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DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL NO SEMIÁRIDO: UMA AVALIAÇÃO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO POLO

A MONTANTE ELO PRODUTIVO A JUSANTE

5 EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS: POLO PETROLINA-JUAZEIRO VERSUS SEMIÁRIDO

5.2 Produção e distribuição de renda

Este item refere-se ao comportamento econômico do polo, representado por dados referentes ao PIB, PIB per capita, PIB setorial e distribuição de renda (índice de Gini).43 De início, na tabela 8, verifica-se que o PIB do semiárido somou R$ 277,7 bilhões em 2014 (valores a preços de dezembro de 2016, corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA). Desse total, o polo apresentou posição de destaque, contribuindo com 4,3% do PIB do semiárido, atrás apenas de Feira de Santana (Bahia), com participação de 5,0%, mas à frente de Campina Grande (Paraíba), com 3,2%; Caruaru (Pernambuco), 2,6%; e Mossoró (Rio Grande do Norte), 2,6%.44 Analisando o comportamento do PIB do polo frente ao semiárido, é possível notar duas trajetórias distintas. Entre 1970 e 1996,

43. Além do próprio semiárido, foram considerados como unidades comparativas os municípios de Feira de Santana (Bahia), Campina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco) e Mossoró (Rio Grande do Norte), que, juntos ao polo Petrolina-Juazeiro, representam as cinco maiores participações no PIB do semiárido.

44. Destacaram-se ainda o aglomerado de Juazeiro do Norte (Ceará), com 2,5%; Caucaia (Ceará), 2,3%; Vitória da Conquista (Bahia), 2,3%; Sobral (Ceará), 1,6%; Arapiraca (Alagoas), 1,5%; e Juazeiro (Bahia), 1,3%. Juntos, estes municípios – com PIB acima de R$ 3,5 bilhões em 2014 – representaram 26,2% do PIB do semiárido naquele ano.

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Desenvolvimento Territorial no Semiárido: uma avaliação a partir da experiência do polo Petrolina-Juazeiro

o polo apresentou uma dinâmica de crescimento muito superior, resultando em substancial incremento de sua participação no PIB do semiárido – passando de 2,1% para 4,6% no período. Contudo, entre 1996 e 2014, essa dinâmica se reverteu, fazendo com que o polo apresentasse uma trajetória de crescimento relativamente mais lenta, resultando em ligeira perda de participação no PIB da região – passando de 4,6% para 4,3%.

Tal dinâmica pode ser reflexo de um novo estágio vivido pelo polo, em que a destacada atuação pública na região, sobretudo dos anos 1980, perdeu a sua notável capacidade de impulsionar um maior crescimento local, adentrando sua economia em uma fase mais autônoma, pautada em fatores endógenos de crescimento, aliado a uma provável saturação do modelo induzido pelo setor público no polo, até então concentrada fundamentalmente em aspectos voltados à produção em grande escala de bens in natura, em detrimento de outros fatores qualitativos comandados pelas exigências da demanda,45 como discutido no item 4.2.

TABELA 8

PIB no polo, no semiárido e em municípios selecionados (Em R$ milhões de dez./2016)

Local 1970 1980 1996 2000 2010 2014 Crescimento 1970-2014 (% a.a.) Petrolina-PE 235,6 964,6 1.619,7 2.058,1 5.131,7 6.152,7 7,70 Juazeiro-BA 247,5 956,7 1.253,9 1.828,7 2.689,4 3.544,6 6,24 Restante do polo 66,6 120,6 244,1 410,3 865,2 1.056,8 6,43 Polo 631,4 2.234,3 3.364,8 5.205,6 10.044,1 12.000,1 6,92 Semiárido 29.635,6 67.972,9 72.701,0 116.207,1 227.779,5 277.764,9 5,22

Crescimento com relação ao período anterior (% a.a.)

Polo - 13,47 2,59 11,53 6,79 4,55 -

Semiárido - 8,66 0,42 12,44 6,96 5,08 -

Participação no total do semiárido (%)

Polo 2,13 3,29 4,63 4,48 4,41 4,32 1,62 Feira de Santana-BA 4,47 4,41 4,60 4,16 4,71 4,97 0,24 Campina Grande-PB 3,52 3,40 4,68 3,42 3,28 3,19 -0,22 Caruaru-PE 1,76 1,70 2,04 1,91 2,24 2,64 0,92 Mossoró-RN 1,32 2,13 2,59 2,00 2,91 2,63 1,58 Total 13,20 14,92 18,55 15,97 17,55 17,76 0,68

Fontes: Ipea (2017c) e IBGE (2017b; 2017c). Elaboração dos autores.

Obs.: 1. Valores a preços de dezembro de 2016, corrigidos pelo IPCA.

2. Taxas de crescimento referem-se à taxa equivalente anual de crescimento entre dois períodos (ex.: % a.a. entre 1970 e 1980, 1980 e 1996 etc.).

45. Além dessas questões estruturais, Oliveira (2015) ainda aponta que desavenças políticas podem ter contribuído na perda de dinamismo do polo nos anos 2000, na medida em que desavenças entre grupos políticos antagônicos acabaram prejudicando ações que poderiam afetar positivamente a dinâmica do polo no período.

Quanto às atividades produtivas, a tabela 9 traz dados do PIB dos setores público, agropecuário, industrial e de serviços do polo e do semiárido. De um modo geral, no que se refere à evolução dos dados, nota-se que, entre 1970 e 2014, o polo teve um desempenho relativo mais dinâmico em todos os setores, vendo, assim, sua participação no PIB do semiárido aumentar em todos eles.

Analisando setor a setor, nota-se, inclusive, que o setor público foi o que mais progrediu em ambas as localidades, entre 1970 e 2014 – 9,38% a.a. no polo e 9,37% a.a. no semiárido. Contudo, embora no polo tenha havido uma evolução levemente maior, no semiárido esta dinâmica resultou em uma mudança estrutural mais acen- tuada, considerando o peso do setor em seu PIB – passando de 7,3% para 39,9%, contra 11,6% para 31,6% no polo. Não obstante, em 2014, o polo se sobressaía como o maior responsável pelo PIB do setor público no semiárido (3,4%).46 Porém,

entre 1980 e 2014, essa participação relativa teve trajetória predominantemente negativa – passando de 4,6% para 3,4% – indicando que, desde então, a atuação pública perdeu peso relativo no polo, ainda que tenha tido a capacidade de auxiliar o crescimento dos demais setores de sua economia, conforme analisado a seguir.

Na mesma tabela, é possível observar que o setor agropecuário foi o que mais evoluiu no polo perante o PIB do semiárido – passando de 1,2% para 6,2%, entre 1970 e 2014. Tal comportamento fez com que, em 2014, o polo se sobressaísse tanto como o maior responsável pelo PIB agropecuário do semiárido47 quanto por

possuir um peso do setor em seu PIB maior que a média do semiárido – 11,1% contra 7,7% –, mesmo tendo iniciado a série com participação significativamente abaixo – 21,4% contra 36,9%, em 1970. Nessa trajetória, marca o salto dado entre 1980 e 1996, período em que foram instalados os principais perímetros irrigados em funcionamento hoje no polo – Nilo Coelho, Maniçoba, Curaçá e Tourão. Portanto, ao longo da série, nota-se que o polo apresentou uma queda no peso do setor menos intensiva que a observada no semiárido. Tal fator retrata a reestruturação que houve na organização produtiva do polo, reflexo do direcionamento dado pelos investimentos públicos que transformou a microrregião em um dos mais importantes centros produtores de frutas do país. Contudo, vale sublinhar a queda do setor, entre 2010 e 2014, concomitantemente à queda do setor industrial, corroborando com a hipótese de que o polo deve repensar seu modelo de desenvolvimento,

46. Após o polo, destacaram-se Feira de Santana (Bahia), com 3,2%; Campina Grande (Paraíba), 2,7%; Caruaru (Pernambuco), 2,1%; o aglomerado de Juazeiro do Norte (Ceará), 1,9%; Caucaia (Ceará), 1,9%; e Mossoró (Rio Grande do Norte), com 1,8%. Juntos, esse conjunto de municípios representou 17,0% do agregado do setor público no semiárido. Desse panorama, depreende-se que a presença do Estado na região é relativamente homogênea entre os municípios, quando comparada à distribuição dos demais setores econômicos, conforme se apresenta a seguir.

47. O PIB da agropecuária no semiárido caracteriza-se por possuir uma menor concentração espacial quando comparado aos demais setores, bem como por ver municípios relativamente menores, em termos de PIB, se sobressaírem, excetuando-se os do polo (com 6,2% de participação, em 2014). Nesse aspecto, após o polo, destacaram-se os municípios de São Bento do Una (Pernambuco), com 2,1%; Arapiraca (Alagoas), 1,3%; Mucugê (Bahia), 1,3%; Limoeiro do Norte (Ceará), 1,2%; Quixeré (Ceará), 1,1%; e Santa Maria da Boa Vista (Pernambuco), com 1,0%. Juntos, esses municípios somaram 13,2% de todo o PIB da agropecuária da área, em 2014.

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redirecionando esforços em busca de uma melhor adequação de sua estrutura produtiva às novas demandas exigidas pelos principais mercados consumidores de frutas, como descrito no item 4.2. A propósito, ainda quanto ao setor industrial, embora tenha havido um aumento da participação do polo frente ao semiárido – de 2,7% para 4,2%, entre 1970 e 2014 –, é também visível ter havido uma perda relativa desse dinamismo desde 1996, intensificando-se em 2000 – quando o setor no polo chegou a representar 5,4% do semiárido e 22,4% do PIB local (caindo para 13,7%, em 2014). Ainda assim, em 2014 o polo destacava-se no contexto regional como o quinto maior núcleo industrial do semiárido.48

Por sua vez, o setor de serviços manteve-se como mais relevante do polo em toda a série analisada, enquanto no semiárido o mesmo setor foi ultrapassado pelo setor público em 2000. Nesse cenário, o polo viu sua participação no PIB do setor no semiárido aumentar de 2,5% para 4,9%, entre 1970 e 2014, colocando-o como o segundo principal centro de serviços de toda a região.49 Essa realidade,

em grande medida, é reflexo da indução levada ao polo pela atividade agrícola, o que acabou atraindo uma série de empreendimentos ligados ao setor, não só no meio rural, como também no meio urbano, conforme descrito ao longo do item 4. Como consequência, vem ocorrendo uma forte expansão da renda em todos os setores econômicos do polo, como pode ser observado a seguir.

TABELA 9

PIB setorial e participações no polo e no semiárido (Em R$ milhões de dez./2016)

Local 1970 1980 1996 2000 2010 2014 Crescimento 1970-2014 (% a.a.) Setor público PIB polo 73,4 191,9 673,4 1.349,5 3.162,4 3.792,2 9,38 PIB semiárido 2.158,8 4.151,2 16.241,8 41.223,4 92.013,1 110.890,4 9,37 % polo/semiárido 3,40 4,62 4,15 3,27 3,44 3,42 0,01 % setor/PIB polo 11,62 8,59 20,01 25,92 31,48 31,60 2,30 % setor/PIB semiárido 7,28 6,11 22,34 35,47 40,40 39,92 3,94

48. Referente ao PIB da indústria, o maior destaque é dado para Feira de Santana (Bahia), com 7,5% de participação no PIB do setor no semiárido, seguida por Mossoró (Rio Grande do Norte), 5,3%; Caucaia (Ceará), 5,0%; Campina Grande (Paraíba), 4,6%; o polo de Petrolina (Pernambuco), 4,2%; Sobral (Ceará), 2,9%; Vitória da Conquista (Bahia), 2,4%; aglomerado de Juazeiro do Norte (Ceará), com 2,3%, e Caruaru, com 2,2%. Juntos, esses municípios somam 36,4% do PIB da indústria na região, revelando haver uma concentração relativa da industrialização no semiárido. 49. Referente ao setor de serviços, que somou R$ 106,8 bilhões ao PIB do semiárido em 2014 (a preços de dezembro de 2016, corrigidos pelo IPCA), equivalente a 38,4% do PIB da região, destacaram-se Feira de Santana (Bahia), com participação de 6,9%; o polo de Petrolina (Pernambuco), 4,9%; Caruaru (Pernambuco), 3,8%; Campina Grande (Paraíba), 3,8%; o aglomerado de Juazeiro do Norte (Ceará), 3,6%; Vitória da Conquista (Bahia), 3,3%; Mossoró (Rio Grande do Norte), 2,9%; Caucaia (Ceará), 2,3%; Arapiraca (Alagoas), 2,0%; e Sobral (Ceará), com 1,9%. Juntos, esses municípios somam 35,4% de todo o PIB dos serviços do semiárido.

Local 1970 1980 1996 2000 2010 2014 Crescimento 1970-2014 (% a.a.) Agropecuária PIB polo 135,2 339,0 934,7 862,6 1.522,5 1.332,3 5,34 PIB semiárido 10.937,6 22.949,5 20.841,2 15.099,2 20.527,7 21.439,2 1,54 % polo/semiárido 1,24 1,48 4,49 5,71 7,42 6,21 3,74 % setor/PIB polo 21,41 15,17 27,78 16,57 15,16 11,10 -1,48 % setor/PIB semiárido 36,91 33,76 28,67 12,99 9,01 7,72 -3,49 Indústria PIB polo 124,9 686,4 527,2 1.163,9 1.883,8 1.643,2 6,03 PIB semiárido 4.652,5 15.488,0 9.568,2 21.424,8 39.665,0 38.679,0 4,93 % polo/semiárido 2,69 4,43 5,51 5,43 4,75 4,25 1,05 % setor/PIB polo 19,78 30,72 15,67 22,36 18,75 13,69 -0,83 % setor/PIB semiárido 15,70 22,79 13,16 18,44 17,41 13,93 -0,27 Serviços PIB polo 297,9 1.016,9 1.229,5 1.829,7 3.475,5 5.232,4 6,73 PIB semiárido 11.886,6 25.384,3 26.049,8 38.459,7 75.573,7 106.756,3 5,12 % polo/semiárido 2,51 4,01 4,72 4,76 4,60 4,90 1,54 % setor/PIB polo 47,19 45,51 36,54 35,15 34,60 43,60 -0,18 % setor/PIB semiárido 40,11 37,34 35,83 33,10 33,18 38,43 -0,10

Fontes: Ipea (2017c) e IBGE (2017b; 2017c). Elaboração dos autores.

Obs.: 1. Valores a preços de dezembro de 2016, corrigidos pelo IPCA.

2. Taxas de crescimento referem-se à taxa equivalente anual de crescimento entre dois períodos (ex.: % a.a. entre 1970 e 1980, 1980 e 1996 etc.).

3. O PIB do setor público reúne impostos, seguridade social, administração, saúde e educação públicas. 4. O PIB do setor de serviços inclui as atividades comerciais e exclui as atividades do setor público. 5. O PIB da indústria inclui as atividades de construção civil.

Na tabela 10, observa-se que, em 2014, o polo possuía uma renda per capita 36,8% superior à observada no semiárido – R$ 15,95 mil contra R$ 11,66 mil.50

Por sua vez, analisando o comportamento da variável entre 1970 e 2014, observa-se uma dinâmica semelhante à do PIB, descrito na tabela 9. Entre 1970 e 1996, o polo apresentou evolução mais acentuada, resultando em incremento na diferença de seu PIB per capita frente à média do semiárido – passando de 52,1% para 77,7% superior. Por sua vez, entre 1996 e 2014, essa dinâmica se reverteu, fazendo com que o polo apresentasse uma trajetória de crescimento mais lenta, resultando em queda nessa diferença – de 77,7% para 36,8%. Tal trajetória pode ser explicada

50. Os valores referem-se a preços de dezembro de 2016, corrigidos pelo IPCA. Em 2014, dentre os municípios com mais de 200 mil habitantes, os que mais se destacaram nesse quesito foram Mossoró (Rio Grande do Norte), com R$ 25,7 mil; Feira de Santana (Bahia), R$ 22,6 mil; Sobral (Ceará), R$ 22,3 mil; Campina Grande (Paraíba), R$ 22,0 mil; Caruaru (Pernambuco), R$ 21,4 mil; Petrolina (Pernambuco), R$ 18,9 mil; Vitória da Conquista (Bahia), R$ 18,6 mil; Caucaia (Ceará), R$ 18,6 mil; e Arapiraca (Alagoas), com R$ 17,7 mil.

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por dois fenômenos observados no polo ante o semiárido: desaceleração relativa na sua dinâmica de crescimento do PIB e manutenção de seu vigoroso crescimento populacional. Porém, mesmo apresentando desempenho inferior, entre 1996 e 2014, em termos absolutos, a evolução do PIB per capita do polo foi maior que a do semiárido – R$ 9,45 mil contra R$ 8,0 mil –, fazendo com que a distância entre ambos aumentasse no período – de R$ 2,84 mil para R$ 4,29 mil.51

TABELA 10

PIB per capita no polo, no semiárido e em municípios selecionados (Em R$ mil de dez./2016)

Local 1970 1980 1996 2000 2010 2014 Crescimento 1970-2014 (% a.a.) Petrolina-PE 3,85 9,25 8,47 9,42 17,46 18,87 3,68 Juazeiro-BA 4,02 8,10 7,29 10,48 13,59 16,37 3,24 Restante do polo 2,91 3,77 4,31 5,40 10,82 13,09 4,09 Polo 3,13 7,13 6,49 9,20 14,63 15,95 3,77 Semiárido 2,06 4,07 3,66 5,57 10,08 11,66 4,02

Crescimento com relação ao período anterior (% a.a.)

Polo - 8,59 -0,58 9,10 4,75 2,18 -

Semiárido - 7,06 -0,67 11,09 6,12 3,70 -

Diferença frente ao PIB per capita do semiárido (%)

Polo 152,1 175,2 177,7 165,3 145,2 136,8 -0,24

Feira de Santana-BA 343,5 252,9 203,1 180,4 191,2 193,5 -1,30

Campina Grande-PB 259,3 229,1 270,1 201,0 192,1 188,9 -0,72

Caruaru-PE 178,2 164,2 175,3 157,4 160,9 183,9 0,07

Mossoró-RN 195,6 243,5 250,6 195,0 253,2 220,8 0,28

Fontes: Ipea (2017b; 2017c), Datasus (Brasil, 2017b) e IBGE (2017b; 2017c). Elaboração dos autores.

Obs.: 1. Valores a preços de dezembro de 2016, corrigidos pelo IPCA.

2. Taxas de crescimento referem-se à taxa equivalente anual de crescimento entre dois períodos (ex.: % a.a. entre 1970 e 1980, 1980 e 1996 etc.).

Ao se analisar a distribuição de renda, na tabela 11 vê-se que o polo, não obstante possua indicadores econômicos superiores, é mais desigual que o semiárido, apresen- tando índices de Gini maiores em toda a série considerada, de 1991 a 2010, embora tenha também apresentado uma queda mais acentuada deste índice, no mesmo período – com variação de 2,8%, contra 1,5% do semiárido. Observa-se, inclusive, que Petrolina, a despeito de ser o município mais dinâmico e de maior PIB do polo, é o mais desigual. Tal quadro pode ser explicado não apenas considerando a assime- tria existente entre pequenos e grandes produtores do polo (descrito no item 4.2), como também pelo intenso fluxo migratório de um contingente populacional que, normalmente, se desloca para zonas mais dinâmicas do polo, em busca de condições

51. Embora pareça contraditório, tal comportamento explica-se pelo fato de o polo possuir, em 1996, um patamar de renda superior ao do semiárido, fazendo com que um crescimento menor entre 1996 e 2014 – de 145,8% contra 218,6% do semiárido –, resulte em uma evolução maior em termos absolutos – no caso, R$ 9,45 mil contra R$ 8,0 mil.

de vida mais favoráveis. Contudo, nem sempre as oportunidades criadas conseguem acompanhar o mesmo ritmo desse movimento, podendo promover, dentre outros problemas, desemprego, subemprego e desigualdade. Dados referentes ao mercado de trabalho e desenvolvimento humano serão vistos nos itens a seguir.

TABELA 11

Distribuição de renda no polo, no semiárido e em municípios selecionados (Índice de Gini)

Local 1991 2000 2010 Crescimento (% a.a.)

1991-2000 2000-2010 Petrolina-PE 0,639 0,643 0,625 0,06 -0,27 Juazeiro-BA 0,579 0,631 0,572 0,95 -0,97 Média no restante do polo 0,578 0,571 0,538 -0,13 -0,60 Média no polo 0,602 0,617 0,585 0,28 -0,53 Média no semiárido 0,550 0,590 0,542 0,79 -0,85 Feira de Santana-BA 0,621 0,618 0,608 -0,06 -0,16 Campina Grande-PB 0,614 0,635 0,586 0,37 -0,80 Caruaru-PE 0,561 0,579 0,542 0,34 -0,65 Mossoró-RN 0,581 0,583 0,534 0,04 -0,87

Fonte: Datasus (Brasil, 2017b). Elaboração dos autores.

Obs.: 1. Índice de Gini calculado pela renda domiciliar per capita.

2. Médias calculadas ponderando-se pelas populações dos municípios componentes de cada área.

3. Taxas de crescimento referem-se à taxa equivalente anual de crescimento entre dois períodos (% a.a. entre 1991 e 2000 e entre 2000 e 2010).