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3 A REVISÃO SISTEMÁTICA COMO CAMINHO PARA A

3.1 Produções científicas sobre Geometrias não Euclidianas na formação de

Acreditamos que uma das propostas da Educação Matemática é preparar os indivíduos para enfrentar problemas que estão presentes no cotidiano e que são muitas vezes conhecidos por um número expressivo de pessoas, contudo ainda podem ser desconhecidos para uma parcela da sociedade. Em outras palavras, a Educação Matemática também deve preparar os

indivíduos para resolver problemas que já não são tão explícitos nos afazeres das pessoas e que muitas vezes são desconhecidos por muitos.

Assim, no campo de pesquisa na Educação Matemática os estudos devem se preocupar não só com o processo que instrumentaliza o sujeito, mas, também, desenvolver competências e habilidades que possam mobilizar conhecimentos para enfrentar situações-problema do cotidiano, de modo que se aufira uma real inserção do mesmo na sociedade, garantindo-lhe condições de aprendizagem para enfrentar antigos e novos problemas.

É em torno do dilema em compreender a Geometria Euclidiana, como um conhecimento milenar e culturalmente aceito, considerado como a única maneira de representar o espaço no imaginário de algumas pessoas, que assumimos uma ação investigativa empreendendo a compreensão do espaço por meio de um conhecimento mais recente, exigindo um processo de instrumentação mais amplo em relação ao conhecimento geométrico, capaz de resolver situações-problema novas, onde o modelo geométrico euclidiano encontra limitações para solucioná-las, ao qual foi designado como sistemas de Geometria não Euclidiana.

Destarte, pretendemos institucionalizar a proposta de pesquisa deste estudo não sobrepondo o “novo conhecimento” sobre o conhecimento considerado mais “antigo”, e sim ressaltar a importância da produção histórico-social dos conhecimentos milenares para a produção de outros conhecimentos. Pontua-se que não é intenção da pesquisa hierarquizar os saberes, mas colocá-los em pé de igualdade com os demais saberes, porquanto valorosamente Paulo Freire nos ensina que “[...] não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes”. (1987, p.68).

Entendemos que a relevância de realizar estudos sobre o ensino de Geometrias não Euclidianas nos cursos de Licenciatura em Matemática diz respeito à necessidade de compreensão, por parte dos estudantes, de que a Geometria Euclidiana não é a única praticada no mundo em que vivemos e que muitos problemas relacionados ao homem e ao mundo científico encontram explicações nos conhecimentos produzidos nas Geometrias não Euclidianas.

Além disso, as reflexões geradas pelo estudo de sistemas de diferentes Geometrias podem romper com o pensamento geométrico culturalmente enraizado onde o plano euclidiano é o espaço mais comum utilizado em Geometria, podendo vir a ser um obstáculo epistemológico para a compreensão dos avanços teóricos da Matemática e da computação, uma vez que ele é real apenas no imaginário dos matemáticos (LEIVAS, 2013).

Contudo, a justificativa para a construção de uma RS sobre o ensino de Geometrias não Euclidianas se deve a necessidade de o pesquisador mapear e analisar as produções acadêmicas

realizadas sobre o tema, com o intuito de gerar reflexões que possam servir de base para o refinamento do problema da pesquisa que norteará as tomadas de decisões, direcionando esse processo para algo realmente inovador e potencialmente relevante para o campo de pesquisa em Educação Matemática.

3.1.1 Protocolo da Revisão Sistemática

A construção dessa revisão conta com periódicos vinculados a área de Ensino e Educação. Os periódicos nacionais são avaliados pelo sistema de avaliação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) WebQualis, tais quais: A1,

A2, B1 e B27.

Para filtrar a quantidade de informações e direcionar as buscas para o objeto de estudo em questão propôs-se investigar produções acadêmicas nos seguintes idiomas: Português, Espanhol e Inglês. Além disso, as produções acadêmicas a serem consultadas devem contemplar o período de 01 de Janeiro de 2010 a 31 de Dezembro de 2019. Ressaltamos que o critério adotado para o recorte temporal foi o propósito de refletir sobre trabalhos mais recentes relativos à temática, com o intuito de atualizar a pesquisa antes e durante o processo de doutoramento e assim estabelecer novos direcionamentos para esse campo de pesquisa.

3.1.2 Questão norteadora da Revisão Sistemática

Do ponto de vista da investigação exploratória e descritiva construiu-se a seguinte questão para a Revisão Sistemática:

● Quais as peculiaridades dos estudos desenvolvidos nos últimos dez anos que abordam o ensino de Geometrias não Euclidianas na formação inicial e continuada de professores de Matemática?

3.1.3 Possíveis contribuições da Revisão Sistemática

O levantamento de informações, a categorização e a descrição dos estudos propostas pela RS podem contribuir para:

● Ampliar a visibilidade sobre o ensino de Geometrias não Euclidianas destacando os principais resultados de pesquisas realizadas sobre esse tema e como elas vêm evoluindo;

● Proporcionar uma visão holística sobre o tema e, ao mesmo tempo, revelar a diversidade dos contextos em que o ensino de Geometrias não Euclidianas pode contribuir para a compreensão do mundo;

● Viabilizar a realização de futuras pesquisas sobre o tema, auxiliando os pesquisadores a encontrarem mais facilmente os estudos afins, bem como identificar questões e subtemas ainda não explorados, enfoques/métodos utilizados e auxiliar na comparação de resultados de suas pesquisas com os de outras já realizadas.

O processo de análise a ser realizado nessa obra constitui-se pelo imbricamento de pesquisas destacando as aproximações e distanciamentos de estudos envolvendo o ensino de Geometrias não Euclidianas, tanto no Ensino Superior quanto na Educação Básica que estão pautados em três aspectos propostos nesta revisão: formação de professores, epistemologia e inserção no currículo.

Dessa forma, acredita-se que a RS pode interessar a pesquisadores da área de Educação Matemática, a professores que buscam práticas inovadoras para o ensino de Geometrias, professores-formadores do Ensino Superior e a órgãos públicos responsáveis pela implementação de currículos inovadores que fomentem a ressignificação do ensino da Geometria nesses espaços do ensino-aprendizagem: o Ensino Básico e o Ensino Superior.