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Capítulo V Apresentação dos Resultados

1. Desenvolvimento e comportamento da criança

1.4 Relacionamento da criança e da mãe com o pa

2,3 10,837 ,028* Adaptação escolar Fácil desde início Dificuldades iniciais Dificuldades mantêm-se 83 27 3 73,5 23,9 2,7 1,2 -,6 -1,3 80 30 6 69,0 25,9 5,2 -,2 ,0 ,4 35 17 4 62,5 30,4 7,1 -1,3 ,8 1,0 3,070 ,546 Motivação aprendizagem Interessada Pouco/nada interessada 103 12 89,6 10,4 -,6 ,6 100 15 13,0 87,0 -,5 ,5 49 7 87,5 12,5 -,2 ,2 ,398 ,819 Rendimento escolar Bom aluno Dificuldade matérias 90 26 77,6 22,4 -2,3 2,3 74 37 33,3 66,7 -1,0 1,0 33 21 61,1 7,5 -1,6 1,6 5,808 ,055 Repetição ano escolar

Não

Sim 108 8 93,1 6,9 -1,3 1,3 105 11 90,5 9,5 -,1 ,1 47 9 83,9 16,1 -1,8 1,8 3,635 ,162

(*p<.05; **p<.01; ***p<.001)

1.4 Relacionamento da criança e da mãe com o pai

A Tabela 36 apresenta os resultados da análise bivariada entre os três tipos de família em relação à qualidade do relacionamento da criança e da mãe com o pai, nomeadamente as variáveis qualidade da relação interparental e frequência de contacto entre a criança e o pai. Tendo em consideração que as variáveis relacionais anteriormente referidas dependem, em grande parte, do estado civil dos pais da criança, como seria expectável, o teste do qui-quadrado identifica significâncias estatísticas na

qualidade da relação entre os pais (χ2=101.25, gl=3, p=.000) e na frequência de contacto

mantido entre pai e filho (χ2=170.47, gl=4, p=.000) em função do tipo de família. Nesta linha, as mães que vivem numa família nuclear diferenciam-se das mães que vivem em famílias monoparentais e reconstituídas por, na sua esmagadora maioria, considerarem manter uma relação boa ou muito boa com o pai do filho (97.1%). Já uma grande percentual das mães pertencentes a famílias monoparentais (64.0%) e reconstituídas (71.1%) avaliam a relação interparental de razoável a má.

No mesmo sentido, a análise dos dados referentes à frequência de contacto da

criança com o pai permite constatar que esta variável depende em grande parte do tipo

de família em questão. Os resíduos ajustados indicam que as famílias nucleares são estatisticamente diferentes das famílias monoparentais e reconstituídas. Com efeito, quando o pai e a mãe da criança coabitam, o que ocorre nas famílias nucleares, na esmagadora maioria dos casos o pai está com o seu filho diariamente (88.8%). Já em situações de pertença a famílias monoparentais (43.5%) ou reconstituídas (42.9%), ao passo que é mais frequente pai e filho terem um contacto com uma regularidade que

Estilos educativos parentais e qualidade da vinculação no período escolar

varia entre semanal a mensal, é igualmente comum pai e filho estarem raramente ou nunca juntos, ocorrência que é mais notória quando a mãe tem um companheiro (53.5%).

Tabela 36 – Associações do relacionamento da mãe e da criança com o pai e do tipo de família F. Nucleares F. Monoparentais F. Reconstituídas

n % RA n % RA n % RA χ2 p

Relação pai-mãe

Má a razoável 3 2,9 -10,0 64 64,0 6,4 32 71,1 4,7

Boa ou muito boa 100 97,1 10,0 36 36.0 -6,4 13 28.9 -4,7 101,25 ,000*** Frequência contacto pai-filho

Todos os dias 103 88,8 12,7 20 17,4 -7,3 2 1,6 -6,7

Semanal/mensalmente 13 112 -5,8 50 43,5 4,0 24 42,9 2,3 170,47 ,000***

Raramente ou nunca 0 0,0 -8,3 45 39,1 4,1 30 53,5 5,2

(*p<.05; **p<.01; ***p<.001)

Em síntese, foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o tipo de família e diversas variáveis referentes ao desenvolvimento e ao comportamento da criança. Assim, a análise da história da gravidez indica que as mães de famílias nucleares diferenciam-se das mães pertencentes aos outros tipos de família por terem planeado a sua gravidez e engravidado mais frequentemente entre os 19 e os 34 anos.

No que respeita à saúde e ao desenvolvimento, as crianças provenientes de famílias reconstituídas apresentaram mais problemas de desenvolvimento psicomotor e dirigem-se com maior frequência a consultas psicológicas, enquanto que as crianças a viver em famílias nucleares distinguem-se das restantes por terem uma menor frequência de consultas psicológicas. Também existe uma associação estatisticamente significativa em relação ao tipo de sono da criança, no sentido em que as crianças que vivem apenas com as suas mães são descritas mais frequentemente como dormindo bem, em comparação com as crianças de famílias nucleares e reconstituídas.

A análise dos dados referentes ao comportamento no contexto familiar revela que as crianças procedentes de famílias nucleares são mais comummente descritas como tendo um comportamento fácil e adaptado desde o nascimento. Por seu lado, as mães de famílias reconstituídas consideram que os seus filhos tiveram um comportamento precoce difícil, em comparação com a mesma avaliação realizada pelas mães dos outros dois grupos de famílias.

Em relação ao comportamento social da criança no contexto escolar, destaca-se que as mães que vivem com os pais dos seus filhos consideram que as crianças tiveram algumas dificuldades iniciais de adaptação à creche, mas posteriormente integraram-se bem. Já as mães que refizeram a sua vida conjugal após a separação dos pais dos seus filhos têm maior tendência a descrever a adaptação dos seus filhos à creche como tendo sido sempre difícil. No que concerne ao rendimento escolar, as crianças que vivem em

famílias nucleares são frequentemente descritas como boas alunas, em comparação com as crianças pertencentes aos grupos de famílias monoparentais e reconstituídas.

Por fim, como seria de esperar, encontraram-se associações do tipo de família de pertença com o tipo de relacionamento da criança e da mãe com o pai. As mães que vivem com os pais dos seus filhos avaliam a sua relação como sendo muito boa ou boa na grande maioria dos casos, enquanto que as mães de famílias monoparentais e reconstituídas diferenciam-se das primeiras por considerarem que têm uma relação de menor qualidade (razoável, mais má que boa ou má) com o pai do seu filho. Igualmente previsíveis são as associações detectadas no tipo de família em função da frequência do contacto da criança com o pai, no sentido em que nas famílias nucleares normalmente pai e filho contactam diariamente, ao passo que nas famílias monoparentais e reconstituídas este contacto é mais frequentemente semanal, quinzenal ou mensal, e nas famílias reconstituídas é particularmente usual pai e filho raramente ou nunca se verem.