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O recém-nascido prematuro

No documento O Livro Da Maternagem - Thelma B. Oliveira (páginas 97-101)

Ana Hilda Carvalho

De acordo com a Academia Americana de Pediatria, recém-nascido (RN) prematuro é aquele nascido até o último dia da 37ª semana de idade gestacional (37 semanas completas ou 259 dias), levando-se em consideração o primeiro dia da última menstruação normal. Os recém- nascidos pré-termo correspondem à principal população atendida nas unidades de cuidados neonatais e formam um grupo bastante amplo e heterogêneo, incluindo crianças desde o limite da viabilidade até próximo ao termo, apresentando características isiológicas e patológicas bastante variáveis.

A chance de sobrevida das crianças prematuras é muito variável e aumentou de forma signi icativa a partir do inal da década de 1980, graças aos avanços da tecnologia e às aquisições terapêuticas. O uso de surfactante exógeno, a assistência ventilatória, o acesso percutâneo venoso central, o uso de nutrição parenteral e o aumento da administração de corticoides em gestantes com possibilidade concreta de parto prematuro contribuíram para a sobrevida maior desses RNs.

São vários os fatores que podem resultar em parto prematuro ; no momento em que um ou mais desses fatores forem identi icados, o gineco- obstetra deve intervir para minimizar a possibilidade do parto antecipado:

IDADE – riscos maiores de parto prematuro em gestantes com idade

abaixo de 17 anos e acima de 40 anos;

de desnutrição acentuada;

NÍVEL SOCIOECONÔMICO – o parto prematuro é mais observado em

gestantes de baixo nível socioeconômico;

TABAGISMO, ALCOOLISMO E USO DE DROGAS NA GRAVIDEZ;

MAU PASSADO OBSTÉTRICO E/OU ANOMALIAS UTERINAS;

GESTANTES COM PARTO PREMATURO ANTERIOR OU ABORTOS no

segundo trimestre da gestação têm grande risco de apresentar novo parto prematuro;

PRÉ-NATAL – a prematuridade é signi icativamente menor quando o pré-

natal tem início no primeiro trimestre, com seguimento regular;

INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS – anemia, infecção urinária, infecções

genitais, pneumonia, apendicite, hipertensão arterial crônica, diabetes mellitus, cardiopatias, hipertiroidismo, hepatopatias e outros, podem ser responsáveis diretos ou indiretos pelo aumento na incidência da prematuridade;

INTERCORRÊNCIAS OBSTÉTRICAS – gestação múltipla, rotura prematura

de membranas, descolamento prematuro de placenta, placenta prévia, eclâmpsia.

Os prematuros comportam-se clinicamente de forma variada, de acordo com o período da gestação em que houve a antecipação do parto. A sobrevida dessas crianças é maior à medida que aumenta a idade gestacional. Por serem muito frágeis, isicamente e imunologicamente, necessitam de atenção e cuidados especiais por períodos prolongados. A maioria, como dito anteriormente, precisará de cuidados intensivos, seguindo direto da sala de parto para uma UTI Neonatal ou transferida para outros hospitais ou centros capazes de fornecer esses cuidados. Na UTI Neo, icarão em incubadoras, que têm a inalidade de fornecer um

ambiente com temperatura constante, neutro e o mais tranquilo possível. Muitos bebês, quando estão com suas funções estáveis, icam em contato pele a pele com sua mãe, recebendo o calor do seu corpo. A alta do bebê da UTI Neo ocorrerá quando a criança icar estável em suas condições clínicas, respirando sem ajuda de aparelhos, sugando vigorosamente, com infecção tratada e peso adequado, que varia de serviço para serviço, mas normalmente gira em torno de 1,7kg.

Os RNs pré-termo limítrofes, nascidos com idade gestacional variando de 35 a 36 semanas, apresentam características intermediárias entre os de termo e os prematuros. Não necessariamente pesarão menos de 2500 gramas e poderão apresentar hipotermia com facilidade; icterícia mais acentuada que as crianças de termo de peso igual; sucção vagarosa com incoordenação temporária da respiração-sucção-deglutição; e desconforto respiratório precoce adaptativo, algumas vezes necessitando pouco tempo de oxigenioterapia, com evolução satisfatória.

Os RNs pré-termo moderados apresentam idade gestacional entre 31-34 semanas de idade gestacional. Fisicamente apresentam tecido adiposo reduzido, musculatura pouco desenvolvida e a pele geralmente recoberta pelo vérnix caseoso (substância gordurosa que protege a pele da contínua exposição ao líquido amniótico). Apresentam comprometimento pulmonar na maioria das vezes, necessitando suporte ventilatório e, às vezes, até mesmo uso de surfactante. O risco de anóxia perinatal é importante, chegando a ser cerca de 10 vezes mais frequente neste grupo do que em RN de termo. Em partos prematuros desencadeados por infecções maternas, ou com rotura de membranas por mais de 24 horas, associada à febre materna ou do concepto e/ou presença de isometria (líquido amniótico fétido), devem ser tomadas medidas adequadas para o tratamento de infecção perinatal, com antibióticos e demais cuidados necessários. Alguns prematuros não têm condições de serem alimentados precocemente, necessitando jejum por algum tempo até a estabilização do quadro; enquanto isso, recebem aporte glicosado venoso.

Distúrbios metabólicos como a hipoglicemia e a hipocalcemia também são frequentes, e quando identi icados devem ser corrigidos para minimizar as consequências. Os RNs pré-termo extremos apresentam idade gestacional inferior a 30 semanas. São crianças de alto risco, clinicamente graves independentemente dos fatores associados. Em média, pesam menos de 1500 gramas, havendo relatos de sobrevida de prematuros extremos com peso inferior a 400 gramas. A cabeça é relativamente maior que o corpo, a musculatura é lácida, o que faz com que adquiram no leito uma postura ‘largada’, e o tórax é relativamente pequeno em relação ao abdome. Apresentam a pele extremamente ina, gelatinosa, por vezes tão ina que a rede vascular se torna visível e o tecido adiposo é escasso. As orelhas são chatas, disformes e não encurvadas; a glândula mamária não é palpável e os pés são lisos, sem pregas. Nos prematuros do sexo masculino, os testículos ainda não se encontram na bolsa escrotal; nas meninas, os grandes lábios não recobrem as ninfas. A equipe de sala de parto deve estar pronta para realizar as manobras de reanimação necessárias.

Nos recém-nascidos com peso inferior a 1.000 g e/ou idade gestacional inferior a 30 semanas deverá ser feita a intubação traqueal devido à necessidade de ventilação mecânica, pela imaturidade pulmonar e para a administração de surfactante exógeno pro ilático, ainda no ambiente da sala de parto, se possível.

Principais problemas decorrentes da

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