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RELATÓRIO DE VISITAS E DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE FABRICO

No documento A sustentabilidade no design de vestuário (páginas 127-131)

III – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO EXPERIMENTAL

RELATÓRIO DE VISITAS E DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE FABRICO

Nome MIRAFIOS Lda

Data 13 de Março de 2012

Local Vila Nova de Famalicão

Quem recebeu Diretor financeiro e comercial da empresa

Objectivo Visita Conhecer o processo de produção de fio recuperado Descrição

(Processo de fabrico)

O processo de preparação à fiação de fio recuperado difere do processo convencional na medida que não existe limpeza da matéria-prima (virgem). Os fardos de trapo (especialmente malha) de algodão são importados da

Ásia e da América devido à grande quantidade de matéria-prima necessária para o mercado que possuem. Estes são previamente selecionados por cor e pesados, seguindo para as “cortadoras” esfarraparem e formarem uma rama de algodão. Geralmente é adicionada a essa rama recuperada 10% de fibra de poliéster para

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fortalecer a mistura em termos de resistência, uma vez que o comprimento do algodão esfarrapado resulta em fibras muito curtas.

O fluxo da preparação à fiação segue pela ordem:

1) Armazém de fardos, separação de cores e pesagem; 2) 1º passagem no "corte" (cortadeira):

3) 2º passagem no “corte” (cortadeira);

4) Mistura do algodão esfarrapado (preparação da cor e composição) em “Quartos de mistura”, onde se faz a homogeneização da mistura de fibras recuperadas com as fibras novas de poliéster antes de alimentar a carda por via pneumática;

5) Cardação (sortido de 10 cardas); com saída em "fita" para alimentar as máquinas de fiar open-end;

6) Fiação por rotor (Open-end)

Nome STMRT - Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares SA) Data

Local Embora tenha sido convocada uma visita, acabou por não ser realizada por falta de disponibilidade.

Quem recebeu

Objectivo Visita Conhecer o processo de produção de fio recuperado cardado Descrição

(Processo de fabrico)

A STMRT produz fio cardado (cujo método de produção é igual ao convencional) com mantas de fibras recuperadas esfarrapadas na JOMAFIL (onde 15% da composição provém de “vestuário descartado” proveniente da Associação Humana). Parte dessa matéria-prima costuma ser misturada com fibras sintéticas e com fibras virgens, em proporções semelhantes: 50% de recuperado (de uma fibra ou composição mista de fibras) com 50% de matéria-prima virgem.

Tabela 5: Relatório das visitas às empresas que produzem fio recuperado.

3.2.1.3 Elaboração de Amostras

Após a descrição do sistema produtivo das empresas contactadas (tabela 5), procedeu-se à elaboração de amostras, dentro dos recursos disponíveis.

3.2.1.3.1 Métodos de construção existentes com reutilização de desperdício

Segundo as informações obtidas pelos contactos efectuados, verificou-se que é constante a reutilização de desperdício têxtil de pré-consumo na produção de “trapos/farrapos”, “não-tecidos” (mais especificamente os “agulhetados” e ”feltros”), “peúgas” (“malhas”) e tecidos para têxteis-lar (cobertores ou atoalhados).

Os “trapos” para limpeza, provenientes da reutilização do desperdício são submetidos a lavagens, acabamentos e corte, não se tratando de uma tecnologia complexa.

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Os “não-tecidos” são formados diretamente após a trituração da mistura de fibras recuperadas (STMRT e JOMAFIL), sendo os produtos mais frequentes os feltros, os atoalhados e os enchimentos para colchões.

As malhas produzidas com fio recuperado são feitas em teares especiais para a produção de peúgas e o fio utilizado é proveniente de algodão recuperado, preparado para a tecnologia open-end (ver tabela 5, MIRAFIOS).

Os tecidos com fio recuperado mais utilizados provêm de lã reciclada, preparada pelo processo convencional de cardação (ver tabela 5, STMRT) e fornecem o sector dos têxteis-lar.

Portanto, as malhas e os tecidos (para produção de vestuário) executados com fio recuperado pós-consumo (proveniente do descarte) são o alvo a testar, uma vez que não fazem parte dos trâmites comuns de produção têxtil.

3.2.1.3.2 Produção de Amostras de fio Fio de algodão recuperado:

Em Maio de 2011 (mesmo antes da própria visita à empresa MIRAFIOS) o diretor financeiro e de produção da MIRAFIOS, disponibilizou-se para colaborar na produção de amostra de fio com a inserção de desperdício de roupa. Para tal, foram enviadas duas T- shirts verdes (do Exército Português – Fig.24a) para se experimentar produzir fio “à cor” (neste caso verde).

24a: T-shirt do Exército Português

24b: Cone de fio de algodão recuperado, produzido pela MIRAFIOS

24c: Peúga tricotada com fio recuperado

Figura 24: Imagem de T-shirt igual aos modelos enviados para a Mirafios, fio resultante da sua esfarrapagem e peúga tricotada com esse fio.

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Em Julho de 2011, obtivemos um cone com o fio recuperado resultante da trituração das t-shirts às quais lhe fora incorporado 20% de algodão virgem preto e 10% de poliéster (figura 24b) e também uma peça de malha (figura 24c) produzida com esse mesmo fio recuperado.

Esse fio está confinado ao mercado da indústria de peúgas ou da tecelagem para têxteis-lar, mas isso não significa que não possa ser integrado no mercado de vestuário. Segundo o director financeiro da MIRAFIOS, o fio pode ser melhorado em termos de resistência, sendo para isso necessário aumentar a torção deste (mesmo no sistema open- end). Do fio fabricado foi enviada uma amostra de fio para o CITEVE analisar as propriedades mecânico-elásticas do mesmo (tenacidade e alongamento de rotura, relatório presente em Anexos1 do Capítulo III, amostra de cor verde, p.48).

Desta forma e em conformidade com a empresa MIRAFIOS (Anexos 1, capítulo III, pg.44), que nos ajudou a comprovar que é possível integrar as matérias-primas de vestuário descartado num novo ciclo de produção, restando no entanto verificar o tipo de tecidos e malhas que poderão ser produzidos com fios recuperados.

Fio de lã recuperada:

O fio produzido pela STMRT já incorpora desperdício de pré e pós-consumo porque parte deste provém da esfarrapagem de vestuário descartado que a HUMANA envia para a JOMAFIL reprocessar.

Tendo a confirmação de tal pediram-se amostras do fio recuperado para futuras experiências. Os fios recebidos, de numeração 6,6 Nm e torção de 165 v/m em “Z” são compostos por 70% de fibra recuperada (lã) e 30% de fibra sintética (acrílico), tendo sido as suas características também analisadas pelo CITEVE (Anexos1 do Capítulo III, amostra de cor cru, p.46 e amostra de cor azul, p.47)

Figura 25: Fios recuperados produzidos com 70% de lã recuperada e 30% de acrílico virgem, pela STMRT (a lã recuperada foi processada pela JOMASIL)

113 3.2.1.3.3 Produção de Amostras de Superfícies Têxteis (tecidos e malhas)

Com o fio resultante das empresas MIRAFIOS e STMRT efetuaram-se novos contactos e visitas às fábricas com o intuito de se realizar amostras de tecido e/ou malha.

No documento A sustentabilidade no design de vestuário (páginas 127-131)