo, finalizo esta seção, que tratou sobre a metodologia de pesquisa escolhida para o trabalho, o contexto de pesquisa, seus participantes, instrumentos e procedimentos de coleta de dados e os procedimentos de análise dos dados. Os resultados obtidos por meio dos procedimentos descritos nesta seção serão apresentados na Seção 4, a seguir.