A professora Violeta

A professora Violeta tem 34 anos é separada e tem dois filhos. Sua entrada na carreira do magistério ocorreu pela limitação na disponibilidade de cursos de segundo grau e por se identificar com a profissão. Ao se identificar com a profissao e para melhorar o salário cursou Pedagogia no Instituto Keneddy . Leciona há 15 anos. Iniciou a profissão na Educação Infantil e atualmente trabalha no Ensino Fundamental. Na Escola Florescer trabalha há 9 anos. Para Huberman (2000), esta professora apresenta atitude de diversificação, que é quando o docente tem entre 7 e 25 anos de carreira profissional e é conduzido a uma fase de experimentação e diversificação. Na diversificação os professores lançam-se em novas experiências e propõem inovações pedagógicas tornando-se mais crítico e questionador sobre as necessidades sentidas com relação prática pedagogia bem como a formação continuada. Na fala de Violeta percebemos a importância que a formação representa para seu desenvolvimento profissional:

Eu gosto de participar de cursos. Acho que sempre estamos aprendendo principalmente quando é um curso que faz relação da teoria com a prática porque precisamos refletir sobre o que fazemos e no que estamos nos embasando. Eu tentei fazer um curso de LIBRAS ano passado porque fico imaginando quando tiver esse aluno como vou fazer?! Não podemos deixar para nos preparar só quando tiver o aluno devemos esta constantemente em formação [...] (Violeta – entrevista individual)

A professora Violeta demonstra nessa fala a necessidade que tem de realizar uma formação continuada que lhe forneça embasamentos para desenvolver o ensino aprendizagem com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, no caso específico da deficiência auditiva.

Outra característica marcante que percebemos em seus apontamentos diz respeito ao dinamismo, empenho e motivação para desenvolver sua prática. A professora é aberta a inovações. Acredita que [...] “os desafios são bons de serem vivenciados para que o profissional tenha oportunidade de pensar e refletir sobre seu saber e fazer docente” (entrevista individual).

No ano de 2014 a professora lecionava no 3º ano com 25 alunos sendo 1 com diagnostico de TDAH , outro com deficiência intelectual além de um aluno que ainda não tinha diagnóstico definitivo, mas que estava sob acompanhamento médico com

possível diagnóstico de autismo. Em 2015 a professora tinha um aluno com diagnóstico de dificuldade significativa da aprendizagem e transtorno de conduta. Esta educadora demonstrou nos momentos de conversas pelos corredores da escola e nos encontros ter um envolvimento com a sua profissão. A mesma sempre falava de seus alunos com amor demonstrando interesse por sua vida, seu aprendizado:

A vida dessas crianças é dura, eles vivenciam coisas que se pararmos pra pensar... é por isso que algumas vezes quando estou em casa , a noite, dormindo, que faço minhas reflexões como foi o dia, lembro e penso: o que podemos fazer para mudar um pouquinho essa realidade[...]( 4º Encontro Reflexivo).

A sala da professora apresenta um espaço físico considerado bom para os 25 alunos matriculados. Nesse ambiente encontravam-se dois armários de aço, um quadro branco, carteiras e mesinhas (que eram organizadas de acordo com a atividade que seria realizada) letras e números expostos sob o quadro, atividades expostas nas paredes e o cantinho da leitura e da matemática.

A prática pedagógica da professora Violeta é lúdica, com proposta de atividades vivenciais em duplas e ou coletivas recorrendo, quando necessário, a recursos áudio visuais para ajudar na compreensão da atividade:

A professora Violeta convida os alunos para uma aula diferente. As crianças se mostram curiosas e ansiosas. Ela revela que a contação de história será na quadra embaixo de uma árvore. As crianças gostam da novidade e querem saber qual a história. Ela mostra a capa do livro e começa a estimular a atenção dos alunos para o autor, editora, título e imagens. A história era Branca de neve e os sete anões. A turma caminha para o espaço onde vai acontecer a atividade. A professora lembra de fazer silêncio para não interferir nas salas de aula. As crianças diminuem a conversa. Chegam no local indicado e sob orientação da professora sentam em círculo. Começa a contação da história. As crianças parecem atentas. “Vitor” que tem diagnóstico de hiperativo permanece sentado. Parece encantado com a história. As crianças conhecem o enredo, mas mesmo assim se mostram atentas. Ao término da contação é oferecido às crianças uma maçã para degustação e entregue uma folha para releitura dessa história em dupla. Todos participam. Cada um encontra um cantinho para realizar a tarefa. (Diário de campo - observação – 22/03/2014).

A professora rompeu com a rigidez que muitas vezes está presente no processo de ensino aprendizagem e proporcionou uma atividade externa a sala de

aula, promovendo um momento lúdico, com base numa dinâmica coletiva e, no convívio social que proporciona ganhos na aprendizagem já que é nas negociações, e interações estabelecidas que as crianças se desenvolvem.

Nas observações realizadas percebemos na prática de Violeta o trabalho em grupo e/ou em dupla, apoiada na compreensão de que [“...]” as crianças interagindo unas com as outras aprendem a se respeitar mais e nessas trocas elas avançam”[...] (entrevista individual). Com essa dinâmica de trabalho a professora acredita que favorece a gestão do tempo porque consegue mediar melhor às crianças em suas necessidades individuais.

Violeta nos informou que disponibiliza as mesmas atividades para todos os alunos, enfatizando que quando há necessidade ela faz adequações. Segundo sua fala

Eu costumo fazer a mesma atividade com todos, quando há necessidade eu faço adequações ,mas até agora o que meus alunos com NEE têm requisitado é uma maior intervenção individual de acompanhamento e ajuda nas atividades. Tem dias que não posso dá muita atenção até porque tenho que acompanhar os outros também, mas estou sempre atenta (entrevista individual).

A rotina da professora na sala de aula do 3º ano é estruturada da seguinte maneira:

Acolhimento

Contação de história

Atividade dirigida (auto ditado, produção de texto) Intervalo

Atividade (jogos de palavras, bingo, alfabeto móvel,)

A professora faz uso de diferentes estratégias para despertar o interesse e motivar a aprendizagem das crianças. Busca despertar o gosto pela leitura, havendo na rotina um momento para leitura individual, bem como, é proposto que as crianças que finalizam as tarefas, são orientadas a escolher um livro que fica no cantinho da leitura. Após o intervalo como as crianças estão bem ativas sempre é realizada uma atividade que requer dinamicidade, mas que também contribui para o processo de alfabetização.

Violeta utiliza do diálogo e de elogios quando media as atividades. Apresenta uma boa relação com as crianças e nas situações de conflito lembra-os dos

combinados para um convívio saudável na escola. Acredita que a afetividade é um importante instrumento para conquistar os alunos e fazê-los participar e aprender os conteúdos ministrados.