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Representações dos professores sobre a disciplina Inglês Instrumental

SEÇÃO 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Representações dos professores sobre a disciplina Inglês Instrumental

Esta subseção tem como objetivo responder à primeira pergunta de pesquisa: “Que representações os professores de Inglês Instrumental têm sobre a disciplina Inglês Instrumental?”. Para tanto, foram extraídas das falas dos participantes, que responderam ao Questionário II (Apêndice 2), as representações dos professores de inglês que lecionam ou lecionaram a disciplina Inglês Instrumental sobre a disciplina em questão, e sobre a Abordagem Instrumental e suas características. Essas representações foram extraídas das questões 1, 2, 3, 4, 5, 6, 11 e 12 do Questionário II, e as justificativas de algumas delas puderam ser baseadas nas respostas dadas às questões 10, 11 e 12 do Questionário I.

A partir da análise dos dados, foram identificadas sete representações, as quais integram a categoria “A disciplina Inglês Instrumental”, como exponho a seguir.

1ª Representação: Inglês Instrumental é leitura

Apesar de Inglês Instrumental estar inserido como disciplina em cursos de graduação há mais de quatro décadas no Brasil, ainda há a concepção de que esse é sinônimo de ensino-aprendizagem de compreensão escrita (CELANI et al 2005; CELANI et al 2009; RAMOS, 2005, 2009), e esse mito é ilustrado por meio dos depoimentos de quatro participantes. Para exemplificar essa representação, exponho os excertos a seguir:

Edna: “[Inglês Instrumental] preocupa-se em oferecer condições aos alunos para a leitura de textos em suas áreas de atuação profissional”.11

Sérgio: “[Inglês Instrumental] Significa basicamente o desenvolvimento de leitura de textos em um campo específico”. Érica: “Reading”.12

11 Todos os grifos presentes nos depoimentos dos participantes são meus. 12 Todas as transcrições são fieis aos depoimentos dos participantes.

Leila: “Inglês Instrumental pode ser definido como instrumento para a apresentação da língua inglesa utilizada no mercado de trabalho, através das técnicas de leitura, vocabulário específico e exercícios de fixação em sala de aula”.

É evidente que, de acordo com Edna, Inglês Instrumental significa capacitar o aluno para que obtenha a habilidade de compreensão escrita, quando afirma que a disciplina oferece condições aos alunos para a leitura de textos. A representação de que Inglês Instrumental é o ensino-aprendizagem de compreensão escrita é revelada pela escolha lexical “leitura de textos”, presente também na fala de Sérgio.

Posso inferir que, segundo Sérgio, a disciplina Inglês Instrumental é fundamentada na leitura de textos, principalmente porque esse participante fez a escolha lexical de “basicamente”, deixando, portanto, marcado o que esse conceito significa para ele, isto é, a leitura de texto é uma característica essencial na Abordagem Instrumental.

Ainda corroborando as opiniões de Edna e Sérgio, Érica afirma, sucintamente, ser “reading”, ou seja, leitura, conteúdo tido como importante na disciplina Inglês Instrumental.

Já para Leila, a disciplina Inglês Instrumental tem como característica a utilização de técnicas de leitura em suas aulas a fim de instrumentalizar o aluno para o mercado de trabalho. Pela escolha lexical “técnicas de leituras”, pressuponho que, segundo a participante, a disciplina Inglês Instrumental prioriza a habilidade de compreensão escrita.

Além dessa representação, percebo que há certa confusão para Leila ao definir Abordagem Instrumental e Inglês para Fins Específicos, como exposto neste excerto:

Leila: “Abordagem instrumental é mais ampla, e, como já mencionei, tem como objetivo desenvolver nos alunos as habilidades de leitura e compreensão de textos em língua inglesa de sua área como um todo. O inglês para fins

específicos é mais restrito, mais focado a um determinado objetivo, com uma linguagem mais precisa, mais operacional, como por exemplo, o treinamento de um grupo de profissionais de um restaurante para atender aos clientes.”.

A participante ora define Abordagem Instrumental sendo mais ampla que Inglês para Fins Específicos por “desenvolver nos alunos as habilidades de leitura e compreensão de textos em língua inglesa de sua área como um todo”, ora remete Inglês Instrumental às técnicas de leitura. Nota-se que, para Leila, Inglês Instrumental e Abordagem Instrumental são sinônimos, ao caracterizar ambos como habilidade de compreensão escrita. Já Inglês para Fins Específicos é diferente de Inglês Instrumental, uma vez que o primeiro caracteriza-se por ter maior foco em um determinado objetivo e utilizar uma linguagem mais precisa e operacional, e o segundo, ser um instrumento para o mercado de trabalho, cujas técnicas de leitura e vocabulário são específicas.

Posso inferir que, para Leila, Inglês Instrumental tem como objetivo ser um curso de leitura e é mais amplo do que Inglês para Fins Específicos, pelo fato de o aluno estar apto a realizar leituras, independentemente de sua área. Em contrapartida, o Inglês para Fins Específicos talvez seja mais restrito para a participante, por compreender que o adjetivo “específico” remeta a um determinado treinamento profissional.

Justificando a representação desses quatro participantes, acredito que Edna e Sérgio talvez tenham representado a disciplina Inglês Instrumental de tal forma por não terem formação na área. No caso de Érica e Leila, não há justificativas aparentes para tal representação, uma vez que ambas as participantes afirmam ter formação na área de Inglês Instrumental. Seria necessário investigar a fundo qual tipo de curso ou evento participaram, pois, possivelmente, algum curso/evento pode ter levado as participantes perpetuarem o mito de que Inglês Instrumental é leitura.

Os excertos dos depoimentos dos quatro participantes, expostos

mito, apontado como o mais recorrente sobre Inglês Instrumental13, compromete o

ensino-aprendizagem de Inglês para Fins Específicos, uma vez que, ao serem abordadas somente leituras em sala de aula, as outras habilidades comunicativas são ignoradas, sendo excluída, possivelmente, a real necessidade do aluno.

2ª Representação: Abordagem Instrumental, ensino de Línguas para Fins específicos e Inglês Técnico são sinônimos

De acordo com as falas dos professores pesquisados, foi constatada a representação de que, para três dos 15 participantes, Abordagem Instrumental, ensino de Línguas para Fins Específicos e Inglês Técnico têm o mesmo significado. Em resposta à questão 12 do Questionário II, “Há diferenças entre Abordagem Instrumental, Ensino de línguas para fins específicos e Inglês técnico? Justifique.”, os participantes afirmaram o seguinte:

Sandra: “Para mim é a mesma coisa, embora as pessoas enxerguem a Abordagem Instrumental apenas como aprendizagem de estratégias de leitura.”.

Betina: “Acredito que não, já que em inúmeras instituições o Inglês Técnico já tem em sua abordagem as estratégias de leitura.”.

Edna: “Como já mencionei, não tenho formação em ensino instrumental, embora trabalhe nessa área. Portanto, para mim não existem diferenças entre essas abordagens, pois, segundo meu ponto de vista, só estabeleço contrastes entre abordagem geral e a específica/instrumental/técnicas.”.

Compreende-se, no depoimento de Sandra, que a Abordagem Instrumental, o ensino de Línguas para Fins Específicos e o Inglês Técnico são sinônimos, ao fazer

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uso das palavras “é a mesma coisa”. Apesar de ter essa representação, a participante ressalta que a Abordagem Instrumental tem como característica outros tipos de aprendizagem, além da aprendizagem de estratégias de leitura. O que gera dúvida em sua fala é o que caracteriza a Abordagem Instrumental, já que a participante afirma que essa abordagem não é apenas aprendizagem de estratégias de leitura.

Outra participante que aparenta ter a mesma representação de Sandra é Betina. De acordo com Betina, também não há diferenças entre a Abordagem Instrumental, o ensino de Línguas para Fins Específicos e o Inglês Técnico, quando expõe sua opinião: “Acredito que não, já que em inúmeras instituições o Inglês Técnico já tem em sua abordagem as estratégias de leitura”.

O que difere a opinião das duas participantes é que a segunda acredita que o Inglês Técnico caracteriza-se por abordar estratégias de leitura, assim como na Abordagem Instrumental e no ensino de Línguas para Fins Específicos, ao fazer a escolha lexical “já tem”. Pressuponho, a partir das escolhas lexicais de Betina, que a Abordagem Instrumental e o ensino de Línguas para Fins Específicos, segundo a participante, utilizam estratégias de leitura em suas aulas.

Está claro, no depoimento de Edna, que não há diferenças, quando a participante afirma que “não existem diferenças entre essas abordagens”. De acordo com Edna, há contrastes apenas entre geral e específico/instrumental/técnico. Pressuponho que a participante não seja capaz de distinguir os termos por não ter formação na área, como exposto no trecho “não tenho formação em ensino instrumental”.

Diferentemente de Edna, Sandra e Betina afirmam ter formação na área de Inglês Instrumental no Questionário I, como ilustrado nos quadros 2 e 3. Sandra diz ter participado de dois cursos ou eventos da área, e Betina, de dois seminários sobre o tema.

Apesar de Betina ter participado desses dois seminários, a participante afirma, no Questionário I, ter realizado um curso de extensão intitulado “Inglês

Instrumental: Leitura para Fins Acadêmicos – Módulos I e II”14. Logo, posso inferir que a representação da participante tenha sido construída a partir desse curso, reiterando assim o mito de que Inglês Instrumental utiliza estratégias de leitura em seu currículo.

Na busca de justificativas para a representação das duas primeiras participantes, Edna e Sandra, recorro às razões apontadas por Ramos (2009b, p.70), ao explanar sobre o possível surgimento do mito “Inglês Instrumental é Inglês Técnico”. Segundo a autora, o mito pode ter surgido entre as décadas de 1970 e 1980, época em que os materiais didáticos encontrados no mercado focavam a língua das ciências como, por exemplo, a língua da medicina, a língua da química. Outra razão exposta pela autora refere-se ao fato de as Escolas Técnicas juntaram-se ao Projeto ESP na década de 1980, contribuindo para a associação de que Inglês Instrumental é Inglês Técnico.

O fato de os três termos (Abordagem Instrumental, ensino de Línguas para Fins Específicos e Inglês Técnico) terem sidos considerados sinônimos, talvez influencie negativamente as aulas dos professores que assim representam Inglês Instrumental, pois a disciplina não se resume exclusivamente em abordar termos técnicos de uma determinada área.

3ª Representação: A análise de necessidades é uma das características da Abordagem Instrumental

Na subseção 2.1.2 deste trabalho, foram expostas as características que definem a Abordagem Instrumental. A análise de necessidades é, certamente, um dos fatores mais importantes ao se desenhar um curso de Inglês Instrumental, como apontado em Holmes (1981), Hutchinson e Waters (1987) e Dudley-Evans e St. John (1998). A representação de que a análise de necessidades é uma das características da Abordagem Instrumental pode ser comprovada nos excertos dos depoimentos das três participantes a seguir:

14 Ao pesquisar sobre o curso citado, constatei que esses dois módulos não se voltavam à formação de professor na área de Inglês Instrumental, mas destinavam-se a alunos de graduação ou pós-graduação que necessitavam realizar leituras acadêmicas.

Liliana: “A Abordagem Instrumental tem como principal característica ser baseada em um plano elaborado a partir da análise de necessidades dos alunos”.

Sandra: “Inglês Instrumental é uma abordagem que possibilita a criação de curso com foco na necessidade do aprendiz... isso traz a necessidade de pesquisa (levantamento de necessidade), confecção de MD (material didático), etc...”.

Daisy: “needs analysis – que vão mostrar o que o aluno já sabe, o que ele precisa saber, para quê ele precisa aprender, o contexto onde ele irá usar o idioma (situação-alvo)”.

Para Liliana, deve-se levar em consideração a necessidade do aluno ao elaborar o plano de curso. Além disso, a participante destaca a análise de necessidades como característica mais importante, ao utilizar o adjetivo “principal”. Segundo as escolhas lexicais da participante, pressuponho que a análise de necessidades é a característica mais relevante e influente na Abordagem Instrumental.

Apesar de Sandra não ter feito a mesma escolha lexical de Liliana (“análise”) e ter adotado o substantivo “levantamento”, subentendo que a participante tenha-se referido ao processo todo, uma vez que escolhe termos tais como “necessidade de pesquisa”, o que indica que a questão da análise de necessidades seria realizada juntamente ao levantamento. Além disso, a participante afirma que haveria uma confecção de material didático durante a qual posso deduzir que ocorreria todo o processo de análise de necessidades.

Na afirmativa de Daisy, fica evidente que a análise de necessidades é primordial na disciplina Inglês Instrumental. Aparentemente, a participante mostra ter conhecimento sobre o que subjaz a análise de necessidades ao afirmar que é importante realizá-la para que o professor tenha consciência sobre “o que seu aluno já sabe, precisa saber, para quê ele precisa aprender, o contexto onde ele irá usar o idioma (situação-alvo)”. Essa representação assemelha-se aos itens “O Que, Onde,

Quando, Como, Quem e Por que” apresentados por Hutchinson e Waters (1987, p. 21) e expostos na subseção 2.1.2 deste trabalho.

Na questão em que era solicitado ao participante descrever quais cursos sobre formação de professores de Inglês Instrumental havia realizado, a participante revelou:

Daisy: “Antes da [instituição em que realizou o curso], tinha algumas informações sobre Inglês Instrumental através de cursos de treinamento para professores, geralmente oferecidos por editoras, porem à época traziam varias informações que mais tarde tive oportunidade de saber que eram “mitos”, tais como por exemplo, que estratégias de leitura eram instrumental”.

Esse é um fato interessante a ser notado, pois, de acordo com Daisy, é possível encontrar a representação de que Inglês Instrumental é curso de leitura até em cursos de treinamento para professores de Inglês Instrumental, nesse caso, oferecidos por editoras. Mais uma vez, pode-se encontrar o mito de que Inglês Instrumental é leitura, perpetuado e disseminado até por profissionais que ministram cursos de formação da área.

É possível inferir que as três participantes tenham tal representação por terem formação na área, como foi descrito por elas no Questionário I, que visava a levantar o perfil dos participantes.

4ª Representação: Inglês Instrumental é mono-skill

Ao ser questionada sobre quais habilidades comunicativas deveriam ser trabalhadas na disciplina Inglês Instrumental, Daisy afirmou o seguinte:

Daisy: “Todas elas podem ser trabalhadas na disciplina Inglês Instrumental. Porém antes de oferecer a disciplina com foco

em uma das habilidades da língua, é essencial que se faça um levantamento de necessidades para saber o conhecimento do aluno, o que ele precisa saber, onde ele irá atuar”.

Apesar de a participante ter afirmado que todas as habilidades podem ser trabalhadas, Daisy explica que é necessário realizar um levantamento de necessidades para poder oferecer a disciplina focando apenas uma habilidade da língua. Por meio de suas escolhas lexicais, posso inferir que a participante manifesta a representação de que a disciplina Inglês Instrumental é mono-skill, isto é, apenas a habilidade mais utilizada na área de atuação do aluno será trabalhada em aula. O mito de que Inglês Instrumental é mono-skill foi apontado por Ramos (2005, p.116) e descrito na subseção 2.1.4.

Em contrapartida a essa representação, na Abordagem Instrumental, compreende-se que, se um aluno do curso de graduação de Secretariado Bilíngue utiliza mais a habilidade de compreensão oral em seu ambiente de trabalho, mas faz também uso, mesmo que em menor proporção, da habilidade de compreensão escrita, o professor deve trabalhar as duas habilidades comunicativas com esse aluno, pois essa é sua necessidade.

5ª Representação: Todas as quatro habilidades de comunicação devem ser trabalhadas na disciplina Inglês Instrumental

Dos 15 participantes desta pesquisa, quatro manifestaram a representação que é antônima à representação anterior: “Inglês Instrumental é mono-skill”. Tânia, Érica, Liliana e Betina acreditam que as quatro habilidades comunicativas devem ser trabalhadas na disciplina Inglês Instrumental. Ao serem questionadas sobre quais habilidades comunicativas acreditam que devam ser trabalhadas na disciplina, as participantes afirmaram:

Tânia: “TODAS, mas gostaria de saber trabalhar mais o ‘speaking’ e o ‘listening’”.

Érica: “As quatro habilidades sempre.”.

Liliana: “Todas as habilidades. O aluno deve estar apto a utilizar todas as habilidades, mesmo que, no curso e/ou profissionalmente ele utilize mais uma ou outra.”.

Betina: “Acredito que todas elas devem ser trabalhadas, não necessariamente de maneira conjunta, deve-se considerar a necessidade dos alunos”.

Tânia evidencia tal representação ao afirmar que todas as habilidades devam ser trabalhadas no Inglês Instrumental e ao ressaltar a palavra “todas”, utilizando letras maiúsculas para reforçar sua opinião. Além disso, a participante mostra interesse em saber trabalhar todas as habilidades, entretanto, ignora a necessidade de seu aluno, que, por sua vez, poderia não necessitar fazer uso de todas as habilidades comunicativas.

Érica é bem sucinta em sua afirmação, passando a impressão ao leitor de estar certa de sua opinião, entretanto, há momentos de contradição em sua fala, presentes em outras respostas dadas no Questionário II. Tomo como exemplo um excerto retirado de seu depoimento em que a participante descreve as atividades que deveriam pertencer à disciplina Inglês Instrumental.

Érica: “Leitura de texto utilizando skimming/scanning, Dictogloss, etc.”.

Há discordância em sua fala quando afirma que todas as habilidades devem ser trabalhadas e que as atividades que acredita serem pertencentes à disciplina Inglês Instrumental remetem apenas à habilidade de compreensão escrita.

Liliana, por sua vez, sugere que a necessidade do aluno é deixada de lado, uma vez que acredita que todas as habilidades devem ser trabalhadas, independentemente de o aluno utilizar mais uma do que outra.

Betina ressalta que todas as habilidades devem ser trabalhadas, desde que seja levada em consideração a necessidade dos alunos. Nota-se, na fala da

participante, a preocupação em por em prática umas das características do Inglês Instrumental, a análise de necessidades. Porém, caso seu aluno necessite utilizar apenas uma habilidade comunicativa, a participante não levará em conta a real necessidade do aluno, ao acreditar que todas as habilidades devem ser trabalhadas. Para evitar contradição em sua fala, Betina poderia ter feito a escolha do verbo “poder” ao invés do verbo “dever”.

6ª Representação: A Abordagem Instrumental restringe o conhecimento amplo da língua a ser estudada

Para Edna e Betina, a Abordagem Instrumental não aparenta ser tão positiva. A partir de seus depoimentos, as participantes revelaram a representação de que a Abordagem Instrumental é restrita quanto ao conhecimento amplo da língua, como exposto nos seguintes excertos:

Edna: “Acho que a abordagem instrumental limita um conhecimento mais amplo da língua por ser mais direcionada. Em outras abordagens, o professor tem muito mais tempo para desenvolver um aprendizado mais sistematizado”.

Betina: “Na Abordagem Instrumental os tópicos trabalhados são mais superficiais, assim como a leitura e interpretação”.

Pode-se inferir no depoimento de Edna que, na Abordagem Instrumental, o professor não possui tanto tempo para desenvolver um aprendizado mais sistematizado quanto em outras abordagens, ou seja, por não ser tão sistematizado, não há tempo suficiente para o aluno se aprofundar na língua Inglesa. Para reforçar essa representação, a participante afirma que a Abordagem Instrumental restringe o conhecimento amplo da língua por ser mais direcionada. Entendo que, pela escolha do adjetivo “direcionada”, Edna acredita que, na Abordagem Instrumental, o aluno foca mais um determinado assunto ou habilidade, restringindo assim seu conhecimento amplo da língua.

Por meio do adjetivo “superficiais”, utilizado por Betina, subentende-se que a participante partilha a mesma opinião de Edna, ou, seja, que a Abordagem Instrumental restringe o conhecimento amplo da língua. Para Betina, a Abordagem Instrumental não é profunda, portanto, entendo que a participante, ao fazer uso da palavra “superficial”, talvez queira ter exprimido “não amplo”, como Edna, pois, trabalhar superficialmente pode ser compreendido como não trabalhar em profundidade ou trabalhar parcialmente. Diante dessa representação, acredito que ambas as participantes têm a concepção errônea de que a Abordagem Instrumental é restrita quanto ao conhecimento da língua por não possuírem formação na área de Inglês Instrumental, como descrito no Questionário I e no Quadro 3. Ao representarem dessa forma a Abordagem Instrumental, posso inferir que as próprias participantes restrinjam o conhecimento amplo da língua a ser ensinada aos seus alunos, ocasionando possivelmente, uma visão negativa dos alunos em relação à disciplina.

7ª Representação: A Abordagem Instrumental é um meio positivo de ensino- aprendizagem de línguas

Ao contrário da visão mais negativa de Edna e Betina, Leila, Marina e Camila veem a Abordagem Instrumental como um meio positivo para ensinar-aprender línguas. Exponho essa representação a seguir, por meio de excertos das falas das participantes:

Leila: “Vejo de uma maneira muito positiva e eficiente. Uma forma nova e atraente de se fazer com que o aluno comece a estudar a língua estrangeira...”.

Marina: “Na minha prática profissional ele funciona. Fazemos o uso dessa abordagem na instituição em que trabalho”.

Camila: “Vejo como um meio e um recurso útil para a sociedade aprender inglês em seu contexto histórico social, pois atende às necessidades de diferentes setores como o acadêmico, econômico, engenharia, da medicina, da psicologia, da arte etc.”.

Os três adjetivos destacados na fala de Leila comprovam a representação da