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Tomando a observação como a primeira ati- vidade do clínico para o desenvolvimento de uma intervenção efetiva, é necessário que ele esteja atento às diferentes formas como as res- postas emocionais podem se apresentar. Estas podem variar em um continuum cujos extre-

Relatos sobre estados emocionais podem ser tão úteis quanto a descrição daquilo que as pessoas fazem, na medida em que po‑ dem fornecer pistas sobre o ambiente presente e passado do indivíduo.

Embora seja útil para a terapia, a análise dos relatos dos clientes sobre estados emocionais merece cuidados, visto que alguns problemas advêm da utilização de relatos verbais como a principal fonte de informação sobre as contingên‑ cias inacessíveis à observação do clínico. A despeito do contato tão próximo do sujeito com as alterações em seu próprio corpo, tateá ‑las e nomeá‑ ‑las depende de um processo de aprendizagem conduzido pela comunidade verbal.

mos são os respon- dentes eliciados de forma quase automá- tica (p. ex., olhos ar- regalados e contração dos músculos da face diante de uma amea- ça à sua integridade física) e respostas ver- bais que descrevem para um ouvinte aquilo que está ocor- rendo privadamente ao sujeito, com a par- ticipação de poucos respondentes ou de outros operantes publica- mente observáveis.

A observação, por parte do clínico, de respondentes e operantes não verbais envolvi- dos no comportamento emocional do cliente é dificultada por uma razão básica: várias des- tas respostas são privadas. Mesmo quando parte destas respostas é publicamente acessí- vel, podem ser de difícil discriminação, pois nem sempre caracterizam uma alteração brus- ca no comportamento público do cliente.

Assim, para conseguir relacionar res- pondentes ou operantes específicos a uma mudança emocional do cliente, o clínico pre-

cisa estar constante- mente avaliando a variabilidade com- portamental apresen- tada, lançando mão da comparação com o repertório do clien- te previamente ob- servado em outros momentos, seja na mesma sessão ou em situações anteriores. Detalhes sutis, como a mudança no ritmo e tom da voz, forma-

ção de lágrimas ou o aumento de gestos mo- tores do cliente podem ser os únicos indicati- vos da presença de uma resposta emocional.

Por outro lado, a observação dos as- pectos topográficos de respondentes e operantes não ver- bais não garante, por si só, a discriminação da resposta emocio- nal relacionada a tais respostas, já que dife- rentes emoções po- dem produzir mu-

danças corporais parecidas. Contrações do rosto, por exemplo, podem estar relacionadas à sensação de dor ou tristeza; e uma maior gesticulação acompanhada de voz alta pode, às vezes, sinalizar eventos discriminados como raiva e, em outras vezes, indicar a presença de ansiedade.

Para uma caracterização do comporta- mento emocional vigente, o clínico precisa relacionar a presença de respostas emocionais ao contexto verbal no qual elas estão ocorren- do. A confrontação do relato com as respostas observadas pode sugerir a ocorrência de uma emoção específica. Quando as verbalizações do cliente sobre seu estado emocional estão de acordo com as mudanças corporais obser- vadas, o clínico pode conferir uma maior confiabilidade às suas observações. De outra forma, a não concordância entre o comporta- mento verbal e o não verbal precisa ser inves- tigada.

Uma possível razão para a inconsistên- cia entre comportamento verbal e não verbal pode estar na falta de um repertório verbal adequado de discriminação e/ou descrição do que ocorre privadamente ao cliente. Caso se confirme ser esta a dificuldade do cliente, cabe ao clínico planejar contingências capa- zes de modelar tatos autodescritivos. Um re-

As respostas emo‑ cionais podem variar em um continuum cujos extremos são os respondentes eliciados de forma quase automática e respostas verbais que descrevem para um ouvinte aquilo que está ocorren‑ do privadamente ao sujeito, com a participação de poucos respondentes ou de outros ope‑ rantes publicamente observáveis. Para conseguir relacionar respon‑ dentes ou operantes específicos a uma mudança emocional do cliente, o clínico precisa estar cons‑ tantemente avaliando a variabilidade com‑ portamental apre‑ sentada, lançando mão da comparação com o repertório do cliente previamente observado em outros momentos na mesma sessão ou em situa‑ ções anteriores. A observação dos aspectos topográfi‑ cos de respondentes e operantes não verbais não garante, por si só, a discrimi‑ nação da resposta emocional relaciona‑ da a tais respostas, já que diferentes emoções podem produzir mudanças corporais parecidas.

curso terapêutico in- teressante para essa finalidade são filmes que evidenciam rela- ções entre contin- gências específicas vi- venciadas por um personagem e as res-

postas emocionais

derivadas dessa inte- ração do sujeito com o ambiente. Estratégia parecida pode ser adotada na análise e discus- são de poemas ou outras produções artísticas, que poderão ter ainda maior valor terapêuti- co quando abordam temas próximos aos pro- blemas trazidos pelo cliente.

O clínico também pode suspeitar que o problema não esteja na falta de um repertório autodescritivo, e sim na participação de ou- tras variáveis de controle das verbalizações do cliente. Seria o caso de sentimentos social- mente punidos, os quais o cliente frequente- mente se esquiva em tatear acuradamente, o que resulta na emissão de relatos não corres- pondentes ao comportamento não verbal do falante. Nesse caso, o terapeuta precisa sinali- zar ao cliente a ausência de condições aversi- vas no contexto terapêutico, constituindo -se no que Skinner (1953/1965) chamou de au- diência não punitiva.

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