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2 GESTÃO E DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES DO SETOR

2.3 PROCESSOS GENÉRICOS DE PRODUÇÃO

As organizações têm como sua razão de ser, o atendimento das necessidades do seu público, seja na produção de bens ou serviços. Neste exemplo, cita-se o vestuário, comidas, entretenimento, segurança, veículos, que são produzidos em prol da satisfação das pessoas. Isso mostra que administrar a produção é acima de tudo, um assunto prático que trata de problemas reais.

Slack, Chambers e Johnston (2008, p. 30) afirmam que “a função produção é central

para a organização porque produz os bens e os serviços que são a razão da sua existência, mas

não é a única nem necessariamente a mais importante”. O complemento se dá através das

funções centrais de marketing, que comunica os produtos de uma empresa para seu mercado, e função desenvolvimento do produto, que é responsável por criar novos produtos ou modificá-los.

A compreensão do escopo da função de produção, Figura 2, de uma organização apresenta alguns elementos básicos. O sistema necessita, antes de tudo, de objetivos bem definidos, o que para Gianesi e Corrêa (2008, p. 30), “também contém um processo de transformação, responsável por converter entrada (recursos) em saídas especificadas, bem

como um sistema de controle para garantir as saídas de acordo com o especificado”. Isso

acontece em razão das flutuações aleatórias que fazem com que os resultados produzidos possam estar fora das especificações.

Saídas •Bens •Serviços •Terra modificada •Mão-de-obra modificada •Capital modificado •Tecnologia modificada •Métodos modificados Entradas •Terra •Mão-de-obra •Capital •Tecnologia •Métodos Processo de transformação Ajustes necessários? Monitora saídas Flutuações Aleatórias Controle Real X Desejado OBJETIVOS

Figura 2: Sistema de operações genérico. Fonte: Gianesi e Corrêa (2008).

Como visto, um sistema da produção recebe insumos na forma de materiais, pessoal, capital, serviços públicos e informação. Esses insumos são modificados num subsistema da transformação para os bens e serviços desejados, denominados produtos. Assim, embora o sistema de produção seja o mesmo, para Teboul (2008, p. 15) “a natureza dos insumos

provocam a diferença na produção de bens e serviços, ou seja, o que entra e o que sai”.

Gaither (2008, p. 14) classifica os insumos em três categorias gerais e os dividem em:

Externos, como entradas legais ou políticas, sociais, econômicas e tecnológicas, têm caráter de informação e tendem a fornecer aos gerentes de operações dados sobre as condições externa ao sistema de produção. [...] Insumos de mercado tendem a ter um caráter informativo sobre a concorrência, design do produto, desejos do cliente. [...] Recursos primários como matérias-primas e suprimento, pessoal, capital, bens de capital e serviços públicos, sustentam diretamente a produção e a entrega de bens e serviços.

Entretanto, todas as organizações têm pelo menos um sistema de produção. Existe uma ampla variedade desses sistemas (quadro 2). A maneira pela qual um sistema de produção se manifesta como parte de uma organização, de acordo com Gaither e Frazier

Sistema de

Produção Insumos Primários

Sistema de Transformação Saídas Fábrica de alimentos para animais de estimação.

Grãos, água, carnes, ferramentas, máquinas, sacos de papel, latas, prédios, serviços públicos.

Transforma matérias em bens (físicos) acabados.

Produtos para animais de estimação.

Lanchonete.

Carne, pão, verduras, temperos, suprimentos, pessoal, serviços públicos, máquinas, caixas de papelão, guardanapos, prédios e clientes.

Transforma matérias- primas em produção em produtos e pacotes (físicos) de fast-food (comida- rápida). Clientes satisfeitos e produtos fast- food. Fábrica de automóveis.

Peças compradas, matérias-prima, pintura, ferramentas, suprimentos, pessoal, prédios, serviços públicos.

Transforma matérias- primas em automóveis acabado através de operações (físicas) de fabricação e montagem. Automóveis. Departamento de polícia.

Suprimento, pessoal, equipamentos, automóveis, mobiliário de escritórios, prédios e serviços públicos.

Detecta crime, leva criminosos à justiça, mantém a ordem. Níveis de violência aceitáveis e comunidades pacíficas. Quadro 2: Sistema Genérico de produção.

Fonte: Gaither e Frazier (2008).

Assim, Slack, Chambers e Johnston (2008, p. 30) declaram que é importante observar como administrar a produção, “pois tanto uma empresa que produz bens como uma empresa que produz serviços utilizam funcionários e instalações como inputs (recursos que

entram) de produção, mas agem sobre coisas bem diferentes”. Isso é explicado quando

materiais são transformados pelos seus funcionários em bens que serão entregues aos consumidores.

Contudo, a transformação não se dá apenas em materiais físicos representados pela matéria prima. No entendimento de Grönroos (2009, p. 53) e Teboul (2008, p. 15) “a solução final é o resultado, enquanto os funcionários, instalações e tecnologia quando transformam o

próprio consumidor caracterizam os processos nominados de serviços”.

Nesse ponto é conveniente esclarecer uma das características dos serviços, que de acordo com Johnston e Clark (2008, p. 29) tem dois ingredientes-chaves: “os resultados e a

experiência do serviço”, Figura 3. Para essa forma de entendimento, Grönroos (2009, p. 65)

fala sobre uma dimensão técnica ou de resultado e uma dimensão funcional ou relacionada a

processos. Isso quer dizer que “o que o cliente recebe é a qualidade técnica, ou de resultado, e como ele recebe é a qualidade funcional do processo”. As duas sobrepostas formam a

Operação Inputs: Bens Pessoas Instalações OPERAÇÃO DE SERVIÇO Resultados PRODUTO DO SERVIÇO Cliente PERSPECTIVAS DO CLIENTE E DA OPERAÇÃO

Processo do serviço

Experiência

Figura 3: Serviço sob duas perspectivas sobrepostas. Fonte: Johnston e Clark (2008).

Portanto, a administração de produção é aquilo que os gerentes de operações fazem. Essa definição, segundo Gaither e Frazier (2008, p. 16), é “o que a produção faz, embora como os gerentes administrem pode ser mais importante para entender a administração da

produção”. Isso significa que os gerentes administram tomando decisões a respeito de todas as

atividades dos sistemas de produção. Essas decisões podem ser estratégicas, operacionais e de

controle. A decisão estratégica para os autores “são as tomadas sobre produtos, processos e

instalações; as operacionais como planejar a produção para atender a demanda; as de controle

de como planejar e controlar as operações”.