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2 A FOLIA DE REIS

15. ou e ai (dits.) – a) Acentuado ou não, contrai-se o primeiro em ô: pôco,

2.6.18 Promessa e Intenção

A promessa e a intenção são atos de fé feitos pelos devotos de Santos Reis. Geralmente concentram-se em um pedido feito aos Santos Reis ao buscar uma graça, um milagre, ou no caso da intenção, pede-se por interseção em benefício de alguém ou de algo. Quando o devoto recebe essa graça da promessa, retribui aos Santos Reis oferecendo uma refeição à Folia de Reis, que pode ser um almoço ou um jantar (nesse caso chamamos de “janta”), ou até mesmo um café. Esse momento torna-se solene configurando-se nas “Chegadas”, ou seja, a representação da chegada dos Reis Magos a Lapinha de Belém para visitar o Menino Jesus. Já na intenção, é oferecido o Almoço ou a Janta, em honra aos Reis Magos para que intercedam por alguém, antecedendo ao milagre ou a graça alcançada.

2.6.19 O Presépio

O presépio é o grande símbolo de adoração dos Magos. Para a Folia, quando visita uma casa na qual está presente o presépio, é um momento de extrema importância em que se reservam versos específicos direcionando a atenção de todos os presentes. De fato, se a Bandeira representa os Reis Magos, quando encontram o presépio em que está figurado a imagem do Menino Jesus, retratam o grande e esperado encontro entre dos Três Reis Magos com o Filho de Deus.

Brandão relata que os Foliões acham ruim encontrar um presépio em sua jornada, “explicam que os reis só encontraram Jesus no dia 6, daí pedem para os moradores que escondam bem escondidos os presépios” (BRANDÃO, 1981, p.52), diferente do que acontece nas visitas da Folia dos Prudêncio que quando encontra um presépio, esse recebe todas as honrarias e saudações possíveis.

Para Araujo “tanto na cidade como na roça é hábito armar o Presépio, onde procuram reproduzir com animais, figuras, casinhas, pequenas conchas, arvorezinhas, grama, etc.… a cena bucólica da manjedoura de Belém.” (ARAUJO, 1949, p.448). Uma diferença interessante que aponta é entre o presépio e a lapinha, pois “nas casas onde não é armado o Presépio, é costume colocar o Deus-Menino na “Lapinha”. (...) A lapinha é, enfim, o presépio do pobre, das classes destituídas e, como tal, recebe todas as reverências e respeito que soem dar ao símbolo sagrado aceito pela cristandade católica-romana - o Presépio.” (ARAUJO, 1949, p.452-453), pois considera-se o presépio como um conjunto de imagens que compõem o Nascimento, mais elaborado e afortunado que a lapinha.

2.6.20 O Arco

O arco é um elemento simbólico que faz parte da ornamentação dos ritos das Folias. Geralmente é feito de bambu, que vai de um lado ao outro com as duas pontas enfincadas no chão, deixando uma passagem para a Folia, como um portal. Ele é colocado na frente ou na porta das casas como um modo de presentear a Folia em sua recepção. Essa por sua vez tem que fazer algumas saudações direcionadas a ele, pois além de conter objetos que serão usados para a saudação ao nascimento de Jesus como o Relógio e o ABC24, ele representa a Nova Aliança de Deus com o povo, passagem bíblica do Antigo Testamento. Na maioria das vezes põe-se presentes como frutas e doces para que o Palhaço, a partir de alguns versos recitados, possa retira-los como prêmio.

24 Esses são feitos em forma de cartazes, em que o primeiro aparece em formato de relógio e o segundo na forma

Quando no livro se fala no “pouso”, que pode ser o pouso propriamente dito ou apenas a Janta ou almoço, parece um item muito importante dentro do acontecimento da folia, que é o arco. Acontece a saudação do arco, este arco é de bambu e enfeitado de flores naturais ou de papel. As vezes no arco há uma corrente de papel que deve ser rompida para a Folia poder passar. A Folia canta versos para que se rompa a corrente. Pode acontecer de ter uma xícara amarrada no centro do arco, isso quer dizer que há um segredo que deve ser revelado, na verdade um agrado escondido que pode ser um vinho ou qualquer outra prenda para a Folia, com a cantoria é que o Embaixador tem que desvendar esse segredo. (CANESIN; SILVA, 1983, p.63)

2.6.21 “Avistou a Estela Dalva num facho de branca Luz”: a Estrela

Outro elemento importante que aparece recordado nos textos da Folia, como também presente nos presépios e ganha destaque no dia da Chegada, é a Estrela. Nomeada de Estrela Guia, que muitas vezes é equiparada a Estrela Dalva, ganha lugar de destaque pois segundo o épico, foi usada como guia pelos Três Reis Magos para chegarem até onde havia nascido Jesus.

No dia da Chegada da Folia dos Prudêncio é costume amarrar entre os arcos um arame e dele puxar uma estrela que conforme a Folia passa pelos arcos, ela a acompanha estando sempre à frente do grupo, simbolizando a guia utilizada pelos Magos. Segundo alguns foliões dos Prudêncio, quem teve a ideia de simbolizar a estrela dessa forma foi José de Souza, mais conhecido como Zé Missia, pai do Embaixador da Folia, Pedro Paulo de Souza.

Dentro das etnografias estudadas apenas faz menção a essa forma de uso desse símbolo Suzel Reily (2002), relata que um dos participantes da Folia, Geraldinho tinha pendurado uma estrela, em uma corda que ligava os arcos ao “berço” (manjedoura). “Quando um arco foi passado, a corda foi puxada e a estrela moveu-se para o próximo arco. Dessa forma, a companhia seguiu literalmente a estrela para a cena de criação que havia montado na sala da frente de sua casa.25 (REILY, 2002, p.191)

25“Furthermore, Geraldinho had hung a star on a string that connected the arches to the crib. When one arch

was knocked down, the string was pulled, and the star moved to the next arch. In this way the companhia literally followed the star to the manger scene he had set up in the front room of his house.” (REILY, 2002, p.191)