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3. O FAZER PEDAGÓGICO COMO UMA PRÁTICA SOCIAL EM

4.2 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Como disse anteriormente, a presente investigação não seguiu exatamente o modelo das IF, mas foi inspirada por esse modelo de pesquisa. Portanto, utilizei as ferramentas conceituais da TA para questionar e refletir sobre a atividade na qual tinha intenção de intervir, ou seja, as minhas próprias aulas. Ao identificar e examinar suas contradições, procurei, através da criação de um elemento mediador inovador, dar início à construção de um novo modelo para a atividade, que aconteceu em estágios, formando um ciclo de aprendizagem expansiva.

Nas intervenções formativas, o pesquisador busca provocar e sustentar o processo de transformação protagonizado pelos participantes da pesquisa. No caso da presente pesquisa, a minha posição como protagonista desse processo foi combinada com o papel de pesquisadora, ou seja, eu mesma provocava e implementava o processo de transformação do sistema de atividade que compartilhava com os meus alunos, esses sim os sujeitos da pesquisa, ao mesmo tempo em que coletava dados e os analisava.

Para a coleta de dados, foram empregados instrumentos que permitiram análises qualitativas e quantitativas, como a observação participante, questionários e entrevistas, além de registros referentes aos acessos dos alunos no AVA e documentos oficiais da instituição escolar. Esses dados foram analisados durante todos os estágios do ciclo expansivo.

Cada um dos instrumentos empregados serviu a propósitos definidos, mas todos contribuíram para a compreensão global dos fenômenos investigados. Desse modo, alguns instrumentos foram úteis para delinear o perfil dos alunos, outros para avaliar o próprio AVA e outros para investigar o engajamento dos alunos no projeto. Faço agora a descrição dos instrumentos utilizados.

1. Questionários com perguntas abertas e fechadas

Para Gil (2007, p.128), entre as vantagens do questionário nas pesquisas sociais estão o anonimato e a capacidade de atingir um grande número de participantes. O caráter anônimo de muitos dos questionários que os alunos responderam contribuiu para a confiabilidade dos dados, já que esses não se sentiram inibidos para fazer algum tipo de crítica ao projeto. Entre as limitações desse instrumento, também apontadas por Gil (ibidem), está a dificuldade para interpretar as respostas dos respondentes, sobretudo no caso das perguntas abertas. Essa dificuldade foi superada algumas vezes pela triangulação das respostas a esse tipo de

pergunta com os dados de outros instrumentos, como as entrevistas e a observação sistemática.

Alguns questionários empregados tiveram como objetivo conhecer melhor alguns aspectos do perfil dos alunos participantes, como: suas experiências com o ensino de LI fora da escola, suas crenças a respeito do aprendizado dessa língua; seus hábitos de estudo e de uso da internet (ANEXOS 1 a 8). Além disso, foram aplicados anualmente questionários sob forma de atividades pedagógicas para identificar o nível de conhecimento dos alunos em relação à navegação no AVA e conhecer seus recursos preferidos (ANEXOS 12 e 16), e questionários ao final de cada ano para os alunos avaliarem o ambiente virtual e a sua participação no mesmo (ANEXOS 10, 11, 12, 20 e 22).

Algumas consultas informais também foram realizadas com os alunos ao final de cada ano letivo para avaliação de todo o processo pedagógico: aulas, material didático, avaliações etc. (ANEXOS 17 e 18).

2. Observação participante sistemática

Segundo Gil (2007, p. 116), a observação sistemática implica na criação de um plano daquilo que será observado e registrado. Durante todo o ciclo de aprendizagem fiz observações sobre o comportamento dos alunos em relação ao projeto, dentro da sala de aula convencional e na sala de computadores, além do acompanhamento de suas atividades no AVA, que foram anotadas em mapas de acompanhamento das turmas (ANEXOS 13 e 14). Os dados desses mapas foram obtidos dos registros das atividades de cada membro, mantidos em suas páginas pessoais. Nessas páginas constam todas as atividades de socialização e colaboração do aluno como: sua rede de amigos, os vídeos postados, os fóruns em que participaram (Discussions), suas postagens no blog, suas fotos, seus comentários e “curtidas” (Likes). A figura 6 mostra uma dessas páginas. Como a plataforma não oferecia nenhuma ferramenta de registro de outras atividades, como o acesso a websites externos ou ao material impresso, houve a necessidade de empregar outros instrumentos, como entrevistas e questionários para conhecer essas atividades.

Figura 6: Página pessoal de uma aluna, com os registros de suas atividades

3. Entrevistas

Foram realizadas duas entrevistas semi-estruturadas durante o período de implementação do projeto, ou seja, em 2011 e 2012 (ANEXOS 15 e 19). Elas foram empregadas com o objetivo de conhecer a opinião dos alunos sobre alguns aspectos importantes do projeto e também sobre sua relação como o ambiente virtual.

Tais entrevistas consistiam de perguntas focais, abertas, que possibilitaram que os entrevistados pudessem estender suas respostas e assim fornecer dados mais esclarecedores do que aqueles gerados pelos questionários. Por exemplo, no final do ano letivo de 2011 foram entrevistados 18 alunos de variados níveis de participação no AVA e no final de 2012 entrevistei os 6 alunos mais atuantes naquele ano.

4. Registros e documentos oficiais

Anotações nos diários de classe, atas dos conselhos de classe e registros de notas foram alguns dos instrumentos consultados para delinear o perfil escolar dos alunos envolvidos no projeto e para acompanhar seu desenvolvimento na disciplina de língua inglesa. Também foram consultados os registros das atividades dos alunos dentro do próprio AVA para conhecer suas preferências de atividades e suas interações no ambiente e o tipo de colaboração em que se envolveu.

Este capítulo teve como objetivo a descrição dos dois modelos de metodologia de pesquisa empregados neste trabalho - a intervenção formativa e o estudo de caso -, e dos instrumentos empregados para a geração de dados durante todo o ciclo de aprendizagem expansiva.

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O CICLO DE APRENDIZAGEM EXPANSIVA: UMA ANÁLISE