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3.6 DA ELEIÇÃO DA PRIMEIRA PRESIDENTE AO IMPEACHMENT

3.6.2 A reeleição da presidente Dilma Rousseff

O primeiro turno das eleições foi realizado no dia 5 de outubro. Dilma Rousseff obteve 41,59% dos votos válidos, Aécio Neves, 33,55%, e Marina Silva 21,32%. Foi a quarta vez consecutiva que candidatos do PT e PSDB disputaram o segundo turno das eleições presidenciais. No dia 26, Dilma venceu, no segundo turno, o adversário do PSDB, Aécio Neves. A petista teve 51,64% dos votos válidos e o tucano, 48,36%. Segundo analistas, fora a eleição mais acirrada desde a redemocratização do País. Logo após o resultado, partidários de Aécio Neves entoavam gritos de “impeachment” na Avenida Paulista, em São Paulo. Do outro lado da via, petistas celebravam a vitória. Em seu primeiro pronunciamento após ser confirmada como presidente reeleita, Dilma Rousseff afirmou não acreditar que a acirrada disputa eleitoral tenha “dividido” o País (PORTAL G1, 2014).

No dia 31 de outubro, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) divulgou que, em setembro, houvera déficit primário de R$ 20,39 bilhões. O pior resultado não apenas para o mês de setembro, mas para todos os meses da série histórica do Tesouro Nacional, que teve início em 1997. No ano, o déficit somava R$ 15,7 bi, o que na prática anulava a possibilidade de o governo federal atingir a meta de superávit primário de 2014. Para que a meta de R$ 80,8 bilhões fosse atingida, o governo teria de realizar um esforço fiscal de R$ 99,7 bilhões entre os meses de outubro e dezembro, uma média de 33,2 bilhões por mês, algo sem precedentes na história do País (PORTAL G1, 2014).

Em novembro, o governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Segundo o Projeto de Lei n. 36/2014, seria possível abater, dos R$ 116,1 bilhões inicialmente previstos de superávit, o total das despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações de tributos aplicadas em diversos setores. Como essas despesas já somavam R$ 127 bilhões de janeiro a outubro, e tenderiam a aumentar até o fim do ano, em outras palavras, a meta deixaria de existir (PORTAL G1, 2014).

No início de dezembro de 2014, o candidato derrotado à Presidência da República, Aécio Neves, e líderes da oposição gravaram um vídeo convocando a população para participar das manifestações de rua contra a corrupção (PORTAL G1, 2014).

No dia 8 de dezembro, o dólar passou a marca de R$ 2,60, e fechou cotado a R$ 2,6115. Era o maior valor desde 2005, quando, em abril, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 2,6157. Segundo operadores do mercado financeiro, a desvalorização do petróleo motivou o avanço da moeda (PORTAL G1, 2014).

Em 18 de dezembro, dia em que a presidente Dilma Rousseff foi diplomada pela Justiça Eleitoral, o PSDB protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedido para cassar o registro de candidatura da presidente e de seu vice, Michel Temer (PORTAL G1, 2014).

O então ministro da Fazenda, Guido Mantega, que mais tempo permaneceu no cargo em governos democráticos, deixava o posto para dar lugar ao economista Joaquim Levy (PORTAL G1, 2014).

Em 2014, segundo os dados divulgados pela STN, as contas do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registraram o primeiro déficit primário em 18 anos, de R$ 17,24 bilhões. Em ano marcado pelas eleições presidenciais, o governo federal bateu recorde de gastos. De acordo com dados do governo, as receitas totais subiram 3,6% em relação a 2013, o crescimento fora de R$ 42,93 bilhões. Já as despesas totais cresceram 12,8%, aumento de R$ 116,99 bilhões, mais que o triplo da expansão das receitas (PORTAL G1, 2015).

No dia 1º de janeiro de 2015, a presidente reeleita tomou posse. Em 1º de fevereiro, o deputado federal Eduardo Cunha foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, em primeiro turno, derrotando os demais concorrentes, entre eles o candidato governista, Arlindo Chinaglia. Em discurso, após a vitória ser anunciada, o deputado eleito ressaltou a independência do Poder Legislativo em relação ao governo. O PT não elegeu nenhum deputado para compor a Mesa Diretora da Câmara (PORTAL G1, 2015).

No dia 4, a Petrobras, por meio de comunicado, anunciou a renúncia da então presidente, Maria das Graças Foster, e de outros cinco diretores da estatal. A petroleira era alvo da maior operação contra corrupção da história do País, a Lava-Jato. No dia 5, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, autorizou a criação de uma nova CPI da Petrobras. No dia 26, a Câmara dos Deputados instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria denúncias contra a Petrobras. Era a terceira CPI criada no Congresso nos últimos dois anos para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras (PORTAL G1, 2015).

Em 3 de março, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocola no Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. No dia 8, à noite, em pronunciamento à nação em rede nacional de televisão, por ocasião do Dia da Mulher, a presidente Dilma Rousseff admitiu que o Brasil passava por dificuldades. No entanto, culpou a crise financeira mundial e a “maior seca da história”, e pediu paciência aos brasileiros. Houve protestos, gritos, vaias, panelas batendo e buzinas em algumas cidades do País, durante o pronunciamento da presidente (PORTAL G1, 2015).

No dia 15 de março, milhares de brasileiros foram às ruas no País e em cidades do exterior em protesto contra a corrupção e o governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo levantamento feito pelos repórteres do G1, ocorreram protestos em ao menos 160 cidades, que mobilizaram, ao todo, 2,3 milhões de pessoas, segundo estimativas das Polícias Militares. Novas manifestações foram realizadas no dia 14 de abril, mas com menor participação (PORTAL G1, 2015).

No dia 15 de abril, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso na 12ª etapa da Operação Lava-Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. No dia 27 de maio, após um mês de caminhada de São Paulo a Brasília, os integrantes do Movimento Brasil Livre foram recebidos por deputados de partidos da oposição, na rampa do Congresso, e protocolaram na Câmara dos Deputados um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PORTAL G1, 2015).

Em 17 de junho, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, por unanimidade, adiar a votação do relatório prévio que analisa as contas do governo referentes ao exercício de 2014, e deu prazo de 30 dias para que a presidente Dilma Rousseff esclarecesse os indícios de irregularidades levantados pela fiscalização. Foi a primeira vez que o TCU adiou a votação desse tipo de parecer (PORTAL G1, 2015).

No primeiro semestre de 2015, as contas do governo registraram déficit inédito de R$ 1,59 bilhão, no acumulado dos seis primeiros meses do ano, desde o início da série histórica, em 1997, segundo números divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Até então, o pior resultado para o período havia ocorrido em 1998, um superávit de R$ 3,06 bilhões (PORTAL G1, 2015).

Em 17 de julho, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciou seu rompimento político com o governo Dilma Rousseff. Segundo Cunha, a partir daquele momento ele integrara as fileiras de oposição à gestão petista (PORTAL G1, 2015).

No dia 3 de agosto, o ex-ministro José Dirceu foi preso durante a 17ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Pixuleco”. Em 6 de agosto, o jornal Folha de São Paulo divulgou pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 4 e 5, que indicava aumento da reprovação do governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo a pesquisa, 71% dos entrevistados reprovavam o governo Dilma, a pior taxa da história da pesquisa, superando os 68% registrados pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em setembro de 1992 (PORTAL G1, 2015).

Ainda em agosto, o mercado financeiro aumentou a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a estimativa era que a inflação fechasse o ano em 9,32%, a pior taxa em 13 anos. Era a 17ª alta consecutiva da estimativa do IPCA, segundo o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central.

Em 16 de agosto, os brasileiros voltaram às ruas, a maioria dos manifestantes pedia a renúncia ou o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o fim da corrupção. Mais pessoas foram às ruas do que nos últimos protestos do dia 12 abril, mas menos do que nos de 15 março, segundo a polícia e os organizadores. Em contraponto às manifestações, militantes, centrais sindicais e movimentos sociais pró-Dilma, protestaram em frente ao Instituto Lula, na cidade de São Paulo, e gritavam palavras de ordem: "Não vai ter golpe!" (PORTAL G1, 2015).

No dia 28, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB recuara 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores. O País entrava na chamada "recessão técnica" (PORTAL G1, 2015).

Em 11 de setembro, o governo federal entregou, ao TCU, novas explicações sobre as supostas irregularidades nas contas de 2014. As justificativas somavam 40 páginas; com os anexos, alcançavam cerca de mil páginas. Segundo a AGU, não houvera violação da Lei de Responsabilidade Fiscal (PORTAL G1, 2015).

No dia 14, o governo federal anunciou um conjunto de medidas fiscais com objetivo de alcançar um superávit primário de 0,7% do PIB no ano seguinte. A proposta incluía um contingenciamento adicional nas despesas do orçamento de 2016 no valor de R$ 26 bilhões, a alta de tributos, com retorno da CPMF, o adiamento do reajuste dos salários dos servidores públicos federais, e a redução de ministérios e cargos de confiança. Dias depois, o dólar ultrapassara a marca histórica de R$ 4 (PORTAL G1, 2015).

Na manhã do dia 23, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, expressou preocupação com a economia global, o que se somou ao quadro político e

econômico preocupante no Brasil. Apesar da intervenção do BC, a moeda norte-americana fechou a R$ 4,1461, maior cotação já registrada desde a criação do real (PORTAL G1, 2015).

Em 2 de outubro, a presidente Dilma Rousseff anunciou uma reforma ministerial, com redução de 39 para 31 ministérios, o enxugamento da máquina administrativa e a redução em 10% do próprio salário, do vice e dos ministros. O principal objetivo do governo, com o novo arranjo na Esplanada, era assegurar a governabilidade, evitar as derrotas que vinha sofrendo e conseguir a aprovação das matérias de seu interesse no Congresso Nacional (PORTAL G1, 2015).

No dia 7, o plenário do TCU aprovou, por unanimidade, o parecer do ministro Augusto Nardes pela rejeição das contas do governo federal de 2014. Era a segunda vez na história que a Corte de Contas recomendava ao Congresso a rejeição das contas de um presidente. A primeira foi em 1937, durante o governo Getúlio Vargas. Na ocasião, o Congresso não seguiu a recomendação do tribunal (PORTAL G1, 2015).

Em 21 de outubro, os parlamentares da oposição entregaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, um novo pedido de impeachment contra a presidente, elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, e Miguel Reale Júnior, e a advogada Janaina Paschoal. No dia 3 de novembro, o Conselho de Ética da Câmara instaura um processo para investigar se o presidente da Casa, Eduardo Cunha, cometeu quebra de decoro parlamentar ao dizer, em depoimento na CPI da Petrobras, que não tinha contas bancárias no exterior (PORTAL G1, 2015).