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Para Portugal (2007), o conceito de “rede social” apareceu relativamente cedo na Sociologia e na Antropologia Social. No entanto, inicialmente, nos anos 30 e 40, o termo era, sobretudo, usado em sentido metafórico: “os autores não identificavam características morfológicas, úteis para a descrição de situações específicas, nem estabeleciam relações entre as redes e o comportamento dos indivíduos que as constituem” (PORTUGAL, 2007, p. 3).

O uso do conceito de rede para designar conjuntos de indivíduos e suas relações com os demais, descrevendo estruturas, sistemas, círculos, grupos data de meados do século XX. A primeira aproximação remonta à Claude Lévi-Strauss em sua análise etnográfica das estruturas elementares de parentesco, na década de 1940. Na década seguinte, em 1950, Radcliffe-Brown usa o termo "redes", na tentativa de caracterizar a estrutura social enquanto uma rede de relações institucionalmente controladas ou definidas.

A primeira utilização do conceito de “rede social” é creditada ao antropólogo britânico John A. Barnes16 (1954). Para a Antropologia Social, a noção de redes sociais busca apoiar "a análise e descrição daqueles processos sociais que envolvem conexões que transpassam os limites de grupos e categorias" (BARNES, 1987, p. 163). O conceito revelou-se importante não só para a descrição da estrutura da comunidade, como, também para a compreensão de processos sociais fundamentais, como o acesso ao emprego ou a cargos políticos (PORTUGAL, 2007).

Pouco tempo depois, foi Elizabeth Bott (1957), em seus estudos sobre família e as redes de relações sociais, que teve como mérito reconhecer a associação entre o caráter interno de uma relação e a estrutura de uma rede, mostrando que uma relação familiar não depende apenas do comportamento dos membros, mas também das conexões que estes estabelecem com outros, como vizinhos e amigos, e que o conceito de rede social veio definitivamente chamar a atenção da comunidade científica.

Durante a segunda metade do século XX, o conceito de rede social tornou- se importante na teoria sociológica e deu margem para inúmeras discussões sobre a existência de um novo paradigma nas ciências sociais. No decorrer das últimas décadas, a sociologia das redes sociais constituiu-se num domínio específico do conhecimento e institucionalizou-se progressivamente, ao ponto de consequentemente abranger outras áreas da ciência.

16 O estudo de John A. Barnes sobre Bremmes, uma comunidade de pescadores norueguesa, realizado

no início da década de 1950, foi pioneiro nesta área. Ao estudar a importância das interações individuais na definição da estrutura social comunitária, Barnes isolou dois campos (territorial e industrial) com base nos quais se estabelecem as relações entre os indivíduos. No entanto, o autor chega à conclusão de que a maioria das ações individuais não pode ser compreendida com base no pertencimento territorial ou industrial. Assim, ele isola então um terceiro campo, formado pelos laços de parentesco, amizade e conhecimento, que concebe como uma rede: rede de relações, flexível e discreta, em que os diferentes membros se podem ou não conhecer uns aos outros e interagir entre si (BARNES, 1987).

Desde os finais da década de 1990, diversas obras vêm defendendo a emergência de uma “nova ciência das redes”, que usa o conceito como forma de apreender as interconexões do mundo contemporâneo (PORTUGAL, 2007). Autores como Buchanan (2002), Barabási (2002), Watts (2006; 2009), Christakis (2010) e Fowler (2010) têm cruzado conhecimentos das ciências sociais, da matemática, da física, da engenharia, da medicina e da biologia na defesa de uma visão do mundo “em que tudo está ligado17”.

Visões como estas devem ser encaradas com significativa cautela, uma vez que em alguns pontos colocam a questão das redes sociais como uma verdadeira panaceia na compreensão de todas as particularidades sociais. Por outro lado, têm possibilitado aos cientistas um significativo diálogo interdisciplinar não apenas metafórico, mas também teórico-metodológico na compreensão de fenômenos até pouco tempo atrás não mensuráveis sob esta perspectiva da conectividade.

A ciência das redes tem que se tornar, em suma, uma manifestação do seu próprio objeto de estudo, uma rede de cientistas resolvendo coletivamente problemas que não podem ser resolvidos por indivíduos isolados ou mesmo por disciplinas isoladas (WATTS, 2009, p. 2).

Assim, epidemias, redes de difusão de inovação, redes comunitárias, redes de pesquisa, redes de apoio social, etc. podem ser analisadas sob o contexto de redes sociais, apontando para a sociedade contemporânea “como uma rede social complexa”, ao mesmo tempo em que demonstra um “mundo pequeno em que vivemos” (BARABÁSI, 2002).

Inspirados pelos estudos fundadores do psicólogo americano Stanley Milgram, na década de 1960, – que ficaram conhecidos como small world studies18

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Como indica o título da obra de divulgação de Albert-László Barabási – Linked. A nova ciência das networks: como tudo está conectado a tudo e o que isso significa para os negócios, relações sociais e ciências (2002). Para este autor as redes são pré-requisito para descrever qualquer sistema complexo, que resulta no fato de que a teoria da complexidade está por trás de qualquer teoria de redes.

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Stanley Milgram conduziu uma experiência nos Estados Unidos da América do Norte que consistia em pedir a diversas pessoas escolhidas ao acaso (habitantes de Boston e do Nebraska) que fizessem chegar um dossiê a um “indivíduo-alvo” (um corretor de Boston), dispondo apenas de informação sobre o seu local de residência e profissão. Os indivíduos podiam usar o correio, o contato pessoal, no caso de conhecerem a pessoa, ou usarem um intermediário que tivesse maiores possibilidades de conhecer o indivíduo em questão. Das 296 pessoas da amostra, 217 aceitaram o desafio e expediram o dossiê a um

estes autores procuram “padrões e regularidades na arquitetura de diferentes tipos de redes” (BUCHANAN, 2002, p. 19). Assim, a “ciência das redes”, como aponta Fontes (2012, p. 75), “pretende ser um instrumento para a compreensão de fenômenos universais, desde estruturação de complexos arranjos neurais até processos ecológicos”.

As estruturas sociais podem ser representadas como redes – como conjuntos de nós (ou membros do sistema social) e conjuntos de

laços que representam as suas interconexões. Esta é uma ideia

maravilhosamente libertadora. Dirige o olhar dos analistas para as relações sociais e liberta-os de pensarem os sistemas sociais como coleções de indivíduos, díades, grupos restritos ou simples categorias. Usualmente, os estruturalistas têm associado “nós” com indivíduos, mas eles podem igualmente representar grupos, corporações, agregados domésticos, ou outras coletividades. Os “laços” são usados para representar fluxos de recursos, relações simétricas de amizade, transferências ou relações estruturais entre “nós” (WELLMAN & BERKOWITZ, 1991, p. 4).

Surge então uma “ciência das redes”, que é baseada na ideia de que o comportamento humano pode ser mais plenamente explicado por uma compreensão da estrutura das relações sociais nas quais os atores estão situados. Pesquisadores da teoria de redes sugerem que estas estruturas têm um impacto mais profundo sobre o comportamento do que as normas, valores etc. A teoria de redes sociais é diferente da análise de redes19 sociais, que é um conjunto de técnicas que se aplicam às teorias de rede.

Ao construir uma linguagem para falar de redes que seja precisa o bastante para descrever não apenas o que é uma rede, mas também que tipos diferentes de redes existem no mundo, a ciência das redes está fornecendo ao conceito uma força analítica real (WATTS, 2009, p. 11).

dos seus contatos, sendo que 64 dossiês chegaram ao seu destino, através de cadeias de tamanho variável, mas cuja média era de 5,5 intermediários. Os estudos levados a cabo por Milgram tiveram inúmeros desenvolvimentos (sobre as implicações teóricas e metodológicas do seu trabalho, ver Degenne & Forsé, 1994; Watts, 2003; e Mercklé, 2004). Apesar de o autor nunca ter usado esse número – como sublinha Barabási (2002) – as conclusões do small world studies levou à generalização da ideia de que todos no mundo estão separados por apenas seis pessoas. Conduto, este estudo caiu em desuso, depois que foi revitalizada por estudos sobre redes sociais eletrônicas, como o Facebook em 2008.

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A análise de redes sociais tornou-se o estudo dos efeitos dos padrões sociais de relações sobre o comportamento humano. Ela constitui-se, portanto, numa ferramenta conceitual, analítica e metodológica que não pode ser desmembrada do debate sobre redes sociais.

A teoria das redes é um ramo da sociologia estrutural, ciência na qual a ação humana é vista como uma função dos constrangimentos e oportunidades oferecidas pelas forças que existem fora do indivíduo. As raízes da estrutura sociológica voltam para as obras de Karl Marx, Émile Durkheim e Georg Simmel, mas a abordagem das redes surgiu na sociologia contemporânea.

A concepção básica de redes – tanto para uso metafórico, quanto para o uso analítico - seria a de que a configuração de vínculos interpessoais entrecruzados são de forma inespecífica conectados às ações dessas pessoas e às instituições da sociedade. A ideia que permeia a metáfora de redes, é a de indivíduos em sociedade, ligados por laços sociais, os quais podem ser reforçados ou entrarem em conflito entre si (ACIOLI, 2007, p. 3.)

Concomitantemente, o termo “rede social”, para as ciências sociais, seria o conjunto de relações sociais entre um grupo de indivíduos e também entre os próprios indivíduos isoladamente. O termo rede social, enquanto instrumento de análise, permite a reconstrução dos processos interativos dos indivíduos e suas afiliações a grupos.

As conexões entre as pessoas em uma rede de contatos revelaria bem mais do que simplesmente seus vínculos, elas revelariam: motivações, atributos, regras, resultados, relações de poder e outros aspectos que não ocorrem meramente ao acaso poderiam ser vislumbrados.

O fenômeno das redes sociais apresenta dois ingredientes considerados fundamentais desde os clássicos: o fato de que somente poder-se-á ter uma compreensão adequada da sociedade a partir do momento em que se foque a atenção nos complexos processos subjacentes às relações entre as pessoas, de um lado e, por outro, no fato de que, estes fenômenos embora adquiram uma feição aparentemente aleatória, estruturam-se em uma lógica relativamente invariante (FONTES, 2012, p. 91).

Assim, uma rede social é, essencialmente, composta por diversos agentes individuais (os nós, ou atores da rede) ligados por relações sociais (os elos, ou laços:20 fortes ou fracos) e pelos mecanismos de regulação dessas interações (motivações, normas) estruturados por lógicas e atributos que definem os vários tipos de redes e seus objetivos e funcionalidades. Existe também a distinção entre os laços diretos (relação direta entre dois atores) e os laços indiretos (ligação de dois nós por intermédio de outros nós).

Para Matos (2011, pp. 173-174), “rede social é, basicamente, um conjunto de relações resultantes da articulação de grupos de pessoas, ou instituições sociais, segundo motivações específicas mais ou menos duráveis no tempo. Uma rede social pode se desdobrar por localidades contínuas ou distantes e aglutinar outras redes sociais”. Ou, como nas palavras de Fontes (2012, p. 178):

Rede, neste sentido, pode ser conceituada como um conjunto de pontos conectados entre si. Estes pontos, denominados nós, são unidos por laços, que se estruturam a partir de certas regras; quer dizer, que apresentam alguma universalidade ou, o que é o mesmo, são passíveis de se extrair proposições de ordem geral sobre suas propriedades.

Para Molina (2004, p. 1), “uma rede é um conjunto de relações (linhas, links ou empates) entre um conjunto definido de elementos (nós). Cada ligação corresponde a uma rede diferente”, o que permite múltiplas análises e descrições dos processos sociais (fluxos, motivações, grupos, números, densidades, informações, resultados, normas, afiliações etc.).

(a noção de rede social permite) a análise e descrição daqueles processos sociais que envolvem conexões que transpassam os limites de grupos e categorias. As conexões interpessoais que surgem a partir da afiliação a um grupo fazem parte da rede social total tanto

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Sobre os tipos de laços, em um artigo pioneiro sobre a análise das redes sociais e sua importância para a compreensão das interações entre os níveis micro e macro, Mark Granovetter (1973) coloca essa unidade de análise – as redes interpessoais – como um elemento fundamental nessa ponte. Ele analisa os laços sociais existentes, classificando-os como fortes (definidos como aqueles nos quais os indivíduos despendem mais tempo, intensidade emocional e trocas; por exemplo, amigos de longa data, família) e fracos (aqueles nos quais o investimento é menor ou nulo, como, por exemplo, conhecidos, colegas). O autor mostrou que no acesso ao emprego, por exemplo, determinado tipo de laços (laços fracos) permite estabelecer pontes entre diferentes grupos sociais, possibilitando acesso aos indivíduos que seriam inacessíveis dentro de suas redes de relações próximas (laços fortes).

quanto aqueles que vinculam pessoas de grupos diferentes (BARNS, 1987, p. 162).

Para Mercklé (2004, p. 4), uma rede social pode ser definida como “um conjunto de unidades sociais e de relações, diretas ou indiretas, entre essas unidades sociais, através de cadeias de dimensão variável”. Essas unidades sociais podem ser

indivíduos ou grupos de indivíduos, informais ou formais, como associações, empresas, países. As relações entre os elementos da rede podem ser transações monetárias, troca de bens e serviços, transmissão de informações, podem envolver interação face a face ou não, podem ser permanentes ou episódicas (PORTUGAL, 2007, pp. 23-24).

Esses indivíduos, grupos de indivíduos, informais ou formais estão inseridos dentro dos mais diversos tipos de processos de sociabilidades cotidiana, estas por sua vez implicam nos propósitos com que as relações são iniciadas, continuadas ou terminadas. Ou como nas palavras de Fontes (2012, p. 78) onde destaca que,

Os processos estruturantes das redes sociais têm por origem as interações sociais estabelecidas quotidianamente pelos indivíduos. Quer dizer, a estrutura de sociabilidade presente em cada uma das pessoas (seres sociais por excelência), que surge com base em “certos impulsos ou função de certos propósitos”; é organizada em campos sociais, elementos de identidade de uma geografia social que permite, por exemplo, a localização dos indivíduos em uma estrutura social e as potencialidades interativas entre eles.

Neste sentido, a estrutura social proposta sob o enfoque de uma ciência das redes estaria ligada a uma concepção de redes sociais, estabelecidas pelas múltiplas relações em processo: vínculos, fluxos, conexões, mudanças, informações e circulação realizada pelos vários indivíduos em meio a uma intermitente interdependência.

As pessoas sempre se conectaram às outras, de inúmeras formas e por inúmeros motivos, a exemplo das vizinhanças, redes de apoio familiar, redes comunitárias, redes na escola etc. Temos pelo menos uma conexão em nossa vida, que é com o espaço que produzimos e vivemos. Para além desta, várias outras conexões acabam surgindo, quais sejam as relações cotidianas, as redes de trabalho, redes de

escola e grupos estudantis etc., ligações que evidenciam a imensidão dos fluxos, contatos e conexões construídas e terminadas diariamente.

Em sociedade, a quantidade de conexões e a velocidade com que ocorrem são cada vez maiores. Basta atendermos ao telefone celular para nos conectarmos de imediato a outra pessoa em qualquer lugar do mundo. Algo similar acontece quando navegamos via internet por links criados entre páginas na web ou contatos com outras pessoas.

Para tal, estes aspectos são incorporados à metáfora de redes, que, para Elias (1994), explicam as várias inter-relações e as várias estruturas sociais existentes na sociedade.

Para ter uma visão mais detalhada desse tipo de inter-relação, podemos pensar no objeto de que deriva o conceito de rede: a rede de tecido. Nessa rede, muitos fios isolados ligam-se uns aos outros. No entanto, nem a totalidade da rede nem a forma assumida por cada um de seus fios podem ser compreendidas em termos de um único fio, ou mesmo de todos eles, isoladamente considerados; a rede só é compreensível em termos da maneira como eles se ligam, de sua relação recíproca (ELIAS, 1994, p. 35).

Para Fontes (2012), a noção de rede, deste modo, significa muito mais que um instrumento metodológico de análise dos processos interativos. Este fenômeno aparece em cima de uma montagem complexa, cujos componentes se localizam na estrutura social.

Estrutura social que é âncora das práticas dos indivíduos, orientados por razões de qualquer forma idiossincráticas, mas em constante comunicação um com o outro. A análise dos processos de interação social através da investigação dos processos formativos das redes, nos é útil na medida em que nos permite o esclarecimento de suas diversas facetas (FONTES, 2012, p. 79).

As mais variadas faces expressas por meios das conexões estabelecidas pelas redes sociais acabam por adquirirem novos contornos e multiplicar as possibilidades de agrupamentos e construções de vínculos sociais e grupos sociais, sobretudo na contemporaneidade.

A evidência do meio técnico-científico-informacional e, por consequência, a construção do ciberespaço, articulados com a necessidade das pessoas de se conectarem, mas também pelo simples fato de se comunicarem e interagirem, acabam por potencializar novas formas de conexões, em nível mundial, nas quais os relacionamentos, o contato e a circulação de informação criam os mais variados vínculos antes inacessíveis.

Os pontos não são apenas pessoas, são links, hipertextos, servidores e vários outros esquemas que incorporam as redes sociais e as redes tecnológicas. Tudo isso se torna um só, mediado por uma imensidão de fluxos comportados pelo ciberespaço. As conexões e as redes ganham significativa instantaneidade e escalas antes nunca imaginadas. Estes aspectos foram são destacados na obra de Manuel Castells A sociedade em rede.

Considerações finais

O termo rede, surgido no século XII em alusão ao entrelaçamento de malhas e fios utilizados pelos artesões, recebeu significativa atenção nos anos que se seguiram, servindo como base para se denotar vários objetos, ações e fenômenos. Inicialmente foi utilizado para designar caminhos, convergências, linhas e nós, posteriormente, em prontuários, ao mencionar artérias, fios, veias e o sistema nervoso. No século XVIII, fora utilizado para topografia, na utilização de métodos cartesianos; já no XIX, para designar tráfego, caminhos, estradas e ferrovias que atravessavam uma região, cidade ou país; culminando, no século XX, em seu uso para designar uma das formas mais antigas de agrupamento humano: as redes sociais.

Neste contexto, o conceito de rede passou por várias incorporações que abrangeram desde os aspectos mais metafóricos até os teóricos metodológicos. Dos fios e malhas dos tecelões, perpassando pelas artérias de Hipócrates, aos fluxos de Rene Descartes, das redes urbanas de Walter Christaller às recentes redes sociais de John A. Barnes. Em todas estas incorporações os aspectos de “circular e conectar”, características principais de uma rede, sempre estiveram presentes nas mais diversas observações.

E assim, a partir dos consequentes sucessos e tendo como principal característica a circulação e conexão entre vários pontos numa continuidade, o termo rede foi utilizado para a designação de inúmeros fenômenos que acabaram se permeando por vários segmentos da sociedade: redes de saúde, redes de transporte, redes hertzelianas, redes urbanas, redes ferroviárias, redes rodoviárias, redes sociais e inúmeras outras ramificações.

Somente no século XX é que o termo rede foi utilizado para designar conjuntos de indivíduos e suas relações com os demais, descrevendo estruturas, sistemas, círculos e grupos. Antes disso, porém, Claude Lévi-Strauss, na década de 1940, e Radcliffe-Brown, na década de 1950 já tratavam do tema. Contudo foi em 1954 que o conceito redes sociais nasceu, na antropologia social, por meio do antropólogo britânico John A. Barnes.

Percebeu-se então que as estruturas sociais podem ser representadas como redes, como conjuntos de nós. E o conjunto de laços que representam estas interconexões e as significativas particularidades existentes neste sistema, uma vez que os padrões de conexão entre as pessoas não ocorrem ao acaso, partilham de inúmeros aspectos que influenciam em maior ou menor intensidade certos agrupamentos e/ou comportamentos.

Esta visão se tornou extremamente libertadora, uma vez que contribuiu para uma concepção que vai além de ver os sistemas sociais apenas como coleções de indidívuos, diádes, grupos restritos ou simples categorias. Os nós nas redes sociais seriam não somente atores, mas podem representar também grupos, corporações,