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1.2 Iniciação e despertar do curador interno: aprendendo a reconhecer a energia Reiki Para além da compreensão dos fundamentos do Reiki a partir apenas de uma análise

1.2.5 O processo de sintonização

Após a tomada de conhecimento dos cinco princípios os neófitos são introduzidos em um conjunto de conhecimentos e psicotécnicas com o intuito de movimentar a energia no corpo. Para tanto, eles devem passar por uma “iniciação ritual sagrada” de ativação ou religação espiritual, uma espécie de batismo, geralmente dadas por mestres treinados. Como de costume, existem alguns atos e gestos dessa iniciação que são comumente praticados por aqueles que iniciam mesmo que com pequenas variações. Isto não implica, segundo a mestra, que todas as iniciações devam seguir os mesmos procedimentos. Como a energia é universal e acessível a todos, processos de auto-iniciação também podem ocorrer, mas são raros. Pode-se dizer até mesmo que esse rito quase formal de sintonização configura-se como uma auto- iniciação já que se considera que o trabalho é mais interno do que de um terceiro, lembrando que muitas vezes a iniciação como um processo místico e transcendental só venha a ocorrer com a prática constante e que de modo geral poucos são os que vivenciam uma experiência mística de imediato.

A sintonização é comumente referenciada à experiência de Usui na montanha onde o sistematizador do Reiki passou por uma auto-iniciação onde não existia qualquer mestre ou autoridade entre ele e o conhecimento. Portanto, a ideia de autoridade é relativizada e todos seriam naturalmente aptos a trabalhar com a energia Reiki.

Antes de se dar inicio à sintonização a mestra lembra-se do compromisso, firmado no momento da decisão do neófito de realizar o curso, de que no dia da iniciação o aluno tenha se abstido de carne vermelha, álcool ou qualquer droga, pré-condição essencial que facilita o

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processo de percepção e ativação energética. A sintonização ocorre em uma sala escura ou a meia luz e reservada somente ao mestre e iniciados. É imprescindível que o ambiente esteja protegido e de que aqueles que ali estão, estejam bem intencionados. O ambiente deve remeter à volta para os níveis internos, e ao silêncio da mente. Todos são dispostos em cadeiras, com os pés no chão para que as energias deletérias sejam desmagnetizadas. Já as mãos sobre o joelho ficam espalmadas para cima em nítida atitude de recepção e abertura das energias que circulam pelo corpo e como meio de perceber as mesmas. No momento da sintonização as mãos são unidas no centro do peito em um gesto de prece.

A postura adequada ajuda a conservar energia, a ascender a energia. Assim como a terra tem dois pólos magnéticos, também nossos corpos tem yin e yang. A junção das mãos representa a união das duas partes. Nossa energia flui para fora, pés, mãos, topo da cabeça. Quando as extremidades se unem ou se dobram a energia passa a mover internamente. Aos poucos nos tornamos um reservatório das energias divinas (R.C.).

Pede-se que o neófito não fique com a consciência dispersa em pensamentos aleatórios, mas que fique em estado de meditação e silencio interior. Pede-se que o mesmo mantenha os olhos fechados. A sintonização é breve e simples não durando mais do que cinco minutos. A mestra passa por cada um e fica à sua frente dando início a uma série de gestos ascendentes nos canais laterais e central do corpo finalizando no topo da cabeça onde permanece por mais tempo. No topo da cabeça ela faz gestos circulares com a mão direita no centro da fontanela ou moleira. Por fim toca a palma da mão por alguns instantes na altura do peito e do coração, centralmente, em outro centro vital.

Os neófitos passam também por um pequeno rito com o elemento fogo. Depois de desenharem por um tempo, em meditação dois símbolos do Reiki, em especial o chokurei, a ferramenta simbólica principal do nível 1, os neófitos são instados a queimar os mesmos na chama de uma vela. Tradicionalmente esses gestos são feitos de modo cerimonial e cauteloso, envolvendo uma aura mística por traz da queima do símbolo, considerado um ato de purificação e batismo também. Valoriza-se essa aura de segredo e respeito por trás do símbolo mesmo que atualmente ele esteja acessível a todos.

Após essa iniciação é um momento de trocar experiências. R.C. pede que cada um compartilhe o que foi sentido na meditação e sintonização. Muitas pessoas descrevem uma série de sensações e emoções como paz, leveza, harmonia, profundo relaxamento, calor, melancolia, amor incondicional. Até mesmo choros podem ser relatados. Muitas dessas

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sensações como relatado, vieram acompanhadas por um conjunto de imagens de luz, sons, entidades como mestres espirituais ou espíritos ancestrais de parentes. Outras pessoas, em minoria, simplesmente não relataram nada. Como foi dito por R.C. “a iniciação atua de modo singular em cada pessoa dependendo de seu padrão vibratório. Cada um vê o que tem que ver”. E mais, “muitas experiências não podem ser explicadas racionalmente devendo ser apenas vivenciadas” e em alguns casos como conta, confidenciadas.

Explicando o que se passa na iniciação R.C. diz que há uma ativação energética no chacra coronário no topo da cabeça que está relacionado à glândula pineal. Essa ativação permite a ampliação da consciência ao deslocar o centro energético dos chakras básicos para os chakras superiores, no caso do nível 1 em especial o do coração. Mas como ela diz ativa-se o chakra coronário, o cardíaco e os respectivos centros na palma da mão a fim de que o neófito esteja apto a trabalhar com a imposição de mãos e cura. O objetivo da sintonização é consolidar de modo satisfatório o canal de comunicação entre o Reikiano e a energia cósmica que vem do alto, e fazer com esta fique enraizada no iniciado. Ocorrida a estabilização que só se dá por meio da prática cotidiana dos princípios éticos e por meio de psicotécnicas tem-se como resultado a “amplificação da força e corrente vital no corpo sutil, a expansão dos chakras, as percepções da energia por todo corpo” e principalmente pelas mãos, a abertura da intuição, todas essas condições essenciais para a prática.