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Respaldos legais

No documento maristelabatista (páginas 115-118)

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.2 FUNÇÕES DA ENFERMEIRA NA SALA DE VACINAÇÃO E SUAS

8.2.1 Respaldos legais

A enfermeira que atua na ESF das UAPSs possui funções específicas da enfermagem enquanto líder de uma categoria e funções comuns à equipe multiprofissional. Porém, são preocupantes os depoimentos a seguir:

[...] a gente acaba delegando essa atribuição aos nossos técnicos. (Jasmim)

Na UAPS que estou, no momento, as outras enfermeiras praticamente não entram na sala de vacinação. (Margarida)

O trabalho da enfermeira na vacinação nas UAPSs é permeado de cuidados, em que a ela cabe especificamente a responsabilidade pelo seu trabalho e dos demais da equipe de enfermagem. Sua presença neste espaço implica diagnosticar as necessidades da população e as dificuldades e limitações daqueles sob sua responsabilidade.

Assim, o auxiliar de enfermagem, na sala de vacinação das UAPSs, ao executar funções, como as referentes à conservação, aplicação de vacinas, ao registro das atividades, arquivamento das informações, limpeza do ambiente e dos equipamentos, deve fazê-las sob a supervisão, orientação e direção da enfermeira.

As atividades inerentes ao auxiliar e técnico de enfermagem somente poderão ser exercidas sob supervisão, orientação e direção da enfermeira, conforme cita o artigo 13 da Lei 7.498, , de 25 de junho de 1986 (BRASIL, 1986)

A enfermeira tem a responsabilidade e dever ético, respaldados pelo código de ética dos profissionais de enfermagem (conforme cap. VII, Seção I, da Resolução Cofen 311/2007 (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS, 2010), destacando-se, entre outras:

Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de

enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.

Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica,

ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem. (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS, 2010, p. 59)

Porém, na ESF, ela deve desenvolver ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos e, por isso, precisa interagir com a equipe multiprofissional, visando ao alcance de objetivos comuns para a população.

Neste sentido, consta na regulamentação do exercício da enfermagem da Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986, artigo 8º. Item II, (BRASIL, 1986) que compete ao enfermeiro como integrante da equipe de saúde: participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde; participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação; participação na prevenção e

controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS, 2010).

Além disso, como integrante da ESF, assume a responsabilidade pelo trabalho do ACS, tornando-se necessário monitorar e avaliar o modo como este está trabalhando nas visitas aos domicílios e nas ações individuais e coletivas, cujos critérios de risco e vulnerabilidade devem ser dialogados, na tentativa de instrumentalizá-los para a promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e vigilância à saúde.

Segundo a Portaria do Ministério da Saúde n. 2.488, de 21 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011c), compete à enfermeira “planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em conjunto com os outros membros da equipe” (BRASIL, 2011c, p. 50).

Por isso, na sala de vacinação, a enfermeira deve adotar cuidados de enfermagem que permeiam o gesto vacinal antes da aplicação das vacinas à população-alvo, bem como durante e após, de forma segura, e buscar na equipe multiprofissional apoio para os problemas colaborativos relacionados à vacinação da população; como o incentivo à atualização da situação vacinal e a buscas ativas dos faltosos.

Desta forma, o diálogo interdisciplinar constitui uma necessidade para o modelo de atenção centrado na ESF, por reunir os diversos conhecimentos dos profissionais da enfermagem e da saúde coletiva, implicando-se a interação entre os sujeitos para construir solidariamente o cuidar (ROCHA; ALMEIDA, 2000).

A enfermeira deve conhecer as limitações e dificuldades de sua equipe e planejar ações voltadas à atualização do conhecimento, assim como aquelas relacionadas à organização da demanda e satisfação da população. Desta forma, estará atuando para minimizar os riscos relacionados à vacinação, assim como aqueles relacionados ao manuseio, conservação e administração dos imunobiológicos. Ao mesmo tempo em que previne doenças transmissíveis, contribui para o crescimento da equipe de enfermagem e, consequentemente, obtém um resultado final satisfatório.

Percebe-se que a enfermeira na ESF possui atribuições comuns à equipe multiprofissional que a deixa comprometida com o modelo de atenção à saúde proposto. Soma-se a isso, sua atuação como facilitadora da integração entre os

membros da equipe e da participação popular, buscando identificar as lideranças comunitárias.

Além disso, Pavoni e Medeiros (2009) ressaltam que, em geral, as atividades administrativas da UAPS são realizadas pela enfermeira, como aquelas relacionadas à organização do ambiente e da demanda, elaboração de relatórios, alimentação de sistemas de informação.

Espera-se que o trabalho da enfermeira na vacinação na UAPS possa orientar um momento de encontro dos profissionais com a população. Por isso, neste trabalho “vivo, em ato” (MERHY et al., 2004, p. 70), é preciso promover “momentos de falas, escutas, cumplicidades, relações de vínculo, aceitação e responsabilidade diante do problema a ser enfrentado” (ROCHA; ALMEIDA, 2000, p. 98).

Porém, diante do acúmulo de atividades e responsabilidades atribuídas, a enfermeira da UAPS precisa superar as dificuldades, evitando as inadequações de funções na equipe de enfermagem. Em contrapartida, deve lutar contra a exposição aos fatores estressantes e desmotivadores, como condições precárias de trabalho, os baixos salários, longas jornadas de trabalho. Deve buscar usufruir de uma política institucional que incentive a capacitação e valorização profissional (COSTA; SILVA, 2004; PAVONI; MEDEIROS, 2009).

Frente às várias possibilidades de trabalho numa UAPS, é essencial que a enfermeira, no trabalho da vacinação, mantenha suas funções com o foco na atenção à família, considerando-se o ambiente, o estilo de vida e a promoção da saúde de cada sujeito do cuidado, integral e dotado de autonomia e adote um agir consciente neste espaço, apoiado em bases legais.

No documento maristelabatista (páginas 115-118)