• Nenhum resultado encontrado

3.5. Implementação dos métodos de recolha de dados

3.5.3. Recolha de dados

Após os ensaios-piloto, tal como descrito nos pontos 3.5.1 e 3.5.2, procedeu-se à recolha de dados através dos métodos de observação da atividade e comportamentos, e entrevistas in-

situ aos utilizadores dos parques selecionados. Estes métodos compõem a abordagem

metodológica com vista à avaliação pós-ocupacional dos cinco parques verdes urbanos.

a) Implementação da observação e mapeamento da atividade

A recolha de dados foi efetuada, em diferentes dias da semana e horários do dia, entre Junho a Setembro de 2011, coincidindo com o período do ano em que é expectável uma atividade e tipologias de comportamento mais diversas, assim como maior taxa de ocupação dos parques. O estudo-piloto descrito no ponto 3.5.1 permitiu testar a eficiência da técnica e ajustar o procedimento. Esta adaptação é fundamental à validade dos dados resultantes, quer para responder aos objetivos do estudo, quer para ajustar a técnica aos casos de estudo (Zeisel 1981).

Foi implementado o sistema digital de registo de dados, em concordância com o estudo- piloto, que incluiu um mapa de registo de dados e um formulário que permitiu referenciar os tipos de utilizadores, e os tipos de atividades e comportamentos.

Dada a escala dos parques e áreas de observação e dado tratar-se de uma abordagem exploratória à sua ocupação e dada a dimensão e complexidade das áreas a observar, optou-se por não inscrever à partida os ambientes ou cenários de comportamento –

―behaviour settings‖ – ao contrário do que é muitas vezes apontado em estudos

semelhantes (Hussein 2012a; Moore & Cosco 2010). Aqueles são delimitados à partida, nos casos em se verifica que a área a observar é pouco extensa e pouco complexa, ou já existam estudos anteriores que os permitam restringir e definir com clareza.

A técnica de recolha compreende a implementação da observação por rondas que perfazem um mínimo de 12 sessões distribuídas por quatro horários diurnos (manhã, hora do almoço, tarde, fim-de-tarde).

Uma ronda de observação é o percurso no parque, efetuado pelo observador, ao longo do qual este regista os dados referentes à ocupação do espaço pelos utilizadores, de acordo com a técnica desenvolvida no Ensaio Piloto 1. Deve permitir cobrir toda a área de observação durante um período máximo de 25 minutos. Tempos de observação mais longos podem resultar no enviesamento dos dados por mapeamentos múltiplos do mesmo utilizador. Deve também procurar mapear apenas os utilizadores próximos do ponto de observação, possibilitando a acuidade suficiente que garanta certeza nos dados registados, i. e., a observação à distância pode resultar em enviesamento dos dados.

Uma sessão de observação é o período durante o qual se efetua a observação e o mapeamento da atividade da área total do parque. Durante cada sessão podem ser efetuadas várias rondas de observação em áreas distintas do parque, com vista a completar o registo para a área total. A segmentação da observação por mais do que uma ronda por sessão está relacionada com a implementação da técnica de registo de dados e depende não só da dimensão da área de observação, mas também do número de utilizadores a observar, garantindo que não sejam ultrapassados os 25 minutos por ronda de observação. O procedimento manteve os pressupostos definidos no estudo piloto em termos de número e distribuição das rondas, por horário do dia e em termos de critério de anotação dos utilizadores observados (ver pontos 3.5.1). As variantes deste procedimento, relacionadas com cada caso de estudo, são apontadas no capítulo 4º de Resultados e Discussão.

Todos os dados foram analisados recorrendo ao software Quantum GIS WroclawTM e IBM SPSS statistics 20 TM, possibilitando a análise dos mapas de distribuição espacial dos comportamentos e atividades registados nos parques, bem como a estatística de frequências e correlações de Pearson.

b) Implementação das entrevistas in-situ

A implementação das entrevistas teve lugar nos cinco parques selecionados, entre Junho e Outubro de 2012, correspondendo a um período equivalente ao da implementação do método de observação e mapeamento da atividade.

Os inquiridos são utilizadores dos parques, entrevistados in-situ. Não é possível encontrar, para nenhum dos casos de estudo, quaisquer dados que permitam calcular o universo de utilizadores e, por conseguinte, aceder a uma base de amostragem. Nesta sequência optou- se por preparar um inquérito por amostragem não aleatória. Este tipo de amostragem, relativamente à aleatória, e uma vez que não é selecionada a partir dum universo conhecido, garante apenas que há uma probabilidade muito elevada de representatividade da amostra, pelo que a generalização deva ser cautelosa (Alves 2006; Ferrão et al. 2001). Para tal, não havendo um censo da população de utilizadores dos parques, optou-se pela

amostragem semi-aleatória por quotas. Os dados recolhidos no mapeamento da atividade e

comportamentos foram utilizados para a definição das quotas. As quotas foram determinadas tendo como base as variáveis demográficas de controlo interrelacionadas

género e grupo etário, para a obtenção de um mínimo de 60 entrevistas em cada caso de

estudo, 300 no total.

Para iniciar a inquirição, os entrevistados foram selecionados aleatoriamente ao longo de um percurso circular no parque, com ponto de partida e chegada, correspondentes a uma

das entradas principais. A técnica de registo durante a inquirição implica o registo escrito dos dados num formulário (

Figura 116) e numa prancheta acrílica A3 com o mapa do parque (Figura 119).

De modo a organizar os dados resultantes das perguntas de resposta aberta, foi utilizada a técnica de codificação das respostas, resgatando palavras e expressões-chave, assim como ideias dominantes e relevantes expressas nas respostas, com o objetivo de sintetizar um conjunto lógico de opções.

Os dados resultantes foram transcritos e organizados na plataforma on-line QualtricsTM (www.qualtrics.com) e tratados estatisticamente por meio do software IBM Statistical

Package for Social Science ® (SPSS) 20 TM que possibilitou a análise estatística descritiva de frequências, correlações de Pearson e a codificação das respostas às perguntas abertas.

Capítulo 4º. Resultados e discussão

Os dados referentes ao mapeamento da atividade e comportamento, para os cinco casos de estudo, encontram-se descritos por um conjunto de variáveis agrupadas por género e escalão etário dos utilizadores; tipo de interação social; tipo ou nível de atividade física; tipo de comportamento associado à atividade; tipo de limitação em termos de mobilidade; data, hora e duração das rondas de observação; e tipo de condições climatéricas em termos de temperatura, condições do vento, iluminação solar e humidade atmosférica. Tratando-se de uma abordagem exploratória de quatro casos de estudo, os cenários de comportamento, ou

behaviour settings, não foram delimitados à partida. A leitura dos dados poderá permitir a

deteção desses cenários, com base na observação de padrões de utilização emergentes. Os dados referentes às entrevistas, para os cinco casos de estudos, estão apresentados e discutidos, relativamente à caraterização demográfica dos inquiridos, considerando o género, grupo etário, situação habitual do utilizador em termos de interação social e localidade da habitação; relativamente às necessidades e preferências dos inquiridos, considerandos os períodos de visita e a permanência, o acesso, as razões e preferências individuais, e os níveis de satisfação.

Neste capítulo é produzido um sumário baseado nas frequências daquelas variáveis e conjuntos de variáveis de forma a auxiliar a leitura e compreensão dos dados. Estes dados são apresentados em tabelas e mapas e ilustram a distribuição dos utilizadores com o objetivo de compreender o padrão de utilização dos parques, desenvolvidos utilizando o

software QuantumGIS 1.7 Worclaw ® e IBM Statistical Package for Social Science ® (SPSS) 20.

4.1. Caso de estudo 1: Parque do Tâmega, Chaves (PTCH)