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Regulamentações da Anvisa/MS para a segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde

Capítulo 7 – Regulamentação sanitária

2 Implantação dos Desafios Globais no país

2.2 Regulamentações da Anvisa/MS para a segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde

Em 2008, a Agência aderiu ao primeiro desafio global da OMS, “Uma Assistência Limpa é uma As-

sistência mais Segura”10, quando foram implantados no país os “sítios de testes complementares” para a

melhoria da higiene das mãos (HM) em serviços de saúde.

O segundo desafio global, “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”9,11 foi direcionado para a segurança ci-

rúrgica em serviços de saúde.

Por sua vez, o terceiro desafio global para a segurança do paciente envolve o problema da resistência

microbiana aos antimicrobianos e apresenta como lema “Enfrentando a Resistência Antimicrobiana”12.

2.1 Ações da Anvisa/MS relacionadas ao Primeiro Desafio Global

O primeiro desafio global, previsto na Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, está focado na prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). Apresenta como lema “Uma assistência limpa é uma assistência mais segura” e envolve ações relacionadas à melhoria da HM em serviços de saúde. Infelizmente, apesar de inúmeras evidências de que a correta HM é uma medida importante para a redução da transmissão de micro-organismos por meio das mãos, a adesão a esta prática permanece baixa nos serviços de saúde, com taxas mundiais de adesão que variam de 5% a 81%, sendo em média, 40% nas

unidades de internação13-18.

Fatores relacionados com a baixa adesão à HM em serviços de saúde envolvem: ausência de lavatórios e pias; deficiência de insumos como sabonete e papel toalha; falta de estímulo; falha na atitude pessoal; presença de dermatites, ressecamento ou outras lesões de pele; falta de exemplos por parte de colegas e

superiores e capacitação insuficiente19,20.

Atualmente, o uso de produto para fricção antisséptica das mãos sem o uso de água é amplamente recomendado, pela facilidade de sua distribuição na instituição. Ainda, estudos recentes sobre a introdução de novos métodos de HM apontam que o uso de preparação alcoólica aumentou a adesão dos profissionais

de saúde a esta prática15,20,21.

Segundo a OMS, as práticas de HM embasadas na estratégia multimodal de melhoria de HM, pelos profissionais de saúde, pode prevenir danos e salvar vidas, promovendo a segurança dos pacientes nos

serviços de saúde, conforme relatado mundialmente15,22.

Neste contexto, a Anvisa/MS vem estimulando a aplicação da estratégia multimodal de melhoria da HM em hospitais do país com o intuito de aumentar a adesão às práticas da HM.

2.2 Regulamentações da Anvisa/MS para a segurança do paciente e qualidade em

serviços de saúde

A Portaria n° 2616, de 12 de maio de 199823 define diversas competências visando à eficiência do con-

ASSISTÊNCIA SEGURA: UMA REFLEXÃO TEÓRICA APLICADA À PRÁTICA

da Portaria. Ainda, a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC n° 50, de 21 de fevereiro 200224,

estabelece as normas e projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

Cabe ressaltar que a Portaria n° 337, de 25 de março de 201025, instituiu o Grupo de Trabalho (GT) no

âmbito da Anvisa/MS com o objetivo de elaborar ato normativo sobre a obrigatoriedade de disponibili- zação de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos em serviços de saúde, recomendações e informativos sobre HM. Este trabalho culminou na publicação da RDC nº 42, de 25 de outubro de 2010, que dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica

das mãos, pelos serviços de saúde do País26.

Recentemente, a Anvisa/MS publicou a RDC 63, de 25 de novembro de 2011, que dispõe sobre os

requisitos de boas práticas de funcionamento para os serviços de Saúde27. O artigo 8o da RDC trata que

o serviço de saúde deve estabelecer estratégias e ações voltadas para Segurança do Paciente, tais como: I. Mecanismos de identificação do paciente; II. Orientações para a higiene das mãos; III. Ações de prevenção e controle de eventos adversos relacionada à assistência à saúde; IV. Mecanismos para garantir segurança cirúrgica; V. Orientações para administração segura de medicamentos, sangue e hemocomponentes; VI. Mecanismos para prevenção de quedas dos pacientes; VII. Mecanismos para a prevenção de úlceras por pressão; VIII. Orientações para estimular a participação do paciente na assistência prestada.

De acordo com a RDC, os serviços devem utilizar a Garantia da Qualidade como ferramenta de gerencia-

mento e desenvolver políticas de qualidade envolvendo a tríade de gestão estrutura, processo e resultado27.

As demais regulamentações voltadas para a segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde estão indicadas no Capítulo 7 – Regulamentação sanitária.

2.3 Estratégia Multimodal (multifacetada) de Melhoria da Higiene das mãos

A estratégia multimodal da OMS de melhoria da HM engloba cinco componentes que formam a

estratégia multimodal ou multifacetada, envolvendo28,29:

1. Mudança no sistema

O serviço de saúde deve garantir a infraestrutura necessária para permitir que o profissional da saúde possa praticar a HM no serviço de saúde. Isso inclui dois elementos essenciais:

• Acesso a um suprimento de água seguro e contínuo, e da mesma forma, ao sabonete líquido e ao

papel toalha;

• Disponibilização de preparação alcoólica para HM no local (ponto de assistência) onde será pres-

tado o cuidado ao paciente. 2. Capacitação e educação:

Devem-se promover capacitações regulares sobre a importância da HM, baseando-se nas indicações dos “Cinco Momentos para HM”, e repassar o procedimento correto de fricção antisséptica das mãos e higiene simples das mãos com água e sabonete líquido para todos os profissionais da saúde.

A proposta da OMS para HM se baseia em cinco momentos durante a prestação de cuidados:

• antes de tocar o paciente;

• após tocar o paciente;

• antes da realização de procedimentos (limpos e assépticos);

• após contato com superfícies próximas ao paciente; e

Figura 1. Os cinco momentos para higiene das mãos em serviços de saúde

1

4

3

2

5

ANTES DE CONTATO COM O PACIENTE APÓS CONTATO COM O PACIENTE APÓS CONTATO COM AS ÁREAS PRÓXIMAS AO PACIENTE

ANTES DA REALIZAÇÃO

DE PROCEDIMENTO ASSÉPTICO

APÓS RISCO DE EXPOSIÇ

ÃO A FLUIDOS CORPORAIS

A Organização Mundial de Saúde tomou todas as precauções cabíveis para verificar a informação contida neste informativo. Entretanto, o material publicado está sendo distribuído sem qualquer garantia expressa ou implícita. A responsabilidade pela interpretação e uso deste material é do leitor. A Organização Mundial de Saúde não se responsabilizará em hipótese alguma pelos danos provocados pelo seu uso.

Os 5 momentos para a

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

1

Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos presentes nas mãos do profissional e que podem causar infecções.

Higienize as mãos imediatamente antes da realização de qualquer procedimento asséptico.

Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos das mãos do profissional para o paciente, incluindo

Higienize as mãos imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais (e após a remoção de luvas). Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência imediatamente próximo ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes

Higienize as mãos após contato com o paciente, com as superfícies e objetos próximos a ele e ao sair do ambiente de assistência Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo as superfícies e os objetos próximos ao

Higienize as mãos após tocar qualquer objeto, mobília e outras superfícies nas proximidades do paciente – mesmo sem ter tido

Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes.

Fonte: OPAS/OMS, Anvisa/MS. 200829.

3. Avaliação e devolução:

Envolvem o monitoramento da infraestrutura e da prática da HM em relação à percepção e ao co- nhecimento dos profissionais da saúde, além da necessidade de informar os resultados e desempenho da equipe de saúde em relação a esta prática.

4. Lembretes no local de trabalho:

A instituição de saúde deve lembrar os profissionais de saúde sobre a importância da HM e as indica- ções apropriadas e os procedimentos para a realização desta prática nas unidades.

5. Clima institucional seguro:

Deve-se criar um ambiente que facilite a atenção sobre os assuntos relacionados à segurança do pacien- te, garantindo assim, a melhoria das práticas de HM como alta prioridade em todos os níveis, incluindo:

• Participação ativa em ambos os níveis (institucional e individual);

• Atenção individual e institucional na capacidade de mudança e melhoria (autoeficácia) e,

• Parceria com pacientes e organizações de pacientes.

2.4 Ferramentas da Anvisa/MS para aplicação da Estratégia Multimodal da OMS