• Nenhum resultado encontrado

Rede de Negócios do Shopping Popular de

Neste subitem apresentam-se e analisam-se todos os dados coletados sobre o negócio do Shopping Popular de Cuiabá, com o intuito de se buscar uma resposta ao problema de pesquisa. Em seguida, serão apresentados os dados de fontes secundárias, das entrevistas e resposta ao problema de pesquisa.

5.2.1 Dados de fontes secundárias

A cidade de Cuiabá, município onde fica localizada a rede do Shopping Popular, teve sua ata de fundação assinada em 08 de abril de 1719 às margens do rio Coxipó, em uma região chamada de Forquilha. Isso ocorreu devido à descoberta de ouro na região, fato que desencadeou intensa migração para a região. Passados alguns anos, surgiram as primeiras construções, como casas, igrejas e estabelecimentos para a cobrança de impostos. No ano de1727, Cuiabá foi elevada à Vila como o nome de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. No ano de 1748, com a criação da Capitania de Cuiabá, a coroa portuguesa concedeu privilégios e isenções para quem quisesse se instalar na região. Portugal financiou várias expedições que partiam de todo lugar do Brasil, não ultrapassando o Tratado de Tordesilhas. Somente as bandeiras financiadas pelos paulistas chegaram ao oeste, indo além da linha de Tordesilhas. Em 1818 Cuiabá foi elevada a cidade e somente em 28 de agosto de 1835 tornou-se a capital da Província de Mato Grosso.

Cuiabá teve sua economia desenvolvida depois da Guerra do Paraguai, sendo que a economia foi baseada em extrativismo e na cana-de-açúcar. Por volta da década de 1980 começou uma forte expansão do agronegócio e com isso a cidade passou a se industrializar e a se modernizar. A cidade teve um considerável crescimento a partir de 1990, quando o turismo se tornou a fonte de renda da cidade. Atualmente a cidade de Cuiabá conta com uma área de aproximadamente 3,2 mil quilômetros quadrados, fazendo limite com os municípios de Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leverger, Campo Verde, Acorizal e Jangada. De acordo com estimativas de 2014 feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Cuiabá é de mais de 575 mil habitantes. A cidade é considerada o centro geodésico da América do Sul, sendo esse

ponto situado na atual Praça Pascoal Moreira Cabral, determinado por Marechal Cândido Rondon, em 1909.

Hoje a economia da cidade de Cuiabá gira em torno da indústria e do comércio. O ramo industrial é predominantemente agroindustrial, com instalações no Distrito Industrial de Cuiabá. O setor do comércio é basicamente varejista com estabelecimento de eletrodomésticos, de alimentos e de vestuário. No ramo da agricultura, são cultivados hortifrutigranjeiros e há lavouras de subsistência.

O município de Cuiabá teve considerável avanço no desenvolvimento social nos últimos anos. Esse resultado é devido às ações conjuntas entre União, Governo do Estado e a Prefeitura ao colocar em prática ações de desenvolvimento social, integradas com o desenvolvimento da indústria e comércio. Como exemplo de uma dessas ações cita-se a parceria da prefeitura de Cuiabá com o Shopping Popular, na qual a prefeitura fez um contrato de concessão do espaço, em contrapartida, o Shopping Popular desenvolveu a revitalização e manutenção do local.

Depois de um breve apanhado sobre Cuiabá, cidade onde fica localizada uma das redes estudadas, seguem as informações da Rede do Shopping Popular de Cuiabá.

A rede do Shopping Popular de Cuiabá/MT é um conjunto de vendedores ambulantes que antes estavam dispersos pelas ruas do centro da cidade. A partir da iniciativa da prefeitura local e das pressões dos lojistas, criou-se um espaço específico para esses ambulantes, com infraestrutura necessária para o comércio.

Figura 5 – Foto do Shopping Popular

No passado, principalmente na década de 1990, o comércio informal de Cuiabá havia se instalado no centro da cidade, como ocorreu em todas as grandes cidades brasileiras, decorrência dos problemas econômicos. As barracas surgiram em profusão e a sobrevivência na informalidade foi possível por meio de colaboração mútua, seja nos produtos, seja na vigilância. As ruas e praças do Centro da cidade de Cuiabá, porém, não possuíam estrutura para comportar o crescente número de barracas e isso acabava incomodando os comerciantes legalizados da região. Por conta desse problema estrutural, em abril de 1995, a prefeitura de Cuiabá organizou a retirada desses populares do local, alojando-os em um espaço no complexo Dom Aquino e que posteriormente foi instituído o Shopping Popular de Cuiabá/MT.

Apesar de a prefeitura ter colocado os ambulantes em um novo espaço, esse local carecia de uma boa infraestrutura, dessa forma os ambulantes se organizaram para criar uma associação, de modo a legitimar as solicitações de melhores condições de trabalho. Esse movimento já é evidência de integração do grupo e de formação de uma governança,por exemplo, no modo como foi estruturada a associação e eleitos seus representantes. Entre os resultados obtidos destacam-se os incentivos governamentais, melhoria da estrutura e a criação da Cooperativa de Compras do Comércio Popular de Mato Grosso (Coocomp/MT) por parte do governo do Estado.

Outra melhoria foi a medida provisória nº 380 que instituiu o Regime de Tributação Unificada - RTU, regularizando o abastecimento de mercadorias importadas do Paraguai, fazendo com que se mudasse a imagem dos ambulantes. Com a legalização da aquisição dos produtos e da cooperativa, os ambulantes passaram a se abastecer de mercadorias de forma coletiva, com frete e outros custos compartilhados. Mostravam organização para resolver os problemas coletivos. A governança, no sentido de organização das pessoas para um trabalho coletivo, está evidenciada nesses fatos.

Esse caminho de legitimação da atividade possibilitou que muitos ambulantes saíssem da informalidade, tornando-se empreendedores, tendo suas microempresas com CNPJ e funcionários registrados. Essas conquistas e essa nova situação de legalidade tornou o Shopping Popular referência no segmento de comércio popular, tornando-se um dos pontos mais movimentados e atraentes para os consumidores na cidade de Cuiabá-MT.

A última conquista relevante do grupo foi a legitimação do local onde se encontram o shopping, o que se concretizou a partir de um contrato, assinado entre a

prefeitura e a Associação do Shopping Popular, de Concessão do espaço (dez mil metros quadrados de área) no qual o Shopping está localizado, por um período de trinta anos, com cláusulas de sustentabilidade e qualidade de vida, com obrigações de revitalização e manutenção do local por parte do Shopping.

Na atualidade, o Shopping Popular, regido pela sua associação, constitui-se de 500 bancas dos mais variados produtos, com maior concentração em produtos do varejo e eletrônicos, atraindo público de todas as classes de Cuiabá/MT e região.

O mapa, gerado pelo software Ucinet, retrata o perceptual das relações desenvolvidas entre os atores da rede do Shopping Popular. Conforme se verifica, a rede tem baixa densidade, isto é, alguns atores têm apenas uma ligação. A rede de primeiro nível, isto é, das organizações diretamente implicadas na tarefa, é mostrada na Figura 6.

Figura 6 - Mapa das relações da Rede do Shopping Popular, conforme respostas dos entrevistados.

Fonte: Construído pela autora, 2017.

Outro dado de fonte secundária é o Regimento Interno da Associação dos Camelôs do Shopping Popular de Cuiabá/MT que visa à organização, à disciplina e ao atendimento dos interesses dos associados. Mesmo sendo um documento formal de regulamentação interna, algumas de suas normas foram construídas e/ou adaptadas socialmente pelos associados; como por exemplo, “Todos os corredores

devem ser respeitados, de forma que é terminantemente proibida a disposição de qualquer mercadora nos corredores” (página 7, art. 39) e também “Não será permitida a utilização do estacionamento da sede da Associação pelos associados (...), salvo a tolerância de 20 minutos e o não cumprimento sujeitará em multa” (página 7, art. 41)3.

Essas regras foram criadas, aprovadas e regulamentadas em assembleia, pois à medida que os problemas surgiram, os motivos que levaram a esses problemas foram regulamentados a fim de diminuírem os problemas da rede.

Como conclusão deste subitem afirma-se que a categoria governança relacional está presente no desenvolvimento da rede, visto que a história do Shopping Popular mostra uma construção gradual desse grupo, no qual se caracteriza como um campo propício para criação e/ou adaptação de regras que atendessem a realidade dessa rede. Os dados revelam que o grupo estabeleceu essas regras conforme a necessidade de se defenderem das incertezas ambientais, ou seja, fatores imprevisíveis que podem acontecer tanto no ambiente das organizações e no espaço do shopping; e exercer algum controle nas incertezas comportamentais, ou seja, imprevistos relacionados ao comportamento dos atores da rede.

5.2.2 Dados de fontes primárias – entrevistas

Sujeito 1

O sujeito 1 pertence ao setor administrativo do Shopping Popular e possui o cargo de assessor de comunicações, sendo que está nesse grupo cerca de 3 anos.

Sobre a estrutura do shopping popular e como ele funciona, o sujeito disse que “quando o shopping popular foi para a região do Dom Aquino surgiram muitos problemas de como seria organizado e desenvolvido o negócio, assim houve a necessidade de se montar uma associação responsável por dar voz a esse grupo de camelôs. (...) sendo que essa associação é a responsável por coordenar e organizar as decisões tomadas aqui no shopping (...)”. O discurso retrata uma incerteza de cunho comercial, remetendo ao indicador de incerteza ambiental 1.3.2 (mudanças comerciais e seus efeitos no grupo), sendo que essa incerteza deu causa à criação

3 REGIMENTO INTERNO DA ASSOCIAÇÃO DOS CAMELÔS DO SHOPPING POPULAR DE

de uma comissão para coordenar o grupo, o que retrata o indicado de governança relacional 3.4.1 (coordenação das atividades se dá por uma comissão).

Sobre como se organizam para resolver os problemas que surgem, o sujeito respondeu que “(...) tudo aqui é decidido em grupo. Fazemos poucas reuniões, a

maioria das vezes nós fazemos assembleia quando as decisões afetam os lojistas”.

Nesse trecho, percebe-se a existência de sinais de governança relacional quando o entrevistado menciona que tudo é decidido em grupo, o que leva ao indicador de governança relacional 3.2.1 (coordenação do grupo se dá por todos do grupo), na qual essa regra foi criada a partir de imprevisibilidades quanto aos objetivos dos atores, que se traduz no indicador 2.3 (objetivos individuais dos parceiros conflitantes com os coletivos). Desse modo, como decisões tomadas pelo grupo através de assembleias, a associação faz com que as posições coletivas prevaleçam sobre as individuais.

Sobre problemas que o Shopping Popular enfrenta, o sujeito disse que “o maior problema que enfrentamos aqui é quanto à informalidade dos lojistas, como problemas com a receita federal, polícia federal, prefeitura e outros órgãos de controle. (...) são problemas com contrabando e apreensão de mercadoria”. Perguntado sobre as medidas tomadas para resolver esse problema, o sujeito disse que “(...) hoje existe, por parte da associação uma política de conscientização dos associados por meio de palestras, a fim de se eximir de futuras responsabilizações, pois ainda existem alguns

camelôs que não passam nota ou algo para registro de mercadoria”. Verifica-se que

o grupo enfrenta problemas com a regularização das atividades dos lojistas, levando a associação realizarem ações para minimizarem essa informalidade. O discurso remete ao indicador de incerteza comportamental 2.1 (sobre a ética e a conduta correta conforme as regras do grupo) e ao indicador de governança relacional 3.8.2 (regras e/ou ações para conseguir legalização).

Sobre regras de controle do comportamento das pessoas, o sujeito disse que “(...) o associado tem liberdade em seu trabalho, porém existe um controle indireto, ou uma busca pelo controle do comportamento por meio de informativos para a conscientização a maneira correta de atendimento ao público que ocasiona em mais clientes e mais lucros”. O trecho retrata uma incerteza quanto ao empenho dos lojistas em conquistar a clientela remetendo ao indicador de incerteza comportamental 2.2 (comprometimento dos parceiros do grupo) que leva ao indicador de governança relacional 3.8.1 (regras e/ou ações para reconhecimento do governo, do mercado e da sociedade).

Sobre dúvidas e incertezas que enfrentam com os concorrentes de fora do shopping, o sujeito disse que “(...) não nos preocupamos com esses concorrentes, pois o forte do shopping é saber que o cliente vai sair daqui com o produto que veio buscar. (...) Existe também parcerias entre os lojistas para satisfazer à necessidade do cliente, em que foi acordado informalmente entre os lojistas passar a venda para outro lojista quando não estiver o produto para que o cliente saia daqui satisfeito e

consciente de que vindo ao shopping sempre vai encontrar o que procura”. Percebe-

se no trecho do discurso que os lojistas do Shopping Popular tomam diversas medidas para se defenderem da incerteza ambiental relacionados ao cliente, o que remete ao indicador 1.6 (desejos, demanda, necessidades e comportamento dos consumidores e sua influência no grupo), sendo que uma dessas medidas é estabelecer acordos informais de indicação de outros boxes para atender à necessidade dos clientes, evidenciando um grupo que definirem regras para beneficiar a rede de uma formar geral, indo além dos objetivos individuais de cada lojista, que retrata o indicador de governança relacional 3.2.1 (coordenação do grupo se dá por todos do grupo).

Sobre dúvidas e incertezas relacionadas às leis, aos impostos e a outras ações políticas e legais, o sujeito disse que “existem situações que exigem leis específicas, aí usamos a força do nosso grupo para atender nossas necessidades inclusive com o

presidente da associação que conseguiu se eleger vereador”. Perguntado sobre as

medidas tomadas para resolver esse problema, o sujeito deu o seguinte exemplo: “nos boxes de ótica era exigido um técnico por loja, então foi criada uma lei com a ajuda do presidente da associação que estipulava apenas um técnico para o shopping que atendesse todos os boxes de ótica, diminuindo assim, os gastos do grupo”. Por essa fala, é possível entender que o grupo detém uma força política, pela qual prevaleceu o interesse do grupo diante de uma regra que já estava formalizada. Assim pode-se afirmar que esse trecho é um exemplo de governança relacional na rede, na qual o grupo adapta uma regra que já está formalizada à realidade e aos interesses do grupo.

Sobre dúvidas e incertezas relacionadas à ética das pessoas mais próximas envolvidas com o Shopping Popular, o sujeito disse que “para evitar algum problema que possa ocorrer com a ética dos integrantes do grupo, nós trabalhamos com os lojistas a importância dessa parceria. O que a associação faz é conscientizar todos os lojistas por meio da execução ações para apoiar e incentivar tanto os órgãos envolvidos com o shopping como os associados”. O discurso acima evidencia a existência de incerteza quanto ao comportamento dos associados, o que remete ao

indicador 2.1 (sobre a ética e a conduta correta conforme as regras do grupo), o que acarreta a criação de regras informais para desenvolver ações que ressaltam a importância de estar como parceiros em um grupo, retratando o indicador de governança relacional 3.7.1 (gratificações, internas ao grupo, para a permanência dos integrantes do grupo), pois as ações desenvolvidas pela associação se traduzem em incentivos informais para a permanência dos lojistas no grupo.

Sobre a criação das regras, como são seguidas nesse grupo e para que elas servem, o sujeito disse que “foram criados o estatuto e o regimento interno, sendo que esse regimento foi criado de acordo com as necessidades do grupo que foram surgindo, (...) tanto os associados como os membros da administração da associação levam demandas para serem votadas na assembleia e assim vai se aprimorando o estatuto e o regimento interno”. Um exemplo de regra que foi criada pela necessidade do grupo é a vedação à comercialização de cigarros e de uísque que nasceu do problema de os consumidores detectarem a falsificação e voltarem ao shopping para reclamar. Esse fato remete ao indicador de incerteza ambiental 1.6 (desejos, demanda, necessidades e comportamento dos consumidores e sua influência no grupo) que leva ao indicador de governança relacional 3.6.1 (algum controle ou vigilância do comportamento do outro) pelo fato de existir uma pessoa observando os lojistas a seguirem as regras que foram acordadas em assembleia.

Sobre a existência de regras para controlar o comportamento das pessoas, como, por exemplo, relatório de atividades, o sujeito disse que “essa questão é meio livre, mas que existe uma fiscalização quanto às ações dos associados, como, por exemplo, o fiscal eleito pelos próprios associados para verificar se têm lojistas estacionando nas vagas internas reservadas apenas para clientes. Essa foi uma regra estabelecida em assembleia que proíbe ao associado estacionar no estacionamento interno do shopping com intuito de disponibilizar mais vagas aos consumidores”. Este exemplo retrata o indicador de governança relacional 3.6.1 (algum controle ou vigilância do comportamento do outro) por conta da presença da incerteza de comportamento dos lojistas que remete ao indicador 2.1 (sobre a ética e a conduta correta conforme as regras do grupo).

Sobre a existência de regras de incentivos, o sujeito disse que “ainda não existe um incentivo oferecido especificamente a um ou outro lojista, o que ocorre aqui no shopping é um incentivo à melhoria do atendimento aos clientes. Tentamos organizar os lojistas para que atendam conforme as normas e as leis, dando cursos e palestras

de orientação. Essas ações não fazem com que o lojista ganhe diretamente, mas

aumenta o lucro”. Esse exemplo remete ao indicador de governança relacional 3.7.1

(existência de gratificações, interna ao grupo, para a permanência dos integrantes do grupo) pelo fato de a associação oferecer essas orientações como bônus o que faz com que, indiretamente, os lojistas queiram permanecer no grupo por conta do aumento dos clientes. Isso se deve à presença do indicador de incerteza ambiental 1.6 (desejos, demanda, necessidades e comportamento dos consumidores e sua influência no grupo).

Sobre planos e metas do reconhecimento junto à sociedade, o sujeito disse que “existem ações sociais que o shopping realiza e que atende algumas instituições, buscando assim retribuir de certa forma os ganhos e lucros que adquirem com os clientes. Como por exemplo, fazer campanhas dentro do shopping em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (DETRAN/MT) e o Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTU) distribuindo cartilhas de trânsito seguro e direção defensiva”. Para as incertezas relacionadas aos consumidores, que remete ao indicador 1.6 (desejos, demanda, necessidades e comportamento dos consumidores e sua influência no grupo), foi criada uma regra implícita de fornecer informações orientando os consumidores sobre temas importantes, fato que aponta o indicador de governança relacional 3.8.1 (regras e/ou ações para reconhecimento do governo, do mercado e da sociedade).

Sobre os objetivos e problemas a serem enfrentados, se existe um comprometimento por parte dos lojistas, o sujeito afirmou que “as ações desenvolvidas pela associação conscientizam os lojistas, fazendo com que se tornem comprometidos, por exemplo, todos se importam com o bom atendimento ao cliente, pois caso ocorra algo de errado mancha o nome de todo o shopping. Todos nós aqui temos a obrigação de sermos comprometidos com o shopping e a associação é como uma mediadora dos conflitos que ocorrem aqui dentro do grupo”. Por essa fala é possível afirmar que a associação desenvolve programas com intuito de despertar o comprometimento dos associados para com o grupo e assim tentar minimizar a incerteza quanto ao comprometimento dos lojistas. Assim, o exemplo retrata o indicador de incerteza comportamental 2.2 (sobre o comprometimento dos parceiros do grupo) que leva ao indicador de governança relacional 3.7.1 (existência de gratificações, interna ao grupo, para a permanência dos integrantes do grupo).

Com a análise da entrevista, sobre as relações entre as incertezas ambientais e comportamentais com a governança pode-se afirmar que há uma predominância das regras relacionais na rede intraorganizacional do Shopping Popular e que elas estão resolvendo a maioria dos problemas relativos ao comportamento dos associados, enquanto que as questões relativas às incertezas ambientais estão em sua maioria previstas nas regras formalizadas no estatuto ou no regimento interno da associação.

Pode-se inferir, ainda, de acordo com o discurso do entrevistado, que os ganhos que os lojistas adquirem por estar nesse grupo são muitos, o que facilita a consciência coletiva e o comprometimento com a rede intraorganizacional do Shopping Popular. Isso caracteriza um campo propício para a criação e/ou adaptação de regras conforme a necessidade do grupo.

Conclui-se, então, que a entrevista apontou sinais de governança relacional na rede interna do Shopping Popular, os quais buscam a prevenção e controle das incertezas comportamentais, como, por exemplo, as regras criadas a partir de ocorrências surgidas com os clientes que resultaram em problemas para a Associação