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5. REDES POLÍTICAS E A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DA QUALIDADE NA

5.2. QUALIDADE DA EDUCAÇÃO

5.2.1. Qualidade da educação através da ampliação do tempo de

Quadro 6 – principais documentos utilizados nesta seção, publicados pelo Gife entre 1999 e 2009 e

os destaques sobre as cadeias discursivas em disputa

Documento pesquisado Ano da publicação

Guia GIFE sobre investimento social privado em educação (Gife) 2003

• “A principal lacuna do ensino fundamental, hoje, não está no atendimento, mas na qualidade do ensino” p. 12.

• “promovendo a melhoria da qualidade devida, especialmente dos segmentos mais fragilizados da sociedade.” p. 16.

• “com o crescente e definitivo ingresso da mulher no mercado de trabalho e a falta de oferta de atendimento em período integral nas escolas públicas” p. 26.

• “ações que busquem o desenvolvimento integral dos educandos, o conhecimento do mundo do trabalho” p. 39

• “edificar um novo padrão de qualidade do ensino oferecido em escolas públicas, com vistas a garantir a permanência bem-sucedida dos alunos na escola” p. 59.

Desafios do nosso tempo (Fundação Telefônica) 2006

• “não há atenção integral que prescinda da sociedade em sua totalidade. Não se trata de mais uma escolha entre modelos que privilegiem um ator a outro, que polarizem Estado e sociedade civil.” p. 33

• “a emergência das novas qualidades e das novas formas de agir na proteção à criança e ao adolescente é provavelmente o fenômeno mais expressivo e notável das redes” p. 34

Censo Gife Educação 2005-2006 (Gife; Instituto Unibanco) 2005

• “Preocupado com a qualidade da educação no Brasil, o Instituto Unibanco tem se dedicado a compreender as razões de nosso déficit nesse campo” p. 10.

• “O consenso atual é que o fundamental na educação pública deve ser a capacitação geral dos estudantes, sobretudo para o domínio da linguagem escrita e dos conceitos da matemática. A formação técnica e profissional pode ser um nicho importante, desde que dada com competência e em um relacionamento próximo entre os centros de formação e as empresas.” p. 52

Fonte: Gife (2019e). Elaborado pela autora.

Laclau e Mouffe (2015) afirmam que a política é um processo constante de escolhas, nas quais algumas decisões são tomadas em detrimento de outras. Para

Saad Filho (2016) o primeiro mandato do presidente Lula96 foi marcado por disputas

entre discursos sobre os princípios de inclusão social previstos na Constituição Federal de 1988 e os de características excludentes, próprias do neoliberalismo.

Se por um lado havia uma intenção em promover políticas sociais, por outro, havia o compromisso assumido pelo Presidente petista de manutenção do “[...] ‘tripé’ neoliberal imposto em 1999 (metas de inflação, liberdade de movimentos de capital e flutuação cambial, e políticas fiscais contracionistas)” (SAAD FILHO, 2016, p. 171), ou seja, um movimento de redução das funções do Estado, que passam a ser exercidas por outros atores, públicos ou privados.

Os governos brasileiros entre 2003 e 2016 formaram coalizões social- liberais, cujo objetivo era manter os acordos estabelecidos no “Consenso de Washington, porém, realizando medidas sociais progressistas, ou seja, fazer melhorias nas condições de vida dos pobres, mas mantendo os privilégios dos ricos (LÖWY, 2016). Neste período há um aumento significativo da participação das empresas – diretamente ou através de suas instituições filantrópicas — na elaboração de políticas públicas para a educação. O movimento “Todos pela Educação” é emblemático nesse sentido, uma vez que é de sua autoria o texto do Decreto n.º 6.094, de 24 de abril de 2007, ou “Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educação”, o qual, entre outras coisas, coloca a melhoria da qualidade da educação como responsabilidade de toda a sociedade.

Para a educação, como forma de promover a socialização e aquisição de capital cultural, o Guia Gife sobre investimento social privado em educação indica alguns conteúdos curriculares devem ser integrados às atividades desenvolvidas na ampliação da jornada escolar: artes, esportes, cultura, lazer e reforço escolar “[...] na perspectiva de fortalecer o ensino público.” (GRUPO DE AFINIDADE...., 2003, p. 26). Na mesma linha do PNE 2001-2011 (BRASIL, 2001, s/p) que prevê as atividades de orientação escolar, prática de esportes, desenvolvimento de atividades artísticas, realizadas em tempo integral, como uma forma de “ampliar democraticamente as oportunidades de aprendizagem”.

O Grupo de afinidade.... (2003, p. 31) deixa claro que um dos desafios das instituições filantrópicas nesse início de século seria “influenciar a criação de políticas públicas” através do fortalecimento das redes de instituições que fazem parte do

96 Luiz Inácio Lula da Silva foi Presidente do Brasil entre 1 de janeiro de 2003 e 31 de dezembro de

terceiro setor e da participação efetiva nos conselhos paritários previstos em lei, como destacado no trecho abaixo:

[...] é objetivo das organizações sem fins lucrativos de vanguarda que o investimento social privado na área da educação não se configure num veículo de perpetuação das desigualdades sociais – ao contrário, que seja um meio eficaz de reduzi-las, rompendo com os históricos ciclos de miséria e promovendo a melhoria da qualidade de vida, especialmente dos segmentos mais fragilizados da sociedade. Daí, a busca por criar ou apoiar programas que de fato promovam a população-alvo, que encarem o educando como sujeito de direitos e ator do processo de aprendizagem e visem conferir-lhe autonomia, consciência crítica e preparo para o exercício pleno da cidadania – que vai desde a capacidade de escolher seus governantes até a adequada inserção no mercado de trabalho. (GRUPO DE AFINIDADE...., 2003, p. 16).

Entendemos que estes discursos demonstram a disputa de projetos entre a necessidade de uma educação integral com ampliação do tempo escolar, que tivesse como foco a educação crítica, de formação social, cultural e de participação cidadã, e uma formação mais pragmática, voltada à valorização da educação profissional e técnica para formação de trabalhadores (capital humano)97 uma vez que

“Educação promove mobilidade social, desenvolvimento de capital humano e geração de riquezas” (GRUPO DE AFINIDADE...., 2003, p. 14).

A ampliação do tempo escolar é defendida como a possibilidade de melhoria da educação brasileira, o que pode ser observado na fala do então candidato a governador do Estado de São Paulo nas eleições de 2010 e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf:

Figura 11 – matéria sobre educação integral como forma de melhorar a qualidade da educação

Fonte: https://agora.folha.uol.com.br/saopaulo/ult10103u797724.shtml. Acesso em 10 mai. 2020.

97 Em meu trabalho de mestrado (d´AVILA, 2015) mostro que uma das primeiras ações do governo

Lula, na área de educação, foi a retomada do ensino técnico e a expansão das escolas federais com esta modalidade de ensino.

Embora afirmem a necessidade de formar cidadãos críticos e conscientes de seus direitos, os documentos analisados apontam mais incisivamente para a falta de vagas, as baixas posições nos rankings internacionais e a baixa qualidade dos programas de educação profissional.

Para resolver a questão da formação, o Grupo de afinidade.... (2003, p. 31) propõe, então, através da participação do empresariado, a oferta de formação simultânea à atividade prática, a qualificação das instituições de ensino não-formais que oferecem atividades profissionalizantes e atualização dos programas de ensino das instituições que oferecem educação profissional, para que seja adequada às “[...] demandas do mundo produtivo moderno”.

Esta orientação está de acordo com os documentos originados de conferências e reuniões internacionais, tais como Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990), Conferência de Cúpula de Nova Délhi, Índia (1993), Cúpula Mundial de Educação para Todos – Dakar (UNESCO, 2000), entre outras organizadas pelas agências multilaterais e assinados pelos países-membros, servindo de referência às políticas educacionais do Brasil, conforme já expusemos neste trabalho.

Uma outra orientação presente nestes documentos e que nos leva para mais uma cadeia discursiva em disputa nesta época é a qualidade da educação como atenção às crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Uma das orientações do Banco Mundial, por exemplo, inclui a necessidade da incorporação de temas como justiça, equidade e inclusão, numa perspectiva de “educação para o alívio da pobreza”, sendo a escola o local de desenvolvimento das políticas sociais, função que pode significar a ausência de conteúdos científicos e desenvolvimento da capacidade de pensar. (LIBÂNEO, 2016, p. 45).

Figura 12 – matéria sobre a importância da educação integral para as famílias

Fonte: http://site.gife.org.br/artigo-experiencia-de-educacao-integral-melhora-nota-e-zera-evasao- 13717.asp. Acesso em 10 fev. 2020.

O PNE 2001-2010 (BRASIL, 2001, s/p) também destaca “a necessidade do atendimento em tempo integral para as crianças de idades menores, das famílias de renda mais baixa, quando os pais trabalham fora de casa”. Cavaliere (2007) cita do exemplo dos Cieps – Centros Integrados de Educação Pública cariocas, mostrando que o horário integral vem sendo determinado mais pelas demandas de adultos que precisam trabalhar e não têm com quem deixar crianças pequenas do que por questões pedagógicas em si, o que nos leva à análise de que o termo “social” também pode ser entendido como um significante vazio. Por um lado, os documentos apontam para oferta de atividades que possibilitem a socialização e a ampliação da formação cultural do aluno, entendida como formação integral e, por outro, indicam que o aumento do tempo escolar deve se dar como forma de acolhimento às crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

Dentre os documentos publicados como orientação para implementação do Programa Mais Educação, destaca-se o “Educação integral: texto referência para o debate nacional”, o qual afirma que a “Educação Integral em Tempo Integral” tem um

duplo desafio: educação e proteção. (BRASIL, 2009). O Guia Gife... também indica que

Com o crescente e definitivo ingresso da mulher no mercado de trabalho e a falta de oferta de atendimento em período integral nas escolas públicas, as iniciativas no campo das ações complementares vêm ganhando força e se consolidando como alternativa viável para pais e mães que não querem deixar seus filhos sem assistência, no período do dia em que não estão na escola. (GRUPO DE AFINIDADE...., 2003, p. 26).

Silva e Silva (2014) e Libâneo (2016) apontam que o Mais Educação amplia as funções da escola e dos educadores, atribuindo-lhe um papel de atendimento à vulnerabilidade social e enfrentamento à pobreza, partindo do pressuposto que a escola precisa mudar seu papel convencional e assumir outras funções como a de educadora e protetora.

Paro, Ferreti, Vianna e Souza (1988) apontam que, historicamente, a educação integral está mais preocupada com o aspecto formativo do que pedagógico- instrucional, no sentido de oferecer à criança uma formação que propicie uma efetiva mobilidade social, a qual é considerada resultado da vontade de cada um em uma sociedade meritocrática. Ainda de acordo com os autores, o fato de a questão social se sobrepor às questões pedagógicas pode acontecer devido à falta de outras políticas públicas que tratem especificamente da situação de pobreza e vulnerabilidade social.

O quadro a seguir mostra um resumo dos significantes em disputa e os significados que adquirem, neste período:

Quadro 7 – significantes em disputa identificados nesta seção

Significante Significados

qualidade

Ampliação da jornada;

Atendimento ao pleno desenvolvimento da pessoa; Preparação para o mundo do trabalho;

social

Formação para a inclusão social – aquisição de capital cultural;

Atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade social;

5.2.2. Qualidade da educação e educação integral em territórios educativos – o Programa Mais Educação

Quadro 8 – principais documentos utilizados nesta seção, publicados pelo Gife entre 2010 e 2013 e

os destaques sobre as cadeias discursivas em disputa

Documento pesquisado Ano da publicação

Tendências para a Educação Integral (Itaú Social) 2011 • “A noção de educação integral se renova, agregando novos paradigmas como os da cidade educadora e instiga a ação conjunta entre escolas e demais espaços e organizações socioculturais e esportivas, entre outras que operam no território. Apresentada como estratégia para a melhoria da qualidade na educação” p. 9.

• “a ampliação da jornada escolar como um avanço significativo para diminuir as desigualdades sociais” p. 9.

• “No atual cenário, em que a defesa da educação integral como estratégia para a melhoria da qualidade da educação ganha força na política pública.” p. 10.

• “Nunca se falou tanto em qualidade na educação, agora fortemente vinculada aos resultados de avaliações de rendimento escolar, como a Prova Brasil” p. 22.

• “O maior dilema das atuais sociedades, fortemente urbanizadas, é que a distribuição espacial das populações nas cidades marca as desigualdades sociais; gera relações guetificadas nos territórios que habitam, o que pode acarretar isolamento social. O Estado, pela via de suas instituições e serviços, deve buscar estratégias de ação que ampliem os aportes culturais e fortaleçam a circulação e apropriação da cidade no seu todo, reduzindo os riscos do isolamento social. Este é um dos compromissos da educação integral.” p. 29

• “A cidade que adere à perspectiva educadora tem como prioridade o investimento cultural e a formação dos seus cidadãos para que se sintam membros de uma sociedade capaz do diálogo, de ser solidária, de ser capaz de afirmar suas potencialidades e de fazer frente às desigualdades sociais.” p. 36

• “Ao priorizar a formação de crianças, adolescentes e jovens mais vulnerabilizados, a educação integral busca promover equidade e inclusão social por meio da educação” p. 39

• “Ampliar a jornada escolar para alunos que já fazem parte de um determinado sistema implica aumentar consideravelmente o volume de investimentos” p. 76

• “As experiências bem-sucedidas por parte de sistemas municipais e estaduais de ensino apontam que um salto na qualidade da educação por meio de uma política de educação integral corresponde a uma melhor qualidade da gestão e destinação desses recursos.” p. 76

• “Para avaliar os benefícios advindos de uma efetiva educação integral é fundamental observar a qualidade das atividades, das parcerias, das articulações no território, do ambiente físico e da infraestrutura, dos espaços por onde se circula e da pertinência dos itinerários percorridos” p. 88 • “É preciso ainda considerar as condições nas quais os programas de educação integral são desenvolvidos, levando em conta a qualidade das atividades, das parcerias, das articulações no território, do ambiente físico e da infraestrutura e pertinências dos itinerários percorrido” p. 90

De olho nas metas (Todos pela Educação) 2011

• “Por volta de 2000, boa parte dos pesquisadores era razoavelmente otimista com relação à evolução desses indicadores educacionais no Brasil, e acreditava que as perspectivas eram muito promissoras. A qualidade do ensino era apresentada, então, como o principal gargalo educacional no Brasil. Essa visão otimista sofreu considerável recuo a partir de meados da primeira década do milênio.” p. 79.

Percursos da Educação Integral: em busca da qualidade e da

equidade (Cenpec; Fundação Itaú Social) 2013

• “o Prêmio Itaú-unicef tornou-se um grande indutor de práticas e programas na área de educação integral – a qual, no Brasil de hoje, não constitui apenas uma tendência, mas uma realidade rica e diversificada.” p. 7.

• “a ampliação do tempo deve implicar na ideia de DESENVOLVIMENTO INTEGRAL, este sim o grande objetivo das políticas de educação integral” p. 7.

• além disso, destaca o papel central que a escola tem na construção de uma agenda de educação integral articulando políticas públicas, equipamentos públicos e atores sociais que contribuam para a diversidade e riqueza de vivências. p. 10.

• “É importante que crianças e jovens aprendam também a cuidar de si com responsabilidade, conheçam seus direitos e deveres e construam seus projetos de vida, buscando, com autonomia, informações e conhecimentos necessários” p. 16.

• “aqui subjaz uma concepção de educação que valoriza a entrada de novos atores e locais no cenário educativo e a consequente ampliação da qualidade da aprendizagem. Circular pela cidade, ocupar o território, interagir com a comunidade são princípios que levam os educadores a buscar outros locais que não a escola” p. 21.

• “o mundo contemporâneo interpela gestores, professores, educadores e toda a comunidade educativa a (re)pensar o currículo das escolas buscando o diálogo entre os conhecimentos tradicionais com a cultura, as novas tecnologias, as competências sociais e toda a diversidade de aprendizagens possíveis no mundo moderno” p. 22.

• “Santos, cuja política de educação integral iniciou-se em 2006 com a proposta de cidade educadora, tem uma experiência de integração de conhecimentos que merece ser conhecida. a educação integral na cidade manifesta-se de duas maneiras: em escolas de período integral e nas de tempo de permanência ampliado, o que é feito graças às parcerias com espaços públicos ou alugados.” p. 46.

• “Olhar para o território a fim de estabelecer possibilidades de aprendizagem que conectem os saberes aprendidos nas escolas com o universo cultural dos estudantes, valorizando a cultura, os espaços e os saberes locais, mas sempre em conexão com o mundo” p. 57.

• “Refletir sobre as várias metodologias de ensino e adequá-las a um projeto de educação integral que repense a reorganização dos tempos e espaços, para que os estudantes sejam

constantemente desafiados diante de novas possibilidades de aprendizagem” p. 57.

• “Envolver todos da comunidade escolar (famílias, professores, diretores, alunos, funcionários) na discussão sobre o tipo de educação integral que será oferecida, possibilitando a integração

constante de todos os agentes envolvidos” p. 57.

• “Em relação aos adolescentes e jovens que constituem atualmente o grande desafio para os educadores, os exemplos citados mostram que as demandas do mundo cotidiano, como a preparação para o trabalho, as tecnologias e, principalmente, a chamada à participação precisam estar presentes quando se pensa em uma educação integral provocativa para essa faixa etária.” p. 57.

• “O território é polo central da educação integral, mesmo quando a concepção adotada concentra as atividades no seio das escolas” p. 143.

• “A implementação de uma proposta de educação integral no município implica a participação das diferentes políticas públicas que integram as secretarias de governo, numa ação intersetorial e integrada, assim como implica também a participação da sociedade civil organizada” p. 143

Iniciativa comum: trajetória e aprendizados com as redes e

coletivos de jovens (RedEAmerica; Iniciativa Comum) 2013

• “Em vez de satisfazer as necessidades das comunidades carentes, desenvolver capacidades das pessoas de transformar suas realidades. Em vez de dar o que falta ou montar sistemas assistenciais de ajuda para os que precisam, fortalecer os grupos para que eles mesmos criem projetos coletivos, num ambiente democrático. Em vez de apoiar a solução de problemas isolados, contribuir para que os grupos se tornem independentes e capazes de criar vínculos de colaboração com outras organizações, de modo a tornar suas conquistas sustentáveis Aplique esses princípios do desenvolvimento de base a um projeto social voltado para jovens e apoiado em redes... e terá uma instigante e desafiadora vivência, de aposta na organização coletiva e na capacidade empreendedora da juventude” p. 10.

• “A Iniciativa Comum propôs uma solução inovadora para a dificuldade de localizar e contatar esses potenciais jovens parceiros: buscar redes de coletivos que já tinham acesso aos jovens e, assim, ganhar capilaridade nos territórios. Ao chamar as redes para apresentar projetos de fortalecimento de coletivos juvenis, a Iniciativa Comum também ajudou a catalisar ou concretizar processos de desenvolvimento que já estavam em andamento: já havia os grupos, já existiam as redes, mas todos tinham dificuldade de se articular. As iniciativas que foram projetadas por eles, com baixo custo, fizeram surgir novas ligações entre eles, nova troca de experiências e novos aprendizados. Forte comprometimento com as causas locais já existia, o que faltava era

capacitação para o trabalho sistematizado e melhor aproveitamento das ferramentas de rede. Com a Iniciativa Comum, as redes se tornaram planejadoras, gestoras, executoras e avaliadoras do processo: criaram métodos de trabalho, apoiaram outros agentes, monitoraram o trabalho de outros” p. 12

Educação e participação social (Instituto C&A) 2011

• “a desigualdade na educação está estreitamente ligada à desigualdade econômica brasileira. Com isso, muito ainda pode ser cobrado pela sociedade civil em relação à implementação do marco legal, no sentido de avançarmos rumo a uma sociedade igualitária e democrática e a uma educação pública de qualidade, universal e gratuita.” p.9.

• “Avançar para um conceito de educação integral que defina os papéis de cada ator envolvido (Estado, sociedade civil organizada, ONGs, Oscips), reconhecendo e legitimando as ações educativas da sociedade civil organizada perante as instâncias públicas. Esta definição deve permitir que cada um mantenha sua autonomia e que seja capaz de dialogar. Também é importante criar espaços de diálogo entre os setores para que se possa avançar num modelo educacional que permita uma composição efetiva entre as ações das ONGs e do Estado, propiciando um ambiente em que as experiências positivas das ONGs sejam utilizadas na construção de políticas públicas regionais ou nacionais. Que seja regulamentada e reconhecida a ação das ONGs no contraturno escolar.” p. 17.

Fonte: Gife (2019e). Elaborado pela autora.

Matheus (2013, p. 74) aponta que a política educacional dos governos brasileiros entre 2003 e 2011 teve como foco principal a elevação da qualidade da educação, a qual produziria um “efeito em cascata” de melhorias: um aluno com melhor desenvolvimento educacional seria um cidadão que promoveria um melhor desenvolvimento do País.

Figura 13 – matéria sobre o efeito cascata promovido pela educação integral

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/1140047-dilma-diz-que-governo-precisa-se-esforcar-

para-melhorar-ensino-medio.shtml. Acesso em 5 jan. 2020.

Isto pode ser percebido em documentos oficiais como o Passo a Passo do