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INTEGRADA CABUÇU DE BAIXO 05 E CABUÇU DE CIMA 08

1. O PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DE SÃO PAULO (2005-2012): NO CONTEXTO DA POLÍTICA HABITACIONAL NO BRASIL

1.4. METODOLOGIA INOVADORA DO PLANO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

1.4.2. A proposta de planejamento integrado

Neste item, relata-se a proposta de integração do Plano Municipal de Habitação (PMH) com os setores do poder público e da sociedade civil. Descreve- se, também, o processo de reestruturação dentro da própria Secretaria Municipal de Habitação e desta com os demais agentes do poder público.

O Plano Municipal de Habitação de São Paulo apresentou o trabalho integrado como uma de suas principais estratégias de planejamento, integrando as ações públicas, habitacionais, ambientais, sociais e urbanísticas, visando à requalificação dos espaços habitados da cidade.

Em uma cidade de grandes dimensões e complexidades, não é possível hoje, no cenário institucional e com os poucos recursos próprios da cidade de São Paulo, obter êxito nos seus objetivos em equacionar a problemática habitacional sem o apoio de outras esferas públicas.

A argumentação do Plano Municipal de Habitação tomou como base a utilização da bacia hidrográfica, como palco para essa integração, onde foram traçados os Perímetros de Ação Integrada (PAIs). Esses perímetros foram traçados levando-se em conta a situação dos assentamentos precários (favelas, loteamentos irregulares e cortiços), na sub-bacia hidrográfica na qual estão implantados.

Os PAIs articulam os programas habitacionais da Sehab com as ações públicas de outros setores. Cada um desses perímetros abrange um conjunto de ações dos diferentes programas habitacionais implementados pela Sehab e sua

relação com outros programas do poder público, como Parques lineares36 da

36 Parques Lineares – Programa da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, previsto no Plano Diretor

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Secretaria do Verde e Meio Ambiente, o programa Córrego limpo37 e o Projeto

Tietê38 da Sabesp, entre outros.

O perímetro também serve como referência territorial para a elaboração de diagnósticos e projetos urbanísticos que contemplem a totalidade dos agentes sociais envolvidos com as intervenções.

No momento em que Estados e Municípios elaboraram os seus planos de habitação, foram somadas as disposições da Lei Federal nº 11.445/05, que estabeleceu diretrizes nacionais para o saneamento básico.

A coincidência desses dois processos de política pública ofereceu a oportunidade de alinhamento das ações tanto no entendimento do problema quanto na construção de programas e formas de aplicação dos recursos financeiros técnicos e humanos. Nesse sentido, o PMH articulou-se com o Plano Municipal de Saneamento Ambiental Integrado, aprovado em fevereiro de 2010. Este plano orienta os investimentos da Sabesp no município e direciona parte do seu retorno financeiro para o Fundo Municipal de Saneamento, parcialmente destinado a obras de urbanização de assentamentos precários.

O planejamento para esses perímetros pressupõe, assim, a compreensão de todos os elementos urbanos que configuram o território, bem como a sua integração ao conjunto de políticas públicas das três esferas de governo.

Além da integração entre políticas públicas, é necessário que a Secretaria Municipal de Habitação estimule a participação dos agentes privados na produção de habitação de interesse social, seja através da revisão da legislação urbanística edilícia, seja por meio de incentivos à obtenção de imóveis (terrenos ou edifícios) para produção de HIS; ou ainda, através de incentivos ao mercado de locação privado (SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO/ SÃO PAULO, 2009).

Áreas de Proteção Permanente que margeiam os cursos d’água e minimizar os efeitos negativos das enchentes.

37 Córrego Limpo - Programa da Sabesp em parceria com o Município de São Paulo, para

despoluição dos córregos do município, por meio do tratamento do esgoto da sub-bacia ao qual pertence o rio Tietê.

38 Projeto Tietê - é um projeto criado pela Sabesp destinado a elevar os índices de cobertura com

106 A partir de 2005, com a implantação dos sistemas de informação para habitação e de priorização de intervenções, a cultura técnica adquirida pela Sehab sobre o tema habitacional avançou no sentido de integrar as ações no território.

Não só os programas devem ser integrados, mas também seus componentes. Os componentes, ou ações de diferentes naturezas – urbanísticas, sociais, legais, e seus respectivos técnicos especialistas, como arquitetos, engenheiros, advogados,

assistentes sociais – devem trabalhar de forma integrada.

A Sehab fez uma reestruturação interna com a perspectiva de integrar a atuação junto aos diversos órgãos públicos, entidades sociais e organizações comunitárias. O objetivo foi o de racionalizar os recursos disponíveis, potencializando seu impacto na qualidade de vida das pessoas, nas áreas onde se desenvolveram os diferentes programas habitacionais coordenados por esse órgão municipal.

Essa restruturação visou tornar a gestão da Sehab mais eficiente. Para isso, foi imprescindível o desenvolvimento de novas formas de atuação, de relacionamento, enfoques e metodologias da equipe técnica da Sehab, atreladas ao conhecimento adquirido ao longo do tempo com o trabalho na Secretaria Municipal de Habitação.

Assim, orientada por essa percepção, a Sehab realizou um importante esforço para viabilizar a integração interna e externa de seus diversos colaboradores. Como parte desse empenho, foram desenvolvidas atividades junto às equipes técnicas das

Habis Regionais39 e do Resolo40, com o intuito de formular estratégias e ações nos

Perímetros de Ação Integrada (PAI), apoiadas no uso de metodologias e instrumentos concordantes às diretrizes de gestão do Plano Municipal de Habitação.

O PMH foi construído pela equipe técnica da Sehab, a partir da soma de conhecimentos técnicos e vivências práticas de todos os agentes envolvidos com a questão habitacional na cidade de São Paulo. Técnicos da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), consultores especializados, conselheiros municipais de

39 Habi Regional –Departamento da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo responsável

pelas ações habitacionais em ocupações públicas irregulares.

40 Resolo –Departamento de Regularização do Solo, responsável pelas ações em loteamentos

107 habitação, representantes dos diversos segmentos sociais participaram da elaboração.

Neste percurso, observou-se que a equipe de trabalho era muito segmentada, e isso interferia negativamente no trabalho. Para aperfeiçoamento dos prazos e dos recursos técnicos e otimização dos custos, foi necessária uma mudança na forma de trabalho da Sehab e, para isso, foi necessária também uma reestruturação da equipe e na forma de tratar os problemas habitacionais.

Nas seis Habis Regionais, divididas por Região da cidade (Norte, Sul, Leste,

Sudeste, Centro e Extremo Sul – a Região dos Mananciais), eram tratadas apenas

as áreas públicas municipais. Com o passar do tempo, e com o crescimento dos assentamentos precários, percebeu-se a existência de muitas áreas com características de favela, porém particulares e que essas áreas já existiam há muito tempo. As Habis Regionais, então, teriam que absorver essa demanda também.

Ao passo que o Resolo trabalhava apenas com os loteamentos irregulares, as áreas particulares oriundas de um parcelamento e não com as áreas particulares que se estabeleceram espontaneamente, como as favelas.

A maioria das favelas se estabeleceu nos espaços livres dos loteamentos irregulares, nas áreas reservadas nos loteamentos para implantação de praças ou áreas institucionais. Porém, percebeu-se que havia uma lacuna de atendimento, que eram as áreas particulares ocupadas com características de favelas, e que não se caracterizavam como loteamentos. Essas áreas não eram tratadas por nenhum dos dois setores.

Para se evitar problemas apontados anteriormente, o principal deles a sobreposição dos assentamentos precários (favelas e loteamento), e com isso a sobreposição de recursos técnicos, materiais e financeiros, além do prolongamento do tempo de intervenção em cada assentamento, foi estabelecida a ação integrada dos setores internos a Sehab, principalmente os setores da Habi e do Resolo. Os setores que hoje tratam diretamente com a demanda habitacional são os responsáveis pela interface com os outros setores da PMSP, principalmente com as Subprefeituras e com a população moradora dos assentamentos irregulares. Essa proposta de ação integrada culminou na unificação dos dois departamentos em um

108 único departamento, hoje denominado Departamento de Ações Regionalizadas (DEARs).

No próximo item, será tratada a visão integrada propiciada pelo trabalho na sub-bacia hidrográfica, fundamental para a compreensão dos processos de degradação ambiental e para as ações necessárias para reverter esses processos, que necessariamente apontam para a integração das políticas setoriais e entre programas internos da Sehab, com reflexos positivos para o saneamento da Bacia do Alto Tietê como um todo.

1.4.3. A importância da utilização das bacias hidrográficas como unidade